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  1. ,.. Isto É…: Batalha naval
    Pela primeira vez depois do fim da Guerra Fria, navios de guerra da Rússia estão prestes a realizar manobras perto da costa americana
    Cláudio Camargo

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    O cruzador russo Pedro, o Grande está entre os maiores navios de guerra do mundo. Só encontra similar na Marinha americana. Com tripulação de mais de 700 homens, tem três helicópteros, 20 lança-mísseis de cruzeiro e 12 lança-mísseis antiaéreos. Movido a propulsão nuclear, Pedro, o Grande lidera a frota que zarpou do porto de Severomorsk, na Rússia, para participar de exercícios navais no Caribe, a 15 mil milhas náuticas de distância. Desde 1989, quando acabou a chamada Guerra Fria, que polarizava os EUA e a extinta União Soviética, a Rússia não fazia manobras perto da costa americana.
    A provocação acontece apenas sete semanas após o confronto da Geórgia, marcado pela esmagadora reação da Rússia à invasão da Ossétia do Sul. Aliada do governo George W. Bush, a Geórgia viu naufragar sua tentativa de anexar a Ossétia de forma definitiva, mas acabou abrindo espaço para a presença dos EUA no Mar Negro. A navegação de embarcações americanas e russas lado a lado aumentou a tensão na área de influência da antiga União Soviética, que a Rússia quer restaurar a todo custo.
    A tensão se desloca agora para uma área de influência dos EUA onde a Rússia vai fazer “exercícios de resgate e operações contra terroristas” com a Marinha da Venezuela. “Esses exercícios foram planejados bem antes do conflito da Geórgia e Ossétia”, tratou de divulgar Igor Dygalo, porta-voz da Marinha russa. Trata-se, porém, da segunda incursão recente do país pela região. No começo de setembro, dois bombardeiros russos fizeram vôos de treinamento sobre águas internacionais do Caribe. Além disso, a Rússia acaba de anunciar um empréstimo de US$ 1 bilhão à Venezuela, para a compra de armamentos, e de acenar com um acordo nuclear, embora para fins pacíficos.

    No passado, o envolvimento militar dos russos no Caribe deu origem a um dos mais dramáticos episódios da Guerra Fria: a crise dos mísseis cubanos, de 1962. Desde a vitória de Fidel Castro, em 1959, Cuba havia se tornado uma pedra no sapato dos EUA. Quando os americanos instalaram mísseis nucleares na Turquia, a URSS resolveu reagir e o dirigente Nikita Kruchóv determinou secretamente a instalação de 60 mísseis nucleares em Cuba. Em 14 de outubro, aviões americanos descobriram bases de lançamento sendo instaladas na ilha. O presidente John Kennedy (foto) resistiu às pressões de falcões do Pentágono para bombardear Cuba e determinou um bloqueio naval contra a ilha – oficialmente chamado de “quarentena”. Por 13 dias, o mundo esteve à beira da hecatombe nuclear. Enquanto um avião espião americano era abatido pelos cubanos, Kennedy recebeu dois telegramas de Kruchóv – um conciliador e outro belicoso – e, por sugestão de seu irmão Bobby, secretário de Justiça, resolveu apostar no primeiro. Em 28 de outubro, Kennedy e Kruchóv chegaram a um acordo: os soviéticos retiravam seus mísseis e os EUA se comprometiam a não derrubar o regime castrista.

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    Cláudio Camargo

    “Há um ressurgimento da Rússia como grande potência”, afirma o coronel da reserva Geraldo Cavagnari, do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp. “Ela não tem patamar para fazer contraponto militar aos EUA, mas pode provocar os americanos em questões secundárias.” Para Cavagnari, em termos de estratégia, os exercícios no Caribe servem mais ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que criaria uma espécie de blindagem. “Mas é uma falsa blindagem, pois não há interesse americano em atacar militarmente a Venezuela”, diz o coronel. De qualquer forma, as manobras conjuntas, previstas para novembro, devem agitar ainda mais as águas do Caribe, movimentadas desde que o governo Bush anunciou a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA no oceano Atlântico.
    …….Sds. 😉

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