Presidente francês Macron convida premiê libanês Hariri e família à França

Emmanuel Macron durante a COP23, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Bona, Alemanha, 15 de novembro de 2017. REUTERS / Wolfgang Rattay

O primeiro-ministro do Líbano, Saad al-Hariri, e sua família irão viajar à França nos próximos dias, disse uma fonte presidencial francesa nesta quarta-feira, após o presidente Emmanuel Macron convidá-lo como parte de esforços para diminuir tensões no Oriente Médio.

Falando na cidade alemã de Bonn após uma conferência sobre o clima, Macron disse que seu convite não é uma oferta de exílio para Hariri, que anunciou sua abrupta renúncia como premiê há 11 dias da capital saudita, Riad.

   O presidente do Líbano, Michel Aoun, que se recusou a aceitar a renúncia do primeiro-ministro, acusou mais cedo nesta quarta-feira os sauditas de tornarem Hariri refém – e chamou isto de um ato de agressão.

    Perguntado se estava oferecendo exílio a Hariri, Macron disse: “Não, de maneira alguma. Eu espero que o Líbano seja estável e que escolhas políticas estejam de acordo com normas institucionais”.

    “Nós precisamos de um Líbano forte com sua integridade territorial respeitada. Nós precisamos de líderes que sejam livres para fazer suas próprias escolhas e falar livremente”.

    A França possui relações próximas com o Líbano, que esteve sob controle francês entre as guerras mundiais, e com Hariri, que possui uma casa na França e passou diversos anos no país. Seu pai, Rafik, era amigo próximo do ex-presidente Jacques Chirac.

O convite de Macron aconteceu após conversar tanto com o príncipe saudita Mohammed bin Salman quanto com Hariri por telefone, informou o Eliseu em comunicado.

A Arábia Saudita negou ter detido Hariri ou coagido ele a renunciar.

Uma fonte no Palácio do Eliseu disse que Hariri deve desembarcar na França “nos próximos dias”.

“REPENTINO”

A oferta da França aparentou ter sido de último minuto, sem indícios de autoridades francesas nesta manhã de que isto era programado. Um porta-voz do governo francês em entrevista coletiva semanal até mesmo pediu para Hariri voltar a Beirute para entregar sua renúncia.

    Diplomatas franceses em Paris aparentavam ter sido pegos de surpresa. Eles disseram que Macron havia encontrado uma maneira de tirar Hariri da Arábia Saudita sem perdas para nenhum lado, mas questionaram como isto irá funcionar a longo prazo.

    “Isto foi repentino”, disse um diplomata.

    “O presidente quer diminuir tensões… mas nós também estamos em círculos. Estamos somente herdando os problemas?”.

Fonte: Reuters

 

5 Comentários

  1. (…) “Nós precisamos de um Líbano forte com sua integridade territorial respeitada. Nós precisamos de líderes que sejam livres para fazer suas próprias escolhas e falar livremente”. (…)

    O petit Napoleon .. com essa jogada de chamar o Hariri foi magistralmente .. meus parabéns !… Le petit napoleon !
    .
    Se caso o Hariri for a França… essa história que existe sobre a prisão do mandatário Hariri pelos sauditas, cai por terra… mas ainda continuará as batidas de tambores de guerra naquela região… o script deva ser concluido, custe o que custar, a guerra tem um tur naquela região, ela já passou e deixou destruição ( na sequência ) : no Iraque, Líbia, Síria …e a pergunta é … a bola da vez ? .. será; o Líbano ou o Irã ?

    • Hariri, antes de mais nada, deveria retornar ao solo pátrio para homologar, perante o Legislativo sua renúnica e, dar explicações de sua decisão ao próprio povo.

      Esses últimos movimentos do prínciper-herdeiro Bin Salman, ou são das duas uma: receita para o desastre, ou genialidade geopolítica.

      Porque, diplomaticamente falando, ele conseguiu entornar um barril de pólvora numa chapa quente.

      Guerra de atrito com o Irã? Duvido muito. E o caminho mais viável, que dá a entender que ele seguirá para reduzir na marra, a zona de influência que o país expandiu ao longo desses últimos anos, é estrangular economicamente o aliado-chave ainda de pé dos iranianos (já que a Síria ainda está destroçada e beirando a balcanização).

      Primeiro com um movimento de deslegitimar politicamente o comando libanês. Em seguida, como é óbvio que os libaneses pretendem que Hariri volte ao país e dê explicações antes de qualquer acordo, virá um embargo. E qual a razão? A existência do Hezbollah basta.

      Ou talvez, instabilidade regional seja o ponto de virada para o incremente mais rápido do preço do barril (brent crude oil) no mercado internacional, já que as finanças públicas sauditas enfrentam monstruoso déficit.

      • A diferença da receita para o desastre e a genialidade geopolitica é o sucesso! No mais penso que você está correto, o interesse dos sauditas é justamente diminuir a influência iraniana deslegitimando o governo local expondo o Hezbollah como o maior fato de instabilidade atual do Líbano, cabendo lembrar que a razão de ser desse grupo terrorista, preposto de Teerã, é travar uma guerra irregular e de desgaste contra Israel.

      • Nesse ponto, acredito que a recíproca é verdadeira rs. Ou seja, Israel tem como objetivo geopolítico, reiterar sua zona de influência a partir do Líbano (que é elemento de ligação com Síria e Irã), enfraquecendo o Hezbollah, pois sabe que qualquer intervenção militar futura enfrentaria pouca ou nenhuma resistência das frágeis forças regulares libanesas.

        No passado, quando a OLP organizava seus encontros em Beirute, tropas de assalto e/ou de ação rápida da inteligência israelense, entravam com relativa facilidade na capital e executavam as suas ações.

        Com o tempo e a escalada da guerra civil libanesa, a existência do Hezbollah se confunde com a própria noção da parcela xiita do multifacetado país, de que era necessário compor um grupo armado, frente à verdadeira zona que foi a entrada de Sírios pelo norte e Israelenses pelo sul, num movimento de pinça (que acabou levando os alawitas também de roldão)

        Se o Líbano quisesse continuar sendo um Estado-Nação, na concepção plena da palavra, viu se reordenar em torno do “partido de Deus” uma estrutura mínima de pronta-resposta, associada ao assistencialismo social, em momento de debacle das instituições formais durante e pós-Guerra.

        Ou seja, ainda que seja fato de que o grupo apelou para táticas terroristas convictas, sua própria existência se confunde com a reconstrução da unidade territorial libanesa, e de certa forma, com o sentimento de orgulho xiita no país.

        Acredito que a melhor solução para a estabilidade regional, é a permanência do grupo dentro do sistema político representativo do país, com a contrapartida de exigência que desestimulem paralelamente as ações provocativas do braço armado do Hamas na Palestina.

        Ao mesmo tempo, Israel tem de entrar com o compromisso formal, perante a comunidade internacional e as autoridades libanesa e palestinas, de que, não expandirá seus assentamentos ilegais sobre território da Cisjordânia e nas “franjas” de Jerusalém (que deveriam ser igualmente repartidas, segundo a última convenção da ONU)

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