Aguardado para os próximos dias, o relatório técnico da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre os novos caças de múltiplo emprego ficou para setembro. O comandante da FAB, Juniti Saito, disse que a análise final será encaminhada ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, até o fim do próximo mês. Saito afirmou ainda não ter visto a proposta feita pelos Estados Unidos, que concorre no projeto F-X2 com o caça F-18 Super Hornet E/F (Boeing).
Na reta final da disputa, o lobby dos fornecedores se intensifica. O secretário de Estado da Suécia, HG Wessberg, chega na semana que vem a Brasília para encontros no Ministério da Defesa e no Itamaraty, com a missão de melhorar as chances do Gripen NG, da sueca Saab, na competição. No dia 7 de setembro, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, acompanhará pessoalmente o desfile de aniversário da independência do país, em Brasília, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A francesa Dassault concorre com o caça Rafale.
A movimentação diplomática ocorre depois da visita do assessor de segurança nacional da Casa Branca, James Jones, que entregou a autoridades brasileiras, na quarta-feira, uma nova proposta de transferência de tecnologia, na tentativa de convencer o governo a comprar o F-18 Super Hornet da Boeing. Uma carta da secretária de Estado, Hillary Clinton, também chegou ao Itamaraty para driblar a suspeita brasileira de que a transferência de tecnologia pode não ocorrer. Isso tem sido colocada por Jobim como “ponto de honra” nas negociações. De acordo com Saito, a decisão final, após a entrega do relatório técnico da FAB, deverá ser tomada ainda em 2009.
Em seu relatório, a Aeronáutica fará uma análise de aspectos técnicos, operacionais, logísticos, de compensação comercial/industrial e de transferência de tecnologia. A tendência é que o documento aponte um caça preferido dos militares, mas poderá somente indicar vantagens e desvantagens, em detalhes, de cada uma das aeronaves.
O Ministério da Defesa informou que, após a entrega a Jobim, o assunto será levado ao presidente. Lula poderá, inclusive, convocar o Conselho de Defesa Nacional para discutir o assunto com as demais autoridades que compõem o fórum – um conjunto de ministros de Estado, além dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.
As três concorrentes estão respondendo as últimas dúvidas da FAB sobre aspectos legais do futuro contrato. A encomenda inicial, de 36 caças, deverá custar pelo menos R$ 4 bilhões. As primeiras unidades chegarão em 2014 e a FAB sinaliza com a possibilidade de elevar gradualmente o número de caças encomendados, à medida que for acabando a vida útil do restante da frota, composta de aviões como o F-5 e o AMX, nas próximas décadas.
A sinalização de Saito, apontando a conclusão do relatório da FAB apenas em setembro, permite aos americanos e suecos respirar aliviados, já que eles temiam uma definição da disputa às vésperas da visita de Nicolas Sarkozy. A Dassault tem sido apontada como favorita no processo, devido ao interesse do ministro da Defesa por armamentos e tecnologias francesas, como os quatro submarinos convencionais, o casco de um submarino nuclear e os 51 helicópteros de transporte recém-adquiridos.