Parlamento alemão votará sobre fim de acordo nuclear com Brasil

Partido Verde diz que pacto bilateral, em vigor desde 1975, não condiz com a atual política para o setor na Alemanha, que está banindo aos poucos energia atômica. Votação será no início de novembro.

O Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, em vigor desde 1975, pode ser cancelado por Berlim em 2015. O Partido Verde entrou com uma moção no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) pedindo o fim da cooperação bilateral no setor. A decisão deve ser debatida e votada no próximo dia 6 de novembro.

“Perante a decisão alemã de banir a energia nuclear, o acordo com o Brasil é anacrônico e inconsequente. A decisão de não utilizar mais energia nuclear na Alemanha ocorreu porque seus ricos são muito maiores do que o estimado. Por isso, é errado fomentar a energia nuclear no exterior”, afirma a deputada Sylvia Kotting-Uhl, uma das autoras do projeto, em entrevista à DW Brasil.

No documento apresentado, o partido alega que a cooperação Alemanha-Brasil não contribuiu de fato para melhorar a segurança em Angra 1 e 2, apesar de isso ser um dos argumentos para a manutenção do acordo.

Segundo o texto, as usinas foram construídas em uma região de risco, sujeita, por exemplo, a deslizamentos de terra. Além disso, argumenta o Partido Verde, o governo alemão também não evitou a continuação das obras para a construção de mais uma usina, a Angra 3.

“É difícil imaginar como o governo quer trazer mais segurança diante do que, na perspectiva alemã, são condições catastróficas [em Angra]. É preocupante a utilização desse argumento [de manter a segurança] para a manutenção do acordo”, afirma o texto.

Os verdes apontam também outros fatores para o fim da parceria: o fato de o Brasil buscar o domínio sobre o ciclo de combustão de urânio, o que possibilitaria a produção de armas; a intenção brasileira de construir cinco submarinos nucleares; e a recusa do país em assinar o protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear da Agência Internacional de Energia Atômica.

“O governo alemão precisa mostrar, com o cancelamento do acordo, que não apoia a posição nuclear brasileira. Uma renovação silenciosa do acordo não combina com a decisão de banir a energia nuclear na Alemanha”, diz Kotting-Uhl, que também é porta-voz para assuntos relacionados à política nuclear do Partido Verde.

Maioria no Parlamento

O acordo entre os dois países foi assinado em 1975 e sua vigência inicial era de 15 anos, podendo ser prorrogado por períodos de cinco anos, caso nenhuma das partes o cancele. Até agora, ele já foi estendido cinco vezes. Para ser anulado, um dos países precisa manifestar o desejo de cancelamento um ano antes do fim da vigência.

Por isso, o Partido Verde entrou com o pedido agora. Para a aprovação da moção, a maioria dos deputados presentes no dia da votação precisa votar a favor do cancelamento. Mas as chances de uma mudança dependem também de outras legendas.

O Bundestag é composto por 631 parlamentares. O Partido Verde possui 63 cadeiras, contra as 311 da União Democrata Cristã (CDU), as 193 do Partido Social-Democrata (SPD) e as 64 da legenda A Esquerda.

Se até 18 de novembro deste ano nenhum país manifestar oficialmente o desejo do fim do contrato, em novembro de 2015 ele será automaticamente renovado por mais cinco anos. O Brasil ainda não demonstrou interesse em encerrar essa parceria.

Segundo a assessoria de imprensa da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável pelo controle e regulamentação do setor, até esta terça-feira (21/10) o Brasil ainda não havia recebido qualquer informação oficial sobre esse assunto.

Acordo nuclear

Pelo acordo assinado durante o regime militar, o Brasil se comprometeu a desenvolver um programa em cooperação com empresas alemãs para a construção de reatores nucleares, além do desenvolvimento de uma indústria teuto-brasileira para a fabricação de componentes e combustível para os reatores.

Atualmente, no âmbito do acordo, são realizados encontros anuais entre representantes da CNEN e da Sociedade Alemã para a Segurança de Usinas e Reatores Nucleares (GRS), para a troca de informações e experiências, além de workshops e cursos.

Fonte: DW.DE

15 Comentários

  1. Esses verdes são engraçados,muitos deles falam em reduzir o consumo de energia,mas usam IPHONES,usam carros,comem carne,e veem falar em ecologia,se a maioria dos Parlamentares alemães cancelarem esse acordo será uma pena para a alemanha,e bom para a frança ou a rússia.Portando essa decisão tem que ser muito bem pensada e não levada a cabo por um bando de lunaticos.

  2. Poderíamos investir mais em eólicas, de marés, hidrelétricas, solares e pesquisas em geotérmicas.
    Calar a boca dessas ongs que defendem os interesses europeus e investir em hidrelétricas que não sejam a fio d’água.

  3. É uma relação geopolítica de interesse alemão … se derem pra trás tem a Rússia, Coréia do Norte, Índia, Paquistão …

  4. por LUCENA
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    ( … ) Partido Verde diz que pacto bilateral, em vigor desde 1975, não condiz com a atual política para o setor na Alemanha, que está banindo aos poucos energia atômica. Votação será no início de novembro ( … )
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    Esse partido verde é uma piada; acaba com qualquer capacidade alemã em desenvolver a sua política nuclear más, os vassalos nada fazem a respeito das inúmeras bombas atômicas americana estocada em solo alemão … coisa de vassalo com certeza … hahahah … é esse o tipo de soberania que os americanófilos querem para o Brasil … Hahahah … patéticos.

  5. Sempre tem um ecomala pra fazer barulho, ainda bem que a que o ET saiu da disputa porque senão iríamos entrar num retrocesso sem precedentes.

    • é mais a et tem um irmazinho playboi ainda na disputa que já falou que todas as obras serão induzidas a vários anos para saber se são ou não eficazes
      tradução só sai se o marionete ser mandado pelos estados unidos

  6. Acredito que esse é o momento para se analisar essa parceria pois segundo a matéria atualmente o acordo se resume a encontros anuais entre representantes dos órgãos análogos brasileiros e alemães, para a troca de informações e experiências, além de workshops e cursos !

    Devemos saber quanto isto nos custa,se vale a pena ou se virou mais um meio de se evadir as divisas brasileiras !

  7. Que bom, pois pelo que me consta a ROSATom estava negociando com o governo brasileiro a construção de novas usinas nucleares e acordos na área, isso com certeza será otimo, haja visto que a Rosatom tem o dominio do setor com folga diante de seus concorrentes, o que nos trará ganhos sem par.

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