SEGURANÇA PÚBLICA: Em cinco batalhões do Estado do Rio, déficit é de mais de mil policiais

A reclamação é recorrente entre os moradores do Estado do Rio: a percepção de que faltam policiais para patrulhar as ruas. Dados de um estudo da Polícia Militar entregue à Câmara de Vereadores do Rio no mês passado e obtido pelo EXTRA revelam o tamanho do problema. Só nos cinco batalhões que lideram o ranking do déficit de efetivo, faltam 1.272 PMs — o equivalente à quantidade de homens necessária para o funcionamento de dois batalhões de médio porte.

O 9º BPM (Rocha Miranda) é o primeiro dessa lista. Na unidade, que atende 17 bairros da Zona Norte, faltam 426 policiais. A conta foi feita pela PM considerando a área do batalhão, a população atendida e os índices de criminalidade, conforme determina um decreto-lei que regulamenta o tema. O quesito ‘‘território’’, no entanto, é o que tem o maior peso. De acordo com informações obtidas pelo EXTRA, o batalhão dispõe atualmente de uma média de 70 a 80 policiais por dia.

Para estabelecer os quartéis que têm prioridade para receber efetivo, no entanto, a PM utiliza outro parâmetro. A conta é estabelecida usando o déficit de efetivo calculado pelo decreto, mas prioriza outros cinco índices de criminalidade considerados estratégicos — roubos de rua e de veículos, letalidade violenta, vitimização policial e confronto armado.

No topo dessa lista de prioridades está o 20º BPM (Mesquita). O batalhão ocupa o segundo lugar no ranking que contabiliza a falta de policiais em números absolutos. Na unidade, faltam 261 policiais. Nessa “lista de preferência”, apesar da carência de efetivo, o 9º BPM cai para o 6º lugar.

O estudo foi feito pela PM após pedido do vereador Carlo Caiado (DEM) para reforço no efetivo de quatro batalhões do estado — dois na Zona Sul e outros dois na Zona Oeste.

Todo o efetivo para as UPPs

Para o sociólogo Ignacio Cano, da UERJ, uma das causas do déficit de policiais militares nos batalhões foi a priorização da alocação de efetivo nas UPPs desde a criação do programa, em 2008. O pesquisador cita ainda outros fatores, como a quantidade de policiais afastados por problemas psiquiátricos.

— Houve uma reclamação muito grande dos batalhões porque todos os policiais que ingressavam na PM tinham como destino as UPPs. E hoje não há recurso para contratar mais ninguém — observou.

No fim de agosto deste ano, a Secretaria de Segurança do Rio anunciou que deslocará três mil PMs de UPPs das atividades administrativas para batalhões com necessidade de reforço. As unidades que receberão efetivo são as que estão na lista de prioridades elaborada pela corporação.

De acordo com o comandante da PM, coronel Wolney Dias, esse processo já vem ocorrendo, mas houve atraso no cronograma por causa de episódios como a guerra do tráfico na Rocinha. Segundo o oficial, além das UPPs, também está sendo feito um “enxugamento” na administração de outras unidades.

— Estamos fazendo um redimensionamento para colocar mais policiais nas ruas. O processo está em andamento, mas tivemos que fazer algumas mudanças — frisou.

Pedidos

De acordo com o vereador Carlo Caiado, o pedido da quantidade de PMs nos batalhões foi motivado

por suas participações nas reuniões dos Conselhos Comunitários de Segurança. “Os comandantes das unidades reclamam o tempo todo da falta de efetivo. A população precisa conhecer esse problema”, diz.

Soma

No ranking do déficit de

PMs baseado no critério do decreto-lei, que tem o 9º BPM no topo, não aparece nenhum batalhão que conte com UPPs em suas áreas até a quinta posição. Isso acontece porque, nessas áreas, os efetivos do batalhão

foram somados aos das unidades pacificadoras.

Mais roubos

Segundo o estudo da PM, a área do 20º BPM foi a que teve o maior número de roubos

de rua e de veículos, além de letalidade violenta do estado, no primeiro semestre de 2017. No número de mortes de policiais na área, a unidade ficou na 5ª posição e nos confrontos armados, na 11ª.

9º BPM

Já o Batalhão de Rocha Miranda é o terceiro colocado nos roubos de rua e de veículos. No quesito letalidade violenta, aparece em 13º lugar no ranking; na vitimização, em oitavo, e nos confrontos armados, em 17º.

4 Comentários

  1. …………pra realmente resolver de uma vez por todas esse problema creio que deveriam pagar um salário digno ao policial e acabar de vez com a corrupção em todos os níveis da Polícia nos segmentos PM e Civil …..pra combater bandidagem é necessário tirar privilégios que existem em prisões e a corrupção por parte de agentes carcerários….não existe essa de uso de celular em cadeia e visita aleatória de advogado…trabalhar com informações e Inteligencia…… outrossim,hoje se prende um bandido num dia no outro ele está solto…bandido não tem que ter a tal instituição de “habeas corpus” ou “responder em liberdade” ou outra enrolação chamada “tornozeleira eletrônica” ….deve haver tbm uma modificação radical na aplicação da justiça e isso pressupõe modificações em sua estrutura e mudança de conceitos até mesmo no próprio ensino do Direito….enfim,repressão à bandidagem não é função específica das FFAAs……continuamos a não ser um país sério..uma vergonha

    • Dilson não basta so isso quem não é ilibado e honesto jamais se contenta.
      É muito mais complexo meu caro. Claro que deve haver a dignidade mas uma profunda reciclagem que seriam necessarios decadas e nossos problemas são imediatos.

  2. Este é o retrato de um Estado falido a merce de um imundo e covarde contigenciamento,onde não se prioriza acrescimo efetivo e muito menos reaparelhamento e dignidade social para o efetivo.
    Ja vos alertei a tempos. O que se agrava no RJ tende a ganhar as ruas e a influenciar todo o Brasil !
    Todos queremos uma policia digna e moralmente alicerçada no cumprimento como exemplo para toda a sociedade que na verdade é nossso maior patrimonio e sociedade inclui-se todos;e não uma casta previlegiada onde os demais sejam apenas identificados como escravos e como hostis !

1 Trackback / Pingback

  1. SEGURANÇA PÚBLICA: Em cinco batalhões do Estado do Rio, déficit é de mais de mil policiais | DFNS.net em Português

Comentários não permitidos.