Ocidente está perplexo diante de Putin e Oriente Médio

Charge: Plano Brasil

Como lidar com as pretensões neo-imperialistas dos russos? E com as avassaladoras mudanças no Oriente Médio? As perspectivas para o Ocidente são desanimadoras, opina o editor-chefe da DW, Alexander Kudascheff.

A uma semana da conferência de cúpula da Otan no País de Gales, a poucos dias da necessária, útil e demonstrativa visita do presidente Barack Obama à Estônia, e poucas horas antes de uma cúpula extraordinária da União Europeia, pode-se e deve-se constatar: o Ocidente está perplexo diante da política neo-imperial de Vladimir Putin, e de mãos atadas perante as quase tectônicas mudanças estratégicas no Oriente Médio.

Alexander Kudascheff editor-chefe da DW

Claro, a União Europeia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte, o Ocidente em geral acirram as sanções contra a Rússia. E seguramente serão impostas novas medidas punitivas na próxima cúpula. Elas atingirão, sem dúvida, a Rússia e o seu presidente – mas não o levarão a ceder. Muito embora ninguém saiba, de verdade, que resultado Putin almeja obter na Ucrânia: “apenas” desestabilizar o leste do país, ou anexar a região, a fim de formar um corredor fechado até a Crimeia?

Seja como for, o chefe do Kremlin testa maquiavelicamente as fraquezas de reação do Ocidente – sabendo que este não vai responder militarmente, por uma questão de sensatez, mas sim, no máximo, equipar o debilitado e desmoralizado exército ucraniano. Porém, até mesmo isso é altamente improvável.

Em termos real-políticos, é preciso constatar: a Ucrânia não é dona do próprio destino. Ela depende de Moscou, da graça de Vladimir Putin. Quem quiser preservar a unidade do país, seja em Kiev, Bruxelas, Berlim ou Washington, tem que falar com o presidente russo. Vai precisar descobrir o que ele quer, para então decidir o que pode oferecer.

Um “não” à inclusão da Ucrânia na UE e, sobretudo, na Otan, é pré-requisito, condição absoluta até, para futuras conversas – e não mais assunto de debate. A federalização estrita da Ucrânia, com amplas condições de autonomia para o leste, é certamente tema de negociações. O reconhecimento do papel da Rússia em toda a cadeia de acontecimentos é inevitável.

Formulando de outra forma: a Ucrânia e o Ocidente vão ter que engolir o veto russo em tudo. Esse é o preço da insidiosa invasão russa: um preço alto para Kiev, e a admissão de que o Ocidente não pode fazer muita coisa, fora dar fim à guerra por meio de concessões diplomáticas. Sendo que “concessões” é um mero eufemismo para “resignação”.

Desde a queda do Muro de Berlim, 25 anos atrás, com a reunificação da Europa, o Ocidente tem acreditado na racionalidade da diplomacia. Ele apostou em sensatez nas relações estatais. Por isso, está tão surpreso quanto atropelado pelas pretensões hegemônicas e pela inescrupulosidade de Putin.

O Ocidente percebe que, no momento, não é um protagonista da política mundial nem convincente, nem convicto de si mesmo. Nestes anos de governo Obama, os Estados Unidos começaram a se recolher em si mesmos, restringindo, assim, seu papel proeminente na política mundial. A Otan está há muito em crise quanto ao próprio significado.

Foi nesse vácuo que Vladimir Putin se introduziu, seguro de si e do seu poder. Tanto a essas provocações quanto às avassaladoras mudanças no Oriente Médio, o Ocidente tem reagido, até agora, perplexo e indefeso. Só até agora? Não: mais ele não tem a oferecer, no momento.

Fonte: DW.DE

19 Comentários

  1. Charge realmente genial.
    Mas o mundo moderno remetevao passado colonialista do formadores culturais do ocidente. Para esse mundo “ocidental” tudo transita em torno de imperios de dominios e interesses coloniais, fruto da propria pespectiva que pretendem continuar impondo ao mundo. Sempre lutas por poder, mas não para beneficiar populações, enas para explorá-las, a prioridade, os beneficios serão sempre dovididos com os povos dos países lideres. A Russia até pode ter segundas intenções no arrasto que fazem para sua defesa, mas eles estão certos em tentar preservar seu país, por todos os meios da destruição de sua integridade moral, como tentam fazer, dissimulando ou mesmo pelas armas alheias. Nem todos os países possuem lideranças ralés, como tivemos, e podemos ainda ter, que entregam seu povo para que se tornem objetos de cultura alheia, perdendo sintonia com sua propria identidade.

  2. Real/ a charge está mt boa, fala tudo. O problema > e o medo ianklss /otan de ter os seus jovens mortos e n guerra, onde vão perder mt grana, deficits ,deficits e + deficits e nada vão resolver. Essa consciência destes fatos está colocando td às mídia contra essa aventura e suas populações são igual/ contrarias a essas investidas, em especial do nefasstoss irmãoss caim do norte..assim começa o ‘Ocaso’ de uma potencia, o isalamento. E pq ela passa a se armar p ser defensiva e ñ atacante, então, caí seu poder de intervir, o q p mim e mt bom…cada um no seu quadrado e Deus por todos…sds. 😉

  3. “Desde a queda do Muro de Berlim, 25 anos atrás, com a reunificação da Europa, o Ocidente tem acreditado na racionalidade da diplomacia. Ele apostou em sensatez nas relações estatais. Por isso, está tão surpreso quanto atropelado pelas pretensões hegemônicas e pela inescrupulosidade de Putin.”
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    “apostou em sensatez nas relações estatais”?

    Este trecho demonstra muita cara-de-pau ou muita inconsciência/inconsistência…Desde o fim da guerra fria o Ocidente tem metido os pés pelas mão, com seguidas intervenções militares, revoluções coloridas e golpes patrocinados, invasões na Iugoslávia,avançando cada vez mais para o Leste Europeu , Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, etc… e o apoio a extremistas, estes últimos ,começando lá na década de 80 com o apoio aos Talibãs no Afeganistão, que resultou na Al-Qaeda…Como deu certo, continuaram investindo em fanáticos islamistas que fizeram o trabalho sujo na Chechenia, Daguestão e na Líbia em 2011, país hoje destruído…

    Os mesmos jihadistas migraram da Líbia, já com muito armamento, para a Síria, causando grande devastação e depois, com muito apoio da mídia ocidental, financeiro saudita e treinamento americano, inclusive na Jordânia…Formaram o monstro ISIL, que suspeitamente, até agora não foi atacado de forma efetiva pelo ocidente, Obama vem enrolando a vários meses e só fez uns ataques pontuais para defender interesses estadunidenses no Iraque.

    E A DIPLOMACIA SAUDITA JÁ AVISOU EM LONDRES QUE ATACAR O ISIL É ATACAR O ISLÃ SUNITA COMO UM TODO!

    E aí entra o poder de pressão saudita, Meca e Medina lhe dão a condição de centro do mundo islâmico e como grande produtor (mais os satelitais Emirados Islâmicos) de petróleo, seu apoio é decisivo para manter o sistema petro-dólar funcionando.

    A monarquia saudita, além do patrocino a jihadistas radicais é a maior patrocinadora do Islã no ocidente (e no mundo todo), construindo mesquitas, financiando escolas,universidades, centros culturais e de estudo islâmicos…Más as corruptas elites ocidentais, cegas, só veem o poder e o lucro imediatos e seguem abraçadas com o capeta, achando que vão sair impunes.

    A charge é muito boa, más se no lugar de Putin, estivesse o Rei saudita e no de Obama, o “Ocidente”, seria mais exata…

  4. Será que esses bandidos denominados de Comunidade Internacional acham que eles podem cercar a Rússia, derrubando governos e aliados Russo sem Rússia reagir?

    Quando Rússia reage é taxado de diabo. Política da UE e EUA, vem provocando instabilidade no mundo inteiro. Derrubaram muitos governos e o terror assumiu o lugar desse governos derrubados ou enfraquecidos. Tentaram derrubar Assad, financiando grupos terroristas e hoje esse terroristas se fortaleceram, virando ameaçaram para seus financiadores.

    • Total inversão de valores, a Ucrania que queria sair das garras da Russia, não teve nada de golpe não, pq será q ninguém quer ser aliado da Rússia kkkkkk

      O Pacto de Varsovia inteira prefere ir para a Otan, só os abilolados daqui que acham vantagens na aliança com a Rússia.

      • A Ucrânia fez sua “Revolução Laranja” em 2004 e em dez anos só viu as relações comerciais aumentarem com… A Rússia.

        Estônia e Lituânia tinham os seus mercados de perecíveis vinculados a… Rússia!

        Sinceramente… Para que serve a UE? Não te compra nada, mas que te empurrar caros produtos de luxo, e créditos em euros…

        Que lindo. Que bela parceria…
        Patrocinaram a bagunça na Praça Maidan, encorajaram o pateta Poroshenko brincar de Hitler… Agora, com o rabo entre as pernas, querem um “acordo” com os russos.
        Piada.

      • vindo do comentarista que a todo o momento inventava datas para o anuncio da compra do Rafale, o cara das colheitadeiras. Pra mim é um elogio.

      • Caro Rogério, ele tá gagá… mas como sou politicamente correto, seria: “está com Alzheimer”… 🙂

      • Esse Rogério é daqueles analfas que posam de sabichões para que não se perceba a pouca capacidade. Aquela critica que fez confundindo etnia com país já mostrou sua incapacidade literária para interpretar textos. É um ridiculo imitador do gringo safado, que pode ser safado mas pelo menos é original. Rsrsrsrs.

      • Incapacidade tem vc, a historia da Rússia começa com o Principado de Kiev, primeiro estado eslavo, bem antes da invasão mongol, aí vem o abestado, dizer. Que os ucranianos “”Não são irmãos.”” kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

      • Censo de 1989: ucranianos 72,7%, russos 22,1%, bielorrussos 0,9%, judí
        eus 0,9%, moldavos 0,6%, búlgaros 0,5%, húngaros 0,4%, romenios 0,3%, polacos 0,3%, gregos 0,2%, tártaros 0,2%, armenios 0,1%, gitanos 0,1%, alemanes 0,1%, gagauz 0,1%, otros 0,4%

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