Crise em Honduras: Zelaya e Micheletti sinalizam que irão negociar

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e o líder interino do país, Roberto Micheletti, deram sinais de que estariam dispostos a negociar uma solução para o impasse político no país. “Naturalmente, temos de ser cautelosos, mas estamos razoavelmente otimistas”, afirmou o chefe da missão da OEA, Victor Rico, ao chegar ao aeroporto de Toncontin, na capital hondurenha.

No domingo passado, o governo de Honduras impediu a entrada no país de uma delegação da OAS, mas deu boas-vindas a uma comitiva que chegou a Honduras na sexta-feira.

O presidente interino Micheletti afirmou, também na sexta-feira, que conversou com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, em uma base aérea hondurenha – um encontro que havia sido mantido sigiloso até agora – e acrescentou “estamos em negociações”.

Insulza chegará a Honduras na quarta-feira e deverá mediar as conversações. Ainda não se sabe, no entanto, se Micheletti e Zelaya irão se reunir ou se farão uso de representantes.

Zelaya

O líder deposto também vem sinalizando que estaria disposto a ceder. Na quinta-feira, ele se encontrou com representantes de uma delegação formada por deputados brasileiros, chefiada por Raul Jungmann, do PPS de Pernambuco.

Segundo Jungmann, durante o encontro, Zelaya teria dito que estaria disposto a abrir mão de alguns de seus poderes, e aceitaria ser processado judicialmente pela acusação de abuso de poder que teria motivado a sua queda.

“Ele aceita ser processado, ele aceita ser julgado, ele aceita abrir mão de diversos de seus poderes. Ele aceita abrir mão de uma Constituinte, que era a questão da consulta (que levou à sua deposição). Ele só não abre mão de voltar e concluir o seu mandato”, afirmou Jungmann, em resposta a uma pergunta da BBC Brasil, sobre quais concessões o presidente afastado aceitaria fazer.

Micheletti tem dado sinais de que estaria disposto a suspender o estado de sítio decretado pouco após o regresso de Zelaya ao país. Ele vem enfrentando pressão de parlamentares e empresários hondurenhos para sentar à mesa de negociações.

Zelaya foi deposto no último dia 28 de junho, após ter proposto um referendo sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte com vistas à reforma da Constituição do país. O ato foi visto por oposicionistas como uma manobra de Zelaya para concorrer a um segundo mandato, algo proibido pela carta hondurenha.

Zelaya regressou a Honduras clandestinamente e se refugiou na Embaixada brasileira, juntamente com uma comitiva de mais de 60 pessoas.

Fonte: Último Segundo