Rússia e China – Saindo da neutralidade com relação a importantes conflitos

A Rússia e a China realizarão exercícios conjuntos no Mar do Sul da China, palco de tensões nas relações entre Pequim e outros países.

Entretanto, a China anunciou que é hora de se posicionar no conflito sírio. A mídia russa pondera por que os dois países alteraram suas posições de neutralidade, prontificando-se a prestar apoio em conflitos.

Na semana passada, o porta-voz da Frota russa do Pacífico Vladimir Matveev, confirmou que Rússia e China acordaram em realizar treinamentos conjuntos no Mar do Sul da China entre 12 e 19 de Setembro.

O foco dos exercícios será a proteção de navios de carga no Mar do Sul da China.

Em Julho, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês Yang Yujun, disse que os exercícios “não serão destinados ao ataque a terceiros países”.

Alguns analistas interpretaram a vontade russa de participar em exercícios conjuntos com a China, como uma forma de demonstrar apoio à nação chinesa nas disputas territoriais no Mar do Sul da China.

Em 18 de Agosto o jornal The Global Times comunicou que, “chegou a hora de os militares chineses contribuírem para o fim da crise síria”. Logo depois, tornou-se público que a delegação chinesa visitou a Síria e realizou negociações sobre a cooperação militar e ajuda humanitária.

O diretor do Departamento para a Cooperação Militar Internacional da Comissão Militar Central Guan Youfei, encontrou-se com o ministro da Defesa sírio, Fahad Jassim al-Freij.

O Ministério da Defesa Nacional chinês, afirmou que a China tem desempenhado um papel ativo na busca de uma solução política na crise síria, apoiando a independência e a autonomia da nação síria, o estado chinês estava de prontidão para fortalecer a cooperação com os colegas sírios.

Guan reuniu-se também com o general russo que lidera o Centro de Reconciliação sírio em Damasco e discutiu “assuntos de interesse comum”, acrescentou o ministério.

Tudo isso provocou nas mídias, várias sugestões relacionadas à alteração de posição dos dois países, que abandonaram a neutralidade, decidindo prestar apoio a um lado nos conflitos.

O portal de notícias on-line Regnum, disse que Pequim através da mudança de posicionamento na disputa territorial no Mar da Sul da China, especifica que não existe “uma denúncia global” da sua posição no conflito.

“Há dois anos, os EUA realizaram com sucesso a transformação da Rússia através da mídia em “um Estado vilão, assustador e poderoso”. A China se encontra preocupada devido à possibilidade de Washington aplicar ao país chinês o mesmo cenário”, disse o jornal sobre o assunto.

Sendo assim, a China espera sinais de Moscou sobre sua mudança de posicionamento, que demonstrem uma proximidade maior às posições defendidas pela China.

A retórica diplomática ainda não é suficiente, mas a realização de manobras conjuntas em águas disputadas é o melhor sinal, segundo observadores.

De acordo com autor da matéria, a China deve oferecer à Rússia “um prêmio”, a garantia de prontidão do Exército de Libertação Popular da China na união da coalizão da Rússia, Síria e Irã no conflito sírio.

E isso é o que Moscou precisa no momento, devido a razões políticas.

“É desistência da neutralidade, em troca da desistência de neutralidade”, destacou o autor.

Segundo ele juntar-se aos lados certos nos conflitos, proporciona a quebra de isolamento: o isolamento da Rússia no conflito sírio, e o isolamento chinês no conflito do Mar do Sul da China.

O autor acrescentou também que tal “construção”, segue as tradições da política oriental em ambas as regiões: Oriente Médio e Extremo Oriente.

Foto: © Sputnik/ Aleksei Druzhinin

Edição: Plano Brasil

Fonte: Sputnik News

6 Comentários

  1. Olha, eu esperei por um bom tempo antes de atestar a realidade de uma aliança militar real entre Rússia e China, mas com esses exercícios marcados neste momento de tensões no ambiente conflituoso em que está marcado revela claramente que nasce um compromisso entre as duas nações de se ajudarem militarmente nas disputas nacionais, isso é a constatação de coordenação militar em alto nível, que somente países aliançados possuem, e é um claro sinal para todos os países ao redor, que se tentarem atacar a China podem muito provavelmente ter que emplacar um conflito com a Rússia, e isso é claramente perceptível dada as relações comerciais entre os dois países, se a China entrar em guerra a Rússia entra em crise acentuada (devido as fortes relações comerciais).

  2. Sim, como bem disse o formulator da ppolíticade hegemonia dos EUA, não existe mais Império Global.
    A situação mudou, acabou.

    Resta agora ver como reagirá o antigo Império a derrota e como se dará o realinhamento.
    Não acredita? Hehehe
    http://www.unz.com/mwhitney/the-broken-chessboard-brzezinski-gives-up-on-empire/#comment-1545833

    Com isso vem necessariamente O FIM da globalização, a repatriação de fábricas, o fim do dólar(que estamos observando o processo há uma década….quase todos os países já repatriação seu OURO dos EUA que é o início de tudo), talvez o fim da UE, Guerras(sem a Rússia).
    Enfim, um novo jogo!

    • O único problema nisso tudo é que todo império em decadência tende a lutar impiedosamente para não perder poder, ou seja, veremos mais sangue nessa década.

    • Tudo o que a China não quer nesse momento é mudar o mundo.
      Por que eles iriam querer acabar a globalização se são os que mais ganham?

      O Texto se refere a uma tentativa da Rússia em a arrumar um aliada do forte.
      Quando vermos a China se opondo ao ocidente para ajudar a Rússia ai sim dá para falar em aliança. Pode ver que os chineses não deram apoio aos russos na questão da Ucrânia, por exemplo.

      Se EUA e Europa quebrarem China e Índia vão junto e eles não tem nenhum interesse nisso, pode ter certeza.

      A Rússia precisa muito mais da China do que o contrário. A China está vencendo.

  3. Ja estava na hora né?

    Afinal de contas, a China é bem ali…. não dá pra fingir que nada está acontecendo em um lugar relativamente proximo ao seu territorio

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