PAK DA o novo bombardeiro estratégico Russo

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Tu 160 Black Jack

E.M.Pinto

Plano Brasil

Não se pode dizer que se trata de mais um segredo de estado, encoberto pelo habitual manto de secretismo russo continuado mesmo depois do fim da guerra fria. Mas também, não se pode dizer que as informações são claras e suficientes. O tema agora é o programa conhecido como PAK DA, o novo bombardeiro estratégico russo, que substituirá sozinho os atuais Tu 95MS, Tu22M3 e futuramente os Tu 160, bombardeiros estratégicos que compõe a força aérea de dissuasão nuclear e estratégica Russa.

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Tu 95 Bear

Segundo a própria Força Aérea Russa, o modelo de aeronave já foi escolhido e entre vários conceitos de bombardeiros, a escolha foi feita após avaliação de critérios e especificações,  que levaram em consideração os mais diversos perfis operacionais, projetos de hipersônicos, supersônicos e subsônicos e até mesmo, considerações sobre o fim dos grandes bombardeiros de longo raio foram cogitados, porém, a decisão alegadamente seria a de uma aeronave subsônica e furtiva, o programa considerado ideal para Força Aérea Russa pelos próximos 50 anos.

Tu 22
Tu 22 Blinder

Ao se confirmar esta hipótese, a nova aeronave quebra um paradigma nos conceitos russos de ataque estratégicos. Embora os Tu 95 sejam aeronaves subsônicas, a resposta rápida esperada pelos comandos estratégicos russos era dedicada aos Tu 160 e Tu 22 aeronaves supersônicas capazes de penetrar rapidamente em territórios desprotegidos e lançar a sua carga mortal de armas que incluíam os arsenais nucleares.

A nova Aeronave de longo raio operacional ao contrário, subsônica e de acordo com as informações divulgadas, o projeto ficará a cargo de ninguém menos que a própria Tupolev, fornecedora dos três atuais bombardeiros em operação naquele país.

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T 4 Suposto conceito supersônico

Há controvérsias na própria Rússia quanto a veracidade das informações divulgadas na mídia, até porque, para muitos peritos russos, a própria Tupolev não estaria em condições de levar a cargo um programa desta envergadura. Conjetura-se que um dos participantes e, possivelmente, o principal parceiro de uma eventual cooperação seja mesmo o gabinete de projetos Sukhoi. A empresa possui experiência de desenvolvimento de aeronaves pesadas, até mesmo bombardeiros de alcance, que de fato nunca chegaram a entrar em serviço.

PAK FA
Sukhoi PAK FA

Boatos na mídia vindos de outros setores da própria força aérea russa, consideravam a possibilidade do novo bombardeiro basear-se no caça 5G, PAK FA, uma aeronave maior equipada com quatro motores AL-41 semelhantes aos que serão instalados nos caças T-50 de fabricação em série.

Esta hipótese foi refutada pelas autoridades, uma vez que para manter-se furtivo a geometria da aeronave e o eminente arraste aerodinâmico, somados, resultaria em altas emissões de infravermelho devido ao arraste a necessidade de uso de pós combustores em situações de ataque. Juntas, estas duas condições denunciariam o bombardeiro, demandando soluções muito complexas e custos de desenvolvimentos mais altos.

Ao invés disso, ao que parece, o novo PAK DA apostaria numa plataforma mais simples e subsônica, armada ai sim, com mísseis mais velozes possivelmente hypersônicos, contrabalançado assim o efeito”tempo de resposta” e oferecendo a aeronave um índice de sobrevivência ainda maior, devido a manutenção da sua furtividade e difícil detecção pelas forças oponentes.

O novo bombardeiro terá uma carga útil de armamento aproximadamente igual à dos aviões Tu-22М , cerca de 20 toneladas e o seu alcance deve ser equivalente ao do gigante Tu 160, algo em torno de 18 000 km.

O certo é que a aeronave deverá substituir todos os bombardeiros estratégicos hoje em operação, algo entre 120 e 150 bombardeiros, incluindo os bombardeiros operados pela Marinha Russa, cuja missão principal de negação do mar consiste em ataques a superfície e antinavio. Para esta missão, a velocidade supersônica é absolutamente indispensável, porém, a nova aeronave deverá ser capaz de vencer a defesa antiaérea dos navios do opositor e esquivar-se dos ataques dos caças embarcados, a furtividade ai é uma aliada necessária, bem como fator preponderante para o sucesso nas missões de incursão e ataque convencionais atribuídas aos bombardeiros.

Ademais, os custos de uma aeronave supersônica com todas as características necessárias para o comprimento das missões almejadas inviabilizaria os orçamentos, especialmente quanto à produção e manutenção de uma centena e meia de aeronaves (partindo do princípio que a Marinha russa precisará de pelo menos 40 destas aeronaves).

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Armas hipersônicas podem vir a compor o arsenal de armas transportado pelo PAk DA (imagem ilustrativa projeto Ajax).

Presumivelmente, a aposta em armas de rápida reação como mísseis super e hipersônicos coordenados via datalink por satélites e outras plataformas que não somente a aeronave lançadora, ganha força e, com os recentes avanços no que diz respeito aos sistemas de controle e motorizações para este tipo de armas, este casamento de especificações (Bombardeiro furtivo e subsônico+ mísseis super – hipersônicos) parece ser não só possíveis e viáveis, mas também, uma decisão acertada.

Uma asa voadora Russa?

À medida que os perfis da aeronave e as especificações das missões que elas cumprirão vão saindo na mídia, chegam também as conjeturas de como esta aeronave deveria ser e sobre qual projeto elas seriam baseadas. Nos Fóruns Russos na última semana este tema despontou discussões frenéticas sobre uma possível configuração do PAK DA.

A mais interessante que pude acompanhar foi de fato a que para minha apreciação me pareceu a mais plausível. Não que os russos não tenham a capacidade de engendrar um projeto inteiramente novo, mas talvez os foristas estejam corretos, o novo bombardeiro pode ser baseado em um projeto da guerra fria, o que do ponto de vista prático, poderia ser uma resposta mais rápida e de custos ainda mais reduzidos.

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Boeing B2 Spirit

São inúmeros os relatos de semelhanças do design do bombardeiro que ainda não chegou a apreciação pública, mas que para muitos se assemelharia ao projeto da Tupolev oriundo dos anos 70, o Tu 202, uma asa voadora destinada a ataque a superfície e guerra anti-submarino abandonado com o fim da guerra fria.

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Tu 202 ensaios de túnel do vento

O TU 202, cuja geometria foi exposta em programas de TV sobre tecnologia stealth dos anos 80 e 90 aparentava ser uma cópia dos projetos da Boeing que levaram ao desenvolvimento da arma B 2 Spirit.

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Tu 202 túnel do vento

 

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Tu 202 túnel do vento

A suposta aeronave 5G apresentada naquele programa foi exibida durante testes do túnel do vento exibindo tomadas de ar grandes localizadas nas seções laterais do cockpit, o que  indicavam o uso de vários motores possivelmente entre 4 e 6.

Deve-se ressaltar que este é apenas um modelo aerodinâmico o que por vezes é modificado para os testes e que geralmente difere da aeronave real.

E mais, uma análise mais fria, aponta que  as especificações conhecidas do programa Tu 202 são em alguns pontos   incompatíveis com o alcance desejado para o bombardeiro  como pode ser conferido na tabela que segue, entretanto, não se tem conhecimento da motorização proposta para aquele projeto dos anos 70-80 nem mesmo para este e, 20 ou 30 anos de distância entre os projetos pode ser a diferença para o desenvolvimento de uma motorização mais eficiente e econômica a qual viabilizaria a escolha do projeto base.

Ficha Técnica TU 202

FABRICANTE OKB Tupolev
PAÍS Rússia
TIPO Bombardeiro estratégico
tripulação desconhecida
Motorização Quatro turbofan
Máximo de impulso, kg 4 x 14,000
DIMENSÕES  
Comprimento 23,00 m
Envergadura 73,00 m
Superfície alar 525 m quadrados
PESOS  
Max. decolagem 200 000 kg
vazio 70.000 kg
Combustivel Interno 100000 kg
DESEMPENHO  
ARMAS Máximo de 30.000 kg de carga útil que pode incluir até 10 mísseis de cruzeiro com  um alcance máximo de 5.000 km. Alternativamente, eles podem carregar bombas convencionais, armas nucleares ou minas marítimas, etc

Porque o Tu 202? para alguns a resposta reside na experiência que a Tupolev teve no projeto, apesar de modificado e adaptado o novo bombardeiro poderia ser planejado sobre um programa cujas avaliações já seriam de conhecimento do fabricante. A aposta é que baseado neste programa, Tu 202, a nova aeronave seja construída adaptando-se as reais necessidades vigentes nesta  e nas futuras décadas de operação desta aeronave.

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Tu 202 túnel do vento, repare o perfil “asa voadora” do modelo.

De fato, embora a aeronave possa ser baseada num projeto já avaliado, o certo é que esta seja muito diferente do alegado PAK DA, até porque os requisitos e tecnologias acessíveis são outras, na minha modesta visão, matendo-se a configuração furtiva/subsônica e armada com novas armas super e hipersônicas, a Força Aérea Russa segue uma tendência inaugurada pela USAF com a introdução dos B 2 (excluindo-se os mísseis hypersônicos), o que do ponto de vista estratégico parece-me mais realista e acertado.
Fica assim as primeiras impressões do Programa PAK DA, a Rússia caminha para o seu reaparelhamento e ao que indica está focada na sua atualização abandonando velhas tradições e conceitos tradicionais, prova da inovação que vigora nos seus mais recentes projetos, ou ainda é de se duvidar tal como o PAK FA que segundo “especialistas”, nunca voaria?

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B2 Spirit

6 Comentários

  1. Salve amigo Edilson,
    .
    Muito boa essa matéria, novas informações e imagens que vem trazer mais luz sobre o projeto russo PAK DA.
    .
    Seu raciocínio é muito lógico a respeito da inserção do TU 202 – [ tecnologia stealth dos anos 80 e 90 ] – “novo bombardeiro pode ser baseado em um projeto da guerra fria, o que do ponto de vista prático, poderia ser uma resposta mais rápida e de custos ainda mais reduzidos.”
    .
    Seja bem vindo, – O GRANDE FENIX – Plano Brazil.
    .
    Imagem – http://farm9.staticflickr.com/8511/8542348756_846bf65aa6_z.jpg
    .
    Fez muita falta!!
    .
    Saudações do amigo,
    .
    konner

  2. Salve Edilson…

    Tudo bem… Mas, aquele projeto no estilo “Shuttle” era tudo de bom, apesar de caríssimo… Bom, os russos vão de asa voadora, e os chineses também. Nós brasileiros nem sonhamos com isso, pois por aqui vigora a idéia que um bombardeiro é uma arma ofensiva por definição, portanto, inconsistente com a nossa política.
    Será?

    Abs.

    • Salve Mestre, acho que nosso país ainda não sabe o que quer, nem o que tem que querer.
      Vejo maturidade nos projetos Russos, eles literalmente caíram na real, foram humildes, exorcizaram os fantasmas e estão enterrando as ideias megalômanas da Guerra fria, apostando em conceitos que deram certos para os outros.
      Vejo isso com mais frequência na Marinha e na Força Aérea, não acompanho muito o exército Russo.
      Exemplo a adoção de uma força de superfície capitaneada por Porta aviões e navios de assalto multi propósito, destroyers antiaéreos.
      Na força aérea, há uma infinidade de conceitos novos.
      Mas pra nós Brasileiros,estamos nos preparando pra guerra da Coreia… a da década de 50…
      grande abraço
      E.M.Pinto

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