ONU classifica morte de civis no Sri Lanka como “banho de sangue”

A ONU (Organização das Nações Unidas) classificou nesta segunda-feira a morte de centenas de civis no norte do Sri Lanka, na mais recente ofensiva do Exército contra a guerrilha separatista tâmil, como o “banho de sangue que a comunidade internacional tanto temeu que acontecesse”.

“A ONU tem consistentemente alertado para a possibilidade de um cenário de banho de sangue conforme assistimos o firme aumento nas mortes de civis nos últimos meses”, afirmou o porta-voz da organização Gordon Weiss nesta segunda. “A morte de civis em larga escala deste fim de semana, incluindo mais de cem crianças, mostra que o banho de sangue virou uma realidade”.

Neste domingo, ataques de artilharia deixaram ao menos 378 mortos e feriu mais de mil pessoas, de acordo com um médico nas áreas controladas pelos Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE, na sigla em inglês).

Um site ligado à guerrilha aponta o Exército do Sri Lanka como responsável pelos ataques enquanto as forças cingalesas dizem que os separatistas tâmeis bombardeiam seu próprio território para, com a morte de civis, atrair a simpatia da comunidade internacional e forçar um cessar-fogo.

O ataque deste domingo foi o mais sangrento contra civis da etnia tâmil desde que a guerra se intensificou novamente, há mais de três anos. Fontes médicas na zona do conflito informaram que os hospitais estão superlotados e que o número de mortos deve aumentar.

A ONG Human Rights Watch acusou neste sábado os militares de repetidamente atingirem hospitais na zona de guerra e de realizarem ataques aéreos que mataram milhares de pessoas. A ONG também pediu que os comandantes envolvidos em tais ações sejam processados por crimes de guerra.

Dados da ONU indicam que no último mês cerca de 6.500 civis foram mortos como consequência da renovação dos esforços do governo na guerra.

Nos últimos meses, as forças do governo empurraram os rebeldes para uma pequena porção do território. O governo ignorou pedidos de cessar-fogo devido a questões humanitárias com o argumento de que qualquer pausa dará aos rebeldes a oportunidade de se reagruparem.

Os Tigres de Libertação da Pátria Tâmil (LTTE, na sigla em inglês) lutam pela criação de um Estado para a minoria tâmil desde 1972, mas as origens dos conflitos na ilha remontam a 1948, ano em que o país se tornou independente do Reino Unido.

Os tâmeis e os cingaleses falam línguas diferentes e ambos afirmam que seus ancestrais são os habitantes originais da ilha.

Fonte: Notícias Militares