Defesa & Geopolítica

Acidente radioativo na Usina de Angra 2 contaminou 4 funcionários

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Problema ocorreu no dia 15, mas só foi divulgado ontem pela Eletronuclear

Carla Rocha e Tulio Brandão

Um acidente com material radioativo na Usina de Angra 2, que aconteceu há 11 dias, só foi informado oficialmente ontem pela Eletronuclear – empresa que fornece eletricidade gerada a partir de energia nuclear. No dia 15, durante a manutenção de um equipamento – não especificado – quatro funcionários foram contaminados. Eles tiveram que passar por um processo de descontaminação. A causa do acidente teria sido falha humana, levando inclusive ao afastamento de um dos empregados.

A Eletronuclear, de início, falava na contaminação de três pessoas. À tarde, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) divulgou que, na verdade, quatro funcionários haviam sido contaminados em níveis abaixo de 0,1% dos limites estabelecidos pela norma 3.01 da CNEN.

A própria equipe de proteção radiológica da Eletronuclear iniciou a descontaminação, com lavagem do corpo e de uniformes. Em seguida, os funcionários passaram pelos portais da área controlada da usina e nenhum alarme foi acionado, o que confirmaria que a contaminação havia sido removida.

 

Cnen diz que não houve danos à saúde de funcionários

Apesar disso, eles foram levados para o Centro das Radiações Ionizantes de Mambucaba para exames adicionais, que garantiram não ter havido danos maiores à saúde dos trabalhadores. De acordo com a CNEN, a liberação no meio ambiente foi de cerca de 0,2% dos limites estabelecidos, graças ao sistema de filtragem de ar que tem como função bloquear a saída de radionuclídeos pela chaminé.

O acidente, classificado de evento não-usual, aconteceu no edifício auxiliar de Angra 2 e não no prédio do reator. Numa escala de zero a 7 da Agência Internacional de Energia Atômica, foi considerado de nível 1 (anomalia ou desvio operacional).

O subsecretário de Defesa Civil de Angra, José Carlos Lucas Costa, afirmou ter sido informado apenas de que não havia risco para a população e para o meio ambiente.

– Tomei conhecimento pela imprensa. Apenas soube que um funcionário da Eletronuclear estava fazendo manutenção na chaminé da usina e, ao esmerilhar alguma coisa, a limalha de ferro voou e bateu no detector de radiação, disparando o alarme. Mas que não tinha sido nada grave.

O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, disse que, aparentemente, o acidente não teve consequência grave, mas criticou o fato de a Eletronuclear ter levado tanto tempo para divulgá-lo.

– Por que só fomos informados onze dias depois? Que equipamento? Que nível de radiação? Acho que a nota divulgada foi muito sumária.

Nadia Valverde, coordenadora da ONG Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (Sapê), teve acesso às informações apenas depois de contatar a Defesa Civil de Angra, segunda-feira.

– A principal questão nessa história é a falta de transparência da Eletronuclear. Dez dias depois do evento, a população de Angra só ficou sabendo por causa das ONGs e da imprensa.

O diretor de campanhas do Greenpeace, Sérgio Leitão, disse que “o acidente em Angra 2 serve para ilustrar a incoerência de se ter no Brasil um mesmo órgão (a CNEN) responsável pela promoção e fiscalização da energia nuclear no país”. E lamentou a demora na divulgação: “É a prova clara de que o setor nuclear no Brasil é cercado de mistério, graças à sua herança militar.”

Fonte: Resenha CCOMSEX Exército Brasileiro

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