A história da escolha dos caças para a FAB

Nahum Sirotsky, correspondente iG em Israel

Pelo que me informei em fontes de acesso a qualquer um e grupos de diversos países, a fim de não ser influenciado por aqueles diretamente interessados no assunto, inclusive o Brasil, é possível concluir que o presidente Lula que diz não gostar de ler, já dispõe de todas as informações necessárias para decidir e optar pela melhor escolha do novo caça para a FAB. Escolha que não deve ter oposições, pois valerá por trinta anos.

A história de todo o processo, menos o final ainda não escrito, está na internet ao alcance de qualquer um. Inspirado na recordação de Antonio Olinto, colega de redação de “O Globo”, romancista, poeta, ensaísta, crítico literário, acadêmico, que faleceu há poucos dias, aos 90 anos, lembrei do que ouvi do general Charles De Gaulle, a maior personalidade francesa do século passado, criador dos Franceses Livres – tropa que retomou Paris na Segunda Guerra Mundial.

A França derrotada pelos alemães parecia moralmente arrasada. De Gaulle se manteve alto, no exílio, com a honra da pátria que por isto é um dos cinco países – membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e um dos cinco grandes vendedores da guerra. Olinto, então jovem egresso de seminários mineiros, mandou um telegrama curtíssimo a Roberto Marinho, diretor de “O Globo”. Isso aconteceu muito antes da internet. “De Gaulle declara que os brasileiros não são gente séria”, dizia a manchete do jornal.

Mas, a FAB fez um trabalho técnico de Primeiro Mundo sobre qual o melhor caça para garantir a segurança nacional do país, que deve se tornar uma potência econômica, científica e militarmente tecnológica nas próximas décadas. Seríssimo trabalho. Lula poderá ter fortes argumentos para defender a escolha que fizer. Não sou nem jamais fui “lulista”. Nem petista. Interessa-me o país.

Foi o comando da FAB quem escolheu o Boeing americano, o Saab sueco e a Dassoult francesas como finalistas do processo de estudo iniciado há mais de um ano para substituir os velhos caças em uso, os Mirage franceses. A Comissão Gerencial do Projeto FX2, seu título, deve estar próximo de finalizar seu relatório de avaliação técnica, conforme o idioma oficial. O Alto Comando da FAB revisa e encaminha ao Ministro da Defesa que, pelo que sei da burocracia, leva ao presidente, que dá a decisão final.

“Nós faremos a análise técnica. O governo irá analisar a parte política e estratégia”’, escreveu o brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, que chegou a pedir demissão por se sentir insatisfeito com coisas do Palácio, mas foi convencido a continuar na função. Sabe-se que é difícil resistir a Lula. O relatório que li confirma que o governo Francês já ofereceu o “Rafale”, um dos caças em análise, a preços competitivos, comparáveis aos pagos à Dassault pela força aérea francesa. Americanos e suecos também teriam feito propostas sedutoras.

O brigadeiro Dirceu Novo, presidente da Comissao Gerencial do Projeto, lembra, por exemplo, da transferência de tecnologia. O Brasil manteria o domínio da escolha do sistema de armas. A participação da indústria nacional é obrigatória. Não me aprofundo nos detalhes técnicos pois sua compreensão é inacessível a gente como nós.

Mas, gente, a FAB vem aperfeiçoando sua metodologia de negociar desde 1980, quando o Brasil participou do projeto AMX, italiano. Os caças produzidos em colaboração com a Itália foram testados na guerra de Kosovo. São os jatos 145 e 190 da Embraer em operação. O domínio de armas significa que o Brasil pode utilizar armamento de sua escolha ou desenvolvimento. De passagem, aviões civis da Embraer, de conceito firmado, servem a dezenas de linhas aéreas internas de inúmeros países. É só o governo confiar e os técnicos brasileiros corresponderem.

Imagine 26 mil documentos, uma pequena montanha. O que foi produzido no trabalho realizado pela FAB, é que os aviões a serem comprados devem ser compatíveis com a defesa das fronteiras terrestres e marítimas no futuro próximo de um país que tem muito a proteger. O estudo e relatório devem ser concluídos no próximo mês. E, lógico, que conterá uma abertura, uma síntese compreensível aos leigos com todos os elementos para apoiar e facilitar a decisão política do presidente.

O modelo escolhido substituirá gradualmente os caças em uso, será um investimento para os próximos 30 anos. Para muitos mandatos presidenciais.

A decisão que precisa ser adotada com um pensamento estratégico e considerando o Brasil futuro. É uma enorme responsabilidade que marcará o futuro do país e o atual governo.

No documento ao qual tive acesso, o processo de desativação, de encostar os velhos aviões, já devia ter começado. Não tive meios para confirmar a informação. Mas a questão toda já criou muito problema a partir do se circula – que a fábrica francesa será salva da falência se a escolha for pelo avião de Paris.  A frota a ser adquirida será de caças de múltiplos empregos e deve começar a operar em 2015 por 30 anos. Ao ler e estudar o documento da Aeronáutica comprava-se com extremo rigor no processo de seleção. O primeiro lote do caça escolhido, não indicado no documento, deve ser entregue a partir de 2014.

A Comissão do Projeto já realizou completa análise mantendo o foco nos aspectos comerciais, técnicos operacionais, logísticos e industriais e transferência de tecnologia. Já foram realizadas visitas técnicas e vôos de avaliação. A Comissão já recebeu ofertas revisadas para tornarem mais atraentes os aparelhos oferecidos, A Aeronáutica fez questão da transparência do processo de seleção. Está tudo no internet. A Comissão recebeu novas propostas as quais está avaliando. É negócio no valor de muitos bilhões. Lula teria avisado que tomaria a decisão antes do fim do mês.


Matéria enviada por Vinicius Motta

Fonte: Ig Opinião

2 Comentários

  1. Espero que esse primeiro lote ,quantos caças compõe esse lote?e q mt dos mesmos sejam montados aqui; e que sejam os rafales, eu gostaria q fossem os Su 35MB…enfim ,menos mau.

  2. Escolha??? Seja o caça frances, ou o caça sueco, ou o caça norte americano, ou o caça russo. Ainda não estamos em guerra com outra nação, mas devemos prevervar a qualidade técnica dos aparelhos em operação para no mínimo proteger a vida de nossos bravos pilotos e técnicos. Um piloto não se forma de um dia para outro. É um investimento lento e de alto custo, para a Nação, para o Governo, para a Sociedade, para obtermos um profissional de alto nível técnico. Assim é importante que seja um moderno caça (novo). A vida de um piloto militar é valiosa para todos, sem dúvidas. O que não é admissível é esta indecisão na escolha dos caças que interessam a FAB. Os parâmetros devem ser definidos, conforme responsabilidade dos próprios analistas e estrategistas da FÔRÇA, para o bem da Nação e da Sociedade Brasileira. Sinceramente, embora civil, acho que, 36 aparelhos é brincadeira de muito mal gosto. Deverão ser no mínimo 250 caças, considerando-se o Tamanho Continental do Brasil e a manutenção de nossas responsabilidades de País. Façam o dinheiro aparecer, com urgência !!!! Luiz. O Velho Patriota

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