Ministro alemão defende postura mais firme da UE ante “desmoronamento” da dominância global dos EUA

Sigmar Gabriel exulta europeus a projetar poder diante do “desmoronamento” da dominância global dos Estados Unidos. Ele alerta para “vácuo” deixado por Washington na política internacional da era Trump.

Gabriel: “A Alemanha não pode se dar ao luxo de esperar pelas decisões de Washington e apenas reagir a elas”

O ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, afirmou nesta terça-feira (05/12) que a União Europeia (UE) precisa agir de forma mais decidida para defender seus valores e interesses – se necessário, confrontando os Estados Unidos.

Para Gabriel, “a dominância global dos EUA está lentamente ficando para a história”, e seria perigoso permitir que uma retirada de Washington do cenário político internacional deixasse um vácuo.

“A atual retirada dos EUA sob [o presidente Donald] Trump do papel de garantidor confiável do multiculturalismo característico do Ocidente está acelerando uma mudança na ordem mundial e tem consequências diretas na percepção dos interesses alemães e europeus”, afirmou Gabriel num fórum de política externa promovido pela Fundação Körber, em Berlim.

Ao mesmo tempo, o ministro do Partido Social-Democrata constatou que “a UE não é realmente um fator [determinante] no mundo”.

Aliados e concorrentes

O ministro afirmou que os Estados Unidos continuarão sendo aliados próximos da UE, mas que é preciso abordar as diferenças com Washington e impor limites no contexto da política internacional. A parceria não seria suficiente “para defender nossos [da UE] interesses estratégicos”.

“A naturalidade com que víamos o papel dos EUA como ‘protetores’ – apesar de diferenças eventuais – começou a desmoronar há muito tempo”, disse Gabriel.

Ele afirmou que se trata de um risco “que nos obriga a agir”. A Alemanha teria que investir “mais na própria força, assim como na união e no poder da UE”, analisando mais friamente “onde há discordâncias com os Estados Unidos”.

Gabriel citou especificamente as sanções dos EUA contra a Rússia, que para ele ameaçam empresas de energia europeias, além de falar do aumento do risco de uma guerra caso entre em colapso o acordo nuclear com o Irã. Ele também alertou para o perigo de se inflamar o conflito no Oriente Médio, se os EUA reconhecerem Jerusalém como a capital de Israel.

O atual governo americano teria uma “percepção excepcionalmente distanciada da Europa”: países até agora encarados como parceiros estariam sendo vistos como “concorrentes e, às vezes, até como inimigos econômicos”, disse.

Para Gabriel, presidência de Trump está alterando relações mundiais de poder

Saindo da zona de conforto

Na análise de Gabriel, o mundo teria ficado mais “desconfortável”. “E agora, percebemos que, mesmo com grande prosperidade econômica em nosso país, não existe mais um lugar confortável nas linhas laterais da política internacional – nem para nós, alemães, nem para os europeus”.

Segundo o ministro alemão do Exterior, “ou tentamos, nós mesmos, moldar algo nesse mundo, ou seremos moldados pelo resto do mundo”. A UE poderá sobreviver apenas se “definir seus próprios interesses e projetar seu poder”.

“A Alemanha não pode se dar ao luxo de esperar pelas decisões de Washington e apenas reagir a elas”, continuou Gabriel, para quem Berlim precisa descrever suas posições sozinha e, “em caso de emergência, também diante de nossos aliados, deixar claro onde estão os limites da nossa solidariedade”.

A principal economia europeia também precisa “definir de forma mais clara e coerente” seus interesses em relação à Rússia. A anexação da Crimeia pela Rússia e a “intervenção” no leste da Ucrânia teriam abalado a ordem política mundial, de acordo com Gabriel. Apesar disso, “no longo prazo, só poderá haver segurança e estabilidade com, e não contra a Rússia”, afirmou o ministro.

Parceiros franceses

A eleição do político “ofensivamente pró-europeu” Emmanuel Macron à presidência na França foi um “golpe de sorte de dimensões históricas” para a Europa, na opinião de Gabriel – já que Macron entendeu o declínio da UE e tem ideias de como reformar o bloco. Agora, o vice-chanceler alemão acredita que seja preciso uma “dinamização da integração europeia”, na qual a Alemanha precisa ter participação ativa.

“A posição alemã sobre essas iniciativas precisa ser determinada pelo próximo governo, não importa a sua composição”, colocou Gabriel, aludindo ao fato de o partido conservador CDU, da chanceler Angela Merkel, e o SPD, de Gabriel, estarem considerando uma reedição da coalizão de governo entre as duas legendas.

Analistas consideram, inclusive, que o discurso desta terça-feira pode ser interpretado como uma espécie de “candidatura” de Gabriel para continuar no cargo de ministro do Exterior.

A eleição de Trump teve impacto negativo na confiança dos alemães na aliança transatlântica. Segundo uma pesquisa citada por Gabriel em Berlim, atualmente, apenas 43% dos cidadãos do país enxergam Washington como o principal parceiro internacional de Berlim – 17 pontos percentuais abaixo da taxa apurada há um ano. A França, por sua vez, é vista por 63% dos alemães como o parceiro mais importante da Alemanha.

Fonte: DW

 

5 Comentários

  1. Somente o Brasil ainda não Acordou para esta Bênção de Deus , a Desgraça do Tiozinho , é uma Graça de Deus para os Povos do Mundo , e a maior das Graças para o Brasil e toda Latino América , o mundo nunca teve uma Desgraça tão Grande , como o Tiozinho do Norte , agora temos que Acordar , não podemos continuar nas Mãos destas Castas Corporativistas desta Republiqueta , que a 128 anos assiste o Mundo nos Passar em Berço Esplêndido, com nossas Castas Roubando a Nação e Investindo na Florida que chamam de Flórida , demonstrando claramente o Grau de suas Mentes Colonizadas !! !!

  2. Vácuo deixado pela era Trump?? A bomba que Trump recebeu no peido da gestão anterior não contam?? só pode ser piada, e quase igual no Brasil, alguns intendidos se esquecem do desgoverno da ultima década e meia, PIADA!

    • A piada é querer nos fazer de bestas e rotular as coisas boas que aconteceram nos governos trabalhistas de desgoverno. Desgoverno temos agora dos golpistas do PMDB, PSDB, PPS e DEM.

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