LAAD 2015: Rússia apresenta proposta para Alcântara

Uma maquete completa de um site de lançamento de satélites foi apresentada no estande da Russian Space Systems na LAAD 2015. Foto – DefesaNet

Pedro Paulo Rezende
Especial para DefesaNet

A Rússia está pronta para substituir a Ucrânia caso as autoridades de Kiev não mostrem interesse de dar continuidade às atividades da Alcântara Cyclone Space (ACS). Uma proposta preliminar foi entregue ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Significativamente, uma maquete completa de um site de lançamento de satélites foi apresentada no estande da Russian Space Systems na LAAD 2015, feira que foi realizada no Riocentro, Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por fontes do Itamaraty e da Federação Russa.

O governo brasileiro pretende transformar o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), em uma nova Kourou (Centro de Lançamentos na Guiana Francesa). Para isso, já investiu R$ 1 bilhão no CLA para cumprir os termos do acordo espacial assinado em 2002. Parte desse dinheiro foi empregada como contrapartida no desenvolvimento do Cyclone 4. O local é considerado privilegiado por estar próximo à linha do Equador, o que garante boas condições climáticas e um menor custo para impulsionar o foguete até a órbita.

A maquete mostra vários diferenciais em relação ao acordo que formou a ACS. O Centro de Lançamento de Alcântara incluiria uma fábrica de propelente líquido e uma área de montagem do foguete, ao contrário do previsto no acordo entre Brasil e Ucrânia. Segundo os termos em vigor, o lançador seria trazido da Ucrânia já abastecido para ser desembarcado no Porto de Alcântara, o qual, além de atender às necessidades do sítio de lançamento da ACS, estará ato a receber cargueiros de até 100 mil toneladas.

Uma maquete completa de um site de lançamento de satélites foi apresentada no estande da Russian Space Systems na LAAD 2015. Foto – DefesaNet

PROBLEMAS

A ACS sofre duramente com a desordem econômica e a guerra civil nas províncias do leste ucraniano. Segundo o cronograma original, o primeiro lançamento deveria ter ocorrido em dezembro de 2010, mas foi adiado para dezembro de 2012 e final de 2015. Agora, não há uma data prevista. A fábrica, hoje, está inativa e os galpões foram esvaziados.

Vários problemas colaboraram para o atraso. Comunidades quilombolas (formadas por descendentes de escravos) vivem na região e criaram obstáculos para o projeto, que também teve de enfrentar as autoridades ambientais federais e estaduais. As obras, finalmente, tiveram início em setembro de 2010. A área de 500 hectares inclui as estruturas do Complexo Técnico, do Complexo de Lançamento e da área de armazenamento de propelente.

O acordo entre Brasil e Ucrânia nunca foi uma unanimidade. Sofre forte oposição de setores da Força Aérea Brasileira e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que gostariam de aplicar mais recursos no Veículo Lançador de Satélites (VLS), de concepção nacional. O Brasil já aplicou mais de US$ 2 bilhões no programa, sem nenhum resultado positivo. Depois de um grande acidente, em 25 de agosto de 2003, que dizimou a equipe que trabalhava no projeto, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) recebeu apoio de técnicos russos.

Com base nessa cooperação, as falhas do foguete foram sanadas. Um novo terceiro estágio foi desenhado, usando combustível líquido em lugar de sólido, ampliando a capacidade de carga do lançador. Esse projeto, no entanto, foi substituído por outro, de tecnologia alemã.

Outro problema é o fato de que, a ACS depende, para ter sucesso no mercado de satélites, de um acordo de salvaguardas tecnológicas com os Estados Unidos, dono de 50% do volume de lançamentos. O Brasil não possui esse acordo. Chegou a ser firmado durante a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, mas os atuais membros do governo, na época na oposição, conseguiram derrubá-lo.

Fonte: DefesaNet

Rússia fará proposta para criar estação espacial conjunta dos BRICS

A Rússia está pronta para propor aos Estados membros do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) a criação de uma estação orbital comum, segundo informou o chefe do Conselho Técnico-Científico da Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos), Yuri Koptev, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (22).

Segundo ele, o desenvolvimento de uma estação orbital conjunta pode ser iniciado se o programa da Estação Espacial Internacional (EEI) for suspenso devido a divergências políticas entre os atuais parceiros do laboratório orbital.

“Se tivermos uma situação de força maior devido a alguma diligência política, temos uma possibilidade, depois de 2019, de preservar a espinha dorsal da estação, [possibilidade] que poderemos desenvolver em conjunto com os BRICS ou com alguns outros países”, explicou Koptev.

A expansão da cooperação espacial entre Brasil e Rússia, especificamente, foi tema de uma entrevista exclusiva da Sputnik com o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira, Petrônio Noronha de Souza. Ele destacou a parceria que vem ocorrendo com os russos no desenvolvimento das estações do Glonass (Sistema de Navegação Global por Satélite) no Brasil — que, aliás, acaba de ganhar sua segunda antena, a ser instalada no campus da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio de Grande do Sul – e comentou sobre um possível interesse do Governo brasileiro em um projeto russo, chamado Lançamentos Marítimos, para a construção de uma espécie de cosmódromo marítimo – um ponto de lançamento flutuante em uma plataforma em alto-mar, aproveitando a extensa costa brasileira, com latitudes bem próximas à linha do Equador, o que proporcionaria maior carga útil dos satélites.

Fonte: Sputnik News Brasil

16 Comentários

  1. Desde que os brasileiros possam ser parceiros mas integralmente donos de seu empreendimento e território. Desde que possamos entrar sem pedir licença, sem segredos. Afinal esse é um empreendimento que dever servir para ajudar a colocar o Brasil num novo patamar de desenvolvimento e independência tecnológica.

    • Devemos lembrar de três coizitas aqui. 😉
      .
      .
      .
      Primeiro _ A Rússia não é pau mandado;
      .
      Segundo _ A Rússia não necessita de Vassalos;
      .
      Terceiro _ São os americanos que precisam da Rússia para ir ao espaço. ( ponto ) 🙂 🙂 🙂

    • “””Ñ quero p os Russos uma área só deles”””

      Muito bom giancarlos argus ,

      Não é pra abrir as pernas do nosso território pra ninguém, nem pros EUA nem pra Rússia.

      “””“Queremos deixar claro para todos que não negociamos nossa soberania nacional,…””””
      Alexis Tsipras-Primeiro Ministro Grego

      • Estou de pleno acordo, propostas como a dos EUA que restringia a soberania nacional na área que seria “alugada”
        devem ser rechaçadas, vindas de quem quer que seja.

        Há o exemplo de Guantanamo, devido um contrato mal feito, os EUA não devolverá a área, usará provavelmente até que o Sol se extingue.

        Há acusasões de estupros cometidos por soldados americanos contra mulheres locais nas bases situadas fora de seu território, lembrando que os mesmos não respondem às leis desses paises.

  2. Sem dúvida um projeto que iria turbinar nosso desenvolvimento tecnológico, e nos ajudar a ganhar uns bons trocados com lançamentos de satélites.

    Imagino que Tio Sam não deva ter gostado nadinha dessa proposta!

    Só de pensar que podemos deixar passar essa também, é pra chorar!

    Quanto aos “kilombolas”… já estou de saco cheio dessas “minorias”. A prioridade é o país. Construam-se comunidades dignas para esse pessoal, numa área boa e bem planejada, e transfiram “por ordem”. Na melhor das hipóteses, como compensação, justa e bem pensada, por mim, é claro… cursos de capacitação técnica para atuar na indústria aeroespacial!!!!

    Mandei bem ou não mandei!

    Se ainda assim não rolar, melhor verificar se são partidários do PT, ou recebem algum tipo de benefício governamental! Esse mimimi já encheu!

  3. Rússia apresenta proposta para Alcântara, sera que apresentou mesmo ? essa matéria não da maiores detalhes,fala do fatídico Ciclone e dessa maquete russa apresentada no LAAD.vamos aguardar maiores detalhes !

  4. Queria que tivéssemos governantes com visão estratégica e que soubessem aproveitar essa oportunidade… quando o Brasil foi negociar com Ucrania sobre lançamento de foguetes já estava claro que era um passo em falso, porque negociar com um mero coadjuvante se o ator principal está bem ali do lado nos estendendo a mão, sem contar que para o programa espacial russo as vantagens também seriam grandes pois lançar seus artefatos aqui em alcântara sairia bem mais barato do que lançar do Cazaquistão e isso com certeza traria dividendos além de experiencia aos cientistas, engenheiros e técnicos aeroespaciais brasileiros… O único ponto a ser discutido e que teria que ser deixado bem claro é quanto a soberania nacional na área, assim como colocou o Júlio… Livre acesso, direito a participação e acompanhamento, segurança feita pelo exército brasileiro, etc…
    Com essa parceria seguramente dentro de poucos anos estaríamos detendo a tecnologia de lançamento de satélites assim como de quebra a tecnologia de mísseis balísticos táticos e de médio alcance.

  5. ,.. Sputnik. === Rússia pode ajudar o Brasil a desenvolver foguete lançador de satélites
    © Sputnik/ Archive of the Space Research Institute
    Ciência e tecnologia
    09:31 24.04.2015URL curta
    13780
    O vice-primeiro-ministro russo, Dmitry Rogozin, afirmou nesta sexta-feira (24) que a Rússia está pronta para trabalhar com o Brasil no setor espacial para desenvolver novos centros e foguetes Cyclone.

    Base de Alcântara.
    © Estadão Conteúdo / Lisandra Paraguassu
    AEB: Parceria Brasil-Rússia na área espacial é bem-vinda
    “O Brasil está tentando desenvolver seu próprio centro espacial. Infelizmente, por causa das perdas tecnológicas da Ucrânia, o projeto brasileiro-ucraniano sobre o uso do foguete Cyclone está praticamente encerrado, mas a Rússia sugeriu suas próprias formas de trabalho… Temos ideias para ajudar o Brasil no desenvolvimento de seus centros espaciais”, disse Rogozin.

    A parceria entre o Brasil e a Ucrânia para desenvolvimento do foguete-lançador de satélites Cyclone-4 está paralisada. O contrato foi celebrado há 12 anos e os dois países gastaram R$ 1 bilhão na iniciativa.

    Rio de Janeiro e São Paulo vistas da EEI
    © AFP 2015/ NASA/ HANDOUT
    Roscosmos nega participação russa no rompimento do acordo espacial entre Brasil e Ucrânia
    Durante a LAAD – Defence & Security 2015 – Feira Internacional de Defesa e Segurança da América Latina, realizada entre 14 e 17 de abril no Rio de Janeiro, o diretor de Política Espacial e Investimentos Estratégicos da Agência Espacial Brasileira (AEB), Petrônio Noronha de Souza, disse com exclusividade à Sputnik que houve várias tentativas do governo russo, através da Agência Espacial Russa (Roscosmos), de auxiliar o Brasil na reconstrução da Base de Alcântara, no Maranhão, destruída depois da explosão de um foguete em 2003.

    Petrônio Noronha de Souza destacou ainda que a AEB mantém outras parcerias com a Rússia, como o desenvolvimento das estações do sistema russo de navegação por satélite Glonass e o intercâmbio entre acadêmicos e técnicos dos dois países.
    80
    Tags:
    desenvolvimento, acordo, parceria, foguete, Glonass, Cyclone, LAAD – Defence & Security 2015, Roscosmos, Agência Espacial Brasileira, Dmitry Rogozin, Petrônio Noronha de Souza, Maranhão, Alcântara, Rio de Janeiro, Ucrânia, Brasil, Rússia
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  6. Brasil não tem politica seria.
    A associação com a Ucrânia foi uma cagada numa visão politica cu docede se mostrar a parte dos EUA e RRússia.O mesmo faziamos em material militar com a França.
    Os EUA impedem nossos avanços e a França inveja nossa base.
    Só é possível avanço tecnológico aeroespacial e militar associando-se em programas com os EUA ou Rússia.
    A Rússia já nos ofereceu de tudo:sociedade no Glonass,co-produções de caças,misseis,satélites,sistemas de defesas e nossos políticos e sua cúpula militar preferem Rifar o avanço nacional a filha da putice do quem da mais.
    A mafia oculta que governa o Brasil é uma organização criminosa contra o interesse e segurança nacional.
    É necessário cerol geral depurativo antes tarde do que nunca.

    • E cerol geral depurativo não se restringe somente a essa ou aquela ideologia ou tendencia e sim árido o que destoa do interesse e soberania e a tudo e a todos que causam e casaram danos.
      Aos Brasileiros o que é dos Brasileiros e aos ratos,chumbinho.

  7. O projeto com os Ucranianos era para ter sido abandonado após interferência dos EUA impedindo qualquer transferência de tecnologia.

    Os russos ajudaram o VLS apenas porque pedimos…ao contrário de outros.
    Bastou pedir.

    Cada mudança de projeto deveria corresponder a um foguete explodindo.
    O que acho estranho é mudar sem explosão, sem protótipo, sem sequer tentar.
    Ser pobre é uma merda.

    O programa não existe. Vamos ver se passa a existir mas….com Dilma acho muito improvável. ..a não ser que tenha russos hehehe.

    • Correto meu caro pois os Ucranianos já estão em Cabo Canaveral a anos e os Americanos lhes chantagiam para não nos repassarem o Cyclone.
      No Brasil a politica,a estrategia militar e a segurança e informação de estado alem de deficientes não é levado a serio.

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  1. Análise Técnica do Relatório da Investigação do Acidente Ocorrido com o VLS-1 V03, em 22 de agosto de 2003, em Alcântara, Maranhão.panção dos gapa | dallapiazza

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