Opinião: Projeto Brasil Potência: desafio à vocação estratégica de seus líderes

CARLOS ALBERTO PINTO SILVA – Monitor Mercantil

General de Exército da reserva, ex-comandante de Operações Terrestres (COTer) do Comando Militar do Sul (CMS) e do Comando Militar do Oeste (CMO).

POLÍTICOS

A aludida desglobalização na economia e a presumível reglobalização no quadro político mundial força o Brasil a buscar uma nova posição, aquela que deve ser a nossa posição, no conserto das nações desenvolvidas neste século, onde existe uma tendência à militarização da resposta aos problemas.

Atualmente, existem diversos estudos no campo das relações internacionais que procuram estabelecer níveis de “status” entre as nações, a maioria deles divide-as em média potência, potência regional, superpotência emergente e grande potência. Nações que não se enquadram nesses conceitos são consideradas periféricas e, portanto, de pouca ou nenhuma importância no jogo estratégico internacional.

Média potência, ou potência média, é um termo usado no campo das relações internacionais para descrever os Estados que não são superpotências ou grandes potências, mas que possuem algum grau de influência global, embora não tenham, obrigatoriamente, dominância sobre qualquer área geográfica mundial.

Esses países normalmente buscam constituir grupos com o objetivo de se fortalecer, sem necessariamente se submeter à liderança dos mesmos Potência regional é a denominação utilizada para descrever um país com poder e influência suficientes para exercer determinado controle sobre sua região geográfica, enquanto superpotência emergente é o Estado considerado com potencial satisfatório para alcançar a condição de superpotência, ou próxima de superpotência, ao longo do Século XXI. Neste caso, quatro nações emergentes – Brasil, Rússia, Índia e China (os BRICs) – são consideradas como detentoras desse potencial.

Por fim, grande potência é o “status” atribuído ao país que, por seu poderio econômico, político e militar é capaz de exercer o poder além (por cima) da diplomacia. O fim da Segunda Guerra Mundial viu os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Soviética (atualmente a Rússia, como herdeira) emergirem como os vencedores primários. A China e a França, mesmo como atores secundários, tiveram a sua importância reconhecida, sendo incluídas no grupo de países com assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CS/ONU).

Por essas definições fica evidenciado que Brasil pode figurar nas posições de média potência, potência regional e superpotência emergente, bem como que a China, país emergente pertencente aos chamados BRICs, já é considerada uma grande potência. Nesse contexto, faz-se imperativo que o país determine o papel que quer representar, pois, sem definir, o mais rápido possível, o nível que ocupará no complexo concerto das nações e nem visualizar a sua evolução no futuro, dificilmente poderá estabelecer que poderio bélico deva, hoje e amanhã, estar à sua disposição para garantir a posição almejada.

Nunca, como hoje, houve tão boas condições para que um país como o Brasil alce sua voz na América do Sul e no mundo. Convivemos com a ameaça de uma desglobalização em termos econômicos e uma verdadeira reglobalização no sentido de campanhas de impacto global (poluição, meio ambiente, uso da água, terrorismo, democracia, produção agrícola). O que foi feito pelo Brasil para a integração da America do Sul, na edificação da ordem democrática e econômica e na construção de políticas capazes de aliviar a pobreza, credencia-o como ator importante e participe da reconstrução da nova ordem mundial. O momento é de compartilhamento de lideranças.

Falar de oportunidades na atual conjuntura, não é igual ao que ocorria no passado. Hoje crescem de importância as instituições de defesa e o país que não entender que estas Instituições são essenciais e centrais, está perdendo uma grande oportunidade.

É hora, então, de passar a questionar: como ajustar o poderio bélico nacional à estatura políticoestratégica do Brasil, considerando o momento atual e o futuro? Qual a percepção da política nacional no que se refere ao atual posicionamento do Brasil no âmbito internacional? Onde está o país hoje? Qual a prioridade estabelecida? O Brasil pretende ser a potência regional no âmbito sul-americano? Já se considera a potência regional sul-americana? Pretende ser reconhecido como potência regional não apenas no âmbito da América do Sul, mas atingindo os níveis alcançados pelas demais potências regionais mundiais? Deseja prosseguir sua evolução e se firmar como uma superpotência emergente? Quais os prazos visualizados pelo poder político nacional para alcançar os patamares desejados?

Um ponto fundamental para definir a estatura político-estratégica do Brasil esta na manutenção da hegemonia na América do Sul e da sua capacidade de intervir militarmente em qualquer parte do território nacional e no entorno geoestratégico de interesse (América do Sul, Caribe e África Atlântica). Para tanto, tem que iniciar a implementação de um Projeto Brasil Potência, que por seu poderio econômico, político e militar capacite-o a exercer o poder concomitantemente ou, até mesmo, além da diplomacia, condição necessária para que as posições que assumir sejam consideradas pelas demais nações antes da tomada de uma ação diplomática ou militar.

A história mostra que “a estatura estratégica de um país é influenciada pela vocação estratégica de seus lideres políticos”, assim, chega, então, o momento em que devemos dirigir aos políticos e, por conseguinte, a seus eleitores, a seguinte questão: estão as Forças Armadas brasileiras, hoje, adequadamente ajustadas à “estatura político-estratégica” que se quer para o Brasil?

Que o desafio estimule nossas elites porque “a facilidade é inimiga da civilização e o estimulo humano aumenta de força na razão da dificuldade”, como afirmou Arnold Toynbee.

Fonte: Notícias Militares

2 Comentários

  1. será q temos lideres com essa visão de longo prazo, + olhando a mesma como sendo agpra..? Dúvido…Uma industria Bélica Atuante , tbm dá mt empregos…e determinante p a defesa do nosso país.

  2. “-O Plano Estratégico de Defesa Militar do Brasil, vai para o espaço ???”
    O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A SOCIEDADE BRASILEIRA ?
    A Lei nº 8.666 de 21/06/1993, que institui as normas para licitações e contratos na administração pública do Brasil foi violentamente criticada pelo governo por “atrapalhar” as obras dos PACs.
    As obras na Ferrovia Norte-Sul foram paralisadas pelo TCU, segundo este Órgão de Controle Externo, visto terem sidos encontradas muitas irregularidades gravíssimas, aliás, não é comum este procedimento técnico dos tribunais de contas, só diante de “caso de polícia imediato”.
    O Governo vetou a LDO ( A Lei de Diretrizes Orçamentárias ) para o orçamento de 2010, porque deseja um aumento de 42,3% para despesas orçamentárias com Propaganda e Gastos com Diárias, depois que cartões corporativos foram congelados. É o prenúncio da ativação da propaganda eleitoreira pelo governo, que deseja transmitir para este povo tonto suas proezas administrativas/governamentais, e pior de tudo, quer se manter no mesmo lugar, através da outro candidato do mesmo partido. Certo ou errado, a sociedade brasileira que julgue !
    Como tudo isto não bastassem, tomamos conhecimento, através da mídia, que na aplicação do Plano Estratégico Militar de Defesa, o Brasil pretende, mas falta ainda, aprovação do Congresso Nacional ( Comissão de Defesa na Câmara), comprar 5 submarinos Skorpéne na França, pela estatal francesa DCNS por 6,800 bilhões de Euros ou 19 bilhões de Reais.
    A MG do Brasil já possui 5 submarinos de origem alemã, um(01) construído na Alemanha e quatros (04) aqui nos nossos estaleiros nacionais . O que nos leva ,então, a concluir, que nós podemos construí-los e já temos plena capacidade de produzir submarinos !!!. Só o governo brasileiro não sabe disto !!
    Em função disto a MG prefere os submarinos da empresa alemã HDW que como, sabemos, já construí cinco (05) deles.
    A introdução de mais cinco (05) submarinos franceses, portanto com outras características operacionais, segundo a MG do Brasil, provocaria uma mudança na linha logística. Além do que a alemanha (HDW) oferece mas vantagens no total. Vejamos:
    a)- segundo noticiado, é mais barato, é pela metade dos custos;
    b)-transfere tecnologia destes novos submarinos, como transferiu o dos submarinos anteriores;
    c)- não é necessário construir novo estaleiro, já temos um aqui, necessitando pequenos acréscimos;
    d)- além da construção dos cinco (05) submarinos contratados, oferece manutenção, treinamento de pessoal operacional, e o mais importante, oferece modernização dos cinco (05) submarinos já existentes. Isto acontece com quaisquer equipamentos militares comprados, mesmo que sejam novos.
    Não entendo como alguém decide alguma coisa relativa a operacionalidade de uma FORÇA, sem ouvir seus especialistas. Não dá para acreditar, pasmem !!!
    Por estas e outras que, um Acordo Misto de Cooperação Militar, entre o Brasil e a Alemanha seria, em minha opinião, s.m.j. de grande valia para as FAs, não descartando a compra e a construção de novas fragatas, navios patrulhas e aviões de caça alemães. Para quem não se lembra, nós já compramos da Alemanha e construímos aqui no RJ, navios fragatas, e compramos seis (04) blindados Lançadores de Mísseis(Terra/Ar) Marder Roland II. Estes infelizmente foram abandonados, e o único em operação, hoje, foi transferido para o IPD.

    Criando uma imensa tristeza nos corações dos brasileiros que amam este Brasil,agora, novamente, vemos aparecer nos noticiários, estimulados por alguns brasileiros traidores do governo e por alguma ONG estrangeira com razões imorais o seguinte: “- militares do Araguaia deverão ser interrogados”. Justamente no momento em que ficam em evidência os conceitos e definições do Plano Estratégico de Defesa Militar da região amazônica, e, de todo o Território Nacional por alguns brasileiros de vergonha na cara. A quem pode interessar o assunto da ditadura brasileira ser colocada, novamente, em foco ? Com certeza ao povo brasileiro não é; pois, nós, brasileiros ( muito poucos) em dia com suas obrigações cívicas, legais e morais, como, dissemos, aprendemos a “fechar nossas próprias feridas, sem ajuda ou interferência de ninguém de fora”. Chama muita a atenção a insistência de alguns setores da vida pública brasileira, como tocam neste assunto repetidamente, apesar do Sr. Presidente ter dito que não queria ouvir falar mais nele. Será por motivos de justiça ou outras razões ?
    Percebemos que algumas autoridades do governo se arvoram com muita facilidade para comprar estas idéias, e, se apresentam aos olhos do grande público, como paladinos da justiça, que sabemos não serem, pois, tais princípios estão fora de prumo a muito tempo. E essas pessoas não merecem nenhum crédito.
    Eu pessoalmente, apesar de ter vivido na época da ditadura, na condição de povo e estudante, vos digo que, não aceito covardias e nem justiças, mas, também, temos de ver os dois lados da moeda sempre, o do mocinho e do bandido. “ Quem bate, leva de volta “…
    Depois de passado algum tempo, os quadros políticos e econômicos, do Brasil e até do mundo, mudaram, rapidamente,e, hoje, somos obrigados a olhar esta questão da ditadura brasileira sob outros ângulos.
    Olhando a história geral das civilizações passadas, qual o governo ou líder de nação, que não cometeu erros políticos lamentáveis, inclusive, envolvendo, tragicamente, forças militares e outras instituições? No caso do Brasil o povo se esqueceu que tivemos envolvidos na ditadura não apenas as FAs, mas também a classe política corrupta, aventureira e oportunista. Também é salutar realçar que muitos dos chamados “perseguidos” pela extinta ditadura, hoje ocupam posições importantes no governo atual. Fazendo o que, e que atos praticando, só DEUS sabe ! Talvés devêssemos indagar será que os atos da ditadura foram tão violentos, assim ? Não estão ou estavam, a maioria de volta de onde saíram ?
    A maior nação democrática do mundo, em nome da defesa da liberdade, não perseguiu, não prendeu, e não matou líderes e pessoas que estavam do outra lado da história ?? Talvés, cometendo o único erro de amar seu próprio país !!!
    Sentimos claramente, também o interesse de lançar a sociedade contra as nossas FAs. Quanto mais fracas e impotentes forem as nossas FAs, melhor e mais fácil para as potências estrangeiras piratas se assenhorearem e roubarem nossos minerais, nosso petróleo e nossa água. Alguém tem capacidade para me dizer qual a linha fronteiriça que divide a Amazônia colombiana da brasileira ?? Na selva parece tudo igual !! O Acordo Militar entre os EEUU e a Colômbia que envolverá a Amazônia Colombiana, significa dizer o seguinte, tropa ou assessores militares norte-americanos, que estiverem na selva da Colômbia estarão, simultaneamente, na selva do Brasil !!! É oportuno declarar, agora, que um serviço secreto ou um serviço nacional de informação, de fato, inteligentes, de um país, realmente independente, não existem para prender e bater em estudantes ou matar operários, e sim, para farejar espiões e traidores da nossa pátria.
    Só a nossa sociedade inocente é que não percebe, esta trama da aproximação amistosa do “general de fala mansa”. Um povo que está se lixando para a democracia, seus direitos e deveres. Somente se entusiasma com os campeonatos mundiais de futebol, carnaval e cerveja, quando os arroubos patrióticos ficam exacerbados, incentivados pelo álcool das cervejas.
    Infelizmente, no Brasil, governos, povo e sociedade não estão vocacionados ao exercício de fortalecimento militar; sem ofensas, perdemos nossa capacidade de sermos líderes, nosso ímpeto nacionalista, nos acostumamos a ser dirigidos como ovelhas. O elo da família e da prole que no ser humano produzem firmes estímulos de amor pátrio, para assegurarmos a posse, a estabilidade do solo pátrio, onde vivemos e criamos nossos filhos para o futuro, parece que em nós, se esvaziaram e se perderam totalmente. É uma imensa crise de vigor patriótico, de paixão pela bandeira nacional, de moral e de legítima espiritualidade templária, refletidos pela situação geral da nação: mentiras, corrupção, violência, roubos, falsidade, ambição desmedida, perda de fé, descrença geral, etc…
    Aquilo com que, nós sociedade brasileira, deveríamos nos preocupar, lamentar e ficar, seriamente, amargurados, que seria com o comportamento desequilibrado do governo, ninguém perde tempo, ninguém fala, e nem quer tomar conhecimento do que está acontecendo.!!!!
    Ao contrário da gritaria política inútil do nosso governo contra os EEUU pela colocação de bases americanas na Colômbia, deveríamos acelerar a execução do plano estratégico com a compra de diversificados equipamentos novos para as FAs.
    E o Plano Estratégico de Defesa Nacional vai para o espaço juntas, com todas as nossas esperanças e sonhos da soberania nacionais !!
    E a amarga desilusão que temos de tudo isto.É incompatível coexistirem ou prosperarem juntas, corrupção e fortalecimento militar nacional. Saudações aos patriotas do Brasil, Luiz

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