França adia por tempo indeterminado entrega de porta-helicópteros classe Mistral à Rússia

A crise na Ucrânia e o declínio das relações russo-ocidentais motivaram François Hollande a suspender por prazo indeterminado a entrega do primeiro porta-helicópteros Mistral, de fabricação francesa, a Moscou.

O presidente da França, François Hollande confirmou o adiamento por tempo indeterminado da entrega de um navio de guerra de alta tecnologia encomendado pela Rússia. A nota oficial divulgada nesta terça-feira (25/11) afirma que “o presidente da República considera que a atual situação no leste da Ucrânia ainda não permite a entrega”. Assim, fica adiada “até segunda ordem” a concessão da licença de exportação necessária para a entrega do navio.

O contrato de 1,2 bilhão de euros de 2011 é o maior já firmado por um país da Otan com Moscou, e seu rompimento poderá custar caro ao governo francês. O Kremlin havia alertado Paris sobre “graves consequências”, caso a França não entregasse até o final de novembro o primeiro dos dois porta-helicópteros da classe Mistral encomendados.

O prazo original, estipulado em 2011, esgotava-se no início do mês. No entanto, a atual crise na Ucrânia e o rápido declínio das relações russas com o Ocidente colocaram a França sob grande pressão de seus aliados, em especial dos Estados Unidos. Em setembro último a entrega do primeiro navio foi adiada.

“Aguardaremos pacientemente”

A reação de Moscou ao anúncio de Hollande foi relativamente tranquila. O vice-ministro da Defesa Yuri Borisov afirmou que seu país não pretende entrar imediatamente com uma queixa por rompimento de contrato. “Vamos aguardar com paciência”, prometeu.

Ele advertiu, entretanto, que se Paris se recusar terminantemente a entregar as embarcações, seu país “irá à Justiça e imporá multas”. “Tudo está por escrito no contrato. Vamos agir de acordo com os termos do contrato, como pessoas civilizadas”, declarou Borisov.

O ministro do Exterior francês, Laurent Fabius, declarara que “as condições para a entrega ainda não foram atingidas, por razões óbvias. Da parte russa, há uma presença direta ou indireta inaceitável junto aos separatistas, mas do lado ucraniano também há declarações inaceitáveis.”. Ele se referia ao desejo de se filiar a Otan recentemente expresso pelo governo de Kiev.

RC/afp/ap

Fonte: DW.DE

Paris escolhe entre lucro e solidariedade com Ocidente

O presidente da França, François Hollande, decidiu suspender a transferência à Rússia do primeiro porta-helicópteros de desembarque do tipo Mistral. Moscou, por enquanto, não tenciona apresentar reivindicações a Paris por causa dessa decisão, mas tão pouco pretende esperar indefinidamente.

A França era suposta transferir o primeiro porta-helicópteros do tipo Mistral, o navio-doca Vladivostok, à Marinha Russa ainda em 14 de novembro, mas isso não aconteceu. Neste espaço de tempo, no porto francês de Saint-Nazaire foi lançado à água o segundo navio deste tipo, o Sevastopol. Peritos estavam aguardando o desfecho desta história. E eis que, finalmente, na terça-feira o Palácio do Eliseu emitiu uma declaração do chefe de Estado.

“O presidente da república acredita que a atual situação no leste da Ucrânia ainda não permite a transferência à Rússia do primeiro Mistral. Neste contexto, ele achou necessário adiar até novas ordens a consideração do pedido”, diz o documento.

Assim, a questão do contrato sobre os Mistrais ficou novamente suspensa. Peritos acreditam que com a sua decisão de adiar a transferência do navio Hollande demonstrou a dependência da política da França dos Estados Unidos, que se opõem ativamente a este negócio. No entanto, Moscou por enquanto prefere manter-se no âmbito dos acordos alcançados. Mas a espera não será indefinidamente longa: o contrato prevê um atraso de três meses na transferência do navio. E se a França não entregar o primeiro Mistral, a Russia iniciará um inquérito judicial.

Uma vez que existe uma manifesta violação das obrigações contratuais, a França terá de incorrer certas perdas financeiras. Especialistas divergem nas suas estimativas, mas em qualquer caso o montante da multa será bastante significativo.

Por exemplo, na opinião do jornal francês Le Parisien, o lado francês terá que devolver um pouco menos dos 1,5 bilhões de euros do valor do contrato, e mais 800 milhões de indenização por cada um dos dois navios. Contudo, a maioria dos especialistas concorda que em caso de tal desfecho a capacidade de defesa da Rússia não vai sofrer. Eis o que diz o editor do jornal Correio Militar-Industrial, Mikhail Khodarenok:

“Na minha opinião, os navios da classe Mistral iriam fortalecer as capacidades da Marinha russa, tanto em termos de realização de operações anfíbias, como em operações anfíbias conjuntas com aviação. Porque as nossas embarcações de desembarque estão ao nível dos anos 70. E neste sentido, as capacidades da Marinha seriam reforçadas pelos Mistrais. Mas um ou dois navios não fazem diferença.

Nos tempos soviéticos, tínhamos, na verdade, quase em todas as frotas uma divisão de navios anfíbios. A história com s Mistrais é para nós uma boa lição. É melhor encomendar navios desta classe em estaleiros nacionais. Espero que dessa história serão tiradas conclusões necessárias”.

O escândalo em torno dos Mistrais franceses (junto com a ruptura das cadeias de produção russo-ucranianas ) forçou Moscou a repensar completamente alguns aspectos do desenvolvimento do complexo militar-industri al do país. Enquanto que Paris oficial colocou-se num impasse, dividindo-se entre a adesão a uma posição comum do Ocidente sobre a situação na Ucrânia e o seu próprio lucro econômico. Como resultado, os franceses ganharam a si próprios. E agora eles enfrentam a perda de sua reputação de negócios, o que, finalmente, custará muito mais do que o conflito com o lobby antirrusso em Washington.

 

Fonte: Voz da Rússia

 

 

17 Comentários

  1. Os franceses podem estar dando um tiro no pé, se analisarmos no curto prazo. Quanto a credibilidade, ela sai arranhada em primeira instância. Contudo, os efeitos podem ser atenuados com o tempo.

    Seja como for, os franceses sempre irão se constituir em uma opção para quem não deseja equipamento americano ou russo ( e que não dependa integralmente da logística deles ). Isto é, a absoluta falta de opções entre russos e americanos já coloca os franceses como potenciais fornecedores de quem não quer ser alinhado.

    E finalmente, mostra que os franceses não estarão nunca de brincadeira. Se os interesses deles forem contrariados ( mesmo que sejam comuns aos da OTAN ), não se deixarão dobrar em um primeiro momento.

    Quanto as qualidades do Mistral, eles são inquestionavelmente superiores a tudo o que os russos já puseram no mar nessa categoria até aqui. Não é exagero dizer que seriam anos até que os estaleiros russos fossem capazes de projetar e de entregar por conta própria algo que fosse igual ou melhor, posto que suas experiências até aqui não remetem a nada similar ao navio francês…

    • Penso que o russos não tinham essa tecnologia até então, levando em conta que muito desses navios foi construído na Rússia , agora para fazer um projeto melhorado ou igual é questão só de vontade dos russos.

    • Nao se deve ignorar que para a maioria das naçoes arabes sunitas ,a permanencia de ASSAD no poder foi causada pela oposiçao russa , entao acredito que a frança ganha-ra pontos com os arabes, inclusive podendo repassar os navios para naçoes do golfo , perdem o cliente LIMITADO russo e cai nas graças dos reis arabes , com a aprovaçao dos EUA e tendo as chances de venda do rafale aumentada !

      • Esqueceram de te dizer que a classe alta Siria e que os Cristãos Sirios apoiam Assad não é mesmo kkkkk.
        Os demoninhos vermelhos sempre eles os causadores de instabilidade e ingerencias kkkkk
        Resumo do simpatico mundo blue de Bob.

      • Terei que discordar de vc caro Teropode, esse passo francês é um claro retrocesso economico, estratégico e outros setores mais, pois a França tem uma má fama por não serem íntegros nos negócios, e esquece-se vc que o maior parceiro militar e comercial da Índia na região asiática é a Rússia, ou seja, ADEUS Rafale, pois além dos russos poderem pedir aos seus parceiros o cancelamento da compra por um vetor russo por melhores condições, lembre-se que existem outros pontos, ou seja, além de perder os laços com a Russia, perdem o dinheiro dos Mistrais, perde dinheiro na multa, perde a venda bilionária dos Rafale e por aí vai. Sds

      • As dificuldades do eafale na india antecedem a estes acontecimentos e, antes de russos pedirem aos indianos que cancelem tal compra de rafales ,eles os russos, deveriam se esforçar para nao terem a parceria SU50 cancelada por alguns descumprimentos de partes acordadas , mas fora isso ,a relaçao comercial entre indus e russos eh favoravel aos russos (armas) ,isto por si ja os impedi de forçar os indus a este constrangimento, podendo ai sim ,o tiro sair pela culatra , a india nao eh uma naçao que se submete a tais situaçoes , eles possuem varios fornecedores justamente para evitar estes tipos de constrangimentos , mas voltando ao cancelamento da entrega: Esta atitude francesa perante a russia darah bons frutos , o rafale serah o escolhido dos Emirados, os porta helis serao repassados rapidamente e pegando carona nesta atitude , os franceses terao a preferencia na venda de navios de guerra costeiros e repetindo o comentario anterior , Assad so nao caiu porque os russos lhe deram apoio ,isso gerou odio de morte no meio dos Reinos sunitas , a frança vai futurar vendendo rafales e frenns !

  2. Muita coisa boa vai sair daqui:

    A certeza óbvia de que os franceses não são confiáveis, a necessidade de os russos desenvolverem e produzirem vetores de alta qualidade para operações anfíbias, podendo inclusive vir a exportar, criando assim uma concorrência direta como os franceses, e uma gorda indenização por quebra de contrato.

    Por outro lado, Putin está dando um show de diplomacia não fazendo pressão demais, mas deixando claro que o negócio é sério!

    Resta ainda o fato de que o mundo dá muitas voltas… e é mais fácil a França voltar a precisar da Rússia que o contrário!

    Estrategicamente não haveria nada de errado entregar os navios encomendados ANTES da crise, e na qual a França não está diretamente envolvida… obviamente, quando a França de envolver em algo semelhante, haverá uma réplica diplomática à altura!

    Enfim, estrategicamente a decisão francesa foi péssima! Esses bebedores de champagne e água engarrafada devem ser péssimos jogadores de xadrez!

  3. PQP, já ta virando novela isso daí, a cada dia uma nova emoção, mas é uma novela que todos já sabemos o final, no final a mocinha francesa abre as perninhas para o garanhão russo !!!

  4. Nessa parece que os Franceses me enganaram, não pensei que iriam levar essa fidelidade tão longe, passando por cima dos interesses do povo francês. Mas…..com a segunda palavra e a ação, os Russos, veremos como se comportam as cortes internacionais.

  5. Isso mostra claramente de que lado ficam os países da Otan seja qual for o tipo de conflito. É uma lição aos Russos, uma grande perda financeira e de reputação de negócios aos Franceses e que sirva de lição a países como o Brasil.
    Estão acuando os Russos… isso não é bom pra ninguém !
    Abraços,

  6. Os Franceses são velhos conhecidos como não cumpridores de compromissos.
    No fim a França sempre fica destroçada clamando socorro externo.
    A sina do gigante anão.Quando Napoleão desceu do cavalo e tirou as botas todo mundo riu do tampinha.

  7. Isso vai ser muito ruim para reputação da França se a Rússia desistir de comprar Mistral.

    A França está obedecendo as ordens dos EUA, isso é péssimo na área de defesa.

  8. Sem querer tomar partido aqui mas fica a sugestão ao russos: Peguem o telefone ou mandem um E-mail para os Israelenses e perguntem como foi o episódio dos Mirages 5 comprados, pagos, embargados e nunca entregues. De quebra podem perguntar como eles fizeram para reaver as lanchas torpedeiras.

  9. A boataria é enorme HMS, mas não condiz com os fatos, a França negou a entrega a israel devido às pressões Britânicas que apesar da máscara da Mídia, são os seus maiores aliados.
    No caso dos Mistral a questão não está na vontade dos Franceses, mas sim no embargo imposto por seus aliados, prova de sua lealdade e cumprimento de seus compromissos.
    Não misturemos alhos com bugalhos.

    • Grande Edilson, o embargo francês contra Israel após a Guerra dos Seis Dias teve como fundamento o realinhamento das relações francesas promovido por De Gaulle, que priorizou o relacionamento com os países árabes. Não é à toa que após o embargo houveram vultuosos negócios de armas envolvendo franceses e os árabes tais como os 100 Mirages 5 comprados pela Líbia e a parceria com o regime de Bagdá que resultou na malfadada usina de Osirak. Neste caso, felizmente para Israel, os EUA emergiram como fornecedor de armas, razão pela qual as IDF tiveram um crescimento qualitativo considerável.

  10. A questão BPC Mistral não e tão simples assim, pois dificilmente a França encontrará um comprador para este navio, já que alem de contar com equipamentos russos e que dependeriam da autorização russa para venda, devemos lembrar que os citados navios forma construídos sobre especificações russas, sendo os dois projetos francês e russos bem diferentes, apensa para citar uma diferença básica o hangar teve a altura modificada, pois os helicópteros que os russos usariam nos mistral seriam com motores coaxiais o que exigiu uma modificação na altura do hangar de forma possibilitarem a manutenção e estocagem dos mesmos, esta simples exigência redundou numa modificação de todos os ambientes, pois não se podia simplesmente alterar a altura de toda a embarcação sob pena de se modificar o centro de gravidade do navio e o navio simplesmente adernar para uma dos lados.

    Assim o imbróglio francês está longe de ser resolvido, sendo que 78% da população francesa (pesquisa Le Figaro) é favorável a entrega dos navios aos russos e primazia da soberania francesa, já que a não entrega dos navios decorre da vontade e da pressão de outros países e não por vontade própria da França.

    Bem como não podemos deixar de lembrar que pelos contratos assinados a França deveria repassar aos russos 20% da tecnologia no primeiro BPC, 40% no segundo, 80 no terceiro e 1005 no quarto, ou seja no mínimo os russos já detém 405 da tecnologia francesa, já que a construção dos navios foi acompanhada por uma vasta equipe de engenheiros e especialistas russos.

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