Primeiro discurso de Trump sobre o Estado da União: Um discurso sombrio

Ao falar de imigração em seu primeiro discurso sobre o Estado da União, Trump pintou um retrato assustador de um país e de um povo, em suas palavras, vítimas da imigração.

Trump durante o discurso do Estado da União

Em seu primeiro discurso sobre o Estado da União, o presidente americano, Donald Trump, não depreciou ninguém pelo nome. Ele não atacou Hillary Clinton nem os meios de comunicação, dois de seus alvos favoritos. Não incentivou divisões entre republicanos e democratas – na verdade, falou muito de bipartidarismo, pedindo aos legisladores que trabalhem juntos em prol do povo americano. Tudo pelas notícias positivas.

Mas, ao mesmo tempo em que o começo – e, até certo ponto, o fim – de seu longo discurso pode ser caracterizado como otimista, com o foco na economia e no orgulho americano, o tom do restante de sua fala se tornou cada vez mais sombrio e ameaçador.

Os trechos sobre imigração, em particular, pintaram um retrato assustador de um país, em suas palavras, vítima tanto da imigração legal quanto ilegal. A forma como Trump descreveu os imigrantes, como fomentadores do caos para o povo americano, atingiu seu ponto mais baixo quando ele explorou a dor com fins políticos. Como na campanha presidencial, ele chamou a atenção na plateia para pais de crianças mortas por membros de gangues que também eram imigrantes sem documentos.

Curiosamente, a parte sobre imigração foi também o trecho mais detalhado de discurso que, no geral, foi pouco específico. Trump reiterou o que, em sua opinião, deveriam ser os quatro pilares de uma reforma migratória: a possibilidade de os chamados “dreamers” receberem a cidadania americana; a construção de um muro na fronteira com o México; o fim da loteria de vistos; e uma diminuição significativa do reagrupamento familiar de imigrantes.

Trump disse que os imigrantes podem levar um número ilimitado de parentes distantes aos EUA – o que, na realidade, é mentira. Os imigrantes com cidadania americana ou que possuem um green cardpodem somente reagrupar seus parentes mais próximos.

De forma abominável, Trump não apenas relacionou a imigração ilegal com a criminalidade de gangues, mas também vinculou as duas principais formas de entrar legalmente nos EUA – a loteria de vistos e o reagrupamento familiar – com o terrorismo.

O próprio presidente americano chamou de “concessão” o projeto para permitir a naturalização dos “dreamers” e, ao mesmo tempo, reduzir drasticamente a imigração legal. Mas sua imagem de um país ameaçado pelos imigrantes deixa, na verdade, pouco espaço para entendimento com os democratas.

Revelador também é o foco de Trump em proteger a subsistência dos americanos das ameaças de qualquer tipo de imigração, além de suas repetidas descrições dos EUA como vítima de um cerco econômico por parte de países que, segundo ele, usam práticas comerciais desleais, prejudicando o trabalhador americano.

Funcionou durante a campanha para impulsionar sua base – e, pode-se dizer, continua funcionado.

Revelador também é o que ele minimizou. A Rússia – sua suposta interferência nas eleições americanas e possível relação com a campanha de Trump são alvo de uma série de investigações – foi mencionada uma vez. A China foi citada três vezes, e a palavra “democracia” não apareceu em nenhum momento do discurso.

O primeiro discurso de Trump sobre o Estado da União será bem recebido entre seu eleitorado e grande parte dos republicanos. Mas o tom profundamente nativista e cerceador é um anátema para qualquer um que considere os EUA uma nação de imigrantes e que acredite no lema E pluribus unum, “de muitos, um”.

Dito isso, o discurso tem pelo menos um efeito prático: deve finalmente acabar com qualquer argumento fútil sobre Trump como potencial “unificador” ou sobre um potencial recomeço sem sua presidência.

  • Michael Knigge é correspondente da DW em Washington

Fonte: DW

 

Em discurso, Trump pede unidade e enfatiza discórdia no Congresso

Em primeiro pronunciamento sobre o Estado da União, presidente adota tom conciliatório ao falar da política interna. Quanto ao cenário internacional, Trump defende postura comercial mais rígida e critica Coreia do Norte.

“A era da rendição econômica chegou ao fim”, disse Trump em pronunciamenro ao Congresso dos EUA

Em seu primeiro pronunciamento ao Congresso americano sobre o Estado da União nesta terça-feira (30/01), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu a unidade nacional e o reforço das fronteiras do país, pedindo uma “família americana unida”. O discurso ocorreu após um ano de um governo bastante conturbado, permeado por escândalos, divisão e controvérsias.

“Esta noite, peço que deixemos de lado nossas diferenças para buscarmos terreno comum e invocar a unidade que precisamos entregar às pessoas que nos elegeram”, disse o presidente aos membros do Congresso americano.

“Quero falar sobre o tipo de futuro que teremos e que tipo de nação seremos. Todos nós, juntos, como uma equipe, um só povo e uma só família americana”, disse Trump, adotando um tom atipicamente conciliatório.

O presidente, no entanto, não deu nenhum sinal de que pretende ceder em relação à redução da migração que defende e que é tema de grandes discussões no Congresso.

De olho nas eleições legislativas em novembro e tentando agradar sua base conservadora, Trump mencionou diversos temas que desagradam a oposição democrata, como o muro na fronteira com o México e novas restrições à entrada no país de familiares dos migrantes que vivem em condições legais nos EUA.

O magnata de 71 anos exaltou os avanços da economia durante seu governo, destacando que o mercado de ações vem atingindo “um recorde após o outro”. Ele voltou a defender uma postura mais rígida de seu país no mercado internacional, dizendo que “a era da rendição econômica chegou ao fim”.

“Os Estados Unidos viraram a página após décadas de acordos comerciais injustos que sacrificavam nossa prosperidade e mandavam nossas empresas, empregos e nossa riqueza para o exterior”, afirmou. “Estamos recuperando tudo isso muito rapidamente.”

Ambição “imprudente” da Coreia do Norte

Ao mencionar uma variedade de temas sobre a política externa, ele denunciou o “caráter depravado” do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e alertou que a ambição nuclear “imprudente” da Coreia do Norte poderá “muito em breve” ameaçar o território americano.

“Travamos uma campanha de pressão máxima para evitar que isso aconteça”, disse. Num dado momento, ele apontou para o desertor norte-coreano Ji Seong-ho, ovacionado pelos presentes, citando-o como um exemplo do que chamou de natureza brutal do regime de Pyongyang.

Trump utilizou o discurso de uma hora e 20 minutos para tentar aplacar algumas dúvidas sobre sua presidência, mas evitou tratar do escândalo em torno da suposta ingerência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 e o possível vínculo de Moscou com a campanha que o levou à Casa Branca.

As suspeitas resultaram na abertura de uma investigação por parte de uma comissão liderada pelo procurador especial Robert Mueller. O presidente, porém, não fez qualquer alusão às denúncias ou às investigações.

O líder americano disse ter assinado uma ordem para manter em funcionamento a prisão militar em Guantánamo para suspeitos de terrorismo, revogando mais uma política adotada por seu antecessor, Barack Obama, que tentou fechar o local, alvo de denúncias por parte de organizações de defesa dos direitos humanos.

Recorde no Twitter

Uma pesquisa realizada pela CNN após o pronunciamento apontou que 48% da população teve uma impressão “muito positiva” do presidente. No primeiro discurso sobre o Estado da União de Obama, esse índice foi de 57%. A emissora afirmou que o percentual de aprovação é o mais baixo registrado desde o início do levantamento, em 1998.

O Twitter anunciou que o discurso de Trump se transformou no tema mais compartilhado na história da rede social, com 4,5 milhões de mensagens com as hashtags #SOTU (sigla em inglês do nome do discurso) e #Jointsession (“sessão conjunta”), em referência à reunião da Câmara dos Representantes e do Senado para ouvir o presidente. A mensagem mais retuitada foi a que trazia um link para assistir o discurso ao vivo.

O recorde anterior também era de Trump, com 3 milhões de compartilhamentos, alcançado em fevereiro do ano passado na ocasião de sua fala ao Congresso.

Fonte: DW

 

4 Comentários

  1. É um coitado ignorante e hipócrita, assim como a maior parte da população daquele país, pois o pai dele era um imigrante, a esposa dele é uma imigrante, os filhos dele tem sangue de imigrantes, além de o EUA só ser o que é hoje graças aos imigrantes que criam as tecnologias que eles usam hoje (Albert Einstein, Nikola Tesla e Wernher Von Braun sendo alguns dos maiores exemplos), além das grandes marcas como a Apple de Steve Jobs (que era filho de um imigrante sírio) ou Sergey Brin (o russo co-fundador do Google), Jan Koum (ucraniano criador do Whatsapp), dentre tantos outros exemplos.

  2. eu tambem acho o trump tudo isso que voces escreveram e mais um pouco
    mas a vitoria do trump e o odio que ele tem dos latinos e da america latina faz com que os projetos que os clintons tinham ao fomentar o golpe judicial na america latina e com tantos lideres latinoa capachos dos clintos eles estariam lotiando totalmente a america latina
    mas como ganhou o trump e esse mostra e demostra como um americano olha e percebe o resto do mundo

  3. Oh Trump CO-VAR-DE… a C.N ainda está esperando pelo tal bombardeiro maciço… e a Síria? Como fica? Ah tá…a pata do urso tá muito pesada né… pois é… rs!

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