MBT Brasil: Uralvagonzavod T-90MS Tagil

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Autor: Luiz Medeiros

Plano Brasil
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PREFÁCIO

Expressão russa de um Carro de Combate de 3ª geração o T-90 em todas as suas versões, é um dos produtos que claramente demonstram a transformação industrial da então União Soviética para a Rússia atual, porém, sem perder é claro a identidade do produto e as boas qualidades e lições aprendidas no passado.

Neste artigo, o Plano Brasil em colaboração com a Trilogia Campo de Batalha apresentará a proposta russa para atualização dos veículos T 90, o sucessor de uma linhagem histórica que tem seu gênese no mítico carro de combate T-34 e dos antepassados de peso nas famílias T-55 e T-64 até os mais recentes  “pais” T-72 e T-80 que dariam origem a uma nova geração de carros de combate da linha  T-90 que através de um amplo programa de modernização  que dá origem a um novo carro de combate o T-90 MS Tagil.

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Apresentação do veículo T-90MS modernizado e exibido na Eurosatory

A ORIGEM

Com o colapso do então  bloco soviético, tanto o governo russo, como as forças armadas precisaram revisar suas estratégias e investimentos, tal medida obviamente impactou diretamente  na indústria de defesa russa que como o resto do país, teve que se readequar as novas realidades econômicas.

No que se refere aos carros de combate, duas empresas eram as principais fabricantes do setor na Rússia, de um lado a Omsktransmash (sediada em Omsk) e do outro a Uralvagonzavod (sediada em Nizhny Tagil). De Omsk vinham os veículos T-80, de desenho mais novo, porém considerados caros e difíceis de serem mantidos. De Nizhny Tagil vinham os T-72, sucesso de vendas, elogiados por sua simplicidade e criticados por suas fragilidades.

 

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Baseando nos resultados obtidos na primeira Guerra do Golfo, onde os T-72 iraquianos tiveram desempenho trágico diante dos opositores ocidentais, a Uralvagonzavod preferiu optar por alterar também o nome de seu modelo que baseado no T -72 faria urgir um novo veículo de combate chegando à denominação T-90.

 

A nova realidade da Rússia tornava imperativo a manutenção de apenas uma linha de blindados, não somente para gerar padronização para o Exército Russo, mas também, devido ao inevitável corte de custos necessários. Com isso, no início da década de 90, as duas plantas apresentaram versões atualizadas e modernizadas de seus veículos.

Com isto, ambos escritórios de projeto apresentaram seus modelos e de um lado, surgira o T-80U, do outro o T-72BA. Posteriormente a Uralvagonzavod ainda acrescentou ao seu modelo um sistema de tiro mais sofisticado, contido no T-80U, gerando assim o novo modelo chamado de T-72BU.

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Com uma torre redesenhada o T 90 MS apresenta uma maior proteção ao carro de combate
  • Linhagem de sangue, Aço, óleo, diesel e gás

Baseando nos resultados obtidos na primeira Guerra do Golfo, onde os T-72 iraquianos tiveram desempenho trágico diante dos opositores ocidentais, a Uralvagonzavod preferiu optar por alterar também o nome de seu modelo que baseado no T -72 faria urgir um novo veículo de combate chegando à denominação T-90.

O governo russo realizou a seleção em 1995, mantendo a meta de um único carro de combate e cuja a decisão foi anunciada em Janeiro de 1996, logrando ao modelo T-90 a  vitória na concorrência.

A decisão sobre o veículo, que até então passara por uma versão modernizada calcada no T-72, pode então entrar em  produção e num processo de desenvolvimento mais aprofundado. O fato curioso é que  alguns observadores ocidentais que tiveram acesso as informações sobre o veículo, acabaram por avaliá-lo como algo realmente novo em se tratando de carros de combate.

No processo de desenvolvimento do T 90, foram sendo introduzidos e novas versões surgiram a té culminar no T 90 MS, variante mais atualizada do veículo.

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Novo designe e proteções são as marcas do T 90 MS

VERSÕES

T-90 – o primeiro modelo, modelo original de produção.

T-90K – versão de comando do T-90.

T-90A – versão do exército russo, chamado também de “Vladimir” em homenagem ao engenheiro chefe do programa Vladimir Potkin. Como melhoramentos conta com o motor V-92S2 e um sistema de visão termal ESSA.

T-90S – versão de exportação do T-90A, por vezes colocado como T-90C devido à confusão da pronúncia do círilico. Possuem ao menos dois tipos de blindagem para a torre.

T-90SK – versão de comando do T-90S, poussí diferente sistema de rádio e navegação e sistema Ainet para detonação remota de cargas HEF.

T-90S “Bhishma” – versão do T-90S customizado para uso na Índia, contando com sistema de auto-defesa Shtora e sistema de visão térmica da Thales (França) e da Peleng (Belarus).

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Olhos e ouvidos, o programa T 90 MS fez surgir um moderno veículo totalmente integrado aos sistemas de armas com um suite de sensores em estado-de arte.

Ao contrário do que se pensa, o T 90 MS não se trata de um kit de modernização dos modelos mais antigos do T -90,  o MS fez surgir o modelo mais moderno da família conta com extensas modificações sobre seus antecessores quase nada tem a ver com o T 90 das séries anteriores.

Ainda que possuindo o chassi básico do T-72, todos os equipamentos embarcados são novos, assim como a disposição dos itens e o desenho do interior do veículo foram trabalhados, aprimorados e consequentemente alterados.

Em Setembro de 2011 na feira Russian Expo Arms ele foi mostrado ao pela primeira vez, já contendo todos os itens modificados e funcionais. O T-90MS recebeu também seu apelido de Tagil, em homenagem à cidade da fábrica.

O T-90MS Tagil é provavelmente hoje um dos grandes objetos de curiosidade para muitos analistas ocidentais, devido ao seu alto índice de modificações e aperfeiçoamentos e por esta razão trataremos sobre este veículo com foco em suas novidades.

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PROTEÇÃO

A proteção do veículo inicialmente conta com desenvolvimentos das versões mais antigas, tal como a proteção para a parte inferior que conta com blindagem tradicional e um detector de minas instalado na seção frontal do veículo cujo objetivo é o de reduzir ao máximo a possibilidade do carro de combate ser surpreendido por minas terrestres e IEDs.

O sistema de proteção ativa “Shtora” ainda está presente no Tagil, porém somente em parte. Os projetores de infravermelho foram retirados, dado que este tipo de equipamento não é mais considerado efetivo para a proteção do carro de combate contra mísseis anti-carro, os “olhos vermelhos” foram assim perdidos. Sensores laser e cargas de fumaça automáticas e manuais permaneceram no veículo bem como, elementos para criar interferência eletromagnética que também foram mantidos.

A primeira novidade do Tagil está no desenho aprimorado da torre para melhor sobrevivência e absorção de impactos. Contando com uma armadura metálica básica “clássica” que possuí a inserção de camadas alternadas de alumínio e lâminas plásticas de deformação controlada, além de inserções de proteção reativa explosiva (ERA). Houve um grande acréscimo em blindagem especialmente na parte superior para garantir a maior proteção possível contra-ataques que venham de pontos mais altos.

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Nova torre integrada aos sistemas de armas dimensionados para operações em regiões urbanas, o cano principal apresenta maior elevação, ponto fraco nas versões anteriores do veículo.

O chassi conta com uma armadura metálica tradicional de aço composto e o sistema de proteção reativa explosiva “Relikt” substituindo o “Kontakt-5”.

Este novo kit de ERA conta com a metade dos explosivos do kit anterior e é mais compacto, sendo assim é mais seguro para as proximidades do MBT, porém, o veículo ganhou mais massa em relação ao anterior. Em razão da nova proteção ERA, os locais por ela protegidos possuem capacidade de resistir às munições com ogivas contendo carga em tandem.

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O sistema de proteção garante ao veículo maior sobrevivência em todos os ângulos e é mais eficiente que as gerações anteriores.

De acordo com o fabricante este novo kit é significativamente mais eficiente do que o anterior. As placas de blindagem laterais (saias de blindagem) para proteção das lagartas e suspensão também são uma novidade e podem receber o acréscimo de proteção reativa.

O veículo conta ainda com mais quatro placas removíveis com molas sobre a parte frontal das lagartas que podem ser alijadas em ação. A ejeção dessas placas removíveis se dá em um ângulo de 60º para o lado do veículo, estas são utilizadas como medida de proteção extra contra projéteis com ogiva do tipo HEAT.

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O chassi conta com uma armadura metálica tradicional de aço composto e o sistema de proteção reativa explosiva “Relikt” substituindo o “Kontakt-5”. Há também proteção adicional para a torre.

De acordo com o fabricante a combinação da blindagem convencional de aço composto com a blindagem reativa garante capacidade de resistir às munições do tipo APFSDS que perfurem mais do que 800mm, bem como, contra munições do tipo HEAT que tenham poder de perfuração de até 1350mm.

Outras novidades de proteção residem no interior do veículo, a começar por painéis anti-fragmentação feitos de tecido de aramida. Estes painéis foram inseridos para prover a proteção da tripulação contra fragmentos de eventuais explosões, tornando o habitáculo mais seguro para os tripulantes.

A parte posterior da torre e do chassi recebeu o acréscimo de uma proteção de tipo “gaiola”. O emprego desse tipo de proteção demonstrou muita utilidade e eficiência no Afeganistão e Iraque, quando empregados por veículos americanos especialmente contra RPG’s utilizando ogivas disparadas pelo contato da ponta da mesma com o veículo.

Proteção em cofre blindado para munições.
Proteção em cofre blindado para munições.

Possivelmente aquela que pode ser chamada de “a grande” novidade do T-90MS em termos de proteção é o novo cofre blindado para munições.

Este ponto tem relação com uma nova organização das munições dentro veículo, com isso somente 8 munições ficam dentro casco e fora do carrossel do carregador automático, contra 18 munições em versões anteriores. Estes 8 projéteis ficam posicionados em uma estante no fundo do casco com uma parede blindada separando o compartimento de combate do motor, fazendo com que este esteja alocado em uma posição com a menor probabilidade de ser atingida.

As 10 munições restantes estão alocadas justamente neste novo cofre blindado na parte posterior da torre. O compartimento em questão, não possuí conexão de nenhum tipo com o interior do veículo (porta, escotilha ou etc.) e nem com o carregador automático. Essa medida foi tomada visando evitar o fenômeno de “ejeção da torre” que por vezes ocorria nos modelos T-72 devido à sua alocação de munições na torre sem este tipo de proteção.

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Na imagem as cargas no interior do cofre ficam posicionadas na seção traseira da torre

 

As 10 cargas estão localizadas em um compartimento no meio do cofre e as munições estão em dois compartimentos separados (um a direita e a outro a esquerda) esta conformação é feita devido as cargas serem as peças mais suscetíveis à combustão dentro do cofre.
As travas deste cofre blindado foram desenhadas para em caso de incêndio e/ou aumento de pressão, elas se quebrarem fazendo com que os painéis externos sejam ejetados e a energia do fogo, ou eventual explosão, seja toda direcionada para fora do veículo de forma direta.

Outro ponto interessante no desenho deste cofre blindado foi o projeto pensando em rápida substituição do compartimento como um todo, em caso de necessidade como envetuais incêndio e estouro de travas ocorre a ejeção dos painéis externos, sendo este apenas um ponto dentre vários do veículo que foram pensados e feitos de forma modular.

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É possível observar a escotilha do comandante voltada para a frente de modo a prover proteção adicional ao comandante do carro

Uma curiosidade que também é novidade é a tampa do comandante com abertura para frente, no sentido de criar uma proteção ao comandante, solução “ocidental” adotada no veículo.

Completando a questão protetiva, o Tagil permanece a contar com o tradicional “perfil baixo” dos carros de combate russos, tendo 2,3m de altura e sendo o mais baixo comparado com Abrams, Leopard 2 e Challenger 2. Esse perfil colabora para a baixa visibilidade e capacidade de engajamento por mísseis e RPG.

Todas as soluções protetivas empregadas no T-90MS foram desenhadas pensando no conceito de modularidade e facilidade de substituição em caso de necessidade, demonstrando a visão de modularidade e o foco em garantir o máximo disponibilidade possível para o veículo em situações de combate.

O Tagil no momento não conta com o sistema ARENA de proteção ativa contra projéteis, porém fontes indicam da possibilidade de instalação deste sistema no veículo como maneira de aumentar sua proteção efetiva contra a variedade de armas anticarro disponíveis no mercado atual.

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A eletrônica e sensores em estado-de-arte são a marca registrada da variante T-90 MS que realmente o difere das versões que o antecederam.

Assim como o ARENA, o sistema EMT-7 emissor de pulso eletromagnético (EMP) também está disponível para uso no veículo, tendo sido inclusive testado sobre a plataforma do T-90S, não há dados sobre testes desse sistema com o T-90MS, porém o mesmo se encontraria disponível em caso de solicitação de eventuais clientes.

 

 

 

 

SISTEMAS EMBARCADOS

O T-90MS conta com uma variedade de sistemas novos embarcados, características que como um todo marcam a diferença deste veículo em relação aos seus antecessores e especialmente em relação aos antigos T-72, mesmo em suas versões modernizadas.

A primeira grande evolução é que todos os sensores do veículo são digitais, contra uma diversidade de meios mecânicos de seus antecessores em combinação com alguns sistemas digitais em versões modernizadas.

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Visão interna do veículo demonstrando os mostradores MFD disponíveis a sua tripulação.

O veículo possuí um sistema de navegação combinado,  inercial em conjunto com sistema de navegação por satélite (Glonass ou GPS) com a visualização de um “mapa” no MFD do comandante. Este novo sistema de navegação visa garantir a precisão no deslocamento do veículo e no cumprimento das rotas de missão.

Outro ponto forte nas novidades embarcadas é o MFD (multi-function display) do comandante. Uma tela multifuncional colorida à disposição do comandante economiza espaço e agrega informações (dados de navegação e sobre situação de combate), facilitando o trabalho do comandante e melhorando a ergonomia de sua posição. A introdução deste item claramente demonstra a preocupação dos engenheiros da Uralvagonzavod em melhorar a qualidade do habitáculo da tripulação e providenciar assim um item que proporciona um nível de “fusão de dados” para o comandante do carro de combate.

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Galeria de imagens 3 D, T 90 MS créditos Precise 3D

O T-90MS conta como item “de série” com um sistema de gerenciamento de combate, a suíte era uma exclusividade da versão de comando do T-90, o T-90K. Esta suíte permite uma conexão do carro de combate com todos os veículos no teatro de operação (contanto que os demais veículos possuam compatibilidade com o sistema), permitindo que o carro opere em “datalink” compartilhando informações e utilizando informações compartilhadas. A ideia de introduzir o sistema como “item de série” tem como objetivo eliminar a limitação de ter um determinado veículo “exclusivo” para a função de comando.

Uma novidade visando o melhor controle do cenário de operação são as 4 câmeras à disposição do comandante, que permitem visão de 360º do ambiente. Para o motorista é disponibilizada uma câmera particular para manobras em marcha ré.

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Uma novidade visando o melhor controle do cenário de operação são as 4 câmeras à disposição do comandante, que permitem visão de 360º do ambiente. Para o motorista é disponibilizada uma câmera particular para manobras em marcha ré.

Ainda tratando sobre capacidade de visualizar o ambiente e também para identificação e engajamento de alvos temos o sistema “Sosna-U” para mira do artilheiro, com a vantagem de já possuir um sistema de visão termal integrada (Thales Catherine FC—visão térmica de 2ª geração). Esse sistema como um todo é mais leve e tem desempenho superior ao sistema 1G46 ou 1G46M das versões anteriores, garantindo maior precisão para o artilheiro e mantendo o alcance para identificação e engajamento de alvos em mais de 5 quilômetros.

O habitáculo conta ainda com botões próximos a todos os dispositivos prismáticos (pequenos periscópios de emergência), pressionando um destes botões o comandante pode ter a vista panorâmica voltada para aquela seção específica. Esta é uma solução desenvolvida na década de 60 e demandada somente agora no século 21.

Devido a todos os sensores do veículo serem digitais pode-se ter o Sistema de Controle de Tiro “Kalina” que é inteiramente digital e pode-se dizer que este é o grande trunfo em termos de sistemas embarcados no T-90MS, maximizando a performance de combate do veículo.

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Visão do artilheiro sobre o sistema de armas, no detalhe as munições acessíveis.

O “Sosna-U”, já citado anteriormente, é uma parte integrante deste sistema, e possuí todas as mais modernas características como mira panorâmica independente para o comandante e um sistema automático de rastreamento de alvos, sendo esta última uma característica de “estado da arte” que pouquíssimos veículos no mundo possuem (nem mesmo o M1A2 SEP e Leopard 2A6 possuem esta característica no momento).

Este fato por si só já demonstra o quão revolucionário e inovador o sistema é tendo como os pontos chaves de vantagem:

1) a redução na carga de trabalho do artilheiro e do comandante. O artilheiro não mais precisa seguir um alvo em movimento, pois o computador realiza essa tarefa automaticamente. Em ensaios e testes os resultados apontaram que os erros utilizando esse sistema são de 1,5 à 2,5 vezes menores do que utilizando o sistema manual de rastreamento.

2) este sistema de rastreamento automático transforma mísseis guiados por linha de visada/iluminação do alvo em mísseis do tipo “dispare e esqueça”, dado que anteriormente o artilheiro teria de manter o alvo travado por todo o tempo de viagem do míssil até seu alvo e agora isso não é mais necessário com o sistema realizando o trabalho de forma autônoma uma vez que o alvo seja identificado e travado. Este trabalho para o artilheiro era algo relativamente difícil de se fazer com sistemas de mira antigos para distâncias superiores à 4 quilômetros, e isso sem levar em consideração a necessidade de concentração que poderia ser afetada em uma situação de combate devido a toda tensão envolvida. Este ponto demonstra claramente a redução do estresse sobre o artilheiro e denota o aumento de precisão do sistema como um todo.

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A tripulação conta com visores e sistemas eletrônicos avançados e integrados que aumenta a consciência situacional e letalidade nos primeiros disparos.

O comandante de um T-90MS Tagil conta com um benefício extra que é a visão térmica de 3ª geração Catherine-XP, poucos veículos no mundo providenciam ao comandante uma qualidade de visão semelhante à do artilheiro e menos ainda são aqueles que fornecem uma opção de visão melhor para o Comandante do que para o Artilheiro.

Este sistema de visão e mira aprimorado para o comandante, em combinação com a integração de informações do sistema de tiro “Kalina”, permite que o próprio comandante engaje alvos e assim a tripulação do veículo opere na formatação “Killer-Killer” ao invés do convencional “Hunter-Killer” de outros carros de combate.

Coroando o Sistema “Kalina” temos um Sistema de Processamento de Imagem, cujo o objetivo é otimizar a qualidade da imagem no sistema de mira através de melhorias de contraste e resolução para visualização nos monitores e display’s. Existem informações de que um sistema semelhante foi instalado no M1A2 SEP e demonstrou melhoria de 70% na capacidade para aquisição de alvos e redução de 45% no tempo necessário para conseguir efetuar um disparo contra alvos distantes ou em condições de baixa visibilidade.

O veículo conta ainda com sistema para operação em teatros contaminados QBRN (Químico, Biológico, Radiológico e Nuclear) graças ao seu sistema coletivo auxiliado pelo sistema PKUZ-1A. Além de um sistema tradicional contra eventuais incêndios internos.

O Tagil conta também com uma unidade de força auxiliar para prover energia a todos os sistemas do veículo mesmo quando o motor está desligado e pode ainda receber um gerador auxiliar movido a diesel com potência de 7kW.

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Sistema “Kalina” é algo realmente revolucionário pois integra todos os sensores do veículo e permite a utilização em data Link entre  veículos, o que aumenta a letalidade de mísseis e armas dos veículos que passam a operar conectados numa rede.

O veículo conta com sistema de ar-condicionado interno que não é uma novidade, porém valendo a nota de que o T-90 (em versão anterior ao MS) em testes na Índia provou sua capacidade de sobrevivência em ambientes de calor extremo, complementando assim a capacidade de sobrevivência em ambientes de frio extremo os teatros de testes e operações do veículo dentro da própria Rússia já conhecidos.

Existem indicativos de que devido ao sistema Kalina e ao sistema de gerenciamento de combate que o T-90MS o mesmo estaria equipado também com uma suíte para identificação IFF (Friend or Foe) visando facilitar a diferenciação veículos e objetos aliados de inimigos e possíveis alvos em teatro de operação.

SISTEMAS DE ARMAS

O canhão de alma lisa 2A46M (ou D-81TM como é chamado na Rússia) de 125mm em si não é uma novidade, se trata de um modelo com mais de 30 anos de história e utilizado em diversos outros carros de combate como o PT-91 polonês, o T-84 ucraniano além de veículos na Coréia do Norte, Sérvia, Croácia e Irã. Dentro da própria Rússia os canhões do projeto 2A46 possuem vasto histórico remontando ainda os T-55 em modelos modernizados e com amplo histórico na Família T-72 e T-80.

As novidades na nova versão o 2A46M-5 estão em pequenas modificações para dois fins: facilitar sua substituição e aumentar sua vida útil. O peso do sistema permanece porém na marca de 2.500kg.

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As novidades na nova versão o 2A46M-5 estão em pequenas modificações para dois fins: facilitar sua substituição e aumentar sua vida útil. O peso do sistema permanece porém na marca de 2.500kg.

Para alcançar esses objetivos temos um novo munhão com rolos elásticos para fácil montagem e calço de retorno, além da instalação de dois novos elementos para facilitar a remoção do cano.

O cano ganhou uma nova composição de alta rigidez e cromagem para aumentar sua vida útil que agora alcança 1300 disparos sendo um aumento significativo sobre os 1200 disparos de vida útil de versões anteriores.

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O canhão 2A46M-5 aumentou bastante o leque de poder de fogo para o blindado, podendo disparar uma vasta gama de munições de tipo APFSDS, HE, HEF além dos mísseis 9M119 Svir, na imagem o sistema de alocação do míssil no interior da câmara do canhão.
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Detalhes do míssil 9M119 Svir

O canhão 2A46M-5 aumentou bastante o leque de poder de fogo para o blindado, podendo disparar uma vasta gama de munições de tipo APFSDS, HE, HEF além dos mísseis 9M119 Svir, ou também chamado de 9K119 Refleks (designação da OTAN como AT-11 Sniper), com guiamento à laser esse míssil pode engajar tanto outros blindados e/ou veículos como também helicópteros voando em baixa altura tendo como raio efetivo entre 4km à 5km de distância.

No roll de munições convencionais a arma principal do Tagil é capaz de disparar quase todo tipo de armamento disponível no arsenal russo para 125mm, todas as versões das munições das famílias 3VBM11, 3VBM13, 3VBM17 e 3VBM19 que são as principais munições russas hoje e por consequência as principais utilizadas pela atual frota de T-90 e para o próprio T-90MS.

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Míssil 9M119 Svir
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Detalhes do míssil 9M119 Svir

O T-90MS é capaz de operar com as munições 3BM48 “Svinets” e “Svinets-2”, porém pouco se tem de real informação sobre essas munições, somente que elas possuem a mesma capacidade de penetrar 800mm de armadura que as M829A3 e DM-63. O fato é interessante dado que as “Svinets” são mais “curtas” que seus pares ocidentais, se mantendo no comprimento de 740mm para manuseio e utilização nos carregadores automáticos em serviço na frota de T-72, T-90 e T-80.

É comentado que os russos consideram a tecnologia envolvida com essas munições como sendo muito dispendiosa devido aos novos flechetes e novos tipos de sabot, além disso seriam munições para “momentos negros” devido ao uso de urânio empobrecido e tungstênio, mesmo que diversas das atuais munições do arsenal russo já utilizem esses elementos em menor escala ou proporção. Outro ponto para o pouco conhecimento e até onde se é divulgado a pouca utilização desse tipo de munição seria a não existência de ameaça blindada na esfera de oposição direta à Rússia com veículos de blindagem mais capaz do que as atuais munições mais convencionais em uso.

A grande crítica feita no ocidente sobre canhões de 125mm recai sobre a precisão dessas armas e para compensar esse efeito o novo canhão 2A46M-5 teve em suas modificações refinamentos de calibragem e acerto que juntamente com um novo sensor ótico instalado no cano do canhão providenciam um aumento médio de 15% na precisão com qualquer que seja o tipo de munição, dentre aquelas homologadas para a arma.

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O armamento secundário do T-90MS é composto pela torreta remotamente controlada UDP T05BV-1 RWS, equipada com metralhadora 6P7K de 7,62mm com 800 cartuchos para uso anti-aéreo distribuídos em dois magazines, podendo transportar mais 2000 cartuchos internamente.

Outro ponto interessante para complementar a efetividade e capacidade do canhão do T-90 estão em modificações em sua torre, não no desenho externo, porém sim internamente. Essas modificações nos sistemas de giro garantem uma taxa de rotação de 40 graus por segundo com um novo estabilizador. Essa taxa é substancialmente superior a todos os carros de combate russos e superior também aos veículos disponíveis nas fileiras da OTAN que possuem em média rotação de 30 graus por segundo. Com este valor anunciado o T-90MS apresenta uma das torres mais rápidas do mundo.

O canhão do Tagil é alimentado por um carregador automático, como em suas versões anteriores esse carregador possuí um carrossel com 22 munições alocadas e prontas para uso. O uso de carregadores automáticos já é prática testada e aprovada na Rússia e vista com bons olhos dada a redução da tripulação de 4 para 3 membros (eliminando-se o carregador). Mesmo que este item não figure em veículos Alemães, Estadunidenses, Britânicos ou Italianos ele é objeto de estudo e já se encontra em uso em carros de combate Franceses, Japoneses e Sul-Coreanos.

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A nova arma de cano secundária permite engajamentos com elevações maiores que permitem atacar insurgentes em perímetros próximos ao veículos em regiões apertadas e de ambiente urbano.

O armamento secundário do T-90MS é composto pela torreta remotamente controlada UDP T05BV-1 RWS, equipada com metralhadora 6P7K de 7,62mm com 800 cartuchos para uso anti-aéreo distribuídos em dois magazines, podendo transportar mais 2000 cartuchos internamente. Essa torreta é controlada pelo comandante e atua de forma totalmente independente da arma principal, contando com estabilizadores em dois axis para garantir maior precisão nos disparos.

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Novas munições 3BM46 e 3BM48 desenvolvidas para o T 90 e que estão integradas ao T 90 MS .
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Novas munições 3BM46 e 3BM48 desenvolvidas para o T 90 e que estão integradas ao T 90 MS.
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Detalhe da munição flecha 3BM46 para o T 90 e que estão integradas ao T 90 MS.

A nova torreta foi alvo de crítica por alguns analistas e entusiastas devido a “perda” de poder de fogo comparada com a arma anterior de 12,7mm (calibre .50), porém tem a vantagem de ser um conjunto mais leve com maior estabilidade de tiro e mais munições para uso.

Informações não confirmadas porém indicam que o armamento secundário poderia ser alterado de acordo com a vontade de eventuais clientes para o retorno do canhão de 12,7mm ou até mesmo para um lançador de granadas de 30mm.

MOBILIDADADE

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Motor V-92S2F turboalimentado Diesel de doze cilindros em V.

O veículo conta com o motor V92S2F turbo diesel, com 1130hp de potência, apresentando mais de 10% de aumento de potência sobre as motorizações anteriores. Este novo motor possuí peso de 1.100kg à seco, contando com um novo sistema de bombeamento de combustível, novos injetores, bielas e pinos reforçados e um novo desenho de cárter para melhoria da qualidade de fundição das partes e um tratamento térmico da superfície do virabrequim.

Foi inserido também um novo sistema de transmissão e câmbio automáticos, com 7 velocidades à frente mais a marcha ré, a opção de modo manual para troca de marchas foi mantida. Devido as mudanças no sistema de câmbio e transmissão, além do motor mais potente, o Tagil possuí melhor performance de aceleração porém mantém sua velocidade máxima em 60km/h (em estrada e de acordo com seu fabricante). Algumas fontes indicam que o veículo é capaz de superar 65km/h em estrada chegando até a 72km/h mas não há confirmação do fabricante sobre esse dado.

Todas essas modificações objetivaram aumentar a eficiência do motor tanto em seu consumo de combustível assim como facilitando sua manutenção e complementando isso a vida útil do motor foi estendida para mais de 1200 horas de utilização, sendo substancialmente superior aos motores das versões anteriores do T-90.

A crítica existente sobre as versões anteriores do T-90 sobre sua baixa velocidade de marcha ré infelizmente não foi corrigida. O veículo permanece possuindo velocidade de somente 5km/h em marcha ré sustentada, um ponto considerado ruim para algumas realidades de operação onde o carro de combate possa ser obrigado a recuar o mais rapidamente possível.

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Na imagem as principais modificações introduzidas no T 90 MS

O aumento de peso do veículo de 1 tonelada e meia (em sua grande parte devido a nova blindagem reativa) não afetou em nada sua mobilidade devido ao aumento de potência do motor em proporção maior do que o aumento de peso. Mesmo quando se trata da pressão sobre o solo a ampliação foi irrelevante não modificando as realidades de utilização do veículo, pois o aumento foi de simplesmente de 0,04kgf/cm2 (de 0,94kgf/cm² para 0,98kg/cm²).

O Tagil utiliza-se de um sistema de suspensão de barra de torção convencional, demonstrando aqui claramente a influencia ainda das velhas lições, o sistema é tido pelos russos como além de mais simples muito mais confiável do que o caro e complexo sistema hidropneumático e produzindo resultados que não valeriam o preço da troca.

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O Tagil utiliza-se de um sistema de suspensão de barra de torção convencional.

A confiança que os russos possuem sobre esse sistema de suspensão e sua rigidez e robustez são comprovadas nas mais diversas exibições onde o T-90 em suas diversas versões é visto saltando de alguns metros de altura e até mesmo disparando no ar para a posterior “aterrissagem” que rendem ao T-90 o apelido de “Flying Tank” ou “Tanque Voador” em português, esta característica é mantida no Tagil.

O carro de combate possuí capacidade de atravessar prontamente, sem modificações, cursos d’água de até 1,8m de profundidade, com equipamento extra o veículo é capaz de atravessar curso d’água de até 5m de profundidade. O Tagil pode ainda superar obstáculos com mais de 1,1 metro de altura e vencer subidas com mais de 35º de inclinação.

ESPECIFICAÇÕES

Ficha Técnica

Comprimento / m 10,0
Largura / m 3,5
Altura / m 2,3
Massa / ton 48
Propulsão Motor V-92S2F Turbo Diesel
Potência 1130hp
Relação potência hp/ton 23,54
Transmissão Câmbio Automática Uralvagonzavod
Suspensão Barra de Torção 
Performance   
Velocidade Máxima km/h 60 a 72 em estrada 
Autonomia / km 550km
Inclinação máxima 60º frontal – 40º lateral
Sistemas de armas Sistemas de tiro Computadores de tiro digital Kalina, estabilizadores, telêmetro laser, visores térmicos.Armamento primário canhão 125 milímetros de alma lisa 2A46M-5 capaz de disparar mísseis anti-carro 9M119 SvirArmamento secundário Metralhadora 7,62 milímetros remotamente controlada 6PK7
Armadura  Armadura Armadura principal de compósito metálico em aço (material confidencial) e kit ERA ReliktProteção Painéis de anti-fragmentação internos em tecido aramida, proteção QBN coletiva PKUZ-1A, Shtora-1 e sistema de proteção eletromagnética.

 

CONCLUSÃO

Em uma mistura clara entre “o velho” e “o novo” o T-90 MS Tagil emerge como a mais moderna versão de Carro de Combate disponível na indústria Russa hoje, demonstrando que mesmo nos mais avançados teatros de operação ainda podem existir espaços para soluções advindas até mesmo da década de 60 atuando em conjunto com as soluções da última década.

Com melhorias em conceitos de modularidade e manutenção, na blindagem, motorização, armamento mas acima de tudo em novos sistemas embarcados para maximizar as capacidades de combate do veículo o Tagil entra como um produto que tem longa vida pela frente, em um mercado onde diversos exércitos devem necessitar de substituição para frotas de antigos T-55, T-64, T-72 entre outros veículos soviéticos e mesmo nações com histórico de veículos ocidentais. O T-90MS apresenta-se como uma solução agregando soluções modernas com simplicidade e baixo custo e boa durabilidade.

Não existe informação certa sobre a possibilidade de se atualizar os atuais T-90A, K, S, SK ou mesmo S “Bhishma” para o padrão do MS. Hoje a Uralvagonzavod trabalha com o T-90MS em seu portfólio como sendo um novo veículo e não uma mera atualização do T-90S, isso pode se resolver em um problema para o futuro dessa variante dentre os atuais utilizadores do carro de combate.

O Tagil ainda não recebeu oficialmente nenhum pedido, nem da Rússia e nem mesmo da Índia, onde existem rumores sobre o interesse (em especial após a abertura de fábrica para a produção do T-90S “Bhishma”), e alguns analistas ocidentais consideram que o veículo representa na verdade uma série de testes de conceitos para a nova família de carros de combate russa para a próxima década (o T-99 Armata), porém já existe muito interesse e curiosidade sobre o carro de combate.

O T-90MS dá novo fôlego ao herdeiro de uma longa história de carros de combates soviéticos e garante não só sua permanência no mercado mas também a tomada da dianteira sob diversos aspectos de inovação em um veículo ágil e muito mais leve do que seus principais concorrentes.

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24 Comentários

  1. O T-90MS dá novo fôlego ao herdeiro de uma longa história de carros de combates soviéticos e garante não só sua permanência no mercado mas também a tomada da dianteira sob diversos aspectos de inovação em um veículo ágil e muito mais leve do que seus principais concorrentes.===== Um tremendo MBT,impõe respeito, é uma máquina de destruição completa.,parabéns à Ivan..Sds.

  2. Sobre a ejeção da torre do T-72 quando a caixa de munições é atingida: tem um vídeo recente, foi até postado no canal do Defesanet, de quase 1 hora de duração, do Exército Sírio. Pra quem não viu só colocar no YouTube Siria Tank Mission ou qualquer coisa nessas linhas. Os “tankers” sírios colocaram uma câmera GoPro em vários blindados, de BMP a T-72 e filmaram a ação. Tem muitas cenas, e em uma, que inclusive mostra o ponto de vista dos Jihadistas(que também estava filmando) um T-72 cai numa armadilha e recebe um tiro certeiro de RPG, direto na caixa de munição, dá pra ver bem claro do MBT que estava atrás, depois da destruição a torre ejetada do blindado.

    • Bom, o problema e que a explosão catastrófica com a ejeção da torre é muito mais comum nos tanques russos do que nos Abrams ou Merkavas.
      Na grande maioria dos M1s destruídos em combate a tripulação sobreviveu sem graves ferimentos.
      Já no caso do T-72 e assemelhados todos morrem, inclusive a infantaria que da cobertura ao tanque.

  3. “A confiança que os russos possuem sobre esse sistema de suspensão e sua rigidez e robustez” marca russa. Acho interessante esses sensores e telas instaladas dentro do habitáculo — meio que as telas foram presas la dentro; é meio feio mas funcional.

    Ver o Arena funcionando me deixou de boca aberta. Parece ser realmente um belo de um MBT

  4. Acho que foi o melhor artigo da série até agora. Apresentou muitos detalhes e as ilustrações são muito boas.

    Mas que será que seria escolhido como MBT para o Brasil em algum momento? Lembrando que estamos celebrando um “casamento” com a Suécia com relação aos caças. Com MBT seria diferente?

  5. Depois das esplanaçoes sobre o Leopard e Merkava , esse T90 remendao fica parecendo um atorzinho coadjuvante , ele eh otima para a russia ,que pode produzilo em enormes quantidades e se mesmo assim o IMPERIO DOS QUATRO ELEMENTOS estiver empurrando pra dentro, eles podem utilizar nucles, simples assim , para o EB o melhor , para o EB os filhos da escola ALEMA de cavalaria, para o EB o LEOPARD pleno !

  6. Gostaria de fazer um comentário que esqueci na matéria do Merkava: a tonelagem do tanque em relação às estradas é irrelevante… sob o ponto de vista de que ele iria destruir as estradas.

    Me parece que a idéia do tanque é que, mesmo com toda a infraestrutura destruída, e isso inclui as estradas, ainda assim, como “tanque” ele vai conseguir trafegar.

    No combate urbano seriam usados veículos mais leves, sem dúvida, como os Infantry Vehicles, ou os modelos sobre rodas… o tanque seria transportado para o teatro de combate em outros veículos como trem, navios, caminhões e até helicópteros (se possível)… mas sua principal característica não é destruir as estradas com suas lagartas… é trafegar em estradas onde nenhum outro veículo conseguiria, devido às lagartas.

    Sob esse ponte de vista, a tonelagem do bicho é irrelevante.

    Quanto ao T-90… sou fã do bicho. Acho que seria uma ótima opção para o Brasil, devido ao número maior que poderíamos adquirir em relação ao Merkava, por exemplo.

    Mas ainda fica o fato de que, um veículo maior permitiria maiores e melhores sistemas de proteção… mas é para isso que serve a infantaria e o apoio aéreo aproximado… pra dar a cobertura! Caso contrário, a “tartaruga” vira sopa, e o “casco” vai pro ferro-velho!.

    • Mauro Lima,

      O que realmente importa nesse caso é o peso distribuído pelas lagartas, de modo que o peso que ele exerça sobre o solo o permita trafegar sem atolar… A rigor, creio que um caminhão com uma betoneira exerça mais pressão no solo que um tanque como o Leopard 1…

      Mas isso não significa que o carro de combate vai transpassar qualquer terreno a frente… Longe disso… Pode, evidentemente, ocorrer uma quebra em terreno muito acidentado. A suspensão também tem que ser adequada, ou ele periga entrar em uma vala e ali mesmo ficar ( exemplos como o do Tiger Elephant são emblemáticos )…

      Quanto a proteção, o correto seria que o carro de combate possa se virar sem proteção dos infantes… Contudo, deve se entender a área de atuação. Numa peleja em campo aberto, o infante é quem se lasca primeiro; daí a necessidade do tanque proteger-se, e não ser protegido… Mas em áreas urbanas, é inevitável que o adversário utilize o terreno para emboscadas. Nesse caso, há realmente a necessidade de uma força especializada para dar proteção ao veículo ( que, no meu entender, não deveria ser um carro de combate nesse caso, e sim um VBTP armado com uma peça de calibre não superior a trinta milímetros e mísseis anti tanque ). No mais, uma infantaria dotada de RPGs, canhões sem recuo portáteis, ou mísseis anti tanque portáteis, faz o resto…

      • Creio que nesse caso o mais apropriado seria uma VBCI e não uma VBTR. O problema é que não temos nenhuma VBCI decente atualmente.

      • Concordo totalmente. Só quis contestar, amigavelmente, a crítica da tonelagem do veículo em relação às estradas em si. O tanque é feito para trafegar onde nenhum outro veículo conseguiria, inclusive estradas destruídas.

        E se precisarmos levar tanques por estradas novinhas até um teatro de combate, então é porque é realmente necessário… não há outra escolha… depois de vencer a batalha o governo vai precisar criar empregos, e construir novas estradas é uma forma de fazer isso.

        Certamente há limites, mesmo para tanques, e de qualquer tamanho. Tanto um tanque pequeno quanto um grande poderiam ficar presos no mesmo atoleiro, mas por motivos diferentes.

        Enquanto um menor não conseguiria puxar material suficiente para trás de si, ou exercer pressão suficiente sobre o solo lamacento para ter a tração necessária, um tanque muito grande simplesmente poderia não conseguir sair do mesmo atoleiro porque o seu peso iria fazendo o barranco adiante do veículo sucumbir, ou seja, ele iria aumentando o buraco, em lugar de sair dele.

        Não existe ferramenta perfeita para tudo. É necessário um conjunto delas para se fazer qualquer trabalho, seja na eletrônica, mecânica ou na guerra.

        Eu vejo como ideal um mix de disponibilidade com tanques grandes como o Merkava ou Leopard, pequeno como o Russo T-90, e drones como o Scorpion, e o Ripsaw (faz um estrago com o The Rock em GI Joe 2). Desta forma as plataformas garantiriam melhor a sobrevivência umas das outras.

        Afinal de contras, hoje tudo é “assimétrico” mesmo! 🙂

        Obviamente, com a contenção de despesas generalizada, é mais provável que tentem uma solução única para todos os teatros, e nós sabemos, pelos registros históricos, que tende a ter um custo maior maior em vidas, não tanto dos que assinam declarações de guerra ou acordos de paz… mas dos que estão na linha de frente, defendendo seu país.

        Um forte Abraço!

  7. Este é o perfil de MBT que me parece mais adequado as necessidades do Brasil.

    Não o T-90 especificamente, mas as características técnicas associadas a volume de massa que não compromete mobilidade e deslocamento, ou que exija meios de transporte extremamente robustos para que se faça seu deslocamento rápido a grandes distâncias.

    Apesar de velho sob o ponto de vista da idade do projeto (não dá para esconder o T-62 dentro dele 😀 ), o T-90 ainda é um formidável adversário frente aos mais modernos MBT’s por simplesmente ter sido adaptado com as mais modernas técnologias de sobrevivência no campo de batalha, sem perder mobilidade. E é bom lembrar que esse projeto, da mesma forma como os demais MBT europeus, previu desde o princípio o uso de ATGM lançado pelo canhão, coisa que M1 e Merkava não adotaram a princípio e que lhes deu relativa desvantagem a princípio.

    E é disso que precisamos. Um projeto que alie uma boa plataforma, e um canhão poderoso, as atuais e futuras opções tecnologicas que garantam alta probabilidade de sobrevivência. O sucesso do Osório se deu principalmente por isso. Era uma excelente plataforma nacional que pode incorporar e integrar várias técnologias de ponta da época da forma mais efetiva.

    O que pode ser considerado um problema nesse caso é a necessidade constante de acompanhamento de VBTP, VCI ou cobertura aérea através de helicópteros com ATGM e armas anti-pessoal. Mas até isso já é padrão nos melhores exércitos então não há nenhuma novidade desde que se crie doutrina apropriada a situação/condição de uso. A saber se o Guarani será suficiente para a função junto com o novo “jipinho”.

    Abs

    • Tem um texto muito bom a respeito disso lá no site da trilogia do Campo de Batalha, no caso no Campo de Batalha Terrestre. O cara que postou o texto por lá é da área e o texto é bem completo, recomendo que leia caso ainda não o tenha feito. Mas já respondendo sua pergunta: Não.

      E isso se dá por 2 motivos: blindagem e mobilidade. Num campo urbano, veículos sobre rodas, no geral, possuem mobilidade boa o bastante, e ainda tem a vantagem da velocidade maior, porém o Guarani peca pela blindagem leve. Quando se anda com um CC as coisas tendem a ficar realmente quentes, só olhar os problemas que o Exército Sírio tem enfrentado justamente devido a pouca blindagem do T-72 e do BMP. Sem uma blindagem realmente pesada, acabariam por se tornar um alvo fácil, e uma verdadeira armadilha mortal para qualquer um dentro delas. Por ser um veiculo nascido para ser VBTR(e não VBCI) ele não foi feito pra aguentar um impacto de uma arma anticarro e permanecer operacional. E mesmo que venha a receber armas anticarro junto ao canhão de 30mm(que é poder de fogo mais do que suficiente) ele peca na incapacidade de aguentar os impactos que pode vir a levar. E mesmo com placas de blindagem extra, muito provavelmente não seria suficiente, além de que a blindagem reativa tem a desvantagem de só poder ser usada um número limitado de vezes.

      E a máxima mobilidade estratégica só pode ser alcançada com o uso de lagartas. Lembrando que a VBCI segue os CC aonde eles forem, e para isso é imprescindível que sejam capaz de andar pelos mesmos terrenos que estes andam, sem isso se tornariam inúteis.

      Portanto, creio que o Exército vai precisar procurar adquirir uma verdadeira VBCI, que tenha nascido para isso, como o Terminator ou o Bradley, mesmo porque chamar o fóssil do M113 de VCI é sacanagem.

      • Acompanho o Campo de Batalha a alguns anos, mas obrigado pela indicação.

        Sobre o tema

        Concordo com seus argumentos, mas ainda defendo a tese do MBT com peso em torno de 40ton. E, como escrevi anteriormente, este modelo necessita de suporte de outros meios. O problema é que, no caso de carros de combate, voltamos então a velha discussão sobre o que é mais útil: VBTP ou VCI?

        O exemplo sírio que você expôs é muito bom para falar sobre isso. A Síria ainda usa a mesma estratégia que utilizou no Líbano durante a década de 1980. E pior, basicamente usa hoje os mesmos equipamentos. A trinta anos atrás o uso do MBT no Líbano até se justificava porque, eventualmente, poderiam dar de frente com um equivalente israelense. Mas o que ocorre agora é completamente diferente, Houve tentativa de mudar o quadro com relação aos T-72 adicionando blindagem reativa, mas estes veículos estão sendo usados como escolta da infantaria para o campo de batalha e não o contrário. Nessa situação vai tomar bomba na cabeça mesmo. A solução foi ficar dando tiro a esmo e destruindo as edificações preventivamente, como se ve nesses inúmeros vídeos que existem por aí. Prova disso é que o exército sírio só conseguiu de fato superioridade sobre os rebeldes quando entrou em cena a infantaria “pescoço duro” do Hezbolah, muito mais efetiva do que os rebeldes jihadistas.

        Por outro lado, um MBT com muito mais de 50ton, como M1 e Merkava não pode ser usado em qualquer área urbana. Para se beneficiarem de toda sua mobilidade (especialmente o M1), eles precisam de espaço e “chão” que os suporte. No caso da tomada do Iraque em 2003 o M1, por exemplo, andou que foi uma beleza enquanto esteve no deserto. Quando entraram nas cidades o problema maior nem foram os ATGM, mas o peso do blindado que destruia pontes e estradas, impedindo a progressão do resto da tropa. Este foi um caso em que os VCI foram muito mais úteis, que é provado com o desempenho do Bradley que destruiu muito mais MBT iraquianos do que os M1 e Chalenger ingleses. Então o que adianta possuir um veículo pesadamente protegido se o ambiente onde ele é utilizado impede que esta adicione alguma coisa a estratégia/tática utilizada?

        Isso sem falar nas mais recentes ATGM, que estão quase tornando os MBT dispensáveis sob meu ponto de vista. Estão aí os exemplo da Síria versus jihadistas, e Hezbolah versus Israel que mostram que este tipo de veículo deve ser seriamente analisado sob o ponto de vista de sua real eficiência no campo de batalha moderno, mesmo com a adoção de sistemas reativos baseados em laser que servem muito bem quando um tiro de ATGM é dado a kilômetros de distância, mas a queima roupa como nos casos que citei acima a eficiência do sistema é bem relativa. Pra resolver isso só infantaria ou helicópteros.

        Sobre o M-113, falar o que? Não serviu no Vietnâ, como poderia servir agora? O pior é que os EUA insistiram no mesmo tippo de erro com o HMMVV 20 anos depois. Lembro que o Bradley, ao menos nas primeiras versões, sofria críticas severas por conta do intenso uso de alumínio (moda da década de 1970 e 1980 por conta da falta de dinheiro), mas aparentemente resolveram esta questão com materiais compostos nas versões mais recentes. Só que é um carro enorme e que carrega pouca gente!!! Se for colocado frente a adversário equivalente vai ter problemas.

        Abs

      • Pois é, eu também acho que um MBT, principalmente no nosso caso, deva ter estourando umas 50 toneladas. A minha comparação de blindagem mais pesada foi mais entre o T-72 e o T-90 por exemplo. A diferença de peso entre os dois é de apenas 7 toneladas, mas ainda assim o T-90 é absurdamente mais resistente que o T-72. Claro, recebeu novas tecnologias, novos materiais, e o resultado foi um aumento na capacidade de sobrevivência do blindado.

        Porém uma coisa importante que muita gente esquece com relação ao peso e foi algo que você tocou, é a capacidade das pontes. Muito se fala no asfalto, mas no geral, esse não vai ser um grande problema mesmo que esteja todo arrebentado por JDAMs. As pontes foram um verdadeiro pesadelo pros tankistas americanos no Iraque justamente por que elas não aguentavam o peso dos M1. O resultado eram que se perdiam horas e horas a fio para cruzar mesmo o mais insignificantes dos riachos, tudo porque o M1 excedia em poucas toneladas o peso máximo da ponte. Já o Bradley, que é 20 toneladas mais leve, passava com tranquilidade, chegava ao campo primeiro, e engajava os blindados Iraquianos a distância com seus misseis TOW e afins. Mas é importante ressaltar: isso deu certo porque os blindados iraquianos não tinham uma blindagem boa e eram destruídos até mesmo pela 25mm do Bradley. Contra um MBT moderno, a situação poderia ser um pouco diferente, forçando o veiculo a só engajar de longe, usando ATGMs, o que bem provavelmente inverteria o placar de “kills”.

        Agora partindo para um exemplo mais brasileiro: lembremos das recentes retomadas dos morros cariocas com apoio do CFN. Por várias vezes o caveirão ou mesmo os Piranha(e o Guarani passaria pelo mesmo tivesse sido utilizado) ficavam travados frente aos obstáculos cravados no solo pelo narcotráfico. Coisas simples como concretar barris de ferro ao solo, trilhos de trem, ou carcaças destruídas de carros. Coisas simples como essas, e que se encontram em qualquer zona de guerra com maior ou menor facilidade travava o avanço das tropas com VBTR. Mas os CLAnf, que usam lagartas, passavam rindo, como se nada fossem. O CLAnf propriamente dito não é bem um VCI, mas a questão no caso é a mobilidade. Num confronto assimétrico(que é na atualidade o tipo de confronto mais provável que uma Força Militar venha a enfrentar) é bem lógico supor que entraves como esses serão estabelecidos, e caso as tropas estivessem num Guarani ou num Tupi por exemplo, teriam que desembarcar e, ou proceder a pé(o que pode ser uma sentença de morte), ou utilizar de explosivos para abrir caminho(o que nem sempre é razoável e expõe os soldados por um longo período da mesma forma). Por isso que na minha opinião, é necessário uma VCI verdadeira, com blindagem e mobilidade suficiente para acompanhar um CC aonde ele vá. Vale lembrar que os VCI mais modernos carregam uma quantidade semelhante de pessoas a um VBTR padrão.

        Quanto ao M113, ele era tão bom, mas tão bom, que os americanos lançavam ele de paraquedas no campo de batalha. Isso mostra o quão dispensável ele era. Aliás, nem sei porque mantêm aquilo na ativa, a blindagem dele não deve aguentar nem tiro de FAL, imagina então um RPG.

        Agora, quanto a Síria, imagina só se ao invés de ultrapassados T-72 e BMP-2, eles tivessem o T-90MS e o BMPT(Terminator). Certamente a coisa mudaria de figura.

        abraço,

      • Apenas como complemento, na Hungria em 1956, a população achou uma maneira muito “original” de lidar com os tanques russos: óleo na pista. Ver estes monstrinhos deslizando pelas ruas é uma das coisas mais surreais que se pode ver.

        Sobre o CLAnf eu tenho uma pulga atrás da orelha desde que vi fotos de alguns abatidos no Iraque em 2003. Foram rasgados feito papel.

        Abs

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