O projeto do avião hipersônico brasileiro prossegue dentro do cronograma.

14-X: Avião hipersônico brasileiro avança rumo ao primeiro voo

Modelo do 14-X testado em túnel de vento. [Imagem: Léo Ramos Chaves]

Se não houver contratempos, a Força Aérea Brasileira realizará o primeiro ensaio em voo dentro de dois anos. Esse ensaio envolverá o teste do primeiro motor aeronáutico hipersônico feito no país.

O teste integra um projeto mais amplo, cujo objetivo é dominar o ciclo de desenvolvimento de veículos hipersônicos, que voam, no mínimo, a cinco vezes a velocidade do som, ou Mach 5 – Mach é uma unidade de medida de velocidade correspondente a cerca de 1.200 quilômetros por hora (km/h).

O programa é coordenado pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv), um dos centros de pesquisa do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) da FAB, em parceria com a empresa Orbital Engenharia, ambos de São José dos Campos (SP).

14-X

Além do motor hipersônico, o projeto Propulsão Hipersônica 14-X (PropHiper) prevê a construção de um veículo aéreo não tripulado (Vant), onde o motor será instalado. Batizado de 14-X, em homenagem ao 14-Bis, o vant empregará o conceito de waverider, no qual uma onda de choque gerada abaixo dele, em razão de sua alta velocidade, lhe fornece sustentação. É como se, durante o voo, o veículo “surfasse” na onda induzida por ele próprio.

Este é o mesmo princípio usado pelo avião hipersônico X-51A, testado pela NASA em 2010. Em 2018, Rússia e China testaram com sucesso os mísseis hipersônicos Avangard e Xingkong-2, respectivamente. Nos Estados Unidos, a Lockheed Martin está construindo um veículo hipersônico para voo a Mach 6.

O 14-X terá 4 metros de comprimento, 1,2 metro de envergadura e pesará cerca de 750 kg. Se tudo funcionar como previsto, ele deverá alcançar Mach 10 (12 mil km/h) a uma altitude entre 30.000 e 40.000 metros.

“Ainda não há aeronaves hipersônicas em operação rotineira no mundo. Essa tecnologia simboliza o estado da arte mesmo para países como Estados Unidos, Rússia e China,” disse Lester de Abreu Faria, engenheiro eletrônico do IEAv. “Todos buscam esse conhecimento e, apesar do longo tempo de desenvolvimento, não estamos muito atrás dos líderes mundiais.”

14-X: Avião hipersônico brasileiro avança rumo ao primeiro voo

[Imagem: Fapesp/Ieav]

Motor hipersônico

De acordo com Israel Rêgo, gerente do projeto PropHiper, o motor hipersônico em desenvolvimento no país, do tipo estatojato, ou scramjet (supersonic combustion ramjet), também poderá ser empregado como segundo ou terceiro estágio de propulsão de foguetes.

No primeiro ensaio, previsto para 2020, o motor scramjet será instalado justamente em um foguete de sondagem.

Já o veículo aéreo hipersônico integrado ao motor scramjet poderá, no futuro, ser usado como avião de passageiros.

Uma das grandes dificuldades é fazer com que o veículo resista ao atrito gerado pelo voo à velocidade hipersônica, o que tem exigido o desenvolvimento de cerâmicas especiais resistentes a altas temperaturas.

Assim como os motores de jatos comerciais, o scramjet usa o ar da atmosfera para a queima do combustível. No entanto, ao contrário dos motores dos aviões atuais, o do 14-X não tem partes móveis, como compressores e turbinas. “Na combustão supersônica, o ar capturado deve ser desacelerado, pressurizado e aquecido antes de entrar na câmara de combustão, onde é injetado o combustível. E isso depende da perfeita geometria do motor,” explicou Israel Rêgo, do Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica do IEAV.

 

Fonte: inovação Tecnológica

8 Comentários

  1. A Força Aérea deveria liderar a criação de uma empresa que comandasse a área da defesa, incluindo a parte de defesa da Embraer, mantendo no Brasil todos os engenheiros e técnicos aeronáuticos.

  2. Programa extremamente importante, porém fico pé atrás com esses programas nacionais.
    Pois quando são terminados, é transferido para uma industria local que é logo vendida para uma multi internacional.
    A se via anos de pesquisa e dinheiro nacional doados aos estrangeiros.
    Mas esse projeto nacional está super atrasado, já havia planos de testar esse motor em 2000, depois mudaram para 2010 e agora 2020.
    A Alemanha Noruega seguem a todo vapor, e diga-se de passagem com ajuda brasileira, com seu foguete VSB-30.
    Não tem nada de adiantado nos programas espaciais nacionais!

    • Correta colocação.
      Tempo, pesquisa, erros e acertos… depois entrega para os gringos.
      Se EMBRAER hoje fatura ao ano em torno de R$ 20 bilhões por que será vendida disfarçadamente por R$ 4 bilhões?
      Seu lucro não é maior porque esta investindo bastante dinheiro no KC-390 que também será entregue….
      Beleza, made in Brazil, depois made in USA.

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