Os países dos BRICS “não são aliados, mas, parceiros”

Na quinta-feira (2), a Rússia abriu oficialmente o ano da sua presidência nos BRICS com uma conferência dedicada à “Parceria econômica dos países dos BRICS como base de um mundo multipolar”. É o primeiro evento dedicado aos BRICS que a Rússia realiza enquanto presidente rotativo do grupo.

O evento, hospedado pelo Instituto de Pesquisa Estratégica da Rússia (RISS, na sigla me inglês), contou com a participação de representantes do Brasil, China e Índia e, da parte russa, de vários nomes eminentes da política econômica nacional. A África do Sul não esteve presente por razões de trabalho, mas a embaixada mandou uma mensagem desejando aos BRICS uma boa presidência russa.

Na sua intervenção, o embaixador do Brasil na Rússia, Antônio José Wallim Guerreiro, destacou o futuro papel das novas instituições financeiras que estão sendo criados no seio do grupo, o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o Arranjo Contingente de Reservas. Expressou também a esperança de que a presidência russa seja eficaz e haja muitos projetos conjuntos.

Já Xie Xiaoyong, ministro plenipotenciário da embaixada chinesa na Rússia, lembrou que “é pela primeira vez na história que o crescimento econômico não vem dos países desenvolvidos, senão dos emergentes”.

E o Conselheiro-Embaixador da Índia na Rússia, Rakhul Srivastava, disse que os BRICS não só buscam melhorar o futuro dos seus membros, senão de todo o mundo.

Aliás, foi tocado também o assunto da eventual ampliação dos BRICS. Vários especialistas advertiram que uma ampliação incessante pode ser perigosa (basta ver o exemplo da UE, diziam), por isso é muito cedo para discutir a adesão da Argentina ou qualquer outro país.

Negócio russo conquista o Brasil

Um dos temas importantes discutidos na conferência foi a participação do negócio russo no âmbito dos BRICS. Segundo Dmitry Burykh, vice-chefe do departamento dos EUA e América Latina do Centro de Pesquisa Euro-Atlântica e de Defesa do RISS, “há uma tendência de crescimento do intercâmbio comercial entre a Rússia e o Brasil”.

Burykh sublinhou que as revelações de Edward Snowden fazem o governo brasileiro cada vez mais aberto para aceitar as tecnologias informáticas russas, que afinal poderão substituir as estadunidenses, que são vistas como menos seguras após o escândalo de espionagem.

Exemplo do uso de tais tecnologias é a empresa russa ABBYY, especializada em linguística aplicada e captura de caracteres e dados. O software da ABBYY é utilizado, segundo a sua vice-presidente de Desenvolvimento Comercial, Ekaterina Solntseva, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil.

Mas há também outra vertente de cooperação, que agora parece ainda mais prática e necessária: o negócio russo participa da solução da crise hídrica no Brasil. Dmitry Kotenko, representante da empresa Voronezh-Aqua, vê “grande potencial” no emprego das suas tecnologias nas regiões do Brasil afetadas pela falta de água. Esta parceria acaba de surgir e terá ainda que se fortalecer, mas os especialistas presentes no evento de ontem acreditam que terá sucesso.

Parceiros, não aliados

A conclusão geral da discussão foi a seguinte: os países dos BRICS “não são aliados, senão parceiros”. Não são aliados porque aliados unem-se contra alguém, e os BRICS nem pretendem se colocar o objetivo de confrontar ninguém, afirmam os participantes do evento. Se há uma contraposição aos Estados Unidos, vem dos próprios Estados Unidos, sublinham.

O mundo multipolar, frisam os cientistas políticos e economistas, não significa uma mudança de polarização mundial transferindo o “centro” dos EUA para os BRICS, senão o fomento à diversidade. O Banco dos BRICS também não pretende substituir por completo o Banco Mundial, mas, sim, criar uma alternativa mais inclusiva.

E sendo parceiros, podem ser concorrentes. Por isso, é preciso definir (e talvez nas reuniões deste ano, inclusive na cúpula em Ufa) o modo de cooperação e ações conjuntas.

As propostas são muitas. Os palestrantes destacam a importância de fortalecimento da infraestrutura do grupo BRICS através da criação de instituições conjuntas, de uma arquitetura eficiente e segura das relações internacionais. A essência comum de todas as sugestões é que esta arquitetura comum tanto deve abranger os países ao nível internacional, quanto viabilizar concorrência interna, fomentando o desenvolvimento eficiente e sustentável.

Vladimir Kultygin

 

Fonte: Sputnik News Brasil

 

19 Comentários

  1. “…Vários especialistas advertiram que uma ampliação incessante pode ser perigosa (basta ver o exemplo da UE, diziam), por isso é muito cedo para discutir a adesão da Argentina ou qualquer outro país….“

    Uma uma ampliação incessante pode ser perigosa sim,mas dizer que é cedo para discutir a adesão de qualquer outro membro,ai eu já discordo os membros fundadores com certeza já devem estar discutindo possíveis adesões, já adicionaram a Africa do Sul !

  2. Dizer o quê???
    Bases Chinesas nas malvinas???
    Fechar o Atlântico Sul??
    Índia invadindo a Europa???
    China na terceira guerra mundial para ajudar a Rússia (by MT)???

    Dizem “””Quem duvida é sábio””””!!!
    Eu diria “”””Quem escuta é sábio”””!!!

    Que alguns leiam esse texto antes de fazer previsões.

    • As pessoas acham que são contrariados por implicância ou entreguismo.
      Mas, na verdade, são contrariadas porque não procuram bons fundamentos para o que escrevem.

      Ainda não existe razão, forte o suficiente, para Índia, Brasil e África do Sul participarem de qualquer aliança contra ninguém.

      • Na verdade as pessoas são contrariadas a partir do momento em que suas opiniões são perigosas o suficiente para serem constantemente expostas, a ponto de que se tornem senso comum. Infelizmente a verdade tem sido aquilo que se prega e não aquilo que se é de fato.

      • Quem admite a crise na Rússia são os russos. Quem disse que a economia deles iria encolher entre -4% e -5% foi o ministro das finanças russo.

        Quem diz que a economia brasileira vai encolher -0,5% é o Banco Central.

        Quem teve a “verba cortada” para não fazer senso em tempos de crise foi o IBGE.
        Estranho, né??? Muito estranho

        Esses são os fatos no planeta Terra!,
        Se voce não gosta, paciência

        Não adianta negar realidade.

        hehe!

      • Meu caro, apesar de não ser desejável ( pois devemos buscar a distensão mundial), acredito que, se olharmos a historia desses tres países ( que você diz não terem motivos para buscarem aliados), veremos que esses tem, sim, motivos para se aliarem contra, justamente, esses paises que fazem parte do grupo que eu chamo de ocidente yanke. É certo que a civilidade ensina que o rancor não é bom para o crescimento das sociedades humanas, mas, também, não é recomendavel que se ignore o perfil cultural de povos e seus históricos imperialistas, mostrados muitas vezes como incutidos nas almas dos cidadãos desses povos. O Brasil, da “paz e amor” já foi vitimado, como está mais que mostrado. A India, tem menos de cem anos de independencia apos um colonialismo que aqueles que conhecem um pouco da história desse país a reconhecem como Brutal, a Africa do Sul, o mundo e nós, brasileiros, não podemos nem devemos ignorar a historia que viveram e que certamente ainda lutam para sair fruto tambem de um colonialismo ainda mais infame. Meu caro, falando em meu nome, pelo meu país, acredito que não devamos facilitar a vida de quem quer pssuir nosso povo para melhor usufruir de nossos tesouros reconhecidos. Todos aqueles países que tenham diferenças contra nossos principais adversários (sim, adversários, esses que agem como predadores que não querem dividir território preferindo eliminar a concorrência), podem ser uma ferramenta oportuna em algum momento histórico para usarmos em mutuo interesse, como utilitários, numa possivel luta pela sobrevivência comum. Sds.

      • Caro Julio.

        Fico com a impressão que de que o amigo se esquece que esses tais adversários são o nosso segundo e terceiro maiores parceiros comerciais.

        E que, ao nos tornarmos aliados daqueles que lhes apontam armas, estaremos transformando os adversários em inimigos.

        Sds.

      • Meu caro, a convivencia humana é cheia de idas e vindas, com bem deves saber. Divórcios acontecem quando uma das partes se sente desprestigiada, e lógico que sempre podem existir aqueles e aquelas, que preferem morrer sofrendo que solitários. Mas o mundo é parte de um universo ainda a ser descoberto, ficar atrelado a quem lhe faz mau por questões meramente financeiras é uma das piores justificativas. Na verdade a questão financeira tem se mostrado muito menos importante do que já foi. E um olhar atento mostra que quando se tem o parceiro certo se sobrevive desde que se tenha dignidade. Olha o Irã ai para mostrar. A própria Cuba, que furou a pedra. Meu caro prefiro um país altivo a um país capacho, que se porta feito meretriz.

      • “””que se porta feito meretriz.”””

        Eu também, caro Julio, destetaria ser meretriz da Rússia e da China, como muitos pregam aqui.

        “”” Na verdade a questão financeira tem se mostrado muito menos importante do que já foi.”””

        Com isso eu não posso concordar nunca.

        “””Olha o Irã ai para mostrar. A própria Cuba, que furou a pedra”””

        Cuba como exemplo?
        Exatamente por olhar Cuba que não quero aliança.

        Não quero que meu brasil se torne mais um Irã ou cuba apenas para contrariar os EUA.

        Não vai me dizer que deseja para o nosso país o mesmo que aconteceu em cuba?

        Que no fim de tudo se volta a inclinar-se para os americanos.

        Ninguém quer destruir a economia por 20 anos. Ou o amigo acha que uma aliança militar com Rússia não trará consequências gravíssimas?

        A não ser que se acredite que a China pode absorver a produção e sustentar todo o mundo.

        A índia dificilmente cairia nessa, provavelmente nem a China, que afundará sem o capital ocidental. .

        E, eu não quero servir alvo para apoiar ditaduras e interesses escondidos.

        Vou deixar de vassalo dos yank e passar a ser escravo da China, pois é exatamente isso o que vai acontecer quando destruirmos nossas relações com o ocidente com essa aliança.

        Mesmo sabendo que você defende o que acredita, fico com a impressão que você coloca seu sentimento anti-americano à frente de tudo.

        Sds

      • Me desculpe caro, Julio.

        Cuba foi o maior vassalo da Rússia em todos os tempos. Um país que arriscava a viva de todo o seu povo por um aliado que pagava mesada.

        Se é assim,prefiro um milhão de vezes ser a Alemanha.

        Sds.

      • Meu caro Deagol, aqueles que querem o país de quatro para a Russia, a China, qualquer outro país proeminente, por puro antagonismo aos States erram da mesma forma que aqueles que desejam o mesmo para o Brasil em relação aos States, Essa rivalidade, desnaturada, não me pertence. Faço apenas analises do que pode ser melhor para a dignidade de meu país. E, como anteriormente já te afirmei, pela historia que conheço, nunca tivemos a a Russia avançando contra nosso interesses. Mesmo no tempo da URSS, nunca se pode afirmar aqui, que partiram deles a intenção de vir aqui formar comunistas. A Ideologia por eles desenvolvida, foi uma forma que sua história encontrou de oportunizar aos oprimidos daquele país melhores condições que o império da época negava, centralizando o bem estar social no núcleo da Nobreza deles.As vezes, fico pasmo com o lugar comum, os chavões, que uma boa propaganda causa na cabeça de pessoas com preguiça de pensar. A ideologica não foi implantada lá, por geraçaão espontânea, ela surgiu como resposta a uma situação que havia de opressão naquele país. E aqui no Brasil não foram os Russos que vieram se imiscuir nos nossos interesses, a ideologia deles foi buscada por brasileiros, como alternativa de resistência aos mesmos problemas existentes aqui, causados por outro tipo de império, o império das oligarquias, que se uniram ao capitalismo yanke, capitalismo que surgiu como solução para os problemas deles, se tornando ferramenta politica de dominação americana, que souberam, e mostram isso, através das parcerias mais infames, transformar estados em dependentes estratégicos até hoje. Basta ser um analista medianamente descomprometido para perceber. Falando ainda mais sobre meu país, o Brasil, sofremos por essa força econômica yankes grandes perdas culturais, em vias até de perdermos a identidade cívica, com tantas intervenções patrocinadas eles. Quando vejo, aqueles que se digladiam por pontos de vistas yankes, contra aqueles que defendem pontos de vista Russos, ou Chineses, culturas que pouco conhecemos, penso que isso seja reações individualizadas, o mesmo veneno, padecem da mesma enfermidade, o mal das intervenções yankes no país. A visão colonizada. Que alguns reagem contra, como que procurando um bote salva vidas na tempestade e outros da mesma tendo outra reação se abraçam a eles como se a Patria nacional Brasileira tivesse que ter meia bandeira com outra metade costurada a bandeira yanke . . Como já te disse inúmeras vezes o Brasil é meu país. Quanto a Cuba, meu caro, acredito que a relação daquela ilha com a URSS, durante o tempo que durou, lhe foi muito proveitosa. A relação de parceria, lhe permitiu uma sobrevida sustentando sua cultura, guardando a integridade de seu estado, como pode ser constatada até na comparação com países de igual dimensão no Caribe. Chamo sua atenção para a vizinhança da Ilha Caribenha, analise país por país, veja como estão, observe o resultado da proximidades com os States, Olhe o Panamá, olhe o México, país muito maior, só comparado em dimensões aos próprios States,olhe Porto Rico, que perdeu sua identidade nacional para virar, por opção interna, um estado americano. Tudo fruto da influencia cultural e da perda de sintonia com a cultura nacional, a chamada invasão cultural. Honduras, Costa Rica, países sem expressão, de dimensões parecidas. Serão sempre cidadãos de segunda classe, para os yankes, Cuba se manteve integra, apesar de sua fé no contrário, sobreviveu sob pressão da potencia, até hoje, E não se pode afirmar que viveram mal, já que despertam tantas animosidades por apresentarem um padrão de vida uniforme, ms que não se coaduna com o tipo de estado que prega a riqueza individual como principal fator de avaliação da qualidade humana. Meu caro, os Cubanos são vencedores, apesar de não terem as opções de consumo que existem no estado americano. E Baseando no seu ponto de vista, todos aqueles que sucumbiram aos interesses americanos são seus capachos, Japão, Alemanha, Italia, todos receberam grandes aportes financeiros deste país, mas não foram de graça, basta ter a percepção de que tiveram que entregar partes de seus territórios as bases militares, construídas nesses países, e as limitações constitucionais, que lhe foram impostas. Meu caro, ainda respondendo a sua insinuação sobre ser anti americano, te afirmo que não sou, nada tenho contra qualquer cidadão americano, não sou movido a preconceitos individuais, mas defendo os interesses do meu país, sou tão cidadão de meu país como os americanos são do deles. Se pareço anti americano é por que como eles aprendi que qualquer pais, que por seus interesses, tentem influenciar na história do meu país, tentando prejudicar a construção de nossa história de independência, soberania e liberdade, prejudicando assim a minha cidadania, terá em mim um ativo obstaculo para da forma que eu puder manifestar minha contrariedade, e te digo mais, que essa inspiração veio justamente deles, quando como disse pensam a sua pátria, que tem a cultura mais decantada mostrada e vendida no Brasil. Sds.

    • Dizer o que?
      “A Ucrânia é uma economia em expansão”.
      “Os Tornados britânicos bombardearão o território Argentino”.
      “O UNASUR I será adquirido pelo governo Brasileiro em detrimento ao projeto nacional da Novaer”.
      “A OTAN acaba com a Rússia quando quiser”.
      “Habemus papa (o F-18 foi o escolhido)”.
      “O Aégis no Mar Negro já é motivo suficiente para os Russos recuarem”.
      “O Egito não adquirirá os Rafales pois é apenas um blefe para que os Americanos suspendam o embargo militar/financeiro”.

      Dizem que “Quem escuta é sábio”
      Eu diria “”””Quem duvida é sábio””””

      E que alguns tenham mais bom senso e cautela antes de fazer previsões.

      • Ficou irritado porque o mundo não é como você queria?
        Achei que depois do atolamento do PAK-FA nada mais iria te incomodar.

        Eu avisei…

        Hehehe!

  3. Gostem ou não gostem, queiram ou não queiram o BRICS tem sido muito bom para o nosso país, a exemplo disso vimos essa semana a ajuda de 3.5 bilhões para a Petrobras que tirou a estatal de uma situação difícil, e a verdade é que não foi os EUA nem Europa que estenderam a mão para ajudar a empresa e sim um aliado do bloco, e por conta destes investimentos a Petrobras poderá continuar e terminar o Comperj, que é vital para nossa soberania em refino de petróleo. E além disso, a Russia tem investido em portos brasileiros, a pouco tempo liberou um investimento para um porto importante do Paraná no valor de 187 milhões de dólares, que tornará o porto capaz no transporte de grandes quantidades de metais e outras commodities.

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