Brasília – Um dia depois de se submeter a mais uma sessão de quimioterapia, o presidente em exercício, José Alencar, conversou informalmente com jornalistas que acompanham as notícias da Presidência da República, ocasião em propôs vincular parte do Produto Interno Bruto (PIB) ao orçamento das Forças Armadas.
Um dos argumentos de Alencar é o papel das Forças Armadas na proteção do petróleo da camada pré-sal. O presidente em exercício estima ser necessário percentual fixo de 3% a 5% do PIB para reaparelhar o Exército, a Aeronáutica e a Marinha.
“A fixação de um percentual com base no PIB seria bom porque daria segurança às Forças Armadas”, afirmou hoje (24). Ele admitiu que não conversou recentemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a proposta. “O presidente Lula está atento a isso, porém dentro daquela visão responsável porque não podemos, por exemplo, criar um deficit orçamentário que nos leve a uma volta do período da irresponsabilidade fiscal. Isso não podemos fazer de forma alguma”,afirmou.
Alencar também rebateu qualquer crítica de que o governo não estaria dando a devida atenção ao Exército pelo fato de estar negociando a compra de caças para a Força Aérea e submarinos para a Marinha. “A preocupação com o Exército é presente e será feita. Mas você vê que, de repente, falta dinheiro. Está faltando dinheiro. Até mesmo para a manutenção dos quadros atuais. Isso tem que mudar ”, disse.
Nesta semana, o Comando do Exército decidiu reduzir o expediente nas segundas e sextas-feiras, pois não há verba suficiente para o pagamento das contas de água, luz, telefone e alimentação dos soldados.
Alencar também defendeu o desenvolvimento de armas nucleares como forma de dissuasão e para o Brasil ter mais espaço no cenário internacional. Ele alega que elas podem ganhar importância para proteção das fronteiras e contra “a cobiça internacional”, especialmente depois da descoberta das reservas de petróleo na camada pré-sal.
O vice-presidente lembrou que o Paquistão, mesmo sendo um país pobre, já detém essa tecnologia, o que lhe confere reconhecimento internacional. “Nós dominamos a tecnologia da energia nuclear, mas ninguém aqui tem uma iniciativa para avançar nisso. Eles [Paquistão] têm reconhecimento tecnológico, mas são muito pobres. Eles sentam à mesa, porque têm arma nuclear. É vantagem? É, até do ponto de vista de dissuasão. É importante. Temos que despertar que o Brasil para ser um país realmente forte tem que avançar nisso, especialmente para fins pacíficos.”
O presidente da República em exercício também falou sobre as eleições do próximo ano, prevendo campanhas acirradas. “Morna, de jeito nenhum. Vai pegar fogo”, disse.
Alencar comentou ainda o desempenho da ministra Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto, onde é citada como uma provável candidata à Presidência da República. “Ela está até bem. O “defeito” da Dilma é ser brava. Ela pode ser brava, mas é brasileira com “B” maiúsculo, é dedicada aos detalhes de tudo, muito dedicada e muito séria”, afirmou.
Segundo ele, a “braveza” da ministra não vai afastar os eleitores. “O eleitorado vai encontrar as qualidades excepcionais para entregar o comando do país. Ela tem o apoio do presidente Lula. Ninguém precisa duvidar que a continuidade do trabalho iniciado pelo presidente Lula é de grande importância para o país”, disse.
Indagado pelos jornalistas sobre falta de trânsito da chefe da Casa Civil no Congresso Nacional, Alencar disse que a ministra não deve se preocupar com essa questão no momento. “Nessa fase, ela não tem que se preocupar com isso. Tem que se preocupar na eleição e depois se preocupar com a formação da base de apoio ao governo no Congresso”.
Alencar despachou hoje na Vice-Presidência, localizada no anexo do Palácio do Planalto. Ele realizou ontem (23) sessão de quimioterapia em São Paulo.