França investe 1 bilhão de euros para modernizar Rafale

O ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, anunciou nesta sexta-feira (10) a assinatura de um contrato com a empresa Dassault Aviation no valor de 1 bilhão de euros (R$ 3,23 bilhões). A aeronave militar francesa ainda não conseguiu ter sucesso no mercado externo.

Depois do fracasso da assinatura de um contrato com o Brasil, que preferiu o sueco Gripen, o governo francês anunciou uma ajuda substancial para modernizar os caças Rafale que, até hoje, não foram vendidos para nenhum governo estrangeiro.

“Esse é um sinal claro da nossa vontade de investir no Rafale e em um setor estratégico como o da aeronáutica de combate. “[O objetivo] é manter o Rafale no melhor nível mundial”, disse Le Drian. O ministro da Defesa declarou ainda que o investimento na modernização da aeronave vai atender à demanda do mercado externo.

A atualização da aeronave militar vai equipá-la com o futuro míssil ar-ar europeu Meteor, considerado o mais avançado do mundo na categoria. O míssel  também integra os caças europeus Eurofighter e os caças suecos da Gripen. Com as inovações, a fabricante Dassault espera que o Rafale seja mais competitivo internacionalmente.

O investimento do governo francês também deve servir para reduzir o impacto da queda do ritmo de encomendas da Dassault. A empresa fornecia 11 caças Rafale por ano para as Forças Armadas francesas. Mas, com o novo orçamento, serão apenas 26 caças para os próximos seis anos.

A entrega dos primeiros Rafale de nova geração, conhecidos como “F3-R”, está prevista para 2018. A primeira versão do caça foi lançada em 2004.

 

Fonte: rfi

35 Comentários

  1. Os franceses fazem bem em investir no seu principal vetor, mas não é por defasagem tecnológica que ele não tem sido vendido, e sim por alto valor de custo e manutenção. Vivemos em uma época de vacas magras, e custo x benefício tem sido prioridade nas compras de qualquer nação do mundo, ninguém vai comprar um Rafale, podendo optar por um Su-30 (ou 35) e F-18 SH, que juntos tem uma tecnologia inquestionavelmente superior ao Rafale, e um custo bem inferior de aquisição e utilização. Quando os franceses aprenderem a barganhar, vão vender o Rafale.

      • Wolf, aqui em Minas um produto não esta bem em vendas se vc investe mais dinheiro neste produto, vc vai estar salgando carne podre. Agora vc vai comparar o Rafale a um caça de 5G, tem dó.

    • Pura perda de tempo, o orgulho frances chega ser patetico, tirando os indianos que queimam mal o dinheiro do contribuinte , os franceses nao venderao este caça pra mais ninguem, a chance seria se a AS compra-se a dassalt ,assim venderiam este caça para os brimus , no mais, eles se deram mal emterem saido do projeto europeu, o fricote diante de alemaes e ingleses os fizeram disistir de um projeto grandioso e lucrativo , sem mencionar que a influencia da dassalt no eurofighter poderia ter deixado ele com linhas mais suaves e elegantes !

      • O grande erro é confundir material bélico, aviões de combate, submarinos como uma commoditie, algo para ser exportado. Você acredita que os Estados Unidos pensam em vender grandes quantidades de F-22 e mesmo a russia vender o PAK-FA? Por favor, avião de combate não é um automóvel. O único que foi pensado desta forma foi o Gripen NG, famoso por seu contrato de risco com a Suécia, mas mesmo assim poderá permanecer em linha por lá, pois um dia os C/D sairão de operação.

      • Wolfpack,

        O F-22 não foi liberado pra ninguém… É uma tecnologia que os americanos consideram exclusiva. É uma exceção ( aliás, é a única que conheço )…

        Todos os fabricantes de caças no mercado buscam espaço com seus produtos e querem vende-los na maior quantidade possível… E a razão é simples: quanto mais deles vendidos, maior será o volume de peças produzido e menor será o valor de aquisição e manutenção. O F-16 é prova cabal desse raciocínio.

        No mais, tudo quanto é produto no mundo é pensado para ser vendido. Aliás, a venda do produto é uma das razões de sua existência.

        O PAK FA mesmo, que está sendo pensado para ser a ponta de lança da Russia e da Índia, e é uma parceria entre ambos, pelo que sei, está sendo pensada um versão para exportação.

        O que os suecos tentam fazer com o NG, é, a grosso modo, o mesmo que os russos e indianos buscam fazer com o PAK FA e os americanos e europeus com o F-35 ( reservadas as devidas proporções )…

  2. Muito espertinhos esses franceses! Como perderam o contrato com o Brasil, agora não da mais pra enrolar numa maquina ultrapassada, pois se vendessem esse avião para o Brasil eles iriam modernizar só o deles e diriam que o tratado com o Brasil era o que estava no contrato e não as modernizações! E eles iam rir a toa, por isso ficaram tão nervosinhos com a nossa escolha pelo Gripen NG!

    • Você realmente acredita que a França irá colocar sua defesa e importantes responsabilidade e interesses no exterior (como na África do Lula) a uma venda de 36x Rafales ao Brasil? Você realmente acredita nisso?

      • O que a França fez, é a mesma coisa da garota gordinha que ninguém queria. De tanto não na cara, ela começa a fazer academia e depois de ficar sarada, a mesma faz questão de botar um vestidinho colado e desfilar na cara dos seus desafetos amorosos, como quem diz: Olha só o que vc perdeu!

  3. SE O COLEGA JUSTIN CASE ME PERMITIR VOU CITÁ-LO.

    Se o Justin Case me permitir irei citá-lo aqui:

    Mais um texto, publicado em revista, sobre os futuros desenvolvimentos do Rafale:

    O RAFALE AVANÇA
    O Ministério da Defesa francês está investindo constantemente para melhorar o Rafale e aumentar sua capacidade de combate. O desenvolvimento do padrão F3R foi aprovado recentemente, e novos trabalhos já estão a caminho para entregar uma plataforma totalmente atualizada no período entre 2020 e 2030.

    Desde sua entrada em serviço, o Rafale se beneficiou de um grande número de atualizações: do padrão F1 para o F2 e, então, para o F3, e novos softwares são disponibilizados em média a cada dois anos. Este programa, que evolui continuamente, também permite aos engenheiros manter as questões de obsolescência sob estrito controle. Novas capacidades são introduzidas regularmente e novos sistemas são adotados quando e conforme necessários. Por exemplo, um sistema de prevenção de colisões com o solo (Air-to-Ground Collision Avoidance System – AGCAS) está em funcionamento no Rafale desde 2008. Sua adoção foi requerida pelo Ministério da Defesa francês após um trágico acidente durante o qual o piloto de um Rafale acidentalmente voou de encontro ao terreno, em um caso clássico de Colisão com o Solo em Voo Controlado (Controlled Flight Into Terrain – CFIT). Com o primeiro padrão do AGCAS, o piloto recebe avisos visuais e sonoros quando o impacto contra o solo é iminente, dando-lhe tempo suficiente para pressionar um comando localizado acima do manche (side-stick) para iniciar uma recuperação. Este “sistema de vigilância do solo” normalmente é ativado quando o piloto entra em trajetória de colisão iminente com o solo.

    F3.3 e F3.3’
    O padrão F3 foi certificado em julho de 2008 pela Direção-Geral de Armamento da França – DGA, mas novas versões foram introduzidas desde então, e o último software lançado, o F3.3’, acaba de entrar em funcionamento, após uma avaliação operacional abrangente realizada em Mont-de-Marsan e Istres pelos peritos do CEAM e do CEPA.
    O padrão F3.3 foi testado em Mont-de-Marsan no início de 2012. Ele incorporou a versão mais recente do enlace de dados Link16, com serviços adicionais relacionados ao gerenciamento de rede e à comunicação com outros participantes; e do sistema de comunicação por voz, que foi estendido na faixa VHF-FM, em comunicação aberta ou criptografada. Melhorias no sistema de controle de fogo foram introduzidas para facilitar o uso das bombas guiadas a laser GBU-22 e GBU-24 Paveway III, graças à nova simbologia dedicada apresentada nos displays e no HUD (Head-Up Display). Disparos com seis GBU-24 e quatro GBU-22 foram realizados para verificar o desempenho e para desenvolver novas táticas. Finalmente, inúmeros refinamentos da interface homem-máquina têm sido implementados no Rafale para reduzir ainda mais a carga de trabalho da tripulação.
    Uma pequena evolução do software requerida pela Força Aérea e pela Marinha foi implementada pela Dassault, levando ao surgimento da versão F3.3’. Isso ilustra como é estreita a colaboração entre a Dassault e o Ministério de Defesa da França programa Rafale: tudo é feito para assegurar que o usuário final tenha o melhor equipamento à sua disposição, no menor tempo possível e dentro do orçamento previsto.

    Desenvolvimento do F3R
    Com a versão F3.3’ totalmente operacional, agora a Força Aérea e a Marinha francesas se concentram na próxima evolução importante, o padrão F3R, que foi recentemente anunciado pela DGA, a agência de aquisições de defesa da França. As atividades de desenvolvimento para o novo padrão F3R começaram no início de 2013, e a entrada em serviço está prevista para 2018. Este novo padrão incluirá um grande número de melhorias, o que aumentará a eficiência do caça no teatro de operações e reduzirá a carga de trabalho da tripulação:
    − Melhoria nas comunicações do enlace de dados Link 16, para aumentar a troca de informações táticas, enquanto se mantém a plena interoperabilidade com as outras forças da OTAN.
    − Integração completa do míssil SBU-54 AASM guiado a laser, permitindo que a arma seja lançada com designação a laser em qualquer ponto dentro do seu envelope de lançamento. A Capacidade Operacional Inicial (Initial Operational Capability – IOC) foi garantida no início de 2013 (para o conflito no Mali), e a Capacidade Operacional Completa (Full Operational Capability – FOC) está planejada para ser parte do padrão F3R.
    − Adoção de um sistema completamente automatizado de AGCAS, que levará automaticamente o Rafale ao voo estabilizado se um risco de CFIT for detectado: o sistema é projetado para executar recuperação automática quando há possibilidade de impacto com o terreno; a manobra de “girar as asas e recuperar” (roll and pitch up to upright) leva apenas alguns segundos, sem nenhuma ação do piloto. Este será um passo decisivo em direção ao aumento da segurança de voo.
    − Melhorias no radar RBE2, com a introdução de módulos novos e mais eficientes de contra-contramedidas.
    − Implementação de um Modo 5 e de um Modo S aprimorado no IFF.
    − Introdução de uma nova geração de pods de reabastecimento em voo para cumprir a missão da classe buddy-buddy, principalmente para uso pela Marinha francesa a partir da base aeronaval de Landivisiau e do porta-aviões Charles de Gaulle.
    − Adoção de uma nova geração do pod designador que substituirá o atual Damoclès. Em 13 de fevereiro de 2013, a DGA fechou um contrato de 55 milhões de Euros com a Thales para o desenvolvimento de uma nova geração de pods designadores, que permitirá que alvos sejam atacados a partir de distâncias maiores e que veículos velozes ou navios possam ser rastreados mais facilmente, tanto de dia quanto à noite.
    − Evolução no sistema de GPS para melhorar a interoperabilidade com os parceiros da OTAN.
    − Melhorias no sistema de guerra eletrônica SPECTRA.
    − Integração completa do míssil Meteor ao Rafale. O Meteor, propulsado por motor ramjet, foi concebido para vencer todos os adversários conhecidos e futuros durante uma missão de interceptação. Um total de 200 mísseis Meteor foi encomendado pelo Ministério de Defesa francês e dois ensaios de separação já foram realizados por um Rafale em Cazaux em outubro de 2012. Os disparos não foram guiados, e foram os primeiros de uma série de ensaios de separação destinados a certificar o transporte do míssil Meteor nas estações traseiras da fuselagem do Rafale. A análise inicial indicou uma separação segura e sem características adversas, e o planejamento de uma nova campanha de lançamentos está em execução.

    Avançando ainda mais
    Nos próximos anos, o Rafale será submetido a novos desenvolvimentos de produção, introduzindo novas tecnologias para ser capaz de se contrapor às ameaças emergentes e se adaptar a novas missões. Engenheiros ainda estão discutindo com as unidades operacionais os requisitos exatos para as futuras versões, mas eles claramente querem ter a capacidade de fazer face à tendência de que adversários potenciais venham usar caças e redes de defesa aérea cada vez mais sofisticados. O que se pode ter certeza é que os planejadores da Força Aérea e da Marinha francesas já estão identificando quais são as melhorias adicionais necessárias.
    A Dassault e seus parceiros começaram estudos de viabilidade focados em dois níveis de melhorias, ou duas “profundidades”, de acordo com a terminologia usada pelos decisores na companhia. A primeira, moldando o que poderia vir a ser o padrão F4, que incluiria a adoção de numerosos novos sistemas, sensores e armas, com entrada em serviço no fim desta década. A ‘conectividade’ dos caças, parte de um conceito mais amplo de teatro de operações digital, será melhorada, de modo que as tripulações sejam capazes de compartilhar informações táticas com um maior número de forças aliadas, e refinamentos serão necessários para explorar completamente a capacidade de efetuar ações quase simultâneas que têm os módulos RBE2 AESA, intercalando os modos ar-ar e ar-solo.
    No prazo muito mais longo, a segunda “profundidade” de modificações deverá ir mais além e dar lugar a uma versão redesenhada do caça omnirole. Para lidar com futuros desafios, o Rafale deverá evoluir significativamente, e é inteiramente possível que seu aspecto geral e suas formas sejam alterados para aumentar seu alcance e reduzir ainda mais a assinatura infravermelha e a seção reta radar. A fuselagem poderá ser alongada e o sistema de radar será modificado: isto pode incluir o uso de antenas múltiplas para aumentar a cobertura em azimute e oferecer a possibilidade de detectar e rastrear alvos ao lado da aeronave, aumentando consideravelmente a consciência situacional. A adoção de uma nova versão do motor Snecma M88 também é provável que ocorra em algum momento durante a próxima década. Com um novo motor mais potente, o caça omnirole Rafale não perderia para nenhum outro em termos de relação potência-peso em configuração de combate. O caça seria capaz de decolar com peso máximo em uma distância muito curta e sua razão de subida, aceleração e razão de curva sustentada seriam todas massivamente melhoradas, elevando a eficácia de combate do Rafale a níveis sem precedentes.
    Em contraste marcante com a ocorrência quase que constante de problemas com os modernos caças em desenvolvimento e programas de aquisições das últimas duas décadas, o Rafale está sendo sempre atualizado no tempo e no custo certo; e provou em operação real que está totalmente preparado para cumprir sua missão. Menos de dez anos após ter sido declarado completamente operacional, o Rafale se tornou um caça completamente maduro e provou, em combate, ser totalmente capaz de atender a todos os rigorosos requisitos estabelecidos pelo Ministério da Defesa francês.

    UOR – Requisitos operacionais urgentes
    Desde 2001, as Forças Armadas francesas têm estado seriamente empenhadas nas operações de combate no Afeganistão, Líbia e Mali, e o Rafale teve um papel central em todos os três conflitos. O envolvimento no Afeganistão demonstrou o uso de um maior número de sistemas modernos, que estabeleceram novos padrões operacionais, forçando a Força Aérea e a Marinha francesas a introduzir continuamente novos equipamentos no Rafale. Por exemplo, o Modem de Dados Aprimorado (Improved Data Modem – IDM) foi adicionado em 2008 para melhorar a consciência situacional da tripulação e aumentar a conectividade com as forças de solo. O Rafale precisava de enlace de dados para operar no Afeganistão e se conectar facilmente às redes da OTAN. Ele já tinha o enlace Link 16, mas esse sistema era focado na função ar-ar e sua utilidade na função ar-solo era limitada. O IDM é um enlace de dados ponto a ponto interoperável com a OTAN que permite às tripulações do Rafale compartilhar dados – tanto de texto quanto imagens – automaticamente com forças especiais no solo e com outros caças também equipados com IDM. O IDM é menos poderoso que o Link 16, que funciona como uma rede com vários participantes, mas mesmo assim tem-se provado útil em um grande número de cenários táticos.
    A adoção do ROVER (Remote Operations Video Enhanced Receiver – Receptor Aprimorado de Vídeo de Operações Remotas), um sistema de transmissão de vídeo para controladores aéreos avançados – CAA (Forward Air Controllers – FAC), foi escolhido para melhorar a identificação de alvos no solo em situação de combate, reduzindo a possibilidade de fraticídio. O ROVER reduz tremendamente o ciclo sensor-atirador, ao permitir que controladores aéreos avançados e os tripulantes do Rafale compartilhem as mesmas imagens. O ROVER foi incorporado ao Rafale em 2010. Os sistemas de comunicação do Rafale são também constantemente melhorados e, para as operações no Afeganistão, o caça foi equipado com uma antena adicional no dorso da fuselagem para melhorar a qualidade das transmissões de rádio.
    As funcionalidades IDM e ROVER introduzidas pelo CEAM e pela Dassault Aviation como resposta a um requisito operacional urgente (Urgent Operational Requirement – UOR) ilustra o quão próxima é a cooperação entre o Ministério de Defesa e a Dassault Aviation e quão rapidamente o Rafale pode ser melhorado para atender a necessidades específicas.

    CONSCIÊNCIA SITUACIONAL
    O Rafale é o primeiro caça europeu equipado com radar AESA (Active Electronically Scanned Array – antena de varredura eletrônica ativa), e as tripulações da Força Aérea e da Marinha francesas estão desenvolvendo ativamente novas táticas para tirar o máximo proveito deste formidável equipamento de combate.

    O Rafale está equipado com um conjunto completo de sensores internos e externos, que permitem que as tripulações formem um quadro tático preciso e inequívoco: radar de varredura eletrônica RBE2, Optrônica do Setor Frontal – OSF, Sistema interno de guerra eletrônica – SPECTRA, pod (casulo) de identificação e designação a laser DAMOCLÈS, pod de reconhecimento de última geração e enlace de dados LINK 16. Com todos esses sensores, o Rafale está perfeitamente equipado para captar, processar e distribuir informação em todo o teatro de operações.

    O comprovado radar RBE2
    O RBE2 (Radar à Balayage Electronique 2 plans – radar de varredura eletrônica em 2 eixos) da Thales é o primeiro radar multímodo de varredura eletrônica look down/shoot down projetado na Europa Ocidental. Comparados com os ultrapassados radares de antena planar e varredura mecânica, os radares de varredura eletrônica representam uma grande evolução em termos de eficiência, pois não precisam de complexos atuadores mecânicos para direcionar a antena, e o direcionamento do feixe é extremamente preciso e quase instantâneo nos planos vertical e horizontal, garantindo uma elevada taxa de revisitação (cheque de posição) de alvos detectados. Os radares de varredura eletrônica também se mostram inerentemente mais confiáveis e furtivos do que os antigos dispositivos de varredura mecânica. Ainda mais importante é a capacidade de compartilhar o tempo entre vários modos, realizando assim tarefas diferentes simultaneamente. Os processadores de dados de alta capacidade e a incomparável agilidade de direcionamento do feixe permitem ao Rafale intercalar várias funções dentro de um determinado modo: o radar combina funções de busca, rastreamento e orientação de mísseis, processando-as simultaneamente para ajudar a tripulação a obter a superioridade aérea. Ele também comporta vários enlaces de dados entre caça e míssil, que dão melhores capacidades de controle de fogo em ambiente adverso, aumentando assim a letalidade geral do sistema de armas do Rafale em longa distância. Todos esses fatores contribuem para o aumento da eficiência de combate e da furtividade eletromagnética do Rafale em comparação com os caças equipados com radares clássicos.

    Os modos do radar
    O radar multimodal RBE2 permite aos pilotos do Rafale detectar, rastrear e engajar com precisão ameaças aéreas e terrestres a grandes distâncias. Graças ao design exclusivo da forma de onda e ao gerenciamento de varredura eletrônica, o RBE2 executa a detecção de longo alcance e o monitoramento simultâneo de até 40 alvos aéreos, em todas as condições meteorológicas e em ambientes de interferência eletrônica. Os dados de interceptação e disparo são calculados para oito alvos prioritários, que podem ser engajados por disparos de mísseis MICA EM/IR em lançamentos sucessivos (à taxa de um a cada dois segundos). Com sua antena de varredura eletrônica, o radar é plenamente capaz de acompanhar os outros 32 alvos, ao mesmo tempo em que atualiza, por meio de links radar/míssil seguros e dedicados, os mísseis MICA lançados, permitindo que sejam feitos vários disparos de muito longo alcance, com uma probabilidade acerto extremamente alta, mesmo contra caças inimigos que realizam manobras defensivas. Isso dá ao Rafale uma capacidade única de combinar consciência situacional com capacidade e eficiência de combate, enquanto reduz consideravelmente a carga de trabalho da tripulação, especialmente em situações táticas complexas.
    Para emprego ar-solo e ataques antinavio, o radar tem funções dedicadas para navegação de baixa altura ou grande altitude, acoplamento de alvo, busca e rastreamento de alvos móveis e fixos, telemetria, anticolisão/acompanhamento de terreno (terrain avoidance/following), busca em superfície e designação de alvos navais. No modo de anticolisão/acompanhamento de terreno, o RBE2 olha para frente e para os lados para criar um perfil 3D grande-angular e constantemente atualizado do terreno a ser sobrevoado. Com a tecnologia de varredura eletrônica, o sistema de anticolisão com o terreno é otimizado para melhorar a capacidade de sobrevivência ao voar em altitudes extremamente baixas e em velocidades muito altas. Com sua arquitetura aberta, o RBE2 foi projetado visando futuras evoluções. Por exemplo, um modo de mapeamento de radar SAR (Synthetic Aperture Radar – radar de abertura sintética) foi introduzido nos Rafales do padrão F3. Ele permite às tripulações do Rafale “desenhar” mapas de alta resolução de alvos de superfície a longas distâncias em qualquer momento do dia ou da noite, e designar um alvo preciso para utilizar o sistema de armas do caça; por exemplo, para atacar alvos com o bombas guiadas HAMMER (Highly Agile and Manoeuvrable Munition Extended Range – munição de longo alcance, grande agilidade e manobrabilidade). O RBE2 também é capaz de detectar, rastrear e engajar navios, mesmo em estado de mar severo, e de fornecer designação de alvo para o míssil antinavio AM39 Exocet Bloco 2 Mod 2.

    O AESA instalado no Rafale C137
    O que realmente distingue o Rafale de outros caças europeus é seu radar RBE2 AESA, que oferece capacidade de detecção extraordinariamente aumentada e cobertura angular ampliada. O novo radar projetado pela Thales para substituir o modelo anterior PESA (Radar de Varredura Eletrônica Passiva) é composto por cerca de 1.000 módulos de transmissão/recepção, de maneira que vários poderiam até falhar sem que isto causasse degradação significativa da acuidade.
    A entrada em operação do AESA na Força Aérea francesa começou com a entrega do monoposto C137, em outubro de 2012. Essa aeronave foi a primeira a sair da linha de montagem da Dassault com uma configuração de sensores semelhante à do quarto lote de produção (até o momento foram encomendados pelo Ministério da Defesa francês quatro lotes de, respectivamente, 13, 59, 48 e 60 aeronaves), com todos os sistemas melhorados – AESA, FSO-IT (optrônica do setor frontal de tecnologia evoluída) e DDM NG (nova geração para a detecção de míssil lançado) previstos para esse lote. A entrega antecipada do Rafale C137 com esses desenvolvimentos deu aos pilotos da Força Aérea e da Marinha a oportunidade de avaliar os novos sensores antes que a produção em série estivesse em pleno andamento. No momento em que este artigo era escrito, o primeiro Rafale do quarto do lote de produção, o biposto B339, era esperado ser recebido em Mont-de-Marsan no final de junho de 2013. Como todos os 60 Rafales do quarto lote de produção, ele será equipado com AESA.
    Desde outubro de 2012, o C137 tem sido extensivamente testado por pilotos e mantenedores do CEAM (Centre d’ Expériences Aériennes Militaires – Centro de Avaliação Operacional da Força Aérea Francesa). A decisão foi tomada para fazer o AESA voar tanto quanto possível, para testá-lo em uma grande variedade de cenários e para certificar de que os níveis de confiabilidade prometidos se materializem. Desde a entrega, o C137 realizou uma e, às vezes, duas saídas por dia. O ponto positivo do AESA é que pode ser instalado em praticamente qualquer Rafale, graças a um conceito plug-and-play inovador. Assim, o radar que foi entregue com o C137 também voou nos bipostos B304 e B305. Em média, são requeridas apenas duas horas para remover o PESA e instalar o AESA no seu lugar, uma vez que não há necessidade de modificação de software nem de modificações específicas de hardware na base do radar. Os engenheiros dizem que, em termos de complexidade de procedimentos de manutenção, uma alteração na configuração de PESA para AESA é como trocar um pneu.

    Grande aumento de desempenho operacional
    Desde a entrega do C137, os pilotos franceses têm constatado que podem realizar missões de ofensivas e defensivas com AESA, e a adoção do novo radar é considerada pelos pilotos da Força Aérea como um salto extraordinário na capacidade operacional. O AESA foi extensivamente testado contra móveis rápidos e lentos, em cenários de varredura acima e abaixo do horizonte, contra alvos que contavam com contramedidas eletrônicas e despistadores (chaff) para tentar superar o RBE2. Um míssil ar-ar MICA EM foi disparado com sucesso para certificar que todo o sistema, inclusive o enlace AESA-míssil, funcionasse como esperado. Os pilotos da Força confirmaram uma longa lista de sucessos para o novo AESA: maior cobertura angular, resistência significativamente melhorada a interferências e contramedidas, capacidade de identificar alvos pequenos, mesmo em presença de clutter (ruído de fundo), e índices extremamente altos de revisitação dos alvos que foram selecionados. O maior mérito do AESA, no entanto, reside na capacidade da antena de detectar e rastrear alvos aéreos em distâncias muito maiores do que o anterior PESA. Na verdade, o advento do AESA efetivamente duplicou o alcance de detecção do RBE2 e, de acordo com as tripulações da CEAM, um Rafale equipado com AESA poderia ser usado como um mini AWACS para transmitir dados (via Link 16) para Rafales ainda equipados com PESA, que assim estariam também aptos a interceptar em longa distância.
    O sucesso sem precedentes da avaliação operacional do AESA dá às tripulações a confiança de que a Força Aérea e a Marinha francesas receberão oportunamente um sistema altamente capaz e econômico. No final de 2013, a Força Aérea terá recebido quatro Rafales equipados com AESA, e o sistema será declarado totalmente operacional com o Esquadrão de Caça 1/7 “Provence”, em Saint-Dizier. Com a entrada em serviço do míssil Meteor, em 2018, as tripulações serão capazes de explorar ao máximo as capacidades notáveis do AESA e do míssil de propulsão ramjet.

    FSO e FSO-IT
    Além do radar RBE2, o Rafale é equipado com um conjunto abrangente de sistemas optrônicos: Optrônica de Setor Frontal – OSF (FSO – Front Sector Optronics), Pod Designador Damoclès e Pod de Reconhecimento de Nova Geração (Pod Reco NG – New Generation Reconnaissance Pod).
    O FSO é usado principalmente como um equipamento de vigilância e identificação de alvos na função ar-ar, mas também pode oferecer algumas capacidades de identificação de alvos na superfície. Montado na parte superior do nariz do Rafale, à frente do parabrisa, o FSO atua em diferentes comprimentos de onda infravermelha e fornece detecção discreta de longo alcance, rastreamento angular de vários alvos e telemetria para alvos aéreos e de superfície, aumentando consideravelmente a furtividade do Rafale, uma vez que o caça pode detectar e identificar discretamente aeronaves inimigas sem usar seu próprio radar, que poderia trair a sua presença. O FSO é composto por dois módulos: o sensor infravermelho de busca e rastreamento (Infra-Red Search and Track), e o sistema de TV acoplado a um telêmetro laser eyesafe (não danoso à visão humana). As funções dos dois sistemas são claramente complementares: vigilância e rastreamento multialvo pelo módulo de vigilância IR à esquerda; rastreamento de alvos, identificação e telemetria pelo módulo de TV/laser à direita. Quaisquer que sejam as restrições de engajamento (rules of engagement – ROE), o FSO minimiza os riscos de fratricídios (blues in blues) e permite a avaliação instantânea dos resultados do ataque (battle damage assessment – BDA).
    Uma variante modificada da Optrônica do Setor Frontal – OSF, o FSO-IT (Improved Technologies – tecnologias aprimoradas) foi escolhido pelas Forças Armadas francesas para o quarto lote de produção de Rafales, e o sistema também já foi entregue anteriormente, com entrada em serviço no final de 2012. Este FSO-IT é desprovido do módulo de vigilância IR, mas está equipado com um módulo de TV/laser atualizado, que oferece capacidades de identificação mais extensas. A adaptação de um sensor IR melhorado continua a ser uma opção do FSO-IT para clientes de exportação.

    Pod designador Damoclès
    O Rafale conta agora com um pod de identificação/designação a laser Damoclès, que é instalado na estação de fuselagem frontal direita, sob a entrada de ar direita. Produzido pela Thales, o Damoclès foi projetado para ser usado em conjunto com munições guiadas a laser existentes e futuras, como a família Paveway de bombas guiadas a laser e as armas de precisão HAMMER. Existem dois campos de visão disponíveis para as tripulações – largo (4° x 3°) e estreito (1° x 0,5°). O pod é equipado: com um telêmetro laser eyesafe (não danoso à visão humana); com um designador a laser plenamente compatível com a norma STANAG 3733 da OTAN; e com um rastreador do reflexo (spot) laser. Além disso, sua resolução permite que seja usado para reconhecimento a longa distância e avaliação de danos de batalha – BDA. O pod Damoclès foi concebido para atender necessidades e custos de manutenção consideravelmente mais baixos do que os modelos anteriores e pode suportar os esforços associados às operações embarcadas. Ele entrou em operação no Rafale no final de 2010 e foi usado em missões no Afeganistão, Líbia e Mali para identificação/vigilância de alvos e iluminação laser. Um contrato de desenvolvimento de um pod de mira de última geração foi firmado com a empresa Thales no início de 2013. Ele fornecerá detecção aprimorada e recursos de rastreamento diurno e noturno.

    Pod de reconhecimento
    Todos os conflitos recentes demonstraram que as missões ISTAR (Intelligence, Surveillance, Tactical Acquisition and Reconnaissance – inteligência, vigilância, aquisição tática e reconhecimento) estão se tornando cada vez mais importantes para encurtar o ciclo operacional OODA (Observation, Orientation, Decision, Action – observação, orientação, decisão, ação). Para missões de reconhecimento, o Rafale carrega, sob a estação central, o pod Thales Reco NG (também conhecido no mercado de exportação como AREOS – Airborne REconnaissance Observation System), sistema de observação e reconhecimento aerotransportado), um sistema desenvolvido especificamente para o reconhecimento de pré-ataque, para a avaliação de danos de batalha e para reconhecimento por vídeo. Graças ao poderoso sensor de duas bandas (TV/infravermelho) do Pod Reco NG, montado em uma torre giratória na parte frontal do pod, o Rafale se mantém fora do alcance das defesas aéreas inimigas ao tirar fotos incrivelmente nítidas de longa distância, dia e noite. O pod é equipado com um sistema de datalink de banda larga que oferece capacidade de transmissão em tempo real de todas as imagens captadas durante a missão. O desempenho e a resolução deste sistema não são divulgados por razões de segurança, mas se considera que a imagem fornecida é excepcionalmente boa, graças ao potente sensor eletro-óptico do pod, que permite que fotos de alta resolução sejam tiradas de longas distâncias. Para a máxima eficiência, os sensores utilizam diferentes comprimentos de onda, e os pods possuem gravadores digitais de última geração. Foi adquirido um total de 20 pods Reco NG, incluindo oito para a Força Aeronaval utilizar no porta-aviões Charles de Gaulle. O Pod Reco NG entrou em serviço nos Rafales da Força Aérea e da Marinha francesas em 2010 e tem sido utilizado em operações no Afeganistão, Líbia e Mali.

    Sistema de guerra eletrônica
    O Rafale está equipado com um sistema de guerra eletrônica altamente automatizado, que provê um excelente nível de proteção contra ameaças conhecidas e futuras, como foi demonstrado na Líbia. O SPECTRA (Self-Protection Equipment Countering Threats of Rafale Aircraft – equipamentos de autoproteção da aeronave Rafale contra ameaças) é um conjunto de guerra eletrônica totalmente integrado, concebido e produzido pela Thales em cooperação com a MBDA. O sistema é completamente montado internamente, num esforço para manter livres as estações de armas. Garante detecção eletromagnética eficiente, alerta de iluminação laser, aviso de aproximação de míssil com tecnologia de detecção IR passiva, interferência eletrônica e utilização de dispositivos de despistamento eletromagnético (shaff) e infravermelho (flare), mesmo no ambiente de multiameaça mais exigente.
    Graças à sua tecnologia digital, o SPECTRA fornece detecção passiva de longo alcance, identificação e localização de ameaças, e permite ao piloto ou operador do sistema reagir imediatamente com as melhores medidas defensivas: interferência eletrônica, utilização de chaff e flare, manobras evasivas e/ou qualquer combinação dessas ações para evitar ou se contrapor com sucesso a uma variedade de ameaças aéreas e terrestres. O SPECTRA é dividido em diferentes módulos e sensores posicionados estrategicamente na aeronave para dar cobertura absoluta. As zonas de letalidade, determinadas pelos calculadores do SPECTRA de acordo com os tipos de armas de defesa aérea detectados e o terreno local, podem, então, ser exibidas na tela tática colorida, permitindo à tripulação evitar o voo em áreas perigosas. Mesmo num ambiente de sinal eletrônico muito denso, a precisão de localização da ameaça em azimute é excelente, e o tempo necessário para a identificação do sinal é extremamente curto. Além disso, a capacidade elevada de processamento permite detecção e desempenho de interferência notáveis, otimizando a resposta de acordo com a ameaça identificada: sinais eletromagnéticos recebidos são analisados, a direção e a localização dos emissores são determinadas com grande precisão. A localização exata e os tipos de sistemas detectados pelo SPECTRA podem ser gravados para análise posterior, proporcionando aos operadores do Rafale uma substancial capacidade SIGINT/ELINT já integrada, minimizando a necessidade de plataformas de inteligência dedicadas, especializadas e caras. O uso do SPECTRA também é muito flexível, e seu software pode ser reprogramado na linha de vôo.
    Para se contrapor às novas gerações de mísseis solo-ar portáteis, um sistema de alerta de iluminação laser está montado nas laterais do nariz e na cauda do caça, proporcionando cobertura de 360 graus e garantindo a detecção e o aviso de aproximação de mísseis lançados “de ombro” guiados por feixe de laser. Há quatro módulos incorporados à fuselagem (em direção ascendente) para lançamento de vários tipos de cartuchos despistadores (flares ou eletroópticos), e o Rafale está equipado com dois lançadores de chaff internos.
    Refinamentos estão sendo continuamente introduzidos para melhorar o sistema SPECTRA, e um Sistema de Alerta de Mísseis de Nova Geração (DDM NG – Détecteur De Missile Nouvelle Génération ) está sendo incorporado. Graças à utilização das mais recentes tecnologias de imageamento infravermelho, o novo sistema oferece maior campo de visão e melhor alcance de detecção, bem como menor taxa de falso alarme em comparação com outras tecnologias e com o sistema que voa atualmente no Rafale (DDM). Com o DDM NG, a esteira de escapamento de um míssil pode ser detectada a uma distância muito longa sem nenhuma emissão reveladora que traia a presença do Rafale. O discreto alerta de aproximação de míssil garante alta probabilidade de detecção e baixas taxas de falso alarme, mesmo contra as recentes armas guiadas por IR totalmente passivas; e, quando o lançamento de um míssil é detectado, o DDM NG pode acionar automaticamente uma sequência de despistadores para evitar a ameaça. No momento em que este artigo era escrito, a avaliação operacional do DDM NG já tinha sido iniciada em Mont-de-Marsan, e a entrada em operação era prevista para o final de 2013. Os engenheiros da Thales estão trabalhando em novos aprimoramentos do SPECTRA, e vários upgrades estarão disponíveis brevemente para os mercados interno e de exportação.

    Fusão de dados de sensores
    No Rafale, não há nenhum sensor primário por definição: o radar, o FSO, o sistema de guerra eletrônica SPECTRA, o Link 16; todos contribuem para a consciência situacional, e os dados obtidos por meios diferentes são mesclados (data fusion) em uma única imagem tática apresentada na tela central ao nível dos olhos (HLD – Head Level Display) e colimada ao infinito. Todos os sensores têm vantagens e desvantagens inerentes: o FSO passivo tem excelente resistência a contramedidas, e a sua resolução angular é melhor do que a do radar. Por outro lado, o radar é muito preciso na faixa de longa distância e pode acompanhar mais alvos do que o FSO. O sistema SPECTRA pode analisar as emissões de radar inimigas para identificar um emissor com precisão, e o Link 16 pode ser usado para transmitir e receber dados de/para outros participantes, como um AWACS. O sistema de fusão de dados do Rafale combina e compara automaticamente as informações coletadas pelos sensores e pode posicionar com precisão e identificar positivamente os alvos graças a algoritmos dedicados incorporados em seu sistema de missão. É muito mais do que uma simples correlação, pois permite ao piloto construir uma imagem tática precisa e inequívoca, provendo informações de alvo extremamente confiáveis para o sistema de controle de tiro. A combinação de aquisição/rastreamento de alvo multicanal com fusão inteligente dos dados de sensores é um agente facilitador essencial, que muda radicalmente concepção das táticas de combate aéreo. Até recentemente, os pilotos só puderam utilizar seus cérebros para processar as informações obtidas por seus radares ou por seus olhos, e para construir uma imagem mental da evolução da arena de combate. Com o Rafale, o sistema assumiu o papel de processamento, reduzindo consideravelmente a carga de trabalho do piloto e permitindo às tripulações dedicar mais tempo à gestão tática e se concentrar na evolução combate, não no vôo. Além disso, o sistema de armas multicanal do Rafale pode lidar simultaneamente com as ameaças aéreas e de superfície. Essa é uma vantagem crucial sobre os concorrentes mais próximos, porque, a partir de agora, os pilotos serão capazes de atacar alvos no solo ao mesmo tempo em que engajam contra caças inimigos que representem maior ameaça. Por exemplo, mesmo com o radar no modo ar-superfície, o FSO será totalmente capaz de detectar e rastrear interceptadores hostis, e o piloto poderá engajar imediatamente uma ameaça emergente.

    Visor montado no capacete
    Embora o Rafale ainda não esteja equipado com um Visor Montado no Capacete (HMD – Helmet-Mounted Display), esse sistema pode ser facilmente integrado à aeronave, mas as Forças Armadas francesas ainda não formalizaram a necessidade do HMD para sua frota de caças. No entanto, os estudos preliminares e o desenvolvimento inicial foram realizados há muito tempo para demonstrar a viabilidade e os benefícios de equipar o Rafale com HMD. Isso levou a uma demonstração do HMD realizada em bancada de testes de desenvolvimento e no próprio caça. De acordo com a Dassault, o desenvolvimento completo poderia ser realizado em tempo muito curto, graças ao sucesso desses estudos já realizados. O HMD seria necessário para exibir os dados de referência de voo diretamente em frente aos olhos das tripulações, nos assentos dianteiro e traseiro, e para permitir o apontamento de armas e a utilização destas em ângulos extremos. Isso aumentaria a consciência situacional daria aos pilotos a capacidade de disparar armas “sobre o ombro” após a designação pelo HMD, aumentando significativamente a eficiência em combate.

    O CAMINHO DA MODERNIZAÇÃO DO M88
    Uma nova versão do motor do Rafale, o renomado turbofan M88, fornecido pela Snecma (uma empresa do Grupo Safran), entrou em operação recentemente.

    O M88 é um motor inovador, com muito alta razão potência/peso, baixíssimo consumo de combustível em todos os regimes de voo e vida útil muito longa. Em 19 de abril de 2013, 341 turbofans tinham sido entregues pela Snecma para a linha de montagem da Dassault e para as Forças Armadas francesas, e os motores de desenvolvimento e produção tinham alcançado mais de 250.000 horas de funcionamento sem problemas.

    Tecnologias avançadas
    A Snecma é uma das poucas empresas no mundo a dominar todas as tecnologias necessárias para projetar motores de caças avançados. O turbofan M88 selecionado para o Rafale tinha que cumprir rigorosas exigências: deveria ser compacto e foi projetado para se destacar em baixa e grande altitude. Além disso, a resposta do motor aos movimentos da manete de potência tinha que ser instantânea. Para prover a potência necessária, mantendo o consumo de combustível dentro de determinados limites, os engenheiros da Snecma deveriam apresentar soluções inovadoras para garantir que os níveis de desempenho atendessem às necessidades francesas extremamente exigentes de potência e durabilidade. Consequentemente, o M88 incorpora tecnologias avançadas, tais como palhetas de compressor integradas aos discos (chamados “blisks=blades+disks), uma câmara de combustão de baixa poluição, palhetas de turbina de alta pressão em cristal único, revestimentos cerâmicos, discos revolucionários com uso de metalurgia do pó. Além disso, o M88 foi otimizado para que sua pequena assinatura infravermelha não comprometesse a assinatura global de IR do Rafale e as suas emissões não-poluentes e livres de fumaça tornassem a detecção visual da aeronave mais difícil do que nos projetos antigos.
    O M88 tem empuxo seco de 11.250 libras e de 17.000 libras em pós-combustão. É equipado com um FADEC redundante (FADEC: Full Authority Digital Engine – Controle Digital do Motor com Autoridade Total) fabricado pela Sagem, que permite acelerar da marcha lenta à pós-combustão em menos de três segundos. Graças ao FADEC, os M88 dão ao Rafale um desempenho impressionante: o controle automático do motor permite que a manete seja acionada da potência de combate para a marcha lenta e de volta à potência de combate em qualquer situação do envelope de voo. O compressor utiliza um fan de baixa pressão de três estágios e um compressor de alta pressão de seis estágios. O pico da temperatura do motor é de 1.850 K (1.577 °C), com uma razão de compressão de 24,5:1; e, com potência seca máxima, o consumo específico de combustível é da ordem de 0,8 kg/daN.h, aumentando para 1,7 kg/daN.h em pós-combustão máxima. Para as operações em porta-aviões, o M88 é extremamente protegido contra a corrosão, e nenhuma diferença de MTBF (Mean Time Between Failure – tempo médio entre falhas) foi detectada entre os motores da Força Aérea e da Força Aeronaval francesas.
    A produção do M88 é dividida entre Gennevilliers (uma fábrica especializada na forja, fundição e usinagem de peças de motor), Evry-Corbeil (a fábrica responsável por subconjuntos, utilizando técnicas avançadas como: soldagem por fricção inercial; usinagem eletroquímica; corte a laser; perfuração e solda; solda e corte robotizados; e usinagem de alta velocidade) e Villaroche, onde a montagem final e os testes são realizados. Ao todo, cerca de 40% do motor é fornecido pela Snecma, a partir de suas três fábricas principais nos arredores de Paris; e os outros 60%, por empresas subcontratadas localizadas principalmente na França, embora algumas estejam em outros países europeus (o M88 é ITAR-free, ou seja, não está sujeito às normas internacionais de tráfego de armamento – ITAR). A Snecma monitora cuidadosamente a sua cadeia de suprimentos e pode aumentar rapidamente o volume de produção para responder a qualquer contrato de exportação.

    Facilidade de manutenção
    Reduzir os custos de propriedade e melhorar o desempenho sempre foram metas óbvias para a Snecma, e o M88 foi projetado para alcançar a melhor combinação de prontidão operacional e confiabilidade. Para facilitar o rápido reparo e manutenção em condições adversas e minimizar a estocagem de peças de reposição, o motor é dividido em 21 módulos intercambiáveis sem necessidade de balanceamento e recalibração. “A notável modularidade é a vantagem evidente do M88 em comparação a outros motores militares, enfatiza Rémy Letscher, Diretor do Programa M88 da Snecma. “Alguns destes módulos podem ser substituídos sem retirar o motor da aeronave Rafale, e um M88 pode ser removido e substituído em menos de uma hora por dois engenheiros, mesmo em uma base de desdobramento. Após a manutenção, o motor está pronto para voar operacionalmente, sem que seja necessária a execução de ensaio em bancos de prova. Como consequência direta, a Força Aérea Francesa decidiu não adquirir banco de prova para o M88. Este conceito de manutenção altamente inovador foi testado e comprovado em situação real, durante as operações de combate.”

    Potencial de crescimento inato
    A construção modular do M88 provou ser um fator decisivo para facilitar modernizações e, nos últimos dois anos, a Snecma tem sido extremamente ativa, testando novos componentes para aumentar a vida útil do motor, reduzir custos e demonstrar que valores mais elevados de potência podem ser alcançados. Esse esforço culminou com a qualificação da versão M88-4E, em maio de 2012.
    Logo após entrar em serviço, o M88 passou por uma série de melhorias, e o motor M88-2 E4 substituiu o anterior M88-2 na linha de produção em 2004. Esse modelo E4 apresentou maior tempo médio de remoção não programada (MTBUR – Mean Time Between Unscheduled Removals), graças ao redesenho do compressor de alta pressão e da turbina.
    A Snecma buscou melhorias para aperfeiçoar o desempenho geral do turbofan M88. De 2003 a 2007, durante o programa de demonstração da versão M88 ECO, os engenheiros testaram novas tecnologias para demonstrar que poderiam aumentar ainda mais a vida útil de alguns componentes para diminuir os custos operacionais. Ao todo, mais de 4.000 ciclos foram registrados pelo motor protótipo durante os testes no solo, incluindo ensaios de resistência. O motor também foi ajustado para 20.250 libras de propulsão em pós-combustão máxima (e 13.500 libras sem pós-combustão) para demonstrar que esta potência pode ser facilmente obtida com um mínimo de modificações. A razão de compressão alcançou 27:1, e o fluxo de ar foi aumentado de 65 kg/segundo para 72 kg/segundo após a introdução de um compressor de baixa pressão redesenhado, enquanto que a diferença de peso foi mantida sob rigoroso controle, com o demonstrador ECO sendo apenas 194 libras (88 kg) mais pesado do que o M88-2 padrão.

    Versão M88-4E
    O esforço de desenvolvimento da versão ECO provou que o M88 pode ser facilmente modernizado, e o Ministério da Defesa francês e a Snecma decidiram avançar com o desenvolvimento de uma modernização para todos os motores produzidos. Lançado em 2008, o programa TCO (Total Cost of Ownership – custo total de propriedade) do M88 foi iniciado para melhorar a durabilidade do motor e reduzir ainda mais os custos de manutenção. Com o investimento no projeto ECO, a Snecma foi capaz de aprimorar o M88-2: o resfriamento foi melhorado e componentes mais resistentes foram introduzidos, aumentando a durabilidade de 50% a 60 %, dependendo do uso do motor. O primeiro teste de motor (FETT – First Engine to Test) foi iniciado em setembro de 2009, e o primeiro motor da série TCO, agora chamado M88-4E, foi entregue à fabricante do Rafale, a Dassault Aviation, em Mérignac, no mês de maio de 2012, antes da entrega às Forças Armadas Francesas, em setembro de 2012. No momento em que este artigo era escrito, 31 M88-4E tinham sido produzidos na linha de montagem da Snecma em Villaroche.
    “Graças à estrutura modular do M88, as alterações foram restritas ao mínimo necessário, e apenas o compressor de alta pressão e a turbina de alta pressão foram modificados”, explica Rémy Letscher. “Na verdade, esses dois módulos M88-4E permanecem completamente intercambiáveis com os módulos 4 e 8 mais antigos do M88-2. Esta é uma verdadeira conquista que nos permitiu manter os custos dentro de limites aceitáveis. A expectativa de vida entre as revisões foi aumentada de 2.500 para 4.000 ciclos acumulados totais.”

    Modificações incrementais
    As Forças Armadas francesas queriam evitar a manutenção de duas versões distintas do M88 no inventário, mas, graças à construção modular do motor, isso não aconteceria, uma vez que os motores M88-2 em operação poderão tirar proveito de uma série de modificações incrementais que irão progressivamente trazê-los ao padrão 4E ao cumprirem manutenção de segundo nível (nível Base), ou de terceiro nível (nível Parque ou Industrial). “Esta é uma vantagem decisiva para a Força Aérea e a Marinha francesas em termos de gestão de frota e de peças de reposição”, diz Rémy Letscher. “A modernização vai ser muito fácil de implementar, uma vez que os novos módulos serão introduzidos quando os mais antigos chegarem ao fim de sua vida útil, sem que seja necessário efetuar uma revisão. Em 2020, todos os motores M88-2 estarão atualizados para o padrão M88-4E.”
    O M88 é agora um motor turbofan totalmente maduro, e a Snecma confirmou que a confiabilidade geral do motor já atingiu níveis sem precedentes. O advento da versão M88 4E é um marco significativo na evolução do motor, e essa nova variante do M88 está superando os requisitos de potência e economia de combustível estabelecidos pelo Ministério da Defesa francês.

    Maior potência para quem necessitar
    Para os clientes que necessitam de mais potência para obter maior agilidade de combate e melhor desempenho, a Snecma lançou estudos de viabilidade para uma variante do M88 que alcançará 20.000 libras nominais com pós-combustão, mantendo um alto nível de compatibilidade entre o M88-4E e o motor de maior potência. O programa ECO realizado constituiu o primeiro passo desse programa de pesquisa que agora irá reduzir progressivamente os riscos e limitar os custos associados. O objetivo final da Snecma é produzir um motor de maior potência que permanecerá completamente intercambiável com as atuais versões M88-2 e M88-4E, embora a introdução de um novo tipo imponha ao Rafale a adoção de entradas de ar ligeiramente maiores para permitir maior fluxo de ar. Essas entradas fixas, que podem ser facilmente adaptadas à fuselagem existente, foram cuidadosamente concebidas para não ter nenhum impacto sobre o arrasto ou sobre a seção reta radar.
    A Snecma lançou outro programa, o THEO (Turbina à Haute Efficacité Optimisée – turbina otimizada de alta eficiência), para melhorar ainda mais o M88. “O THEO nos permitirá testar novas tecnologias, especialmente as novas lâminas de turbina de alta pressão ocas, que irão operar em temperaturas muito mais elevadas do que as do projeto atual, graças a melhores técnicas de arrefecimento”, diz Rémy Letscher. “Desenvolvimentos adicionais permanecerão voltados para atendimento de requisitos de novos clientes, pois as Forças Armadas Francesas estão confiantes de que seus Rafales são suficientemente potentes e ainda não apresentaram requisitos para uma versão de maior empuxo. O motor tem integrado um grande potencial de crescimento para uma propulsão aumentada. Como alternativa, o tempo entre as revisões gerais pode ser estendido ainda mais.”

    AS ARMAS DO RAFALE
    As Forças Armadas francesas sonhavam há muito tempo com um caça
    que pudesse executar tarefas ar-superfície e ar-ar durante uma mesma missão.
    Com o Rafale, o sonho tornou-se realidade.

    Os engenheiros da Dassault Aviation não pouparam esforços para garantir que o Rafale pudesse transportar, interna e externamente, uma carga extremamente grande para um caça tão compacto. O caça omnirole está equipado com 14 estações de carga externa (13 no Rafale M por causa do trem de pouso dianteiro de grandes dimensões), das quais cinco estações são aptas para utilizar tanques de combustível ejetáveis, e a carga externa máxima certificada é de 20.925 libras (9.500 kg) de combustível, de armas, além de pods (casulos) de reabastecimento em voo buddy-buddy, de designação e reconhecimento de alvos.

    Família de mísseis ar-ar multifuncionais
    Para missões de defesa e superioridade aérea, o Rafale está armado com o MICA (Missile d’Interception, de Combat et d’Autodéfense – míssil de interceptação, combate e autodefesa), produzido pela MBDA. Esta avançada arma multifuncional leve (246 lb ou 112 kg) é capaz de realizar interceptações além do alcance visual (BVR – Beyond Visual Range) e em combate próximo (dogfight). Duas versões do MICA são utilizadas pelo Rafale: o MICA EM (eletromagnético), guiado por radar; e o MICA IR (infravermelho), guiado por sensor infravermelho. Isso ajuda a garantir a redução dos custos diretos de desenvolvimento, aquisição e manutenção, uma vez que as estruturas, as cargas bélicas e os motores-foguete são os mesmos para ambos os modelos, sendo o tipo de rastreador a única diferença. A disponibilidade de dois sistemas de orientação também oferece maior flexibilidade tática e dificulta ao inimigo a seleção das contramedidas e manobras defensivas a utilizar, uma vez que as ações necessárias para se opor aos dois tipos de rastreadores são totalmente diferentes.
    No Rafale, os mísseis MICA podem ser utilizados nas estações laterais da fuselagem traseira, nas estações médias das asas e nos trilhos de lançamento de ponta de asa, perfazendo uma carga normal de seis mísseis. Duas outras estações externas subalares (próximas às pontas das asas) estão disponíveis para outro par de mísseis MICA, mas ainda não houve requisito para tal configuração, e uma expansão do envelope de vôo ainda seria necessária. Opcionalmente, com lançadores múltiplos sendo utilizados nas estações subalares, a capacidade do caça poderia aumentar para até dez mísseis MICA, utilizando ainda três tanques ejetáveis de 2.000 litros (528 galões americanos – US GAL) ou três de 1.250 litros (330 US GAL), proporcionando excelente raio de ação e persistência nas missões de defesa e superioridade aérea.

    MICA guiado por radar
    Graças ao radar ativo Thales AD4A instalado internamente ao radome pontiagudo do míssil, o MICA EM é totalmente autônomo depois do lançamento, para permitir que o piloto possa engajar vários alvos em rápidos lançamentos sucessivos ou curvar depois de um tiro, visando reduzir o tempo gasto em uma área potencialmente perigosa ou evitar que a aeronave inimiga alcance parâmetros para disparo. O motor-foguete de propelente sólido Protac (agora Roxel) e altíssimo empuxo garante alcance muito longo, e o enlace de dados (datalink) entre caça e míssil permite realizar interceptações além do alcance visual, com notável probabilidade de acerto e letalidade. O MICA EM tornou-se plenamente operacional nos Rafale da Força Aeronaval no início de 2002 e nos Rafale da Força Aérea em 2005. Ele também está em serviço nos Mirage 2000-5 da Força Aérea Francesa, da Força Aérea da República da China (Taiwan) e da Força Aérea do Emirado do Qatar, como também nos Mirage 2000-9 dos Emirados Árabes Unidos, nos Mirage 2000-5 MkII da Grécia e nos Mirage F1 do Marrocos. Foi ainda o míssil encomendado para os Mirage 2000 da Índia, que estão sendo modernizados para o mais recente padrão “Deux Mille”.
    O MICA EM foi testado em ambientes muito exigentes, e o programa de ensaios culminou com o engajamento de dois MICA disparados de um único caça contra dois alvos muito distantes, os quais usavam contramedidas. Como parte de uma avaliação de armamento realizada em junho de 2007, um míssil MICA ar-ar foi disparado em grande azimute (over the shoulder – por cima do ombro) por um Rafale que não tinha nenhum contato de radar com o avião alvo, sendo todas as informações de alvo fornecidas por outro Rafale via datalink (Link 16). Graças ao seu motor de empuxo vetorado (Thrust Vectoring Motor), o Mica executou um giro de 180 graus e voou diretamente para o drone, obtendo um impacto direto em um alcance operacional realista (dados precisos são sigilosos). Mais recentemente, no final de 2009, um único Rafale disparou um Armamento Ar-Solo Modular (AASM) SBU 64 e um míssil MICA EM quase que simultaneamente. O objetivo do teste foi demonstrar que o Rafale pode, em lançamentos sucessivos, atingir com precisão seu alvo no solo e engajar com sucesso uma ameaça ar-ar.

    Versão de guiagem por infravermelho
    O MICA IR (IR – infrared) é o segundo membro da extremamente manobrável família MICA. O desenvolvimento sucessivo de várias gerações de sensores infravermelhos passivos para os mísseis Matra 530, Magic I e Magic II permitiu que os engenheiros franceses criassem para o MICA IR um rastreador de imagem infravermelha de banda dupla altamente efetivo. O rastreador IR Sagem tem muitas vantagens para um míssil de longo alcance desse tipo. Ele tem excelentes resolução angular e resistência a contramedidas – graças a uma combinação de sensores FPA (FPA – Focal Plane Array), sistema de imagem de banda dupla, tecnologia de resfriamento em ciclo fechado – e é totalmente furtivo. Quando é usado em conjunto com o sistema OSF (Optrônica do Setor Frontal) do Rafale, o rastreador IR permite realizar interceptações absolutamente furtivas (stealth), sem emissões de radar que possam denunciar a presença da aeronave. Como esperado, tanto o radar MICA quanto os rastreadores infravermelhos possuem excelentes capacidades de contra-contramedidas. Para a máxima manobrabilidade logo após o lançamento, o motor foguete do MICA é equipado com quatro pequenas superfícies posicionadas no escapamento, para direcionar o fluxo do jato e manobrar em lançamentos efetuados contra alvos que estejam além do setor frontal.
    O MICA IR estava inicialmente restrito aos modos de combate de curto alcance, mas, com o disponibilidade do Rafale no padrão F3, uma função de interceptação de longo alcance foi introduzida, graças à capacidade de acoplar o míssil ao alvo após o lançamento (LOAL – lock on after launch); proporcionando assim, para o modelo IR, a mesma capacidade BVR (Beyond Visual Range – atuação além do campo visual) já existente para a versão EM. A Dassault Aviation também atua na integração de um visor com mira montado no capacete (HMD – helmet mounted display) que, em breve, permitirá que o acoplamento após o lançamento (LOAL) e o uso contra alvos completamente fora setor frontal sejam realizados com o MICA IR (e com o MICA EM em algumas condições).
    Um modelo naval/terrestre do MICA, lançado verticalmente, o VL MICA (vertical launch), foi desenvolvido e exportado para vários clientes, incluindo Omã. A configuração naval básica é composta por oito mísseis alojados em casulos padrão, montados verticalmente para a defesa de navios contra ataques de saturação. A versão terrestre é adaptada a um caminhão e pode ser altamente eficiente para defender alvos estáticos de alto valor, tais como bases aéreas ou refinarias. Usando rastreadores IR ou EM ativos, o sistema VL MICA é dito ser capaz de engajar até oito alvos diferentes, distribuídos por um arco de 360 graus, em menos de 12 segundos.

    Canhão 30M791
    A experiência de combate recente, no Afeganistão e no Mali, mostrou que os canhões ainda são de valor inestimável em uma série de cenários, especialmente quando as tropas combatentes requerem apoio de fogo aéreo para reprimir as forças hostis. No cenário de combate ar-ar, quando os mísseis são muito caros ou incapazes de atingir alvos muito próximos, o canhão continua a ser uma ferramenta útil. Os canhões também são ainda considerados ideais para a interceptação de alvos lentos e voando baixo, tais como helicópteros ou aviões de transporte, e provaram ser valiosos para executar tiros de aviso na missão de policiamento do espaço aéreo.
    Para o Rafale, a GIAT Industries (atualmente Nexter) desenvolveu o novo canhão rotativo de sete câmaras 30M791. Este canhão extremamente poderoso foi concebido para ser um substituto para as armas da antiga família DEFA, que equiparam o Mirage III, o Mirage F1, o Super Etendard e o Mirage 2000. O projeto era ambicioso, uma vez que o novo canhão tinha que oferecer o mesmo poder de fogo dos dois canhões DEFA 554 que equipavam o Mirage 2000. Esse requisito exigente foi atendido graças à razão de tiro de 2.500 projéteis por minuto e à nova munição 30 x 150 mm, que resultou em uma velocidade inicial dos projéteis muito elevada (1025 m/s, em vez dos 810 m/s do Mirage 2000). O canhão atuado a gás de 264 lb (120 kg) é autônomo e seu alcance efetivo ar-ar é de 2.500 m (8.200 pés). A razão de tiro é atingida instantaneamente, e 21 projéteis são disparados em meio segundo (duração de uma rajada normal). O 30M791 é montado ao lado da entrada de ar do motor direito em todas as versões do Rafale. É interessante notar que o Rafale pode voar com ou sem o seu canhão, proporcionando às forças a oportunidade de utilizar o canhão interno apenas para disparos em missões de treinamento em estandes de tiro ou para missões de combate real, minimizando assim a quantidade de manutenção necessária.

    Munição do canhão
    O tecnicamente avançado canhão 30M791 dispara munição perfurante, explosiva e incendiária SAPHEI (Semi-Armour Piercing High Explosive Incendiary) de 30 x 150 mm, projetada especificamente para o Rafale, assim como a munição inerte de treinamento (TP – Target Practice). O obus, que pesa 275 g (0,60 lb), é equipado com uma espoleta de impacto de pequeno retardo MR3015 e também com um dispositivo de autodestruição. O tempo de vôo para alcançar 1.000 m é inferior a um segundo quando disparado de um avião que se desloca a 500 nós, uma redução significativa em comparação com a munição 30 x 113 mm do Mirage 2000, o que se traduz em uma ampliada probabilidade de atingir o alvo. Essa nova munição tem alta penetração, efeito incendiário e proporciona um excelente equilíbrio entre os efeitos de estilhaçamento e de detonação. De acordo com dados fornecidos pela Nexter, cada obus provê os mesmos efeitos destrutivos de uma granada de mão. Um total de 125 cartuchos são carregados em um cofre de munição que pesa 65 kg totalmente abastecido, e a ignição da munição é elétrica (o disparador elétrico é protegido contra radiações eletromagnéticas). O canhão é equipado com um dispositivo de rearmamento pirotécnico que ejeta o cartucho não-disparado depois de um curto intervalo de segurança.
    No Rafale, o piloto pode escolher entre rajadas de 0,5 ou 1 segundo (que equivalem a 21 ou 42 tiros disparados), sendo a seleção feita no solo. Uma vez em vôo, ele será capaz de selecionar rajadas restritas por tempo (0,5 ou 1 segundo, dependendo da seleção feita antes do taxi) ou ilimitadas. Se necessário, os 125 cartuchos podem ser disparados em uma só rajada.
    O 30M791 foi intensivamente testado em condições extremas – tanto operacionais, incluindo curvas de 9 g, quanto climáticas – para verificar sua resistência a acelerações, choques, corrosão e rápidas mudanças de temperatura. Os testes também mostraram que a estrutura e os sistemas eletrônicos do Rafale podem suportar os grandes esforços e vibrações associados à razão de 2.500 tiros por minuto. Inúmeras campanhas de tiro foram realizadas no Centro de Ensaios em Voo de Cazaux, no Sudoeste da França, sendo que o 30M791 entrou em serviço operacional na Aviação Naval francesa em 2002, e na Força Aérea Francesa em 2005. Com o advento da nova munição SAPHEI 30 x 150 mm, novas táticas foram desenvolvidas pelos pilotos da Força Aérea e da Aeronaval, incluindo perfis de tiro em grande ângulo.

    Mísseis de cruzeiro Scalp
    Para ataques com lançamento em longa distância, fora da área de risco (stand-off), a principal arma ar-superfície do Rafale é o míssil de cruzeiro furtivo MBDA Scalp EG (Emploi General – uso geral), da família Apache/Scalp EG/Storm Shadow. Alimentado por um pequeno motor Microturbo TRI 60-30 (132 lb, 60 kg de peso) com potência nominal de 532 daN, o Scalp EG é um míssil de cruzeiro furtivo, de longo alcance, equipado com uma poderosa ogiva convencional penetrante de 881 lb (400 kg) fabricado pela BAE Systems Broach. Destina-se ao uso em ataques pré-planejados contra alvos estáticos importantes e fortemente defendidos. Após o lançamento, o Scalp é totalmente autônomo, graças ao seu sistema de navegação que utiliza posicionamento global (GPS), inercial (INS) e de referência de terreno. Seu rastreador passivo de imagem IR é ativado durante a aproximação final ao alvo. Algoritmos de reconhecimento automático de alvo comparam o cenário real com aquele memorizado, identificam o alvo designado e selecionam o ponto de impacto para atingi-lo com uma precisão muito elevada. Embora a Dassault e a MBDA não divulguem o alcance máximo, numerosos estudos e relatórios do parlamento francês revelam que ele pode atacar alvos a uma distância superior a 250 milhas (400 km) de voo.
    O Scalp/Storm Shadow foi encomendado pela França, Reino Unido, Itália e Grécia, e uma versão específica, chamada Black Shaheen, foi adquirida pela Força Aérea dos Emirados Árabes Unidos para o seu Mirage 2000-9. Nada menos do que 500 mísseis Scalp foram encomendados pela França, incluindo 50 para a Força Aeronaval; e a primeira produção do Scalp foi entregue para a Força Aérea em 2005, inicialmente para o modelo R2 do Mirage 2000D. Tanto os Rafale B e C da Força Aérea, quanto o Rafale M da Marinha francesa, podem levar dois mísseis Scalp EG em estações subalares, ou um único míssil na estação central (com quatro ou seis mísseis MICA). Para operações a partir do porta-aviões Charles de Gaulle, o Rafale M voa com apenas um Scalp e seis MICA. Deve-se notar que o Rafale M pode ser recolhido no Charles de Gaulle com um Scalp EG não-lançado, mas não com dois. Este é o motivo pelo qual o Rafale M opera com apenas um míssil a partir desse porta-aviões, embora o caça possa, teoricamente, ser lançado por catapulta com dois Scalps, dois tanques ejetáveis de 2.000 litros e quatro MICA.

    Facilidade de uso do Scalp
    Os engenheiros da Dassault não pouparam esforços para facilitar o uso do míssil Scalp, e sua integração ao sistema de armas do Rafale foi cuidadosamente gerida. Graças a um sistema de preparação de missão avançado e de fácil operação, o perfil de disparo dos mísseis é determinado antes da saída, e os parâmetros são carregados no cartucho de transferência de dados que será utilizado para alimentar o sistema de armas do Rafale. Com a aproximação da área de lançamento e após a selecionar a função ar-solo, o perfil de lançamento dos mísseis é claramente mostrado na tela tática (HLD – head level display). O piloto só precisa selecionar o modo de ataque para iniciar o alinhamento dos sistemas de navegação inercial dos mísseis, usando a tela touch screen esquerda. O barramento de dados MIL-STD 1760 transfere imediatamente os dados de posicionamento precisos para os Scalps, e uma ordem “JINK” (manobrar) pisca no HUD. O Rafale então deve executar uma série de manobras, de modo que os giroscópios do sistema INS do míssil sejam alimentados com variações de posição e informações suficientes para o seu próprio alinhamento. O motor Microturbo é ligado em seguida. A sequência de disparo do Scalp foi concebida para facilitar o lançamento do míssil. Tudo que o piloto tem que fazer é seguir a rota predeterminada e as ordens associadas ao envelope de disparo apresentado em formato crescente e apertar o gatilho: Os dois mísseis stand-off podem ser d

  4. SE O COLEGA JUSTIN CASE ME PERMITIR VOU CITÁ-LO.

    Se o Justin Case me permitir irei citá-lo aqui:

    Mais um texto, publicado em revista, sobre os futuros desenvolvimentos do Rafale:

    O RAFALE AVANÇA
    O Ministério da Defesa francês está investindo constantemente para melhorar o Rafale e aumentar sua capacidade de combate. O desenvolvimento do padrão F3R foi aprovado recentemente, e novos trabalhos já estão a caminho para entregar uma plataforma totalmente atualizada no período entre 2020 e 2030.

    Desde sua entrada em serviço, o Rafale se beneficiou de um grande número de atualizações: do padrão F1 para o F2 e, então, para o F3, e novos softwares são disponibilizados em média a cada dois anos. Este programa, que evolui continuamente, também permite aos engenheiros manter as questões de obsolescência sob estrito controle. Novas capacidades são introduzidas regularmente e novos sistemas são adotados quando e conforme necessários. Por exemplo, um sistema de prevenção de colisões com o solo (Air-to-Ground Collision Avoidance System – AGCAS) está em funcionamento no Rafale desde 2008. Sua adoção foi requerida pelo Ministério da Defesa francês após um trágico acidente durante o qual o piloto de um Rafale acidentalmente voou de encontro ao terreno, em um caso clássico de Colisão com o Solo em Voo Controlado (Controlled Flight Into Terrain – CFIT). Com o primeiro padrão do AGCAS, o piloto recebe avisos visuais e sonoros quando o impacto contra o solo é iminente, dando-lhe tempo suficiente para pressionar um comando localizado acima do manche (side-stick) para iniciar uma recuperação. Este “sistema de vigilância do solo” normalmente é ativado quando o piloto entra em trajetória de colisão iminente com o solo.

    F3.3 e F3.3’
    O padrão F3 foi certificado em julho de 2008 pela Direção-Geral de Armamento da França – DGA, mas novas versões foram introduzidas desde então, e o último software lançado, o F3.3’, acaba de entrar em funcionamento, após uma avaliação operacional abrangente realizada em Mont-de-Marsan e Istres pelos peritos do CEAM e do CEPA.
    O padrão F3.3 foi testado em Mont-de-Marsan no início de 2012. Ele incorporou a versão mais recente do enlace de dados Link16, com serviços adicionais relacionados ao gerenciamento de rede e à comunicação com outros participantes; e do sistema de comunicação por voz, que foi estendido na faixa VHF-FM, em comunicação aberta ou criptografada. Melhorias no sistema de controle de fogo foram introduzidas para facilitar o uso das bombas guiadas a laser GBU-22 e GBU-24 Paveway III, graças à nova simbologia dedicada apresentada nos displays e no HUD (Head-Up Display). Disparos com seis GBU-24 e quatro GBU-22 foram realizados para verificar o desempenho e para desenvolver novas táticas. Finalmente, inúmeros refinamentos da interface homem-máquina têm sido implementados no Rafale para reduzir ainda mais a carga de trabalho da tripulação.
    Uma pequena evolução do software requerida pela Força Aérea e pela Marinha foi implementada pela Dassault, levando ao surgimento da versão F3.3’. Isso ilustra como é estreita a colaboração entre a Dassault e o Ministério de Defesa da França programa Rafale: tudo é feito para assegurar que o usuário final tenha o melhor equipamento à sua disposição, no menor tempo possível e dentro do orçamento previsto.

    Desenvolvimento do F3R
    Com a versão F3.3’ totalmente operacional, agora a Força Aérea e a Marinha francesas se concentram na próxima evolução importante, o padrão F3R, que foi recentemente anunciado pela DGA, a agência de aquisições de defesa da França. As atividades de desenvolvimento para o novo padrão F3R começaram no início de 2013, e a entrada em serviço está prevista para 2018. Este novo padrão incluirá um grande número de melhorias, o que aumentará a eficiência do caça no teatro de operações e reduzirá a carga de trabalho da tripulação:
    − Melhoria nas comunicações do enlace de dados Link 16, para aumentar a troca de informações táticas, enquanto se mantém a plena interoperabilidade com as outras forças da OTAN.
    − Integração completa do míssil SBU-54 AASM guiado a laser, permitindo que a arma seja lançada com designação a laser em qualquer ponto dentro do seu envelope de lançamento. A Capacidade Operacional Inicial (Initial Operational Capability – IOC) foi garantida no início de 2013 (para o conflito no Mali), e a Capacidade Operacional Completa (Full Operational Capability – FOC) está planejada para ser parte do padrão F3R.
    − Adoção de um sistema completamente automatizado de AGCAS, que levará automaticamente o Rafale ao voo estabilizado se um risco de CFIT for detectado: o sistema é projetado para executar recuperação automática quando há possibilidade de impacto com o terreno; a manobra de “girar as asas e recuperar” (roll and pitch up to upright) leva apenas alguns segundos, sem nenhuma ação do piloto. Este será um passo decisivo em direção ao aumento da segurança de voo.
    − Melhorias no radar RBE2, com a introdução de módulos novos e mais eficientes de contra-contramedidas.
    − Implementação de um Modo 5 e de um Modo S aprimorado no IFF.
    − Introdução de uma nova geração de pods de reabastecimento em voo para cumprir a missão da classe buddy-buddy, principalmente para uso pela Marinha francesa a partir da base aeronaval de Landivisiau e do porta-aviões Charles de Gaulle.
    − Adoção de uma nova geração do pod designador que substituirá o atual Damoclès. Em 13 de fevereiro de 2013, a DGA fechou um contrato de 55 milhões de Euros com a Thales para o desenvolvimento de uma nova geração de pods designadores, que permitirá que alvos sejam atacados a partir de distâncias maiores e que veículos velozes ou navios possam ser rastreados mais facilmente, tanto de dia quanto à noite.
    − Evolução no sistema de GPS para melhorar a interoperabilidade com os parceiros da OTAN.
    − Melhorias no sistema de guerra eletrônica SPECTRA.
    − Integração completa do míssil Meteor ao Rafale. O Meteor, propulsado por motor ramjet, foi concebido para vencer todos os adversários conhecidos e futuros durante uma missão de interceptação. Um total de 200 mísseis Meteor foi encomendado pelo Ministério de Defesa francês e dois ensaios de separação já foram realizados por um Rafale em Cazaux em outubro de 2012. Os disparos não foram guiados, e foram os primeiros de uma série de ensaios de separação destinados a certificar o transporte do míssil Meteor nas estações traseiras da fuselagem do Rafale. A análise inicial indicou uma separação segura e sem características adversas, e o planejamento de uma nova campanha de lançamentos está em execução.

    Avançando ainda mais
    Nos próximos anos, o Rafale será submetido a novos desenvolvimentos de produção, introduzindo novas tecnologias para ser capaz de se contrapor às ameaças emergentes e se adaptar a novas missões. Engenheiros ainda estão discutindo com as unidades operacionais os requisitos exatos para as futuras versões, mas eles claramente querem ter a capacidade de fazer face à tendência de que adversários potenciais venham usar caças e redes de defesa aérea cada vez mais sofisticados. O que se pode ter certeza é que os planejadores da Força Aérea e da Marinha francesas já estão identificando quais são as melhorias adicionais necessárias.
    A Dassault e seus parceiros começaram estudos de viabilidade focados em dois níveis de melhorias, ou duas “profundidades”, de acordo com a terminologia usada pelos decisores na companhia. A primeira, moldando o que poderia vir a ser o padrão F4, que incluiria a adoção de numerosos novos sistemas, sensores e armas, com entrada em serviço no fim desta década. A ‘conectividade’ dos caças, parte de um conceito mais amplo de teatro de operações digital, será melhorada, de modo que as tripulações sejam capazes de compartilhar informações táticas com um maior número de forças aliadas, e refinamentos serão necessários para explorar completamente a capacidade de efetuar ações quase simultâneas que têm os módulos RBE2 AESA, intercalando os modos ar-ar e ar-solo.
    No prazo muito mais longo, a segunda “profundidade” de modificações deverá ir mais além e dar lugar a uma versão redesenhada do caça omnirole. Para lidar com futuros desafios, o Rafale deverá evoluir significativamente, e é inteiramente possível que seu aspecto geral e suas formas sejam alterados para aumentar seu alcance e reduzir ainda mais a assinatura infravermelha e a seção reta radar. A fuselagem poderá ser alongada e o sistema de radar será modificado: isto pode incluir o uso de antenas múltiplas para aumentar a cobertura em azimute e oferecer a possibilidade de detectar e rastrear alvos ao lado da aeronave, aumentando consideravelmente a consciência situacional. A adoção de uma nova versão do motor Snecma M88 também é provável que ocorra em algum momento durante a próxima década. Com um novo motor mais potente, o caça omnirole Rafale não perderia para nenhum outro em termos de relação potência-peso em configuração de combate. O caça seria capaz de decolar com peso máximo em uma distância muito curta e sua razão de subida, aceleração e razão de curva sustentada seriam todas massivamente melhoradas, elevando a eficácia de combate do Rafale a níveis sem precedentes.
    Em contraste marcante com a ocorrência quase que constante de problemas com os modernos caças em desenvolvimento e programas de aquisições das últimas duas décadas, o Rafale está sendo sempre atualizado no tempo e no custo certo; e provou em operação real que está totalmente preparado para cumprir sua missão. Menos de dez anos após ter sido declarado completamente operacional, o Rafale se tornou um caça completamente maduro e provou, em combate, ser totalmente capaz de atender a todos os rigorosos requisitos estabelecidos pelo Ministério da Defesa francês.

    UOR – Requisitos operacionais urgentes
    Desde 2001, as Forças Armadas francesas têm estado seriamente empenhadas nas operações de combate no Afeganistão, Líbia e Mali, e o Rafale teve um papel central em todos os três conflitos. O envolvimento no Afeganistão demonstrou o uso de um maior número de sistemas modernos, que estabeleceram novos padrões operacionais, forçando a Força Aérea e a Marinha francesas a introduzir continuamente novos equipamentos no Rafale. Por exemplo, o Modem de Dados Aprimorado (Improved Data Modem – IDM) foi adicionado em 2008 para melhorar a consciência situacional da tripulação e aumentar a conectividade com as forças de solo. O Rafale precisava de enlace de dados para operar no Afeganistão e se conectar facilmente às redes da OTAN. Ele já tinha o enlace Link 16, mas esse sistema era focado na função ar-ar e sua utilidade na função ar-solo era limitada. O IDM é um enlace de dados ponto a ponto interoperável com a OTAN que permite às tripulações do Rafale compartilhar dados – tanto de texto quanto imagens – automaticamente com forças especiais no solo e com outros caças também equipados com IDM. O IDM é menos poderoso que o Link 16, que funciona como uma rede com vários participantes, mas mesmo assim tem-se provado útil em um grande número de cenários táticos.
    A adoção do ROVER (Remote Operations Video Enhanced Receiver – Receptor Aprimorado de Vídeo de Operações Remotas), um sistema de transmissão de vídeo para controladores aéreos avançados – CAA (Forward Air Controllers – FAC), foi escolhido para melhorar a identificação de alvos no solo em situação de combate, reduzindo a possibilidade de fraticídio. O ROVER reduz tremendamente o ciclo sensor-atirador, ao permitir que controladores aéreos avançados e os tripulantes do Rafale compartilhem as mesmas imagens. O ROVER foi incorporado ao Rafale em 2010. Os sistemas de comunicação do Rafale são também constantemente melhorados e, para as operações no Afeganistão, o caça foi equipado com uma antena adicional no dorso da fuselagem para melhorar a qualidade das transmissões de rádio.
    As funcionalidades IDM e ROVER introduzidas pelo CEAM e pela Dassault Aviation como resposta a um requisito operacional urgente (Urgent Operational Requirement – UOR) ilustra o quão próxima é a cooperação entre o Ministério de Defesa e a Dassault Aviation e quão rapidamente o Rafale pode ser melhorado para atender a necessidades específicas.

    CONSCIÊNCIA SITUACIONAL
    O Rafale é o primeiro caça europeu equipado com radar AESA (Active Electronically Scanned Array – antena de varredura eletrônica ativa), e as tripulações da Força Aérea e da Marinha francesas estão desenvolvendo ativamente novas táticas para tirar o máximo proveito deste formidável equipamento de combate.

    O Rafale está equipado com um conjunto completo de sensores internos e externos, que permitem que as tripulações formem um quadro tático preciso e inequívoco: radar de varredura eletrônica RBE2, Optrônica do Setor Frontal – OSF, Sistema interno de guerra eletrônica – SPECTRA, pod (casulo) de identificação e designação a laser DAMOCLÈS, pod de reconhecimento de última geração e enlace de dados LINK 16. Com todos esses sensores, o Rafale está perfeitamente equipado para captar, processar e distribuir informação em todo o teatro de operações.

    O comprovado radar RBE2
    O RBE2 (Radar à Balayage Electronique 2 plans – radar de varredura eletrônica em 2 eixos) da Thales é o primeiro radar multímodo de varredura eletrônica look down/shoot down projetado na Europa Ocidental. Comparados com os ultrapassados radares de antena planar e varredura mecânica, os radares de varredura eletrônica representam uma grande evolução em termos de eficiência, pois não precisam de complexos atuadores mecânicos para direcionar a antena, e o direcionamento do feixe é extremamente preciso e quase instantâneo nos planos vertical e horizontal, garantindo uma elevada taxa de revisitação (cheque de posição) de alvos detectados. Os radares de varredura eletrônica também se mostram inerentemente mais confiáveis e furtivos do que os antigos dispositivos de varredura mecânica. Ainda mais importante é a capacidade de compartilhar o tempo entre vários modos, realizando assim tarefas diferentes simultaneamente. Os processadores de dados de alta capacidade e a incomparável agilidade de direcionamento do feixe permitem ao Rafale intercalar várias funções dentro de um determinado modo: o radar combina funções de busca, rastreamento e orientação de mísseis, processando-as simultaneamente para ajudar a tripulação a obter a superioridade aérea. Ele também comporta vários enlaces de dados entre caça e míssil, que dão melhores capacidades de controle de fogo em ambiente adverso, aumentando assim a letalidade geral do sistema de armas do Rafale em longa distância. Todos esses fatores contribuem para o aumento da eficiência de combate e da furtividade eletromagnética do Rafale em comparação com os caças equipados com radares clássicos.

    Os modos do radar
    O radar multimodal RBE2 permite aos pilotos do Rafale detectar, rastrear e engajar com precisão ameaças aéreas e terrestres a grandes distâncias. Graças ao design exclusivo da forma de onda e ao gerenciamento de varredura eletrônica, o RBE2 executa a detecção de longo alcance e o monitoramento simultâneo de até 40 alvos aéreos, em todas as condições meteorológicas e em ambientes de interferência eletrônica. Os dados de interceptação e disparo são calculados para oito alvos prioritários, que podem ser engajados por disparos de mísseis MICA EM/IR em lançamentos sucessivos (à taxa de um a cada dois segundos). Com sua antena de varredura eletrônica, o radar é plenamente capaz de acompanhar os outros 32 alvos, ao mesmo tempo em que atualiza, por meio de links radar/míssil seguros e dedicados, os mísseis MICA lançados, permitindo que sejam feitos vários disparos de muito longo alcance, com uma probabilidade acerto extremamente alta, mesmo contra caças inimigos que realizam manobras defensivas. Isso dá ao Rafale uma capacidade única de combinar consciência situacional com capacidade e eficiência de combate, enquanto reduz consideravelmente a carga de trabalho da tripulação, especialmente em situações táticas complexas.
    Para emprego ar-solo e ataques antinavio, o radar tem funções dedicadas para navegação de baixa altura ou grande altitude, acoplamento de alvo, busca e rastreamento de alvos móveis e fixos, telemetria, anticolisão/acompanhamento de terreno (terrain avoidance/following), busca em superfície e designação de alvos navais. No modo de anticolisão/acompanhamento de terreno, o RBE2 olha para frente e para os lados para criar um perfil 3D grande-angular e constantemente atualizado do terreno a ser sobrevoado. Com a tecnologia de varredura eletrônica, o sistema de anticolisão com o terreno é otimizado para melhorar a capacidade de sobrevivência ao voar em altitudes extremamente baixas e em velocidades muito altas. Com sua arquitetura aberta, o RBE2 foi projetado visando futuras evoluções. Por exemplo, um modo de mapeamento de radar SAR (Synthetic Aperture Radar – radar de abertura sintética) foi introduzido nos Rafales do padrão F3. Ele permite às tripulações do Rafale “desenhar” mapas de alta resolução de alvos de superfície a longas distâncias em qualquer momento do dia ou da noite, e designar um alvo preciso para utilizar o sistema de armas do caça; por exemplo, para atacar alvos com o bombas guiadas HAMMER (Highly Agile and Manoeuvrable Munition Extended Range – munição de longo alcance, grande agilidade e manobrabilidade). O RBE2 também é capaz de detectar, rastrear e engajar navios, mesmo em estado de mar severo, e de fornecer designação de alvo para o míssil antinavio AM39 Exocet Bloco 2 Mod 2.

    O AESA instalado no Rafale C137
    O que realmente distingue o Rafale de outros caças europeus é seu radar RBE2 AESA, que oferece capacidade de detecção extraordinariamente aumentada e cobertura angular ampliada. O novo radar projetado pela Thales para substituir o modelo anterior PESA (Radar de Varredura Eletrônica Passiva) é composto por cerca de 1.000 módulos de transmissão/recepção, de maneira que vários poderiam até falhar sem que isto causasse degradação significativa da acuidade.
    A entrada em operação do AESA na Força Aérea francesa começou com a entrega do monoposto C137, em outubro de 2012. Essa aeronave foi a primeira a sair da linha de montagem da Dassault com uma configuração de sensores semelhante à do quarto lote de produção (até o momento foram encomendados pelo Ministério da Defesa francês quatro lotes de, respectivamente, 13, 59, 48 e 60 aeronaves), com todos os sistemas melhorados – AESA, FSO-IT (optrônica do setor frontal de tecnologia evoluída) e DDM NG (nova geração para a detecção de míssil lançado) previstos para esse lote. A entrega antecipada do Rafale C137 com esses desenvolvimentos deu aos pilotos da Força Aérea e da Marinha a oportunidade de avaliar os novos sensores antes que a produção em série estivesse em pleno andamento. No momento em que este artigo era escrito, o primeiro Rafale do quarto do lote de produção, o biposto B339, era esperado ser recebido em Mont-de-Marsan no final de junho de 2013. Como todos os 60 Rafales do quarto lote de produção, ele será equipado com AESA.
    Desde outubro de 2012, o C137 tem sido extensivamente testado por pilotos e mantenedores do CEAM (Centre d’ Expériences Aériennes Militaires – Centro de Avaliação Operacional da Força Aérea Francesa). A decisão foi tomada para fazer o AESA voar tanto quanto possível, para testá-lo em uma grande variedade de cenários e para certificar de que os níveis de confiabilidade prometidos se materializem. Desde a entrega, o C137 realizou uma e, às vezes, duas saídas por dia. O ponto positivo do AESA é que pode ser instalado em praticamente qualquer Rafale, graças a um conceito plug-and-play inovador. Assim, o radar que foi entregue com o C137 também voou nos bipostos B304 e B305. Em média, são requeridas apenas duas horas para remover o PESA e instalar o AESA no seu lugar, uma vez que não há necessidade de modificação de software nem de modificações específicas de hardware na base do radar. Os engenheiros dizem que, em termos de complexidade de procedimentos de manutenção, uma alteração na configuração de PESA para AESA é como trocar um pneu.

    Grande aumento de desempenho operacional
    Desde a entrega do C137, os pilotos franceses têm constatado que podem realizar missões de ofensivas e defensivas com AESA, e a adoção do novo radar é considerada pelos pilotos da Força Aérea como um salto extraordinário na capacidade operacional. O AESA foi extensivamente testado contra móveis rápidos e lentos, em cenários de varredura acima e abaixo do horizonte, contra alvos que contavam com contramedidas eletrônicas e despistadores (chaff) para tentar superar o RBE2. Um míssil ar-ar MICA EM foi disparado com sucesso para certificar que todo o sistema, inclusive o enlace AESA-míssil, funcionasse como esperado. Os pilotos da Força confirmaram uma longa lista de sucessos para o novo AESA: maior cobertura angular, resistência significativamente melhorada a interferências e contramedidas, capacidade de identificar alvos pequenos, mesmo em presença de clutter (ruído de fundo), e índices extremamente altos de revisitação dos alvos que foram selecionados. O maior mérito do AESA, no entanto, reside na capacidade da antena de detectar e rastrear alvos aéreos em distâncias muito maiores do que o anterior PESA. Na verdade, o advento do AESA efetivamente duplicou o alcance de detecção do RBE2 e, de acordo com as tripulações da CEAM, um Rafale equipado com AESA poderia ser usado como um mini AWACS para transmitir dados (via Link 16) para Rafales ainda equipados com PESA, que assim estariam também aptos a interceptar em longa distância.
    O sucesso sem precedentes da avaliação operacional do AESA dá às tripulações a confiança de que a Força Aérea e a Marinha francesas receberão oportunamente um sistema altamente capaz e econômico. No final de 2013, a Força Aérea terá recebido quatro Rafales equipados com AESA, e o sistema será declarado totalmente operacional com o Esquadrão de Caça 1/7 “Provence”, em Saint-Dizier. Com a entrada em serviço do míssil Meteor, em 2018, as tripulações serão capazes de explorar ao máximo as capacidades notáveis do AESA e do míssil de propulsão ramjet.

    FSO e FSO-IT
    Além do radar RBE2, o Rafale é equipado com um conjunto abrangente de sistemas optrônicos: Optrônica de Setor Frontal – OSF (FSO – Front Sector Optronics), Pod Designador Damoclès e Pod de Reconhecimento de Nova Geração (Pod Reco NG – New Generation Reconnaissance Pod).
    O FSO é usado principalmente como um equipamento de vigilância e identificação de alvos na função ar-ar, mas também pode oferecer algumas capacidades de identificação de alvos na superfície. Montado na parte superior do nariz do Rafale, à frente do parabrisa, o FSO atua em diferentes comprimentos de onda infravermelha e fornece detecção discreta de longo alcance, rastreamento angular de vários alvos e telemetria para alvos aéreos e de superfície, aumentando consideravelmente a furtividade do Rafale, uma vez que o caça pode detectar e identificar discretamente aeronaves inimigas sem usar seu próprio radar, que poderia trair a sua presença. O FSO é composto por dois módulos: o sensor infravermelho de busca e rastreamento (Infra-Red Search and Track), e o sistema de TV acoplado a um telêmetro laser eyesafe (não danoso à visão humana). As funções dos dois sistemas são claramente complementares: vigilância e rastreamento multialvo pelo módulo de vigilância IR à esquerda; rastreamento de alvos, identificação e telemetria pelo módulo de TV/laser à direita. Quaisquer que sejam as restrições de engajamento (rules of engagement – ROE), o FSO minimiza os riscos de fratricídios (blues in blues) e permite a avaliação instantânea dos resultados do ataque (battle damage assessment – BDA).
    Uma variante modificada da Optrônica do Setor Frontal – OSF, o FSO-IT (Improved Technologies – tecnologias aprimoradas) foi escolhido pelas Forças Armadas francesas para o quarto lote de produção de Rafales, e o sistema também já foi entregue anteriormente, com entrada em serviço no final de 2012. Este FSO-IT é desprovido do módulo de vigilância IR, mas está equipado com um módulo de TV/laser atualizado, que oferece capacidades de identificação mais extensas. A adaptação de um sensor IR melhorado continua a ser uma opção do FSO-IT para clientes de exportação.

    Pod designador Damoclès
    O Rafale conta agora com um pod de identificação/designação a laser Damoclès, que é instalado na estação de fuselagem frontal direita, sob a entrada de ar direita. Produzido pela Thales, o Damoclès foi projetado para ser usado em conjunto com munições guiadas a laser existentes e futuras, como a família Paveway de bombas guiadas a laser e as armas de precisão HAMMER. Existem dois campos de visão disponíveis para as tripulações – largo (4° x 3°) e estreito (1° x 0,5°). O pod é equipado: com um telêmetro laser eyesafe (não danoso à visão humana); com um designador a laser plenamente compatível com a norma STANAG 3733 da OTAN; e com um rastreador do reflexo (spot) laser. Além disso, sua resolução permite que seja usado para reconhecimento a longa distância e avaliação de danos de batalha – BDA. O pod Damoclès foi concebido para atender necessidades e custos de manutenção consideravelmente mais baixos do que os modelos anteriores e pode suportar os esforços associados às operações embarcadas. Ele entrou em operação no Rafale no final de 2010 e foi usado em missões no Afeganistão, Líbia e Mali para identificação/vigilância de alvos e iluminação laser. Um contrato de desenvolvimento de um pod de mira de última geração foi firmado com a empresa Thales no início de 2013. Ele fornecerá detecção aprimorada e recursos de rastreamento diurno e noturno.

    Pod de reconhecimento
    Todos os conflitos recentes demonstraram que as missões ISTAR (Intelligence, Surveillance, Tactical Acquisition and Reconnaissance – inteligência, vigilância, aquisição tática e reconhecimento) estão se tornando cada vez mais importantes para encurtar o ciclo operacional OODA (Observation, Orientation, Decision, Action – observação, orientação, decisão, ação). Para missões de reconhecimento, o Rafale carrega, sob a estação central, o pod Thales Reco NG (também conhecido no mercado de exportação como AREOS – Airborne REconnaissance Observation System), sistema de observação e reconhecimento aerotransportado), um sistema desenvolvido especificamente para o reconhecimento de pré-ataque, para a avaliação de danos de batalha e para reconhecimento por vídeo. Graças ao poderoso sensor de duas bandas (TV/infravermelho) do Pod Reco NG, montado em uma torre giratória na parte frontal do pod, o Rafale se mantém fora do alcance das defesas aéreas inimigas ao tirar fotos incrivelmente nítidas de longa distância, dia e noite. O pod é equipado com um sistema de datalink de banda larga que oferece capacidade de transmissão em tempo real de todas as imagens captadas durante a missão. O desempenho e a resolução deste sistema não são divulgados por razões de segurança, mas se considera que a imagem fornecida é excepcionalmente boa, graças ao potente sensor eletro-óptico do pod, que permite que fotos de alta resolução sejam tiradas de longas distâncias. Para a máxima eficiência, os sensores utilizam diferentes comprimentos de onda, e os pods possuem gravadores digitais de última geração. Foi adquirido um total de 20 pods Reco NG, incluindo oito para a Força Aeronaval utilizar no porta-aviões Charles de Gaulle. O Pod Reco NG entrou em serviço nos Rafales da Força Aérea e da Marinha francesas em 2010 e tem sido utilizado em operações no Afeganistão, Líbia e Mali.

    Sistema de guerra eletrônica
    O Rafale está equipado com um sistema de guerra eletrônica altamente automatizado, que provê um excelente nível de proteção contra ameaças conhecidas e futuras, como foi demonstrado na Líbia. O SPECTRA (Self-Protection Equipment Countering Threats of Rafale Aircraft – equipamentos de autoproteção da aeronave Rafale contra ameaças) é um conjunto de guerra eletrônica totalmente integrado, concebido e produzido pela Thales em cooperação com a MBDA. O sistema é completamente montado internamente, num esforço para manter livres as estações de armas. Garante detecção eletromagnética eficiente, alerta de iluminação laser, aviso de aproximação de míssil com tecnologia de detecção IR passiva, interferência eletrônica e utilização de dispositivos de despistamento eletromagnético (shaff) e infravermelho (flare), mesmo no ambiente de multiameaça mais exigente.
    Graças à sua tecnologia digital, o SPECTRA fornece detecção passiva de longo alcance, identificação e localização de ameaças, e permite ao piloto ou operador do sistema reagir imediatamente com as melhores medidas defensivas: interferência eletrônica, utilização de chaff e flare, manobras evasivas e/ou qualquer combinação dessas ações para evitar ou se contrapor com sucesso a uma variedade de ameaças aéreas e terrestres. O SPECTRA é dividido em diferentes módulos e sensores posicionados estrategicamente na aeronave para dar cobertura absoluta. As zonas de letalidade, determinadas pelos calculadores do SPECTRA de acordo com os tipos de armas de defesa aérea detectados e o terreno local, podem, então, ser exibidas na tela tática colorida, permitindo à tripulação evitar o voo em áreas perigosas. Mesmo num ambiente de sinal eletrônico muito denso, a precisão de localização da ameaça em azimute é excelente, e o tempo necessário para a identificação do sinal é extremamente curto. Além disso, a capacidade elevada de processamento permite detecção e desempenho de interferência notáveis, otimizando a resposta de acordo com a ameaça identificada: sinais eletromagnéticos recebidos são analisados, a direção e a localização dos emissores são determinadas com grande precisão. A localização exata e os tipos de sistemas detectados pelo SPECTRA podem ser gravados para análise posterior, proporcionando aos operadores do Rafale uma substancial capacidade SIGINT/ELINT já integrada, minimizando a necessidade de plataformas de inteligência dedicadas, especializadas e caras. O uso do SPECTRA também é muito flexível, e seu software pode ser reprogramado na linha de vôo.
    Para se contrapor às novas gerações de mísseis solo-ar portáteis, um sistema de alerta de iluminação laser está montado nas laterais do nariz e na cauda do caça, proporcionando cobertura de 360 graus e garantindo a detecção e o aviso de aproximação de mísseis lançados “de ombro” guiados por feixe de laser. Há quatro módulos incorporados à fuselagem (em direção ascendente) para lançamento de vários tipos de cartuchos despistadores (flares ou eletroópticos), e o Rafale está equipado com dois lançadores de chaff internos.
    Refinamentos estão sendo continuamente introduzidos para melhorar o sistema SPECTRA, e um Sistema de Alerta de Mísseis de Nova Geração (DDM NG – Détecteur De Missile Nouvelle Génération ) está sendo incorporado. Graças à utilização das mais recentes tecnologias de imageamento infravermelho, o novo sistema oferece maior campo de visão e melhor alcance de detecção, bem como menor taxa de falso alarme em comparação com outras tecnologias e com o sistema que voa atualmente no Rafale (DDM). Com o DDM NG, a esteira de escapamento de um míssil pode ser detectada a uma distância muito longa sem nenhuma emissão reveladora que traia a presença do Rafale. O discreto alerta de aproximação de míssil garante alta probabilidade de detecção e baixas taxas de falso alarme, mesmo contra as recentes armas guiadas por IR totalmente passivas; e, quando o lançamento de um míssil é detectado, o DDM NG pode acionar automaticamente uma sequência de despistadores para evitar a ameaça. No momento em que este artigo era escrito, a avaliação operacional do DDM NG já tinha sido iniciada em Mont-de-Marsan, e a entrada em operação era prevista para o final de 2013. Os engenheiros da Thales estão trabalhando em novos aprimoramentos do SPECTRA, e vários upgrades estarão disponíveis brevemente para os mercados interno e de exportação.

    Fusão de dados de sensores
    No Rafale, não há nenhum sensor primário por definição: o radar, o FSO, o sistema de guerra eletrônica SPECTRA, o Link 16; todos contribuem para a consciência situacional, e os dados obtidos por meios diferentes são mesclados (data fusion) em uma única imagem tática apresentada na tela central ao nível dos olhos (HLD – Head Level Display) e colimada ao infinito. Todos os sensores têm vantagens e desvantagens inerentes: o FSO passivo tem excelente resistência a contramedidas, e a sua resolução angular é melhor do que a do radar. Por outro lado, o radar é muito preciso na faixa de longa distância e pode acompanhar mais alvos do que o FSO. O sistema SPECTRA pode analisar as emissões de radar inimigas para identificar um emissor com precisão, e o Link 16 pode ser usado para transmitir e receber dados de/para outros participantes, como um AWACS. O sistema de fusão de dados do Rafale combina e compara automaticamente as informações coletadas pelos sensores e pode posicionar com precisão e identificar positivamente os alvos graças a algoritmos dedicados incorporados em seu sistema de missão. É muito mais do que uma simples correlação, pois permite ao piloto construir uma imagem tática precisa e inequívoca, provendo informações de alvo extremamente confiáveis para o sistema de controle de tiro. A combinação de aquisição/rastreamento de alvo multicanal com fusão inteligente dos dados de sensores é um agente facilitador essencial, que muda radicalmente concepção das táticas de combate aéreo. Até recentemente, os pilotos só puderam utilizar seus cérebros para processar as informações obtidas por seus radares ou por seus olhos, e para construir uma imagem mental da evolução da arena de combate. Com o Rafale, o sistema assumiu o papel de processamento, reduzindo consideravelmente a carga de trabalho do piloto e permitindo às tripulações dedicar mais tempo à gestão tática e se concentrar na evolução combate, não no vôo. Além disso, o sistema de armas multicanal do Rafale pode lidar simultaneamente com as ameaças aéreas e de superfície. Essa é uma vantagem crucial sobre os concorrentes mais próximos, porque, a partir de agora, os pilotos serão capazes de atacar alvos no solo ao mesmo tempo em que engajam contra caças inimigos que representem maior ameaça. Por exemplo, mesmo com o radar no modo ar-superfície, o FSO será totalmente capaz de detectar e rastrear interceptadores hostis, e o piloto poderá engajar imediatamente uma ameaça emergente.

    Visor montado no capacete
    Embora o Rafale ainda não esteja equipado com um Visor Montado no Capacete (HMD – Helmet-Mounted Display), esse sistema pode ser facilmente integrado à aeronave, mas as Forças Armadas francesas ainda não formalizaram a necessidade do HMD para sua frota de caças. No entanto, os estudos preliminares e o desenvolvimento inicial foram realizados há muito tempo para demonstrar a viabilidade e os benefícios de equipar o Rafale com HMD. Isso levou a uma demonstração do HMD realizada em bancada de testes de desenvolvimento e no próprio caça. De acordo com a Dassault, o desenvolvimento completo poderia ser realizado em tempo muito curto, graças ao sucesso desses estudos já realizados. O HMD seria necessário para exibir os dados de referência de voo diretamente em frente aos olhos das tripulações, nos assentos dianteiro e traseiro, e para permitir o apontamento de armas e a utilização destas em ângulos extremos. Isso aumentaria a consciência situacional daria aos pilotos a capacidade de disparar armas “sobre o ombro” após a designação pelo HMD, aumentando significativamente a eficiência em combate.

    O CAMINHO DA MODERNIZAÇÃO DO M88
    Uma nova versão do motor do Rafale, o renomado turbofan M88, fornecido pela Snecma (uma empresa do Grupo Safran), entrou em operação recentemente.

    O M88 é um motor inovador, com muito alta razão potência/peso, baixíssimo consumo de combustível em todos os regimes de voo e vida útil muito longa. Em 19 de abril de 2013, 341 turbofans tinham sido entregues pela Snecma para a linha de montagem da Dassault e para as Forças Armadas francesas, e os motores de desenvolvimento e produção tinham alcançado mais de 250.000 horas de funcionamento sem problemas.

    Tecnologias avançadas
    A Snecma é uma das poucas empresas no mundo a dominar todas as tecnologias necessárias para projetar motores de caças avançados. O turbofan M88 selecionado para o Rafale tinha que cumprir rigorosas exigências: deveria ser compacto e foi projetado para se destacar em baixa e grande altitude. Além disso, a resposta do motor aos movimentos da manete de potência tinha que ser instantânea. Para prover a potência necessária, mantendo o consumo de combustível dentro de determinados limites, os engenheiros da Snecma deveriam apresentar soluções inovadoras para garantir que os níveis de desempenho atendessem às necessidades francesas extremamente exigentes de potência e durabilidade. Consequentemente, o M88 incorpora tecnologias avançadas, tais como palhetas de compressor integradas aos discos (chamados “blisks=blades+disks), uma câmara de combustão de baixa poluição, palhetas de turbina de alta pressão em cristal único, revestimentos cerâmicos, discos revolucionários com uso de metalurgia do pó. Além disso, o M88 foi otimizado para que sua pequena assinatura infravermelha não comprometesse a assinatura global de IR do Rafale e as suas emissões não-poluentes e livres de fumaça tornassem a detecção visual da aeronave mais difícil do que nos projetos antigos.
    O M88 tem empuxo seco de 11.250 libras e de 17.000 libras em pós-combustão. É equipado com um FADEC redundante (FADEC: Full Authority Digital Engine – Controle Digital do Motor com Autoridade Total) fabricado pela Sagem, que permite acelerar da marcha lenta à pós-combustão em menos de três segundos. Graças ao FADEC, os M88 dão ao Rafale um desempenho impressionante: o controle automático do motor permite que a manete seja acionada da potência de combate para a marcha lenta e de volta à potência de combate em qualquer situação do envelope de voo. O compressor utiliza um fan de baixa pressão de três estágios e um compressor de alta pressão de seis estágios. O pico da temperatura do motor é de 1.850 K (1.577 °C), com uma razão de compressão de 24,5:1; e, com potência seca máxima, o consumo específico de combustível é da ordem de 0,8 kg/daN.h, aumentando para 1,7 kg/daN.h em pós-combustão máxima. Para as operações em porta-aviões, o M88 é extremamente protegido contra a corrosão, e nenhuma diferença de MTBF (Mean Time Between Failure – tempo médio entre falhas) foi detectada entre os motores da Força Aérea e da Força Aeronaval francesas.
    A produção do M88 é dividida entre Gennevilliers (uma fábrica especializada na forja, fundição e usinagem de peças de motor), Evry-Corbeil (a fábrica responsável por subconjuntos, utilizando técnicas avançadas como: soldagem por fricção inercial; usinagem eletroquímica; corte a laser; perfuração e solda; solda e corte robotizados; e usinagem de alta velocidade) e Villaroche, onde a montagem final e os testes são realizados. Ao todo, cerca de 40% do motor é fornecido pela Snecma, a partir de suas três fábricas principais nos arredores de Paris; e os outros 60%, por empresas subcontratadas localizadas principalmente na França, embora algumas estejam em outros países europeus (o M88 é ITAR-free, ou seja, não está sujeito às normas internacionais de tráfego de armamento – ITAR). A Snecma monitora cuidadosamente a sua cadeia de suprimentos e pode aumentar rapidamente o volume de produção para responder a qualquer contrato de exportação.

    Facilidade de manutenção
    Reduzir os custos de propriedade e melhorar o desempenho sempre foram metas óbvias para a Snecma, e o M88 foi projetado para alcançar a melhor combinação de prontidão operacional e confiabilidade. Para facilitar o rápido reparo e manutenção em condições adversas e minimizar a estocagem de peças de reposição, o motor é dividido em 21 módulos intercambiáveis sem necessidade de balanceamento e recalibração. “A notável modularidade é a vantagem evidente do M88 em comparação a outros motores militares, enfatiza Rémy Letscher, Diretor do Programa M88 da Snecma. “Alguns destes módulos podem ser substituídos sem retirar o motor da aeronave Rafale, e um M88 pode ser removido e substituído em menos de uma hora por dois engenheiros, mesmo em uma base de desdobramento. Após a manutenção, o motor está pronto para voar operacionalmente, sem que seja necessária a execução de ensaio em bancos de prova. Como consequência direta, a Força Aérea Francesa decidiu não adquirir banco de prova para o M88. Este conceito de manutenção altamente inovador foi testado e comprovado em situação real, durante as operações de combate.”

    Potencial de crescimento inato
    A construção modular do M88 provou ser um fator decisivo para facilitar modernizações e, nos últimos dois anos, a Snecma tem sido extremamente ativa, testando novos componentes para aumentar a vida útil do motor, reduzir custos e demonstrar que valores mais elevados de potência podem ser alcançados. Esse esforço culminou com a qualificação da versão M88-4E, em maio de 2012.
    Logo após entrar em serviço, o M88 passou por uma série de melhorias, e o motor M88-2 E4 substituiu o anterior M88-2 na linha de produção em 2004. Esse modelo E4 apresentou maior tempo médio de remoção não programada (MTBUR – Mean Time Between Unscheduled Removals), graças ao redesenho do compressor de alta pressão e da turbina.
    A Snecma buscou melhorias para aperfeiçoar o desempenho geral do turbofan M88. De 2003 a 2007, durante o programa de demonstração da versão M88 ECO, os engenheiros testaram novas tecnologias para demonstrar que poderiam aumentar ainda mais a vida útil de alguns componentes para diminuir os custos operacionais. Ao todo, mais de 4.000 ciclos foram registrados pelo motor protótipo durante os testes no solo, incluindo ensaios de resistência. O motor também foi ajustado para 20.250 libras de propulsão em pós-combustão máxima (e 13.500 libras sem pós-combustão) para demonstrar que esta potência pode ser facilmente obtida com um mínimo de modificações. A razão de compressão alcançou 27:1, e o fluxo de ar foi aumentado de 65 kg/segundo para 72 kg/segundo após a introdução de um compressor de baixa pressão redesenhado, enquanto que a diferença de peso foi mantida sob rigoroso controle, com o demonstrador ECO sendo apenas 194 libras (88 kg) mais pesado do que o M88-2 padrão.

    Versão M88-4E
    O esforço de desenvolvimento da versão ECO provou que o M88 pode ser facilmente modernizado, e o Ministério da Defesa francês e a Snecma decidiram avançar com o desenvolvimento de uma modernização para todos os motores produzidos. Lançado em 2008, o programa TCO (Total Cost of Ownership – custo total de propriedade) do M88 foi iniciado para melhorar a durabilidade do motor e reduzir ainda mais os custos de manutenção. Com o investimento no projeto ECO, a Snecma foi capaz de aprimorar o M88-2: o resfriamento foi melhorado e componentes mais resistentes foram introduzidos, aumentando a durabilidade de 50% a 60 %, dependendo do uso do motor. O primeiro teste de motor (FETT – First Engine to Test) foi iniciado em setembro de 2009, e o primeiro motor da série TCO, agora chamado M88-4E, foi entregue à fabricante do Rafale, a Dassault Aviation, em Mérignac, no mês de maio de 2012, antes da entrega às Forças Armadas Francesas, em setembro de 2012. No momento em que este artigo era escrito, 31 M88-4E tinham sido produzidos na linha de montagem da Snecma em Villaroche.
    “Graças à estrutura modular do M88, as alterações foram restritas ao mínimo necessário, e apenas o compressor de alta pressão e a turbina de alta pressão foram modificados”, explica Rémy Letscher. “Na verdade, esses dois módulos M88-4E permanecem completamente intercambiáveis com os módulos 4 e 8 mais antigos do M88-2. Esta é uma verdadeira conquista que nos permitiu manter os custos dentro de limites aceitáveis. A expectativa de vida entre as revisões foi aumentada de 2.500 para 4.000 ciclos acumulados totais.”

    Modificações incrementais
    As Forças Armadas francesas queriam evitar a manutenção de duas versões distintas do M88 no inventário, mas, graças à construção modular do motor, isso não aconteceria, uma vez que os motores M88-2 em operação poderão tirar proveito de uma série de modificações incrementais que irão progressivamente trazê-los ao padrão 4E ao cumprirem manutenção de segundo nível (nível Base), ou de terceiro nível (nível Parque ou Industrial). “Esta é uma vantagem decisiva para a Força Aérea e a Marinha francesas em termos de gestão de frota e de peças de reposição”, diz Rémy Letscher. “A modernização vai ser muito fácil de implementar, uma vez que os novos módulos serão introduzidos quando os mais antigos chegarem ao fim de sua vida útil, sem que seja necessário efetuar uma revisão. Em 2020, todos os motores M88-2 estarão atualizados para o padrão M88-4E.”
    O M88 é agora um motor turbofan totalmente maduro, e a Snecma confirmou que a confiabilidade geral do motor já atingiu níveis sem precedentes. O advento da versão M88 4E é um marco significativo na evolução do motor, e essa nova variante do M88 está superando os requisitos de potência e economia de combustível estabelecidos pelo Ministério da Defesa francês.

    Maior potência para quem necessitar
    Para os clientes que necessitam de mais potência para obter maior agilidade de combate e melhor desempenho, a Snecma lançou estudos de viabilidade para uma variante do M88 que alcançará 20.000 libras nominais com pós-combustão, mantendo um alto nível de compatibilidade entre o M88-4E e o motor de maior potência. O programa ECO realizado constituiu o primeiro passo desse programa de pesquisa que agora irá reduzir progressivamente os riscos e limitar os custos associados. O objetivo final da Snecma é produzir um motor de maior potência que permanecerá completamente intercambiável com as atuais versões M88-2 e M88-4E, embora a introdução de um novo tipo imponha ao Rafale a adoção de entradas de ar ligeiramente maiores para permitir maior fluxo de ar. Essas entradas fixas, que podem ser facilmente adaptadas à fuselagem existente, foram cuidadosamente concebidas para não ter nenhum impacto sobre o arrasto ou sobre a seção reta radar.
    A Snecma lançou outro programa, o THEO (Turbina à Haute Efficacité Optimisée – turbina otimizada de alta eficiência), para melhorar ainda mais o M88. “O THEO nos permitirá testar novas tecnologias, especialmente as novas lâminas de turbina de alta pressão ocas, que irão operar em temperaturas muito mais elevadas do que as do projeto atual, graças a melhores técnicas de arrefecimento”, diz Rémy Letscher. “Desenvolvimentos adicionais permanecerão voltados para atendimento de requisitos de novos clientes, pois as Forças Armadas Francesas estão confiantes de que seus Rafales são suficientemente potentes e ainda não apresentaram requisitos para uma versão de maior empuxo. O motor tem integrado um grande potencial de crescimento para uma propulsão aumentada. Como alternativa, o tempo entre as revisões gerais pode ser estendido ainda mais.”

    AS ARMAS DO RAFALE
    As Forças Armadas francesas sonhavam há muito tempo com um caça
    que pudesse executar tarefas ar-superfície e ar-ar durante uma mesma missão.
    Com o Rafale, o sonho tornou-se realidade.

    Os engenheiros da Dassault Aviation não pouparam esforços para garantir que o Rafale pudesse transportar, interna e externamente, uma carga extremamente grande para um caça tão compacto. O caça omnirole está equipado com 14 estações de carga externa (13 no Rafale M por causa do trem de pouso dianteiro de grandes dimensões), das quais cinco estações são aptas para utilizar tanques de combustível ejetáveis, e a carga externa máxima certificada é de 20.925 libras (9.500 kg) de combustível, de armas, além de pods (casulos) de reabastecimento em voo buddy-buddy, de designação e reconhecimento de alvos.

    Família de mísseis ar-ar multifuncionais
    Para missões de defesa e superioridade aérea, o Rafale está armado com o MICA (Missile d’Interception, de Combat et d’Autodéfense – míssil de interceptação, combate e autodefesa), produzido pela MBDA. Esta avançada arma multifuncional leve (246 lb ou 112 kg) é capaz de realizar interceptações além do alcance visual (BVR – Beyond Visual Range) e em combate próximo (dogfight). Duas versões do MICA são utilizadas pelo Rafale: o MICA EM (eletromagnético), guiado por radar; e o MICA IR (infravermelho), guiado por sensor infravermelho. Isso ajuda a garantir a redução dos custos diretos de desenvolvimento, aquisição e manutenção, uma vez que as estruturas, as cargas bélicas e os motores-foguete são os mesmos para ambos os modelos, sendo o tipo de rastreador a única diferença. A disponibilidade de dois sistemas de orientação também oferece maior flexibilidade tática e dificulta ao inimigo a seleção das contramedidas e manobras defensivas a utilizar, uma vez que as ações necessárias para se opor aos dois tipos de rastreadores são totalmente diferentes.
    No Rafale, os mísseis MICA podem ser utilizados nas estações laterais da fuselagem traseira, nas estações médias das asas e nos trilhos de lançamento de ponta de asa, perfazendo uma carga normal de seis mísseis. Duas outras estações externas subalares (próximas às pontas das asas) estão disponíveis para outro par de mísseis MICA, mas ainda não houve requisito para tal configuração, e uma expansão do envelope de vôo ainda seria necessária. Opcionalmente, com lançadores múltiplos sendo utilizados nas estações subalares, a capacidade do caça poderia aumentar para até dez mísseis MICA, utilizando ainda três tanques ejetáveis de 2.000 litros (528 galões americanos – US GAL) ou três de 1.250 litros (330 US GAL), proporcionando excelente raio de ação e persistência nas missões de defesa e superioridade aérea.

    MICA guiado por radar
    Graças ao radar ativo Thales AD4A instalado internamente ao radome pontiagudo do míssil, o MICA EM é totalmente autônomo depois do lançamento, para permitir que o piloto possa engajar vários alvos em rápidos lançamentos sucessivos ou curvar depois de um tiro, visando reduzir o tempo gasto em uma área potencialmente perigosa ou evitar que a aeronave inimiga alcance parâmetros para disparo. O motor-foguete de propelente sólido Protac (agora Roxel) e altíssimo empuxo garante alcance muito longo, e o enlace de dados (datalink) entre caça e míssil permite realizar interceptações além do alcance visual, com notável probabilidade de acerto e letalidade. O MICA EM tornou-se plenamente operacional nos Rafale da Força Aeronaval no início de 2002 e nos Rafale da Força Aérea em 2005. Ele também está em serviço nos Mirage 2000-5 da Força Aérea Francesa, da Força Aérea da República da China (Taiwan) e da Força Aérea do Emirado do Qatar, como também nos Mirage 2000-9 dos Emirados Árabes Unidos, nos Mirage 2000-5 MkII da Grécia e nos Mirage F1 do Marrocos. Foi ainda o míssil encomendado para os Mirage 2000 da Índia, que estão sendo modernizados para o mais recente padrão “Deux Mille”.
    O MICA EM foi testado em ambientes muito exigentes, e o programa de ensaios culminou com o engajamento de dois MICA disparados de um único caça contra dois alvos muito distantes, os quais usavam contramedidas. Como parte de uma avaliação de armamento realizada em junho de 2007, um míssil MICA ar-ar foi disparado em grande azimute (over the shoulder – por cima do ombro) por um Rafale que não tinha nenhum contato de radar com o avião alvo, sendo todas as informações de alvo fornecidas por outro Rafale via datalink (Link 16). Graças ao seu motor de empuxo vetorado (Thrust Vectoring Motor), o Mica executou um giro de 180 graus e voou diretamente para o drone, obtendo um impacto direto em um alcance operacional realista (dados precisos são sigilosos). Mais recentemente, no final de 2009, um único Rafale disparou um Armamento Ar-Solo Modular (AASM) SBU 64 e um míssil MICA EM quase que simultaneamente. O objetivo do teste foi demonstrar que o Rafale pode, em lançamentos sucessivos, atingir com precisão seu alvo no solo e engajar com sucesso uma ameaça ar-ar.

    Versão de guiagem por infravermelho
    O MICA IR (IR – infrared) é o segundo membro da extremamente manobrável família MICA. O desenvolvimento sucessivo de várias gerações de sensores infravermelhos passivos para os mísseis Matra 530, Magic I e Magic II permitiu que os engenheiros franceses criassem para o MICA IR um rastreador de imagem infravermelha de banda dupla altamente efetivo. O rastreador IR Sagem tem muitas vantagens para um míssil de longo alcance desse tipo. Ele tem excelentes resolução angular e resistência a contramedidas – graças a uma combinação de sensores FPA (FPA – Focal Plane Array), sistema de imagem de banda dupla, tecnologia de resfriamento em ciclo fechado – e é totalmente furtivo. Quando é usado em conjunto com o sistema OSF (Optrônica do Setor Frontal) do Rafale, o rastreador IR permite realizar interceptações absolutamente furtivas (stealth), sem emissões de radar que possam denunciar a presença da aeronave. Como esperado, tanto o radar MICA quanto os rastreadores infravermelhos possuem excelentes capacidades de contra-contramedidas. Para a máxima manobrabilidade logo após o lançamento, o motor foguete do MICA é equipado com quatro pequenas superfícies posicionadas no escapamento, para direcionar o fluxo do jato e manobrar em lançamentos efetuados contra alvos que estejam além do setor frontal.
    O MICA IR estava inicialmente restrito aos modos de combate de curto alcance, mas, com o disponibilidade do Rafale no padrão F3, uma função de interceptação de longo alcance foi introduzida, graças à capacidade de acoplar o míssil ao alvo após o lançamento (LOAL – lock on after launch); proporcionando assim, para o modelo IR, a mesma capacidade BVR (Beyond Visual Range – atuação além do campo visual) já existente para a versão EM. A Dassault Aviation também atua na integração de um visor com mira montado no capacete (HMD – helmet mounted display) que, em breve, permitirá que o acoplamento após o lançamento (LOAL) e o uso contra alvos completamente fora setor frontal sejam realizados com o MICA IR (e com o MICA EM em algumas condições).
    Um modelo naval/terrestre do MICA, lançado verticalmente, o VL MICA (vertical launch), foi desenvolvido e exportado para vários clientes, incluindo Omã. A configuração naval básica é composta por oito mísseis alojados em casulos padrão, montados verticalmente para a defesa de navios contra ataques de saturação. A versão terrestre é adaptada a um caminhão e pode ser altamente eficiente para defender alvos estáticos de alto valor, tais como bases aéreas ou refinarias. Usando rastreadores IR ou EM ativos, o sistema VL MICA é dito ser capaz de engajar até oito alvos diferentes, distribuídos por um arco de 360 graus, em menos de 12 segundos.

    Canhão 30M791
    A experiência de combate recente, no Afeganistão e no Mali, mostrou que os canhões ainda são de valor inestimável em uma série de cenários, especialmente quando as tropas combatentes requerem apoio de fogo aéreo para reprimir as forças hostis. No cenário de combate ar-ar, quando os mísseis são muito caros ou incapazes de atingir alvos muito próximos, o canhão continua a ser uma ferramenta útil. Os canhões também são ainda considerados ideais para a interceptação de alvos lentos e voando baixo, tais como helicópteros ou aviões de transporte, e provaram ser valiosos para executar tiros de aviso na missão de policiamento do espaço aéreo.
    Para o Rafale, a GIAT Industries (atualmente Nexter) desenvolveu o novo canhão rotativo de sete câmaras 30M791. Este canhão extremamente poderoso foi concebido para ser um substituto para as armas da antiga família DEFA, que equiparam o Mirage III, o Mirage F1, o Super Etendard e o Mirage 2000. O projeto era ambicioso, uma vez que o novo canhão tinha que oferecer o mesmo poder de fogo dos dois canhões DEFA 554 que equipavam o Mirage 2000. Esse requisito exigente foi atendido graças à razão de tiro de 2.500 projéteis por minuto e à nova munição 30 x 150 mm, que resultou em uma velocidade inicial dos projéteis muito elevada (1025 m/s, em vez dos 810 m/s do Mirage 2000). O canhão atuado a gás de 264 lb (120 kg) é autônomo e seu alcance efetivo ar-ar é de 2.500 m (8.200 pés). A razão de tiro é atingida instantaneamente, e 21 projéteis são disparados em meio segundo (duração de uma rajada normal). O 30M791 é montado ao lado da entrada de ar do motor direito em todas as versões do Rafale. É interessante notar que o Rafale pode voar com ou sem o seu canhão, proporcionando às forças a oportunidade de utilizar o canhão interno apenas para disparos em missões de treinamento em estandes de tiro ou para missões de combate real, minimizando assim a quantidade de manutenção necessária.

    Munição do canhão
    O tecnicamente avançado canhão 30M791 dispara munição perfurante, explosiva e incendiária SAPHEI (Semi-Armour Piercing High Explosive Incendiary) de 30 x 150 mm, projetada especificamente para o Rafale, assim como a munição inerte de treinamento (TP – Target Practice). O obus, que pesa 275 g (0,60 lb), é equipado com uma espoleta de impacto de pequeno retardo MR3015 e também com um dispositivo de autodestruição. O tempo de vôo para alcançar 1.000 m é inferior a um segundo quando disparado de um avião que se desloca a 500 nós, uma redução significativa em comparação com a munição 30 x 113 mm do Mirage 2000, o que se traduz em uma ampliada probabilidade de atingir o alvo. Essa nova munição tem alta penetração, efeito incendiário e proporciona um excelente equilíbrio entre os efeitos de estilhaçamento e de detonação. De acordo com dados fornecidos pela Nexter, cada obus provê os mesmos efeitos destrutivos de uma granada de mão. Um total de 125 cartuchos são carregados em um cofre de munição que pesa 65 kg totalmente abastecido, e a ignição da munição é elétrica (o disparador elétrico é protegido contra radiações eletromagnéticas). O canhão é equipado com um dispositivo de rearmamento pirotécnico que ejeta o cartucho não-disparado depois de um curto intervalo de segurança.
    No Rafale, o piloto pode escolher entre rajadas de 0,5 ou 1 segundo (que equivalem a 21 ou 42 tiros disparados), sendo a seleção feita no solo. Uma vez em vôo, ele será capaz de selecionar rajadas restritas por tempo (0,5 ou 1 segundo, dependendo da seleção feita antes do taxi) ou ilimitadas. Se necessário, os 125 cartuchos podem ser disparados em uma só rajada.
    O 30M791 foi intensivamente testado em condições extremas – tanto operacionais, incluindo curvas de 9 g, quanto climáticas – para verificar sua resistência a acelerações, choques, corrosão e rápidas mudanças de temperatura. Os testes também mostraram que a estrutura e os sistemas eletrônicos do Rafale podem suportar os grandes esforços e vibrações associados à razão de 2.500 tiros por minuto. Inúmeras campanhas de tiro foram realizadas no Centro de Ensaios em Voo de Cazaux, no Sudoeste da França, sendo que o 30M791 entrou em serviço operacional na Aviação Naval francesa em 2002, e na Força Aérea Francesa em 2005. Com o advento da nova munição SAPHEI 30 x 150 mm, novas táticas foram desenvolvidas pelos pilotos da Força Aérea e da Aeronaval, incluindo perfis de tiro em grande ângulo.

    Mísseis de cruzeiro Scalp
    Para ataques com lançamento em longa distância, fora da área de risco (stand-off), a principal arma ar-superfície do Rafale é o míssil de cruzeiro furtivo MBDA Scalp EG (Emploi General – uso geral), da família Apache/Scalp EG/Storm Shadow. Alimentado por um pequeno motor Microturbo TRI 60-30 (132 lb, 60 kg de peso) com potência nominal de 532 daN, o Scalp EG é um míssil de cruzeiro furtivo, de longo alcance, equipado com uma poderosa ogiva convencional penetrante de 881 lb (400 kg) fabricado pela BAE Systems Broach. Destina-se ao uso em ataques pré-planejados contra alvos estáticos importantes e fortemente defendidos. Após o lançamento, o Scalp é totalmente autônomo, graças ao seu sistema de navegação que utiliza posicionamento global (GPS), inercial (INS) e de referência de terreno. Seu rastreador passivo de imagem IR é ativado durante a aproximação final ao alvo. Algoritmos de reconhecimento automático de alvo comparam o cenário real com aquele memorizado, identificam o alvo designado e selecionam o ponto de impacto para atingi-lo com uma precisão muito elevada. Embora a Dassault e a MBDA não divulguem o alcance máximo, numerosos estudos e relatórios do parlamento francês revelam que ele pode atacar alvos a uma distância superior a 250 milhas (400 km) de voo.
    O Scalp/Storm Shadow foi encomendado pela França, Reino Unido, Itália e Grécia, e uma versão específica, chamada Black Shaheen, foi adquirida pela Força Aérea dos Emirados Árabes Unidos para o seu Mirage 2000-9. Nada menos do que 500 mísseis Scalp foram encomendados pela França, incluindo 50 para a Força Aeronaval; e a primeira produção do Scalp foi entregue para a Força Aérea em 2005, inicialmente para o modelo R2 do Mirage 2000D. Tanto os Rafale B e C da Força Aérea, quanto o Rafale M da Marinha francesa, podem levar dois mísseis Scalp EG em estações subalares, ou um único míssil na estação central (com quatro ou seis mísseis MICA). Para operações a partir do porta-aviões Charles de Gaulle, o Rafale M voa com apenas um Scalp e seis MICA. Deve-se notar que o Rafale M pode ser recolhido no Charles de Gaulle com um Scalp EG não-lançado, mas não com dois. Este é o motivo pelo qual o Rafale M opera com apenas um míssil a partir desse porta-aviões, embora o caça possa, teoricamente, ser lançado por catapulta com dois Scalps, dois tanques ejetáveis de 2.000 litros e quatro MICA.

    Facilidade de uso do Scalp
    Os engenheiros da Dassault não pouparam esforços para facilitar o uso do míssil Scalp, e sua integração ao sistema de armas do Rafale foi cuidadosamente gerida. Graças a um sistema de preparação de missão avançado e de fácil operação, o perfil de disparo dos mísseis é determinado antes da saída, e os parâmetros são carregados no cartucho de transferência de dados que será utilizado para alimentar o sistema de armas do Rafale. Com a aproximação da área de lançamento e após a selecionar a função ar-solo, o perfil de lançamento dos mísseis é claramente mostrado na tela tática (HLD – head level display). O piloto só precisa selecionar o modo de ataque para iniciar o alinhamento dos sistemas de navegação inercial dos mísseis, usando a tela touch screen esquerda. O barramento de dados MIL-STD 1760 transfere imediatamente os dados de posicionamento precisos para os Scalps, e uma ordem “JINK” (manobrar) pisca no HUD. O Rafale então deve executar uma série de manobras, de modo que os giroscópios do sistema INS do míssil sejam alimentados com variações de posição e informações suficientes para o seu próprio alinhamento. O motor Microturbo é ligado em seguida. A sequência de disparo do Scalp foi concebida para facilitar o lançamento do míssil. Tudo que o piloto tem que fazer é seguir a rota predeterminada e as ordens associadas ao envelope de disparo apresentado em formato crescente e apertar o gatilho: Os dois mísseis stand-off podem ser d

  5. COMPLEMENTANDO,

    Facilidade de uso do Scalp
    Os engenheiros da Dassault não pouparam esforços para facilitar o uso do míssil Scalp, e sua integração ao sistema de armas do Rafale foi cuidadosamente gerida. Graças a um sistema de preparação de missão avançado e de fácil operação, o perfil de disparo dos mísseis é determinado antes da saída, e os parâmetros são carregados no cartucho de transferência de dados que será utilizado para alimentar o sistema de armas do Rafale. Com a aproximação da área de lançamento e após a selecionar a função ar-solo, o perfil de lançamento dos mísseis é claramente mostrado na tela tática (HLD – head level display). O piloto só precisa selecionar o modo de ataque para iniciar o alinhamento dos sistemas de navegação inercial dos mísseis, usando a tela touch screen esquerda. O barramento de dados MIL-STD 1760 transfere imediatamente os dados de posicionamento precisos para os Scalps, e uma ordem “JINK” (manobrar) pisca no HUD. O Rafale então deve executar uma série de manobras, de modo que os giroscópios do sistema INS do míssil sejam alimentados com variações de posição e informações suficientes para o seu próprio alinhamento. O motor Microturbo é ligado em seguida. A sequência de disparo do Scalp foi concebida para facilitar o lançamento do míssil. Tudo que o piloto tem que fazer é seguir a rota predeterminada e as ordens associadas ao envelope de disparo apresentado em formato crescente e apertar o gatilho: Os dois mísseis stand-off podem ser disparados em lançamentos sucessivos ou separadamente, dependendo dos cenários operacionais. As baixíssimas assinaturas de radar e IR do Scalp o ajudam a se mascarar no ruído de fundo, impedindo que seja atingido antes do ataque. Para uma maior eficiência, a navegação míssil pode ser adaptada à natureza do alvo, permitindo que o armamento, por exemplo, use uma trajetória circular para atacar um edifício a partir de um lado mais vulnerável ou menos defendido. O Scalp foi usado em operação pela primeira vez na Líbia pelos caças de ataque Mirage 2000D e pelos caças omnirole Rafale da Marinha.
    O Scalp continuará sendo a arma convencional preferida do Rafale para ataques de muito longo alcance no futuro próximo. Ele terá que ser modernizado, no entanto, e estudos conjuntos entre a França e o Reino Unido já foram iniciados para melhorar o Scalp e a variante Storm Shadow em serviço na Força Aérea do Reino Unido. Várias opções estão sendo consideradas, desde simples atualizações de software até uma completa modernização de meia-vida, com a introdução de datalink unidirecional ou mesmo bidirecional.

    Armas de precisão
    O Rafale pode ser armado com uma ampla gama de bombas de precisão ar-superfície convencionais ou propulsadas, incluindo as versões SBU-38, SBU-54 e SBU-64 da arma modular HAMMER da Sagem (veja os detalhes no próximo capítulo). Além dessas armas francesas, o Rafale utiliza bombas guiadas por laser (LGB – laser-guided bombs) das famílias Paveway II e III de produzidas pela Raytheon dos EUA. Oferecendo maior interoperabilidade com os aviões dos EUA, as GBU 12/22/24 já foram qualificadas para operar no Rafale, e tanto a GBU-12 quanto a GBU-22 já foram utilizadas em combate pelos aviões da Força Aérea e da Marinha francesas. A Marinha francesa também está interessada em integrar ao Rafale a GBU-49 Enhanced Paveway II, já em serviço no Super Etendard Modernisé. Testes foram realizados em 2012, culminando com um disparo a partir de um Rafale M em julho de 2012. Até seis LGB do tipo GBU-12/22/49 podem ser carregadas em cada Rafale (junto com até três tanques ejetáveis de 2.000 litros, quatro mísseis MICA e um pod designador). Até o presente, foi testado somente o carregamento de uma única GBU-24 sob o ponto duro central da fuselagem, mas há planos para aumentar a capacidade para até três bombas (com outras duas instaladas sob as asas). As GBU-12/22/49 utilizam o mesmo corpo de bomba da série Mk 82 em serviço com o HAMMER (BANG/CBEMS, BLU-111, SAMP Mk 82 e inerte), enquanto que a GBU-24 é construída em torno de uma Mk 84 de uso geral ou do corpo da bomba penetrante BLU-109.
    Para praticar o lançamento desse tipo de armas, as bombas a laser de treinamento (LTGR – Laser-Guided Training Rounds), concebidas para replicar o procedimento de utilização da GBU-12, também foram qualificadas para uso no Rafale.

    Dissuasão nuclear
    O míssil MBDA ASMP-A (Air-Sol Moyenne Portée-Amélioré – ar-solo de médio alcance – aprimorado), armamento nuclear de lançamento à distância, é operado no Rafale desde 2010. Este novo míssil nuclear pré-estratégico tem-se beneficiado da propagação (spin-off) da tecnologia do programa demonstrador de propulsão e aerodinâmica VESTA (VEcteur à STAtoréacteur – vetores aéreos dotados de estatoreator ou ramjet). Ele substituiu o ASMP produzido pela Aeroespacial, que permaneceu em serviço no Mirage 2000N da Força Aérea Francesa e no Super Étendard da Marinha Francesa até maio de 2010. O ASMP-A é baseado na arquitetura geral do ASMP, mas é propulsado por um ramjet de última geração, que utiliza combustível líquido, proporcionando um maior tempo de queima, o que estende consideravelmente o alcance e possibilita o uso de trajetórias novas, mais agressivas. Conta também com o uso de uma nova geração de componentes e com equipamentos avançados e mais precisos de navegação, controle e orientação, protegidos dos pulsos eletromagnéticos (EMP) gerados por explosões de armas nucleares. O míssil é equipado com uma nova geração de ogivas da versão TNA (Tête Nucléaire Aéroportée – ogiva nuclear aerotransportada), que substituiu a antiga TN81 que estava em serviço desde 1988. Segundo dados publicados em 10 de outubro de 2012 pelo Comitê de Defesa da Assembleia Nacional Francesa, em um relatório sobre o futuro das forças francesas, o seu alcance máximo é de cerca de 310 milhas (500 km), em grande altitude. A fase de pré-viabiliade do ASMP foi concluída em 1996, e as fases de viabilidade e definição, em meados de 1999. O desenvolvimento em grande escala começou em 2000, e a capacidade operacional inicial com os caças-bombardeiros Mirage 2000NK3 do Escadron de Chasse 3/4 “Limousin”, em Istres, foi alcançada em outubro de 2009, seguida da qualificação para os Rafales do Escadron de Chasse 1/91 “Gascogne”, em Saint-Dizier, em julho de 2010. As entregas terminaram em dezembro de 2011 e, de acordo com o citado relatório, é seriamente considerado realizar atualização de meia-vida do míssil ASMP-A até 2020.

    Ataque antinavio
    O número de papéis que o Rafale pode desempenhar foi progressivamente ampliado, e o AM39 Exocet Block 2 Mod 2 está plenamente operacional no caça omnirole para missões antinavio desde o final de 2012. O AM39 Bloco 2 Mod 2 é uma versão totalmente digital da família Exocet para uso ar-superfície. Em configuração normal, um único AM39 é carregado na estação ventral de um Rafale B, C ou M, podendo ser adicionados dois tanques de combustível externos de 2.000 litros e de até seis mísseis ar-ar Mica EM/IR, usados para autodefesa ou mesmo para forçar seu caminho através das defesas aéreas inimigas e atingir um alvo importante.
    Na quarta-feira, 19 de setembro de 2012, a Marinha francesa realizou o primeira disparo operacional de um míssil MBDA Exocet AM39 Block 2 Mod 2 a partir de um Rafale da Marinha lançado do porta-aviões Charles de Gaulle. O disparo foi a última etapa necessária para o Exocet ser liberado para uso operacional pelos caças omnirole Rafale M do padrão F3 lotados nas flotilhas 11F e 12F. O Charles de Gaulle estava operando na área de treinamento de Toulon, no Mar Mediterrâneo, e o míssil visava um alvo no campo de ensaio de tiro Ile du Levant, da DGA, obtendo um impacto direto. Este evento é significativo por duas razões principais: com a capacidade do Exocet, o Rafale pode realizar todas as missões para as quais foi projetado: defesa/superioridade aérea, apoio aéreo aproximado, ataques de precisão, interdição, reconhecimento, dissuasão nuclear, reabastecimento em voo buddy-buddy e, a partir dessa qualificação, ataques antinavio. Isso também simboliza a proximidade da desativação do Super Etendard Modernisé, uma vez que a missão antinavio foi o último papel que poderia ser realizado exclusivamente por essa aeronave e não pelo Rafale. O ensaio de tiro também foi programado para validar todos os procedimentos operacionais, desde o instante em que o míssil é retirado de um dos paióis de munição do Charles de Gaulle até o momento em que o piloto aperta o gatilho. Isto inclui o planejamento de missão, o manuseio da arma e o carregamento na aeronave, a designação de alvos (utilizando o radar de bordo do Rafale ou uma fonte externa, através do enlace de dados Link 16) e os procedimentos de lançamento da arma.

    Desempenho meteórico
    As Forças Armadas Francesas estão expandindo continuamente o inventário de armas do Rafale, e um novo míssil ar-ar vai complementar o MICA a partir de 2018. Como consequência, o Ministério da Defesa francês tornou-se um parceiro-chave do projeto europeu Meteor para aumentar o alcance e a letalidade do Rafale na arena ar-ar contra as ameaças atuais e emergentes (incluindo veículos aéreos não tripulados e mísseis de cruzeiro).
    O Meteor, de propulsão por ramjet e pesando 407 lb (185 kg), é um míssil extremamente rápido – com uma velocidade superior a Mach 4 – projetado para manter energia suficiente ao final do ataque para vencer alvos que realizam manobras evasivas. Em comparação com o atual míssil ar-ar MICA, o Meteor oferecerá às tripulações do Rafale um alcance de interceptação muito maior e uma zona de letalidade (NEZ – no escape zone) bem mais ampla, criando, assim, uma combinação formidável de arma/sensor/vetor. Os alvos aéreos serão detectados a distâncias muito longas pelo radar AESA RBE2 do Rafale, e mísseis Meteor os atingirão antes que possam responder ao fogo. O míssil receberá atualizações de posição do alvo através do datalink do caça para o míssil, e o datalink bidirecional permitirá ao Meteor transmitir dados de status da interceptação que ajudarão a melhorar a consciência situacional da tripulação. Seu rastreador avançado, derivado do Thales AD4A que já equipa o MICA e os mísseis solo ar Aster 15 e 30, oferecerá um desempenho robusto, mesmo em ambientes fortemente afetados por ruído, contra aeronaves de baixa seção reta radar ou até contra UAV que usem contramedidas eletrônicas.
    Os ensaios de integração e expansão de envelope de voo para uso do Meteor já começaram, e os dois primeiros testes de separação do Meteor foram realizados no início de outubro de 2012 em Cazaux, a partir do Rafale biposto B301. Estes vêm-se somar aos testes de compatibilidade já realizados a partir porta-aviões nuclear Charles de Gaulle, para garantir que o novo míssil possa suportar os esforços associados aos lançamentos de catapulta e aterrissagens realizados no porta-aviões.
    Está previsto que, nos Rafales franceses, o Meteor será instalado apenas nas duas estações laterais traseiras da fuselagem. As estações médias das asas, no entanto, estarão opcionalmente disponíveis para mais dois mísseis, dobrando a carga normal de quatro Meteors (e mais até quatro mísseis MICA).

    OBRIGADO JUSTIN CASE!

    • sintetizar texto é uma bonita arte. Os gringos a desenvolvem muito bem em suas escolas. O texto objetivo reduz o ruído e mantem o interesse do leitor, facilita o debate e agrega conhecimento. Infelizmente a nossa tradição ibéria privilegia o texto rebuscado, longo e enfadonho. É sinal de “profundo conhecimento” escrever longas laudas sobre os mais diversos temas e os professores avaliam bem estas burocráticas formas. Os nossos políticos, alguns pouco afeitos ao estudo, adoram essa forma cartorial de comunicação.

    • Perfeito como sempre o Justin Case…

      E agora vamos modernizar Gripen c/d que tem nome de NG!!

      Brasil mostra a tua cara, a Rússia tem economia e população menor que a nossa e toca o terror geral com sua independência de fato… Quero ver quem é que paga pra gente ficar assim, pequenino!!

      Valeu!!

    • Que besteira, o rafale pode ser comparado as roupas de ALTA+COSTURA , cheias de novidade tecnologicas ,ficam deslumbrantes nos corpos das modelos ,sao apresentadas em grandes eventos com muita pirotecnia mas, no final , vendem poucas unidades , porque sao caras ,sao dificeis de manter e ha no mercado soluçoes mais simples porem igualmente eficientes , basta dar uma olhadela na familia Flanker , nao cito o F35 porque ele nao eh deste mundo,kkkkkkk

  6. Quando o assunto for Rafale tratar com Justin Case.

    Já defendi o Rafale aqui no blog, mais especialista só o Justin mesmo. Fez o nome defendendo o Rafale.

    pagação de sapo – off

    Hhauhauahuahauhauhauahuahuauhhauhua.

    • Concordo, todos os méritos pro Justin.
      Escolhemos o Gripen NG, tudo bem! Mas devemos mostrar realmente os motivos que nos levaram a esta escolha.
      1- Custo de aquisição e operação, concordo! Com algumas ressalvas quanto a aeronaves REVOS necessárias para mantê-lo no ar.
      2- Transferência de tecnologia? Aqui a coisa começa a enroscar! E já debatemos sobre isso. A SAAB ganhou a concorrência deve entregar os 100% de ToT solicitadas no FX-2. O COPAC deverá ser çobrado por isso assim como o MD.
      3- Superioridade tecnológica e operacional frente aos demais? Isso não se pode admitir, estão vendendo este caça como superior ao Rafale e Super Hornet. Pura propaganda enganosa. Não estaremos melhor protegidos com Gripens do que com Rafales/Super Hornets. Isso não existe, não há a mágica Suéca tão usada por lobbistas e foristas.
      4- Decisão política e estratégica. A Suécia e o Paraguai tem o mesmo peso em política internacional.
      Não existe dúvidas sobre as reais capacidades do Rafale e Super Hornet, Quanto ao Gripen NG, nem radar tem, e sua performance na India e seu MMRCA dizem tudo. Lá diferente daqui, foi testado nas condições de uso, e reprovado frente aos demais.
      [ ]s

  7. É inegável a conpetência do Rafale , um produto de primeiríssima linha, que merece atualizações conforme a necessidade dos possíveis cenários a surgirem no futuro,a França defenderá seus interesses no mundo inteiro com este vetor que é naval e também é nuc.

    Também é inegável a incopetência do governo ao escolher um diplomata, um especialista conciliar as partes e fazer a paz, como Ministro da Defesa.
    Agora temos um prato, uma pulguinha, um pardal em forma de protótipo como caça escolhido e sequer é detentor intelectual das partes críticas .
    As línguas dizem que ele tem bastante tecnologia sueca a ser repassada, mas não

    tem o coração- turbina

    as pernas – alcance

    olhos – radar e não sei se tem todo

    o cérebro – eletrônica

    O FX-2 perdeu seu objetivo de existência , ou seja agregar tecnologia crítica em nossos fileiras. Como diziam antes da escolha do governo e agora pode ser dito de novo, pois é uma verdade :

    FX-2 está morto.

    • stadeu…

      O motor RM-12 é uma variante do F-404 construído sob licença na Suécia pela Volvo Aero, com uma infinidade de itens ( cerca de 50% do motor ) que são produzidos na Suécia e com modificações importantíssimas que fizeram aumentar consideravelmente o desempenho. E antes disso, pintaram e bordaram com os Drakens e Viggens. O Viggen, aliás, é um caso a parte; eles pegaram um motor JT-8 ( o mesmo do Boeing 727; um motor civil ) e projetaram para ele um pós combustor para coloca-lo no J-37, surgindo assim o RM-8. Ou seja, eles tem sim muito conhecimento acumulado nessa área.

      Quanto a radares e eletrônica em geral, eles já dominam a tecnologia AESA já tem um tempo… Não por acaso, o radar do R-99 é um AESA e um produto sueco ( PS-890 Erieye ). Também fabricam por si mesmos o que pode ser considerado hoje a vanguarda da tecnologia de datalink e possuem vastos conhecimentos em software relacionado…

      A razão de se juntarem com outras empresas para o NG não é a falta de conhecimento, e sim uma medida pra rachar custos. É mais ou menos o que os russos e indianos buscam fazer com o PAK FA e os americanos e europeus com o F-35…

  8. O martelo voador

    Roberto Lopes

    Jornalista especializado em assuntos militares. Em 2000 graduou-se em
    Gestão e Planejamento de Defesa no Colégio de Estudos de Defesa Hemisférica
    da Universidade de Defesa Nacional dos Estados Unidos, em Washington
    (Fort Leslie F. McNair). É também pesquisador associado ao Laboratório de
    Estudos da Etnicidade, Racismo e Discriminação da Universidade de São Paulo.
    Autor de vários livros, em maio de 2001 publicou a monografia
    “Oportunidade para Civis na Condução dos Assuntos da Defesa Nacional: o Caso do Brasil”.

    A fixação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva em comprar aos franceses o caça que deveria renovar a aviação de combate da Força Aérea Brasileira – ainda que o modelo fosse caríssimo e, possivelmente, de operação inviável no país (devido precisamente aos custos) –, e a inapetência de sua sucessora para resolver o problema, produziram uma indiscutível vulnerabilidade para a Defesa Nacional. Um dano que, segundo planejadores do Comando da Aeronáutica, irá se manifestar, de forma gradual e crescente, entre o fim de 2016 e a primeira metade da década de 2020.

    De acordo com esse raciocínio, dentro de mais dois anos tudo o que os esquadrões de caça terão de efetivamente moderno será uma dúzia de caças suecos Gripen usados, alocados por empréstimo à Base Aérea de Anápolis (GO), um dos pilares do esquema de proteção do Distrito Federal.

    A frota de jatos supersônicos F-5 modernizados hoje disponível na Aeronáutica – menos de 50 aparelhos – terá, por aquela época, começado a sentir o desgaste de um período de uso excessivamente longo.

    Fabricados nos Estados Unidos na década de 1970, esses aviões começaram a ser reformados em 2001. Os primeiros aparelhos submetidos ao processo de atualização foram devolvidos à FAB a partir de setembro de 2005, e os últimos em março de 2013. Resta recuperar um pequeno lote de jatos F-5 procedentes da Jordânia – pouco mais de dez.

    As quantidades magras para guarnecer os céus de um território de dimensões comparáveis às de um continente não são, entretanto, o único problema. E nem, talvez, o mais grave.

    Poucos sabem, mas a área de material da Aeronáutica acumula indícios de que a reforma dos F-5 não ficou 100% (limitações que, por motivos óbvios, são mantidas sob sigilo). Além disso, vários modelos de jatos executivos modernos alcançam uma rapidez de deslocamento muito próxima à velocidade de cruzeiro dos antiquados caças de origem americana.

    Sobram, claro, aos militares brasileiros, os aviões de ataque AMX (A-1), que em 2016 também estarão sendo revitalizados, mas esses são aparelhos subsônicos – bons, por exemplo, para reconhecimentos aéreos e bombardeios a baixa altitude –, e não jatos de alta performance, próprios para a interceptação de outras aeronaves.

    Então, no fim de 2016, os primeiros F-5 começarão a emitir sinais indisfarçáveis de cansaço, e precisarão ser groundeados – deixados no chão. Mantê-los em operação acarretará risco desnecessário para os pilotos (como já aconteceu, anos atrás, no caso do fim da vida útil das aeronaves Xavante) e rotina de manutenção antieconômica.

    O problema vai se agravar em 2017, e mais ainda em 2018, quando, na melhor das hipóteses, receberemos diretamente da Suécia quatro ou cinco Gripen Next Generation (Próxima Geração), do tipo que venceu a concorrência F-X2 – um agrupamento ínfimo de caças “no estado da arte” para a tarefa de vigiar o vasto espaço aéreo brasileiro.

    O cobertor continuará encurtando em 2019 e por todo o início dos anos de 2020 – quando os F-5s já estiverem sendo desativados em um ritmo crescente, e os Gripen (agora fabricados pela Embraer) pingando nos esquadrões da Aeronáutica com a velocidade de um conta-gotas…

    O que Lula e Dilma fizeram foi, portanto, errar no timing da renovação da aviação de combate da FAB. Mas é preciso dizer que eles não são os únicos responsáveis pelo estrago.

    A renovação do elemento de combate da FAB poderia ter sido concluída no começo da década de 2000 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, não fosse ele ter capitulado aos argumentos do então ministro da Fazenda, Pedro Malan – um intrépido adversário dos gastos militares. É exemplar o episódio do fim dos anos de 1990, em que o Comando da Marinha solicitou que o BNDES fornecesse crédito para o governo da Namíbia encomendar um navio-patrulha à indústria naval nacional, e Malan (do alto de seus conhecimentos sobre geopolítica) negou peremptoriamente a ajuda, sob a alegação de que o empréstimo não era “de valor estratégico” para o Brasil.

    Satisfeito por evitar contrair para o Tesouro uma dívida de bilhões de dólares na compra dos caças, FHC arranjou uma esquiva semântica e legou a batata quente ao sucessor.

    Uma forma de o governo brasileiro sanar a vulnerabilidade que se abrirá nos céus do país durante o período do esgotamento dos caças F-5 modernizados e de entrada em operação dos Gripen NG (F-X2) seria fazer, logo no início de 2015, uma compra direta (com dispensa de concorrência) de algum jato supersônico de 3ª geração, usado – mas de aviônica consideravelmente atualizada –, com valor unitário baixo, na faixa dos 20 a 30 milhões de dólares. Mediante o compromisso de o fornecedor entregar os aparelhos no prazo máximo de 15 a 18 meses após a assinatura do contrato.

    Uma dúzia dessas aeronaves sediada entre a Amazônia e o centro-oeste do país daria mais consistência ao escudo de defesa da Amazônia Ocidental – que a FAB montou sobre o arco geográfico São Gabriel da Cachoeira-Eirunepé-Vilhena – e à proteção dos 6.418 km de fronteira do Brasil com o Peru e a Bolívia.

    Mas o acolhimento dessa linha de ação parece muito improvável, especialmente entre governantes que levaram quase três mandatos para dar um desfecho ao Programa F-X2…

    É preciso, contudo, enfatizar, que a alternativa aventada não implicaria em incentivo a uma corrida armamentista na América do Sul, até porque a inferioridade do elemento de combate da aviação militar brasileira é conhecida há mais de 20 anos. O Brasil, sétima economia de maior vitalidade do planeta, tem, hoje, equipamentos de defesa aérea de menor sofisticação que os de Chile, Peru ou Venezuela.

    Além do mais, três nações vizinhas do Brasil já anunciaram sua intenção de, nos próximos três ou quatro anos, adquirir novos caças: o Peru – que tem uma oferta de modelos Typhoon dos estoques espanhóis; a Colômbia, cujos pilotos já foram, inclusive, experimentar os F-16 americanos; e a Venezuela, que apregoa seu interesse pelo caro Rafale (mas deve optar por um modelo russo ou chinês).

    Há quase meio século governantes civis e militares não conseguem pensar a Força Aérea Brasileira dentro de um conceito efetivo – puro – de Força.

    Alguns brigadeiros colaboraram decisivamente para esse equívoco, ao defenderem que sua corporação se metesse a gerenciar limpeza de aeroporto, repartição da malha aeroviária entre as companhias aéreas e investigação de acidentes aeronáuticos (tarefa que, desde a década de 2000, já deveria ter sido transferida à responsabilidade da Agência Nacional de Aviação Civil).

    Historicamente, o que tem predominado é a ênfase na “Força Brasileira de Transporte Aéreo”, distorção derivada do convencimento de que “o Brasil não tem inimigos” – e que nos anos da ditadura militar evoluiu para o conceito voluntarista de “Força Aérea de Integração Nacional”.

    A questão é que a FAB precisa ser vista (no país e, especialmente, fora dele) como um martelo voador.

    Recentemente o comandante da FAB, brigadeiro Juniti Saito, admitiu: os Gripen NG “não são aviões que assustem, mas eles saberão se fazer respeitar”.

    Antigo piloto de caças a jato da década de 1970 e 80, Saito sabe, perfeitamente, que já passou da hora de a Força Aérea se impor, e dissuadir traficantes de tóxicos, pilotos do crime transnacional (que servem ao contrabando de armas e à evasão de valores e de fugitivos da Justiça) e vizinhos atrevidos.

    Enfim, é preciso assustar.

    PERGUNTA: ESTARÍAMOS MELHOR PROTEGIDOS COM 5x GRIPENS NG OU 5x RAFALES, SUPER HORNETS? SEM CONTAR QUE ESTES ÚLTIMOS ESTÃO PRONTOS, DESENVOLVIDOS EM TODAS SUAS CAPACIDADES, O PULGA NEM RADAR TEM.

    • Melhor protegido contra quem cara palida??? Na america latina tá bom demais, melhor que tunnar F-5 jordanianos por ai, 36 Rafale/F-18 tem o mesmo valor estratégico contra uma superpotência que 36 Gripens, ou eja, nenhum, até a França esta economizando nas horas voadas do Rafale, parece que caiu de 180 p/ 40 hs para alguns pilotos, que as completam em outra aeronave, o Brasil não estaria mais protegido contra os EUA com 36 Rafales, a FAB quer um avião em que os pilotos possam voar e integrar os seus armamentos, e a FAB disse não para a França, simples assim. Não estão contents com a parceria estretégica “caracú”

      Quanto ao peso politico da Suécia, bom, talvez seja isso mesmo que o Brasil quer, alguem que se importe com a parceria e não uma potencia arrogante como os EUA e França, lembrando que o AMX é fruto de uma parceria com a Itália, que tb não é superpotência.

      • Rogerio teu papinho Anglo-Sionista js deu meu caro o Brasil não tera apenas 36 caçinhas o Brasil esta comprando a participação com propriedade intelectual de caça moderno coisa que sua mente limitada e sua bestialidade ideologica não conseguem encergarem.Muda o disco seja versatil e encontras novos argumentos mas como sei que todo argumento ja deu continue com sua ortodoxia contentando-se com a intransigencia a qual foi doutrinado kkkkkkkkk

      • Versátil com vc??? Vc é o que menos agrega, como agora, não acrescenta nada ao debate. …Anglo -sionista bla bla bla…, ridiculo, não conseguiu refutar nada o que eu disse apenas me rotulou, MOLEQUE

      • A América Latina em 2020 teremos F16Bkl52 com um GEF110GE100 com 128kN de empuxo contra 98kN do F414G do Pulguinha. Typhoon no Peru e SU-35 ou Rafale na Venezuela. Além das FACH que não param de crescer e se equipar. Se o Peru comprar os EF2000, provavelmente o Chile irá convencer ao Estados Unidos a fornecer F-35. Então pensem este Gripen NG que nem radar tem para daqui 20 anos. Verá que a situação se complica e ainda em 2018 estaremos sem defesa aérea.

      • Wolfpack,

        Qualquer aeronave de geração 4.5 dificilmente poderá ser considerada uma vanguarda consistente para qualquer força aérea para daqui a vinte anos… Qualquer força aérea que quiser se manter atualizada, terá que ter uma aeronave de quinta geração nesse período ( a partir de 2030 ), ou então deverá apelar para monstruosas quantidades de aeronaves de geração anterior ( embora reconheça que na esmagadora maioria dos casos, uma aeronave de geração 4.5 iria bastar )…

        Analisando o cenário que descreveu:

        Se não me engano, os Typhoon disponibilizados para essa venda seriam os da Espanha e são os Tranche 1, que não acrescentam muito nos dias atuais, além de ser um vetor caro ( tanto que foram encostados, mesmo sendo praticamente novos ). São, se muito, interceptores puros… Não digo que não significa nada no cenário latino-americano; pelo contrário. Mas significaria muito mais se fosse comprado um multi-missão legítimo… Se eles fossem substituir tudo o que voa em seu inventário de alta e média performance por uma aeronave já completa, como o Rafale ou o Typhoon Tranche 3, aí sim poderia haver um desequilíbrio forças, mas isso iria depender integralmente do que o Brasil iria fazer… Afinal de contas, no cenário sul-americano, ainda é o Brasil a ter a vantagem, pelo seu potencial econômico…

        De toda a sorte, não acredito que os peruanos venham a adquirir algo mais avançado por um tempo, haja visto estarem investindo na revitalização/modernização de seus M2000 e Mig-29… Também não acredito que adquiram o Typhoon, que vem se revelando uma aeronave tão ou mais cara de operar que o Rafale ( a menos que quem tenha Typhoon faça realmente uma proposta irresistível; o que pode acontecer )… É certo que não irão de alguma aeronave americana, e o mais provável é que apelem para uma aeronave russa…

        Quanto a Su-35, também vai depender ( e muito ) da quantidade… Se os venezuelanos comprarem uns doze, não vai fazer tanta diferença. Mas se comprarem uns 40, aí pode se considerar uma ameaça…

        A única aeronave cuja performance faria com que mesmo a presença de um esquadrão desequilibrasse, seria realmente o F-35… Diante disso, haveria a necessidade de todos os vizinhos se mobilizarem por uma aeronave de quinta geração, ou adquirir uma aeronave de geração 4.5 em grandes quantidades…

      • Exatamente, escolher qualquer coisa que não seja a próxima geração caças,
        é melhor pegar o mais barato mesmo e tentar se misturar em um programa futuro. Melhor o Gripen que o Rafale 4º gereção com preço de 5º, que a Índia faça bom proveito. parabéns aos francos, conseguiram um trouxa para bancar a independência francesa.

      • E nós sabemos que a partir do AMX surgiram vários desenvolvimentos de vetores de combate e a Embraer se tornou uma potência, inclusive desenhando caças furtivos e drones. Se aliar com um país que tem a população menor do que a cidade de São Paulo e o peso político do Paraguai, tremendo negócio fizemos. O pior, são uma filial do Grande Satã do Norte. Este Gripen NG é uma enganação, obra de lobby de sindicalista. Quem pagará por tudo isso serão as gerações futuras. Hora de vôo se consegue com LIFTs, nesse caso concordamos, estamos com um vetor que cobrirá este GAP na FAB.

      • Não foi por causa da miopia dos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC, mas a Embraer, hj é uma empresa de presença, logico não foi só o AMX,

      • O que tu fala é muito pertinente, para o nosso continente o que temos já serve – Qualquer ameaça externa de uma grande potencia (e ela seria hoje somente os EUA/OTAN, pois Russia e China ainda não tem cacife para chegar tão longe) precisaríamos de uns 300 caças alem das outras forças – Quanto a Suécia é exatamente o que tu fala, pois para eles nos agregamos algo, temos importância – Muito diferente do que seria com os EUA pois este já são os “donos do mundo” somos apenas parte de seu quintal, até mesmo a França nos trata com indiferença.

  9. Eu vinha falando a anos que a mosca varejeira de Mérignac continuaria sua saga sem fim em busca de uma laranja podre caida a beira da estrada para depositar suas óvas kkkk
    Eu falava que eles não levariam nada nem aqui no brasil e nem na India kkkk e voces diziam que eu sou louco kkkk
    Eu falava tambem que a linha de produção do rafale seria encerrada e não esta longe isso e vai investir daonde kkkk
    Eu dizia a voces que a França passaria a comprar aeronaves Americanas e voces não acreditavam kkkk Eles irão querer Sukhois mas viraram escudeiros de Americanos kkkk.
    Embreve a Murila (sempre encima do muro) França vivera um dilema,continuara bancando as loucuras Anglo-Sionistas ou debandara de vez pro colinho da mãe Russia kkkkk O mesmo embreve fara a Alemanha sentando no colinho do Buda kkkk e restarão feudos europeus famintos.A UK fechara seus cofres os EUA por mais que queiram não bancarão tudo isso e a Europeizada se subdividira entre China e Russia kkkk E Então o Camelo bebera agua do sena e cuspira na cara da Rainha careca da chicara de chá vazia kkkkk E todos voces lembrarão de minhas palavras kkkkk

  10. Bem feito Dessault bem feito França voces bebem perfume de primeira so pra cagarem cheiroso merda é merda de qualquer jeito kkkk

  11. Sintetizar texto é uma bonita arte. Os gringos a desenvolvem muito bem em suas escolas. O texto objetivo reduz o ruído e mantem o interesse do leitor, facilita o debate e também agrega conhecimento. Infelizmente a nossa tradição ibéria privilegia o texto rebuscado, longo e enfadonho. É sinal de “profundo conhecimento” escrever longas laudas sobre os mais diversos temas e os professores avaliam bem estas burocráticas formas. Os nossos políticos, alguns pouco afeitos ao estudo, adoram essa forma cartorial de comunicação.

  12. A França deveria investir num caça de 5ªG, agora é muito tarde para se investir 1Bilhão de Euros num caça (4/+)que não decolou nas vendas (1 fracasso). F-35 americano, Pak Fa russo, os chinêses pensando no seu de 5ªG. Hoje tanto faz um caça de 4,5G muito capaz ou outro menos capaz, a verdade é que o caça do futuro vai ser o caça de 5ªG, o resto é chororó de quem perdeu, que não vai levar a lugar nenhum. Que esse caçinha que é o Gripen seja o princípio de uma nova Embraer.

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