Porta-Helicópteros para o Pré-Sal? Petrobras planeja ilha artificial para apoiar exploração do pré-sal

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Arte JR Lucariny

Uma espécie de ilha artificial com heliporto, armazéns e alojamentos tende a ser a solução para o sistema de transporte de pessoas e cargas leves para o pré-sal. Inédito na indústria do petróleo, o modelo que consiste num ponto de apoio está em estudo na Petrobrás, e seguirá soluções logísticas observadas na indústria de aviação civil e em centros de distribuição de grandes redes de varejo.

A expectativa é que o “hub” seja totalmente implantado até 2015, quando o pré-sal terá 11 plataformas de produção.

“Não há, no mundo, paralelo com o pré-sal em termos de movimentação de pessoas e cargas a distâncias tão grandes”, diz o gerente executivo de logística de exploração e produção da Petrobrás, Erardo Gomes Barbosa. Localizados a cerca de 300 quilômetros da costa, os campos do pré-sal deverão produzir, em 2020, 1,8 milhão de barris por dia, volume equivalente ao extraído na Bacia de Campos hoje, onde o movimento de pessoas entre o continente e plataformas marítimas chega a 40 mil por mês.

Em Campos, os funcionários são levados diretamente de helicóptero às plataformas, em voos que podem durar até duas horas. Já os equipamentos e suprimentos vão por embarcações de apoio, como rebocadores. Segundo Barbosa, replicar tal sistema em Santos, porém, seria ineficiente. “A distância média que percorremos hoje é de apenas 100 quilômetros”, compara o executivo. E os barcos, diz, navegam a uma velocidade de 1,6 km/h.

O trabalho em busca de um novo modelo logístico foi motivado, em um primeiro momento, pela limitação dos helicópteros para voar 600 quilômetros sem abastecimento – ida e volta das plataformas, em caso de impossibilidade de pouso por causa de mau tempo. “Hoje há alguns projetos de helicóptero com essa autonomia, mas com capacidade máxima entre 22 e 24 pessoas. É pouco, se compararmos com a alternativa marítima”, comenta Barbosa.

Por isso, a opção por um ou mais pontos intermediários, que funcionem como centros de distribuição de pessoas e cargas no meio do oceano, se tornou a opção preferencial da área técnica da companhia. Segundo essa alternativa, os funcionários serão transportados em grandes embarcações, com capacidade para entre 150 e 300 pessoas, até uma plataforma construída especialmente para atuar com esse fim, instalada em um ponto mais próximo da costa.

De lá, partem para as plataformas em helicópteros menores, que percorrem uma distância mais curta, com economia de tempo e combustível. Barbosa cita o esquema utilizado pela aviação civil como exemplo para esse projeto. “Um voo para Paris não leva apenas passageiros para Paris, mas também para um sem número de outras capitais. O aeroporto de Paris funciona, portanto, como um hub”, reforça. O caso pode ser comparado também aos centros de distribuição de redes de varejo, que recebem grandes cargas e distribuem para as lojas em caminhões de menor porte.

O centro de distribuição (hub) do pré-sal, poderia ser construído com base no desenho de grandes plataformas de produção – mas sem a parte industrial. Tem de ter capacidade para manter um número elevado de pousos e decolagens, além de área para abrigar os helicópteros quando estejam fora de serviço. Além disso, deve ter alojamentos e áreas para armazenamento de carga seca, como tubulações e equipamentos de manutenção para as plataformas do pré-sal.

Segundo Barbosa, o principal desafio tecnológico a ser contornado refere-se ao embarque e desembarque de passageiros na plataforma usada como hub. Isso porque a plataforma balança muito pouco com a maré, por causa do seu peso, ao contrário de qualquer embarcação que venha a ser usada para o transporte de passageiros. “Precisamos de algo para compensar essa diferença. Caso contrário, é impossível desembarcar em segurança.”

Por isso, a companhia juntou seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) e consultorias especializadas para desenvolver uma ponte articulada de desembarque, que suavize a diferença entre o balanço da plataforma e o das embarcações. Um primeiro protótipo já está sendo projetado e deve ser testado em breve em plataforma fixa na Bacia de Campos. A expectativa é concluir o trabalho no ano que vem.

Ao mesmo tempo, a área comandada por Barbosa estuda os custos da implantação do novo sistema logístico. Caso a decisão seja favorável, a ideia é iniciar as operações do primeiro hub até 2015. Um segundo pode ser instalado, caso os estudos indiquem a necessidade. O gerente da Petrobrás diz que outro fator a ser considerado é o conforto dos funcionários durante a travessia. “Não podemos nos esquecer de que eles estão viajando para trabalhar”, pondera.

Um modelo que será replicado da Bacia de Campos diz respeito ao suprimento de diesel às plataformas e embarcações de apoio – já que a ideia é que elas não voltem ao continente com frequência. Nesse caso, a empresa usa petroleiros como grandes postos de combustíveis flutuantes. Em Santos, existe a possibilidade de usar o mesmo sistema para o suprimento de fluidos e produtos químicos usados durante as atividades de perfuração de poços e produção de petróleo.

Carga seca e equipamentos, como tubos e ferramentas especiais, devem ficar armazenados no hub, também para evitar o extenso trajeto até o continente. Barbosa diz que os números sobre funcionários e carga dependentes do novo sistema logístico ainda são preliminares e, por isso, não são divulgados pela companhia.

O volume de investimentos necessários também ainda é tema de estudos. “Tudo depende ainda do prosseguimento dos trabalhos de exploração e desenvolvimento das reservas da região.”

Fonte: Defesa@Net

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