Navios de guerra britânicos “São tão barulhentos que os submarinos russos podem ouvi-los a 100 milhas de distância”

E.M.Pinto

Sir Richard Barrons Credito: Harland Quarrington/MoD

Em uma matéria do  Telegraph assinada por  Laura Hughes, apresenta dados de um estudo interno do Ministério da Defesa Britânico que afirma que a capacidade da Grã-Bretanha de se defender contra um grande ataque militar foi questionada depois que o estudo informou que os navios de guerra da Marinha Real Britânica são tão ruidosos que podem ser ouvidos a 100 milhas de distância pelos submarinos russos.

Apresentando as declarações do contra-almirante Chris Parry, ex-diretor de capacidade operacional do Ministério da Defesa, de que os novíssimos Destroyers Type 45 são

Tão ruidosos quanto o inferno ou como uma caixa de chaves debaixo d’água”.

Ele vem em meio as advertências de que anos de cortes na defesa e contatos de compras caras com um pequeno número de grandes empresas de defesa, deixou os militares com um “mínimo existencial” de equipamentos.

Imagem: Type 45 HMS Duncan sendo assistido por rebocadores no estaleiro :Crédito: Raymond Wergan

O Ministério da Defesa gastou 3,5 bilhões de libras em cada um dos tanques Ajax do Exército, mas eles não conseguem caber em aviões de transporte sem a necessidade de serem desmantelados, de acordo com uma investigação do Sunday Times.

Outros 1,2 bilhões de libras esterlinas foram gastos em 54 drones de reconhecimento Watchkeeper, que não entraram no serviço de linha de frente por 12 anos.

O general Sir Richard Barrons, ex-comandante do Comando das Forças Conjuntas, pediu ao governo que re pense as forças armadas.

Watchkeeper: o mais recente “espião do exército no céu”

Ele disse:

Você está lidando com um legado de iterativo esvaziamento, que atingiu um ponto onde a rã tá fervendo.”

[ ] A metáfora faz alusão ao experimento feito com batraquios que ao serem colocados numa panela e levados ao        fogo não percebem que estão cozinhando a medida que a temperatura aumenta e acabam morrendo cozidos sem saber o que se passa ao seu redor.

Longos rumores de problemas com a frota da Marinha de seis destroyers Type 45 que os deixaram totalmente impotentes foram confirmados no início deste ano.

O Ministério da Defesa emitiu uma declaração admitindo que “questões de confiabilidade” afetaram os navios e disse que estava considerando fazer upgrades aos navios para torná-los mais confiáveis.

Os navios de guerra foram projetados originalmente para trabalhar nas águas frias do Atlântico Norte, mas em climas mais quentes, os motores a jato experimentaram problemas com o calor, fazendo com que eles se desligassem.

Almirante Parry disse:

Nós costumávamos colocar pequenas cunhas de madeira entre as escotilhas e as escotilhas no meu Destroyer para impedi-los de chocalhar para que pudéssemos manter o barulho baixo… Nós esquecemos tudo sobre isso – é uma loucura. A supressão de ruído tem sido provavelmente o maior segredo sujo desde o fim da Guerra Fria e que as pessoas têm ignorado alegremente “.

O Ministério da Defesa ordenou 54 aviões de reconhecimento em 2005 em um acordo de £ 847milhões para fornecer vigilância e reconhecimento para as tropas.

Os drones podem transmitir imagens de alta definição à medida que voam até 16.000 pés acima do campo de batalha, mas atrasos técnicos e de segurança significaram que, além de um breve período no Afeganistão, a aeronave não entrará em serviço completo até este ano.

Um porta-voz do MOD disse:

” O orçamento de defesa da Grã-Bretanha é o maior da Europa e está crescendo a cada ano, estamos investindo 178 bilhões de libras esterlinas à medida que o Reino Unido cresce globalmente. Estamos focados em manter um programa acessível e obter o melhor valor para o contribuinte de modo a entregar o kit de ponta que nossas Forças Armadas precisam para manter a Grã-Bretanha segura“.

Fonte: Telegraph

8 Comentários

  1. Que os generais ingleses querem ver a Inglaterra reascender como potência militar como era antes, isso é fato, mas tbm é fato que as novas embarcações inglesas estão trazendo problemas diversos, desde problemas estruturais até esses ruídos absurdos que são mais severos num combate naval, ainda mais diante de avançados submarinos russos. Pelo jeito a Rainha perdeu o jeito de fazer as coisas.

    • ARC,

      Não é que a turma da Rainha perdeu o jeito…

      Boa parte do problema é oriundo dos cortes de administrações anteriores ( notadamente o período de Gordon Brown ). E a Royal Navy foi terrivelmente afetada…

      De lá pra cá, a Royal Navy perdeu consideravel porte. Tem hoje sua principal força de combatentes nas fragatas Type 23 ( as Type 22 já foram retiradas a tempos, os Type 42 deram baixa recentemente ), e a perspectíva é que essa marinha se torne ainda menor nos próximos anos, mesmo com o recente aumento do orçamento. Será improvável que as futuras Type 26 sejam construídas além do número necessário para substituir as baixas das Type 23…

      Vale dizer: só o que fizeram com o patrulheiro ‘Nimrod’ foi crime de lesa-pátria…! Agora, os caras terão que depender de aeronaves americanas para fazerem o que precisam…

      • São diversos os problemas nas embarcações inglesas, e acredite, esse mal tem sido generalizado caro RR, todas as forças europeias estão passando por maus lençóis devido o excesso de confiança na proteção norte americana pela OTAN, o que resultou em cortes de gastos, deixando as principais forças em situação inimaginável, a exemplo da Alemanha que tem grande parte de seus caças no chão, Espanha está cambaleando, Inglaterra tbm, enfim, são diversos os problemas dessa dependência da proteção norte americana. Agora resta aos países europeus reassumirem seus papeis na defesa do velho continente, liberarem e administrarem devidamente os recursos pro setor, a fim de acabar com essas falhas e faltas.

  2. Desculpe RR mas você sempre tenta ameniza a situação, colocando a culpa nos ombros largos da redução de orçamento, porém o erro dos Type 45 nãos e revelam devido a cortes de orçamento, mas sim em falhas de projeto e de construção, até porque cada uma das Type 45 custaram a bagatela de 1,1 bilhão de libras, dinheiro mais do que suficiente para construir um navio com plena capacidade de design, projeto, construção e emprego.

    Assim a falha esta na BAE Systems e no almirantado inglês que não acompanhou o desenvolvimento do navio, pois desde que o primeiro da série foi lançado já haviam noticias de falhas no projeto, mas mesmo assim foram continuadas as construções dos demais integrantes da classe, sem contudo resolver os problemas apresentados, sendo que a solução apresentada pela BAE e RR para resolver os problemas dos motores das Type 45 irã custar a bagatela de 1 bilhão de libras e somente poderá ser implantada quando da docagem dos navios nos seus PMG, já que impõe o corte do casco para adicionar uma nova turbina ao conjunto motor.

    Quanto ao barulho extremo das Type 45, pelo que transparece na entrevista do Contra-Almirante Chris Parry, denota-se que o problema do barulho deriva exclusivamente do acabamento do navio, já que não foi aplicado aos navios técnicas de redução de barulho, havendo como no caso citado por ele o choque das escotilhas com as estruturas do navio, ou seja o navio deve parecer um carro velho onde a lataria bate no chassis, o motor no coxim, e a suspensão geme mais que namoro de gato,

    Não há que se falar da culpa pela queda de qualidade do armamento inglês ser do corte de verbas, pois o programa Ajax por exemplo, representa um investimento de 3,5 bilhões de libras por cerca de 589 veículos, o que da mais de 6 milhões de libras por unidade e mesmo custando tudo isso e alvo de criticas ferrenhas que vão desde a capacidade militar a capacidade de sobrevivência.

    Certamente a culpa pelo que acontece em terras da rainha tem outro nome que não é o corte de verbas, vamos esperar pelos problemas dos Quens.

    • Rprosa,

      Observe navios equivalentes…

      Um ‘Arleigh Burke’ custa mais de 1,7 bilhão de dólares ( navio de porte equivalente e com um sistema de geração de energia muito menos complexo ), mais caro que um ‘Daring’. E funciona justamente porque não economizaram…

      Evidente que houveram ocorrências que somente podem ser classificadas como erros grosseiros, mas ainda penso que a raíz desses problemas é oriunda de uma tentativa de se fazer mais com menos… O “barulho extremo” ( depende do que eles consideram barulho extremo… ) é certamente um reflexo disso, e muito provavelmente se deve a ausência de reforços nas anteparas e nas escotilhas. Num outro aspecto, também podemos estar falando de hélices mais simples, que não reduzem o ruído significativamente ( um destroier classe ‘Zumwalt’ é dito ter o ruído de um submarino classe ‘Los Angeles’… ). Pra mim, é aquela típica tentativa de fazer o mais “barato” e que saiu caro no final… Economiza-se com aquilo que se considera “besteira” e se gasta na suposta inovação. O resultado é o que vemos…

      Até onde já li, será necessário um novo gerador a diesel, e não uma nova turbina… Se for para por uma nova turbina, melhor aposentar o navio de vez…

      • RR, desculpe mas acredito que os Arleigh Burke não servem de paradigma aos problemas dos Type 45, posto que os novos AB-III estão orçados em 2,3 bilhões de dólares, ou seja quase 1,6 Type 45.

        Da mesma forma o USS Zumwalt,também não serve de comparativo, pois na sua primeira viagem este navio perdeu potência na travessia do canal do Panamá e teve de ser rebocado para consertos na Estação Naval de Rodman, já que havia suspeita de vazamento de água nas junções dos rolamentos entre os motores elétricos e as transmissões, e olha que este custou a bagatela de 4,4 bilhões de dólares e isso sem contar que o Zumwalt já havia sofrido problemas com vazamentos e perda de potência em seu sistema de propulsão antes de ser comissionado, exigindo que o navio ficasse em reparos na Base Naval de Norfolk.

        Ainda em se falando do Zumwalt acredito ser desnecessário falar-se do absurdo do custo da munição do canhão de 155 mm, a qual foi orçada em US$ 1 milhão a unidade, ou seja cada disparo do canhão de 155 mm do Zumwalt custa praticamente o mesmo que um Tomahawk ou um Harpoon, sendo que o poder destrutivo dos misseis e infinitamente maior.

        Estima-se que as 2.000 rodadas necessárias para se equipar os Zumwalt custem aos cofres americanos cerca de 1,8 bilhão de dólares, valor que deve ser acrescido aos mais de 10 bilhões de dólares investidos na construção dos Zumwalt.

        Desta forma, não é a falta de dinheiro que atrapalha o desenvolvimento da indústria bélica, mas sim a absoluta falta de transparência nos contratos militares, que permitem a inclusão de aditivos e mais aditivos de forma a se reestruturar os preços, e em sentido contrario transferem toda a responsabilidade do desenvolvimento para os contratantes pois as empresas contratadas sempre se escondem sob o largo manto da inovação científica, sendo esta a desculpa perfeita se não deu certo a culpa é da inovação.

  3. In 2014 the Navy established Project Napier, a long term plan to improve power on all six Type 45 which includes new equipment and an upgrade the diesel generator system to provide greater resilience and integration with the main engines.

    The estimated cost of repairs stands at £1 billion with many of the engineering parts including the diesel generators being bespoke items made just fore the Type 45 class.

    http://www.telegraph.co.uk/news/2016/11/24/royal-navy-type-45-destroyer-towed-back-port-two-days-sailed/

  4. A radical cure
    A feasibility study into upgrading the generators was completed by BAES and the MoD in March 2015. The funding for the “Type 45 machinery improvement package” was agreed in the November 2015 SDSR and at least the problem has finally been recognised and funds are in place. Each vessel will have to be dry-docked, large openings cut in the hull and one or possibly two new diesel generator sets slid into place.

    Type 45 destroyer propulsion arrangement
    Type 45 destroyer propulsion general arrangement. Removing and replacing the diesel generator sets would appear to present significant work. Image: Rolls Royce.

    Replacement of the WR-21 GTs is not a practical option. Instead additional or more powerful diesel generators will provide long-term redundancy and assurance that electrical supplies can be maintained in the event of GT failure. The good news is that the large Type 45 design has the space and reserve buoyancy to cope with larger or additional diesels. The rectification work on the six ships will be done one by one as part of the normal major refit cycle. This will extend the length of the refits but should not have an especially dramatic effect on frontline availability.

    A reflection on the state of UK industry?
    There are growing signs that frustration with industry in the MoD has reached breaking point. The Type 45 propulsion problems are just one of many expensive problems with major defence contacts. The cost over-runs of the Astute class submarine have led to Whitehall creating a special project office to manage the Trident Successor submarines and failures will be met with harsher financial penalties. The surprise emergence of the alternative frigate programme, in addition to the Type 26, is also a sign of disillusionment with late, expensive and flawed offerings from BAE Systems.

    In a wider sense, the UK defence-industrial malaise is the result of successive governments failure to think strategically and place regular orders that would ensure continuity of employment and the engineering skills base. It is also perhaps a reflection on a society that does not encourage enough young people into science and engineering. Attainment of celebrity, careers in media, sport or entertainment are over-valued, far above those of designers, engineers, technicians and scientists upon who we rely for our way of life and military power.

    in: http://www.savetheroyalnavy.org/putting-the-type-45-propulsion-problems-in-perspective/

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