Militares brasileiros e chilenos firmam acordos de cooperação conjunta

Alberto Espina (assinando, à esq.), ministro da Defesa do Chile, e Joaquim Silva e Luna (assinando, à dir.), ministro da Defesa do Brasil, firmam acordos ao final da Primeira Reunião do Diálogo Político-Militar Brasil-Chile – Mecanismo 2+2 –, em Brasília. (Foto: Alexandre Manfrim)

 

Alguns dos temas debatidos em três encontros paralelos realizados no Brasil e no Chile foram cooperação em segurança cibernética, desenvolvimento da indústria de defesa e cooperação bilateral em situações de catástrofes naturais.

Brasil e Chile firmaram um acordo de apoio mútuo na área de defesa cibernética, considerada estratégica pelos dois países. A assinatura do documento ocorreu no dia 9 de agosto de 2018, em Brasília, Brasil, como um dos principais resultados da Primeira Reunião do Diálogo Político-Militar Brasil-Chile, chamado de Mecanismo 2+2.

Desde 2016, militares chilenos fizeram oito visitas ao Comando de Defesa Cibernética brasileiro. Por sua parte, militares brasileiros também participaram de eventos sobre segurança cibernética sediados no Chile, informou a assessoria de comunicação social do Ministério da Defesa do Brasil.

Por meio da Declaração de Intenções Sobre Cooperação em Defesa Cibernética, firmada no final do encontro, busca-se criar meios para a realização conjunta de ações de treinamento de profissionais, desenvolvimento de pesquisas e coordenação de esforços em casos em que o Brasil e o Chile sejam ameaçados por ataques cibernéticos. Com isso, as duas nações apontam para o fortalecimento e a ampliação de iniciativas que já estão em andamento.

Catástrofes e emergências

Outra questão debatida na reunião do Mecanismo 2+2 foi a colaboração em situações de catástrofes e emergências. “O Brasil tem muita experiência, tem muitos meios. O Chile também tem muita experiência e, portanto, a colaboração nessas áreas é sem dúvida um avanço”, destacou Alberto Espina, ministro da Defesa do Chile, em Brasília.

Sobre este tema, o Chile lidera o processo de elaboração de um mecanismo de cooperação em ajuda humanitária em casos de catástrofes naturais a ser adotado por toda a América do Sul, Central e do Norte. “O assunto foi discutido mais amiúde, em âmbito hemisférico, na Conferência de Ministros de Defesa das Américas, realizada no México de 7 a 10 de outubro de 2018”, declarou a assessoria do Ministério da Defesa do Brasil.

Ainda como fruto do evento em Brasília, destaca-se outro avanço: a assinatura do Protocolo sobre Intercâmbio de Dados e Serviços de Catalogação da Defesa. O documento complementa o acordo sobre cooperação em matéria de defesa firmado por Brasil e Chile em 2009.

O objetivo, com isso, é promover a padronização da informação sobre os produtos de defesa de ambas as nações, incluindo elementos de abastecimento e elementos de provisões de defesa, a fim de facilitar o intercâmbio comercial. Essa padronização será realizada conforme o Sistema de Catalogação da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Ao final da reunião, Joaquim Silva e Luna, ministro da Defesa do Brasil, ressaltou que o encontro com o Chile representa a consolidação de uma postura diplomática. “Nossos documentos de defesa tratam de que o Brasil resolve todas suas questões de defesa por meio da diplomacia. Esse é o plano A para qualquer situação”, disse o ministro. 

Dos dois lados

Em paralelo ao encontro dos ministros da Defesa e das Relações Exteriores do Brasil e do Chile na capital brasileira, uma delegação composta por representantes das Forças Armadas e do governo do Brasil participou de dois eventos em Santiago, capital chilena: a 10ª Reunião do Grupo de Trabalho Bilateral de Defesa Chile-Brasil e a 12ª Reunião entre os Estados-Maiores Conjuntos das Forças Armadas do Chile e do Brasil.

A defesa cibernética e as catástrofes naturais também estiveram em pauta nas duas reuniões, ao lado de outros 10 temas. As conversas, que se desenrolaram entre 7 e 9 de agosto de 2018, culminaram com a assinatura de um total de 15 entendimentos entre os países sobre as seguintes áreas: defesa cibernética; ciência e tecnologia e base industrial de defesa; operações de paz; estudos de defesa; programas sociais de apoio aos esportes e à saúde; parcerias público-privadas; impactos da criação de unidades de conservação; planejamento estratégico militar; catalogação de defesa; doutrina conjunta; intercâmbio de experiências em catástrofes naturais; e exercício conjunto combinado de operações especiais.

Sobre a defesa cibernética, a novidade das reuniões no Chile foi a possibilidade da criação de um subgrupo de trabalho no âmbito do grupo de trabalho bilateral, com o propósito de aprofundar a cooperação neste assunto. Já em relação a catástrofes naturais, o Estado-Maior Conjunto do Chile convidou o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Brasil para participar do exercício Ventos Austrais, iniciativa chilena voltada ao treinamento de tropas para atuação em situações emergenciais. O exercício deverá ocorrer em 2019 ou 2020. 

Ministros da Defesa e de Relações Exteriores do Brasil e do Chile participam da primeira Reunião do Diálogo Político-Militar Brasil-Chile (Mecanismo 2+2), no Palácio Itamaraty.

Desenvolvimento

No campo da ciência, tecnologia e indústria de defesa, as autoridades reunidas no Chile estabeleceram o compromisso de viabilizar o compartilhamento de informações sobre esses três setores. Ficou acertado ainda que a Subsecretaria de Defesa do Chile receberá do Departamento de Promoção Comercial do Ministério da Defesa brasileiro uma proposta sobre visitas destinadas a incrementar o intercâmbio de capacidades técnicas relativas à ciência, tecnologia e indústria de defesa.

Para o Ministério da Defesa brasileiro, Brasil e Chile são sócios estratégicos históricos e o incremento da aproximação possibilitada pelas duas reuniões bilaterais “melhora as relações entre as forças armadas, entre os ministérios da Defesa e, por consequência, entre os dois países, sendo benéfico para ambas as partes”.

Fonte: Dialogo  Américas