Os abastecimentos à OTAN para o Afeganistão começam a usar também a “rota russa”

Um dos maiores problemas no atual conflito que no Afeganistão opõe as forças da NATO aos combatentes talibã é o transporte seguro de abastecimentos às forças multinacionais que combatem neste país do Médio Oriente.

A atual rota principal de abastecimentos começa no território paquistanês, onde existem também talibãs e onde se têm multiplicados os ataques a comboios nos últimos meses. O problema será ainda mais grave daqui a alguns meses, com a chegada de dezenas de milhar de novas tropas norte-americanas, transferidas do Iraque, e que devem levar a um aumento de 50% no consumo de abastecimentos, estimam alguns especialistas.

Por isso a nova rota que começou a ser testada em abril com “materiais não-letais” que atravessa a Rússia a caminho do Casaquistão e daqui chega pelo norte ao Afeganistão é muito interessante. A nova rota é tanto mais interessante porque o governo do Kirgistão decidiu encerrar a base dos EUA no seu país e esta era a última base aérea dos EUA ativa na Ásia Central… O seu encerramento e provável transferencia de operações para as bases dos EUA nos países do Golfo vai aumentar seriamente os custos operacionais…

A exposição e fragilidade das rotas de abastecimento das forças da Coligação no Afeganistão é o “problema número um” no país, com ataque quase diários na rota paquistanesa, onde já morreram perto de 200 condutores civis, apenas nos últimos meses. Do lado afegão, as estradas são ainda mais perigosas, tendo alguns abastecimentos que ser transportados por via aérea.

Obama decidiu enviar mais 17 mil homens para o Afeganistão, onde se juntarão aos 38 mil já nesse país aproximando o número total de forças aqui presentes para perto dos 60 mil inicialmente pedidos pelos comandos militares.

A retirada dos EUA da sua última base na Ásia Central e a necessidade de depender da Russa para cerca de 20% de todos os abastecimentos para o Afeganistão são vitorias sucessivas para o Kremlin. Por um lado, vê assim regressar a sua influencia a uma região onde esta se evaporara completamente no consulado de Boris Ieltsin, por outro, fica com um ponto negocial importante nas mãos que poderá usar futuramente como forma de chantagem contra os EUA ou os países da NATO, numa futura e eventual crise internacional, como aquela que no ano passado ocorreu na Geórgia.

Fonte: Quintus