MINUSTAH: Brasil assume bases do Chile, Uruguai e Peru no Haiti

Militares brasileiros ficam no país até outubro deste ano. (Foto: Centro de Comunicação Social do Exército)

A Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), comandada pelo Brasil, foi uma das mais duradouras do mundo. Está no país desde 2004, quando surgiu uma situação de instabilidade e insegurança, e compõe a única missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) nas Américas.

No Haiti, a desmobilização já começou. Desde o início de maio, o Batalhão de Infantaria da Força de Paz do 25º Contingente Brasileiro (BRABAT 25) passou a ser responsável pelas áreas do Chile, do Uruguai e do Peru. Segundo o Coronel Roberth Alexandre Eickhoff, comandante do BRABAT 25, os militares brasileiros garantirão a segurança das instalações das bases até a desmontagem dos equipamentos para o envio aos seus respectivos países.

O Almirante Rogério Ramos Lage, subchefe de Operações de Paz do Ministério da Defesa do Brasil, disse que o emprego na área das bases antes ocupadas pelo Chile, Uruguai e Peru irá exigir o desdobramento de até duas subunidades fora de Porto Príncipe. “O batalhão tem capacidade operacional para atuar também nessas áreas, não implicando um aumento de responsabilidades fora do que já está previsto para o emprego operacional do BRABAT”, explicou.

O Brasil enviou 37 mil militares para o Haiti durante os 13 anos de MINUSTAH. (Foto: Centro de Comunicação Social do Exército)

Parte do efetivo brasileiro encontra-se na comuna de Cap-Haitien, recebendo os encargos de segurança das instalações. Mesmo com a ampliação da área de atuação, o efetivo vai permanecer o mesmo. De acordo com o Cel Eickhoff, o maior desafio é o de operar a grandes distâncias, garantindo o apoio logístico e a manutenção das comunicações. “Vai ser necessário estabelecer uma base na região para dar suporte à tropa”, declarou.

O Cel Eickhoff explicou ainda que a tropa vem executando o planejamento de desmobilização e preparando a área para o próximo efetivo que vai encerrar a missão de paz naquele país. Ele avalia os 13 anos da participação do Brasil no Haiti como fundamental para estreitar as relações internacionais e prestar um importante serviço. “O sentimento por aqui é de dever cumprido. Além disso, a MINUSTAH proporcionou ao efetivo brasileiro uma expertise em missões de paz, que vai contribuir em futuras missões de paz pelo mundo”, disse.

Desmobilização da tropa brasileira

As atividades operacionais do batalhão brasileiro no Haiti permanecem normais, mesmo depois do anúncio do término da MINUSTAH, marcado para 15 de outubro. Segundo o Alte Lage, o objetivo é o da manutenção de um ambiente seguro e estável até a saída definitiva. “A chefia de operações conjuntas, por intermédio da subchefia de operações de paz, está executando o Plano de Desmobilização do Contingente e vem realizando reuniões de coordenações com os envolvidos para os acertos finais”, explicou.

“Hoje se trabalha com a data de 1º de setembro para o término das operações e saída de 90 por cento do efetivo até 15 de setembro”, disse o Alte Lage e acrescentou que, a partir dessa data, o efetivo brasileiro se voltará para medidas administrativas necessárias à preparação da repatriação de pessoal e material do contingente. “Até 15 de outubro todos deverão sair do país”, confirmou.

O terremoto de 2010 foi um dos momentos mais difíceis enfrentados pelos militares brasileiros no Haiti. (Foto: Centro de Comunicação Social do Exército)

Participação brasileira no Haiti

Durante os 13 anos de operação na MINUSTAH o Brasil enviou para o Haiti 37 mil militares, já considerando os 950 do 26º e último contingente brasileiro que viaja em maio. O Alte Lage avaliou como excelente o trabalho desenvolvido pelas Forças Armadas brasileiras no Haiti. “O povo haitiano e as autoridades internacionais também reconhecem essa participação brasileira, pela desenvoltura com que combinam funções militares, como o patrulhamento, com atividades sociais e de cunho humanitário”, reforçou. Segundo ele, muitos desafios tiveram que ser superados desde o primeiro contingente, em 2004. “Atuar na pacificação de Cité Soleil, logo no início da missão, foi bem complicado. O terremoto em 2010 e o Furacão Matthew em 2016 também foram momentos considerados mais difíceis”, lembrou.

O Brasil investiu na MINUSTAH entre 2004 e dezembro de 2016 aproximadamente R$ 2,550 bilhões, segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal. A ONU reembolsou o Brasil pouco mais de R$ 930 milhões, de acordo com o Ministério da Defesa. O Alte Lage explicou que o investimento variava a cada ano, dependendo da complexidade da operação. “Em 2010, por exemplo, ano em que ocorreu o terremoto no Haiti, houve um aumento significativo do desembolso em razão da abertura de créditos adicionais para ajuda humanitária e instalação do 2º Batalhão de Infantaria de Força de Paz (BRABAT-2)”, afirmou.

Ele lembrou ainda que os valores reembolsados pela ONU são referentes aos gastos com o emprego da tropa na missão de paz e não cobrem os gastos relativos ao preparo da tropa no Brasil. Porém, o Alte Lage afirmou que é relevante para o Brasil participar de operações de paz. “É importante para a projeção do Brasil no exterior, para o adestramento da tropa e, também, para a divulgação no exterior de produtos de defesa nacionais utilizados pela tropa brasileira durante as operações”, disse.

Próximas missões

Com o fim da MINUSTAH, o Brasil segue no comando da missão de paz da Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), além de ter integrantes nas missões de paz do Chipre, Costa do Marfim, Libéria, República Centro-Africana, Saara Ocidental, Sudão e Sudão do Sul. O governo brasileiro se colocou à disposição da ONU para integrar outra missão de paz. Segundo o Alte Lage, a chefia de operações conjuntas realizou um estudo, denominado Projeto Seta, para avaliar onde seria possível a participação brasileira. “Identificamos diversos cenários, hoje existentes, de missões de paz em que poderíamos atuar”, disse.

O ministro da Defesa do Brasil, Raul Jungmann, declarou que seria interessante para o Brasil atuar na missão de paz no Líbano, além da UNIFIL. Ele também considerou como possibilidade a participação brasileira na MONUSCO, Operação das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo. Mas, de acordo com o Alte Lage, o governo brasileiro espera um convite da ONU para que se inicie o processo de desdobramento de tropas em uma nova missão, mediante autorização do Congresso Nacional brasileiro.

Fonte: Dialogo Américas

21 Comentários

    • Na verdade acho importante essas missões, como somos um país pacifista em tese, é uma oportunidade ideal para nos aperfeiçoarmos e termos contatos com vários cenários diferentes, o desconhecimento de novos cenários de combate pode velar uma nação a derrota, exemplo maior foram EUA no Vietnã e URSS no Afeganistão (se bem que esse último se retirou) por não conhecer terreno e serem acostumados a lutar com armamentos modernos os americanos se esqueceram ou não aprenderam a guerra corpo-a-corpo, soldado contra soldado sem apoio aéreo e armas pesadas além de guerra de selva e guerrilha. O Mesmo ocorre com nosso EB, somos os melhores do planeta em guerra de selva fechada, os russos os melhores em guerra em territórios gelados (Sibéria) mas em guerra urbana nosso exército é vergonhoso, vide as operações no RJ resultando em vários militares feridos, nosso treinamento e adestramento na Polícia Militar nos prepara para agir em ambientes de becos e vielas já o nosso EB é treinado em mata fechada, montanha, salto no ar em fim, essa missão deu ao EB o conhecimento para controlar tumultos, ameaças hostis, confrontos urbanos e controle de massas.

      • EUA não foram derrotados no vietnã, tem muita mentira sobre isso. Em 10 anos de guerra morreram menos soldados americanos do que de pessoas assassinadas no Brasil em 1 ano ou pouco mais, já do lado do vietnam as estimativas variam de 1 a 3 milhões de mortos.

        https://youtu.be/s1rkLPdOvAo

      • A derrota não se mede por mortos de um dos lados, mas por objetivos atingidos e os EUA não alcançou o objetivo planejado.

      • Falou TUDO IIsj, algumas pessoas parecem nunca entender a simples diferença de mortes/objetivo.

        Não importa se você matou, vamos dizer, 20 milhões de pessoas e perdeu só 1 milhão, se o seu objetivo não for alcançado, você falhou!

        Não há mito algum sobre essa guerra, está tudo escancarado para quem quer ver.

      • Guerra; Conflito armado entre duas partes.

        Vencer uma guerra: Objetivo alcançado por uma das partes mediante capitulação da outra parte.

        Ou seja, nenhum dos dois objetivos alcançados, como foram os EUA a se retirarem diante da vexante derrota os viets que ficaram venceram conquistando o controle do país (objetivo) e reafirmando sua disposição de lutar em caso de nova invasão (afirmação da vitória).

      • Engraçado que você disse que a URSS se retirou do Afeganistão e os EUA foram derrotados pelo Vietnã quando na verdade aconteceu o contrário
        quem estava levando surra dos insurgentes e não estava mais conseguindo sustentar $$ a invasão foi a URSS, os EUA sim que se retiraram por pressão interna mas teriam facilmente condições de continuarem.

      • EUA se retiraram porque foram vergonhosamente derrotados, não tinham preparo para guerra de salva, não conheciam o terreno, não podiam empregar apoio aéreo basta assistir ao filme Fomos heróis onde fica claro que os ataques aéreos lançados em mata densa vitimavam tanto soldados americanos quanto viets, além disso a desculpa de “pressão interna” foi usada para maquiar a derrota, fosse assim em 2003 os americanos teriam se retirado do Iraque/Afeganistão tamanha era a recusa do povo americano após 2 anos de derrotas sucessivas com a morte de milhares de soldados, único triunfo foi a morte de Sadan que desencadeou um vaco de poder que criou o ISIS, na URSS a mesma coisa eles sairam antes da derrota ser mais acachapante mas no caso deles eles ainda usam a desculpa da crise econômica.

  1. Correção aos amigos do PB: (…) O Almirante Rogério Ramos Lage, subchefe de Operações de Paz do Ministério da Defesa do Brasil (…)

    O Brasil não possui um Almirantado em tempo de paz, apenas em tempos de guerra, creio que o posto seja Almirante-de-Esquadra, mesmo que houvesse um Almirantado no Brasil este estaria ao comando da Armada Brasileira, sendo o oficial da mais alta graduação dos componentes da Arma naval de Guerra.

  2. Tem é que sumir daí, chega de gastar dinheiro, chega de desgastar o equipamento que nos resta.
    Quem tem que fazer caridade é rico.

  3. Quem nasceu ontem e nao acompnnhou a Guerra do Viet Nan , repetem que o GS nao perdeu a Guerra do VIET NAN mss foi o vencedor , hj mesmo um video do Mundo Militar , afirmando isso , somente rindo , o GS não podiam se movimentar por terra , somente por Helicopteros e em alguns lugares como SAIGON e DA NANG , na corrida final abandonavam tudo ou jogavam no mar , mas os colonizados querem inventer os fatos para quem nasceu ontem .

    • Poderiam ter perdido 10 soldados, más não é este o fato importante. Nessa lógica os nazistas infligiram muito mais baixas ao inimigo. O fato é qua não conquistaram seus objetivos, abandonaram seu aliado o Vietnã do Sul e saíram fugidos de Saigon. E mesmo ridículo a inversão histórica.

    • Meus caros, se apreciam tanto história, então atenham-se aos fatos.

      A Queda de Saigon foi um episódio posterior a retirada americana do Vietnam, e ocorreu em 1975. Aquelas cenas com os helicópteros entupidos de gente são referentes a evacuação da embaixada americana, com o transporte de funcionários e seus familiares, além de altos funcionários e personalidades do Vietnam do Sul… O fluxo de aeronaves era tão grande nos conveses ( eram aeronaves americanas e vietnamitas que aterrissavam a toda hora ) que muitas vezes tiveram mesmo que derrubar aeronaves no mar pra liberar espaço…

      Também não há inversão nenhuma… Os americanos conseguiram seu objetivo inicial ao encerrar os acordos de Paz de París em 1973, que estabelecia plenamente a soberania do Vietnam do Sul. Se os vietnamitas do norte depois descumpriram o acordo, invadindo em 1975 para além dos limites estabelecidos, isso são outros quinhentos ( e aqui sim podemos dizer que houve um abandono da parte dos EUA, já que não havia motivação política para iniciar o conflito de novo )…

      Essa ideia de que “os americanos não conseguiam fazer nada na mata” também não procede… O fato é que todas as vezes nas quais os vietnamitas tentavam enfrenta-los diretamente, eram derrotados. TET, La-Drang, Hamburger Hill… São todos exemplos de batalhas nas quais os americanos destroçaram toda a oposição.

      O terreno no Vietnam é um verdadeiro pesadelo pra manobras… Selva, rios, montanhas… Helicópteros se constituem no meio mais lógico de locomoção. Aliás, é o que se faz no Brasil com o conceito de Brigada Aeromóvel…

      Enfim… Somente restava mesmo a guerrilha para os vietnamitas…

      A guerrilha nunca conseguiu uma vitória militar importante, mas conseguiu vitórias políticas mais importantes que a vitória em campo. Esse, aliás, é normalmente o propósito de uma guerrilha…

  4. senhores…não adianta ficar discutindo com este pessoal…eles são pagos para fazer panfletagens e guerra de informação…são recrutados pra fazerem estas coisas …então não importa o que argumentem ou apresentem…o objetivo deles é esse…é desinformar, distorcer e deturpar…não importa se vcs refutem ou provem….se vcs mostrem fontes…eles vão te ignorar e continuar te ignorando…

  5. Não consigo entender como tem gente que distorce os assunto aqui..a questão é a participação do Brasil no Haiti, a desmobilização da tropa, os ensinamentos que tivemos para podermos participar de outras missões em outros cenários.

  6. Essa minustah só serviu pra abrir nossas fronteiras para esses haitianos, com a desculpa de “ajuda humanitária”, mas na vdd a intenção é aumentar o eleitorado da esquerda, mantendo-o esses pobres coitados que não tem onde cair morto, no cabresto aqui no Brasil, como já fazem com esses programas sociais com o brasileiro.

    infelizmente nada no Brasil, nem mesmo uma missão militar, não tenha ambições políticas.

    Se o Brasil for para o Libano ou Síria, se preparem pq vai entrar um monte deles aqui tbm, só que lá, o buraco é mais embaixo, vai entrar de tudo aqui !

    • kkkk….os macaquitos querendo imitar os estadunidenses e europeus….realmente este é o pais do “carnaval” mesmo…é um carnaval mesmo…é o pais da piada pronta… 😀

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