O ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, disse hoje que seu país trabalha para o posicionamento em dois anos de um dispositivo de radar que ofereça cobertura em uma ampla zona da travessia do Atlântico para a África e a Europa, o que incluiria o lugar onde o avião da Air France caiu em 1º de junho.
Jobim, que esta semana realiza uma visita de trabalho à França, disse à imprensa, em Paris, que está se trabalhando na tecnologia SNS/ATM, que ofereceria cobertura de radar através de sinais de satélite.
A área onde o Airbus A330 da Air France caiu no mar quando voava entre Rio de Janeiro e Paris poderia dispor de sinal de radar em dois anos, disse.
O Brasil trabalha na cobertura de diferentes áreas em torno de suas águas jurisdicionais a partir dos três sistemas de satélites disponíveis: o GPS americano, o Galileo europeu e o Glonass russo.
Uma das questões que gerou debate em torno do acidente do A330 da companhia francesa, no qual morreram os 228 ocupantes, é que estava em uma área muito mal coberta pelos radares, e que os controladores aéreos brasileiros tinham transferido a seus colegas senegaleses o controle quando o aparelho desapareceu.
O fato é que a confirmação de que o aparelho tinha desaparecido levou várias horas.
Jobim se reuniu hoje, entre outros, com o presidente da Air France, Pierre Henri Gourgeon, e com o ministro da Defesa francês, Hervé Morin.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou na quarta-feira, em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Paris, que vai enviar uma missão ao Senegal para discutir como proceder para eliminar o que chamou de “buraco negro de comunicações entre Recife e Dacar”. A falha de comunicação do sistema aéreo entre os dois países ficou em evidência com a queda do AF 447, da Air France, no início de junho. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Relatório preliminar do Escritório de Pesquisa e Análise da França (BEA), que investiga o acidente, apontou que os controladores brasileiros tentaram passar o monitoramento do voo para os senegaleses, mas não tiveram resposta imediata. A falha não teria influenciado na ocorrência do acidente, porém, pode ter retardado o início das buscas.
Ao ser questionado sobre o motivo pelo qual o Brasil suspendeu as buscas antes da França, Lula respondeu que as buscas pararam “porque não era mais possível encontrar corpos” e disse que “não é fácil, depois de 20 dias”, proceder ao trabalho de identificação. “Todos os esforços foram feitos durante os 30 dias de busca”, respondeu Lula.