Partida para o Rio Negro

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Por: Cel Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

Partida para o Rio Negro

Por Hiram Reis e Silva, Manaus, Amazonas, 18 de dezembro de 2009.

“(…) o nosso ‘faro’ de historiador está rareando no seio dos que se dedicam a perlustrar o passado, para dele haurir ensinamentos. (…) Creio que o amigo, até por estar envolvido com a execução do memorável feito, não tenha ainda aquilatado a grandiosidade do ‘Projeto Rio-Mar’, já realizado (e ainda a se realizar!), como este seu admirador, que aferindo com sensibilidade prospectiva, à distância, ‘do alto da janela’, de forma cósmica, holística, o considera de superlativa magnitude histórica”. (Coronel Manoel Soriano Neto)

Antes de minha partida para Manaus, eu havia dedicado grande parte do meu tempo à logística doméstica, na vã tentativa de minimizar um pouco as tarefas que seriam acumuladas pelos meus três queridos filhos. As despesas com enfermeiras, estoque de gêneros, remédios controlados e dieta tinham sido oportuna e perfeitamente equacionados.

O caiaque que uso nos treinamentos foi deixado aos cuidados de meu fiel escudeiro, o Cabo Dewite. As avarias sofridas no meu último embate com a Lagoa dos Patos tinham provocado sérias cicatrizes no casco, entortado o leme e precisavam ser reforçados e reparados. Eu ainda não desisti da travessia da Lagoa.

– O Vôo (16/12/2009)

O check-in, ao contrário do ano passado, foi rápido e eficiente, os funcionários da Gol-Varig foram bastante atenciosos e o vôo saiu exatamente no horário previsto. Eu havia escolhido um vôo (1725) com escalas em Curitiba, PR, Campo Grande, MS, Cuiabá, MT e Porto Velho, RO. Junto à janela eu pretendia, sempre que as nuvens permitissem, admirar a paisagem única dessa ‘Terra Brasilis’. Extasiado, eu admirava o ciclópico mosaico que se estendia até o horizonte. As formas regulares das matas nativas e das diversas culturas agrícolas lembravam um gigantesco quebra cabeças.

À medida que nos aproximávamos da linha do equador, as áreas de mata nativa se expandiam e as de plantações se contraiam. A devastação, que havia notado até o sul do estado de Rondônia, estancava na fronteira do estado do Amazonas, onde o solo formava uma bela e uniforme floresta primitiva.

A última escala de Porto Velho a Manaus permitiu-me admirar, por entre as nuvens, o belo traçado do rio Madeira. O belo contorno do rio e suas praias imaculadas me encantaram. A 3ª Fase do ‘Projeto Rio-mar’, ainda em aberto, tem as seguintes opções; a Descida do Madeira, de Porto Velho até sua foz no Amazonas e daí até Itacoatiara, ou a descida de Manaus até Santarém, no Pará. A definição dependerá do apoio que recebermos para a execução da jornada.

A chegada em Manaus, depois de nove horas, seria antecipada em oito minutos, o que poderia ser considerado um recorde, considerando o número de escalas. A natureza, mais uma vez, resolveu mostrar quem manda, e uma chuva torrencial fez o piloto arremeter. O sobrevôo permitiu, mais uma vez, observar os gigantes aquáticos que teimavam em não misturar suas águas no monumental Amazonas e as extensas praias que se estendiam preguiçosamente ao longo das margens. Belas feridas provocadas por uma das mais sérias estiagens que assolou a região nas últimas décadas.

Nosso grande amigo, o Coronel Ebling, esperava-nos como havia prometido, e nos conduziu até o 2º Grupamento de Engenharia (2º Gpt E), onde ficaríamos alojados até seguir para São Gabriel da Cachoeira.

– Manaus (17/12/2009)

Uma viatura do Grupamento me conduziu até a 4ª Divisão de Levantamento (4ª DL), onde pretendíamos confirmar algumas coordenadas e outros dados sobre o rio Negro. Infelizmente, o Tenente-Coronel Clóvis Gaboardi, chefe da 4ª DL, nos informou que os dados estavam sendo processados por uma empresa terceirizada e que os mapas digitalizados só estariam disponíveis a partir de 2016.

Tentei, então, obter estas informações com o Centro de Embarcações no Comando Militar da Amazônia (CECMA). Graças aos ST James de Magalhães Melo, Sgt Solis Rodrigues e Sgt José Maurício Oliveira da Silveira, chefiados pelo Major Rommel Valério Menezes Brito da Silva, conseguimos transferir os dados do trajeto utilizado pelas embarcações de CECMA para o meu GPS.

No grupamento, após a instalação do programa do GPS, baixei o trajeto completo e, comparando com as fotografias aéreas, fui locando as referências mais importantes. Interrompi minha labuta apenas para cumprimentar o Gen Bda Lauro Luís Pires da Silva, novo comandante do 2º Gpt E, que estava recebendo a apresentação de seus comandados. O General Lauro é um velho amigo do tempo em que éramos instrutores do Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva (CPOR/PA).

– 2º Gpt E

“Narrar a história da Engenharia Militar na Amazônia é falar do 2º GECnst, com sede em Manaus/AM e suas Unidades de Engenharia de Construção, pois as duas histórias estão amalgamadas pelos objetivos de seu idealizador, o General-de-Exército Rodrigo Octávio Jordão Ramos, que já nos idos de 1970 vislumbrava a importância fundamental de uma infra-estrutura viária para o desenvolvimento da Amazônia.

A Engenharia Militar tem como missão de promover meios para a defesa da região e, ao mesmo tempo, sua integração estratégica à vida brasileira. Desta forma, a engenharia militar aplica, diuturna e permanentemente, a sua peculiar dualidade: adestrar sua tropa operacional e tecnicamente, e, simultaneamente, cooperar com os programas de desenvolvimento regional.

As grandes distâncias, as dificuldades do apoio logístico, a impenetrabilidade da floresta, as características fisiográficas do terreno e o vulto das operações são desafios vencidos ombro-a-ombro, com a determinação e a perseverança peculiares do soldado-engenheiro.

Desde que iniciou suas atividades até os dias atuais, um grande acervo de obras e realizações se alinha entre as missões cumpridas pela Engenharia Verde-Oliva, destacando-se a construção de 90% das estradas federais existentes na Amazônia, a implantação de aeródromos, portos fluviais e construção de aquartelamentos.

Além da execução de tão importantes trabalhos, a Engenharia Militar busca soluções tecnológicas para ultrapassar as dificuldades impostas pelas condições locais, participa ativamente da qualificação de jovens que prestam o Serviço Militar, facilitando sua reinserção no mercado de trabalho e coopera com o desenvolvimento das comunidades, visando o uso sustentável dos recursos locais e o fortalecimento da região onde atua, o que resulta em maior benefício social e segurança para a população”. (Seção de Comunicação Social do 2º Gpt E)

– Passagem de comando do 2º Gpt E (18/12/2009)

Meu amigo e parceiro de jornada, Coronel André Flávio Teixeira, chegou à tarde e o acomodamos no alojamento de oficiais superiores do Grupamento.

O 2º Gpt E realizou, às 19h30min, a solenidade de Passagem de Comando do Coronel Carlos Alberto Borges Teixeira para o General-de-Brigada Lauro Luís Pires Da Silva. O General Lauro servia no Departamento Geral de Pessoal em Brasília/DF.

Tive a grata oportunidade de encontrar, neste dia, dois grandes amigos: o General Lauro e o General José Cláudio Fróes de Moraes. A expedição pelo rio Negro dava sinal, desde o início, de que as coisas transcorreriam de acordo com o planejado e com as bênçãos do Grande Arquiteto.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva

Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)

Membro do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS)

Colaborador Emérito da Liga de Defesa Nacional

Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)

Site: http://www.amazoniaenossaselva.com.br

E-mail: hiramrs@terra.com.br

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