FOpEsp: Guerra das Falklands/Malvinas: Operações Especiais Executadas pelo SBS britânico no conflito do Atlântico Sul (Parte Final)

Ilustração 4: Dupla de Mergulhadores Canoístas (Swimmer Canoeist [SC]) do Esquadrão Especial de Embarcações (Special Boat Squadron [SBS]) britânico compõem a tripulação de um caiaque durante uma incursão em ambiente ribeirinho. (Fonte: Composição artística elaborada por Rodney Alfredo P. Lisboa).

Texto elaborado por Rodney Alfredo P. Lisboa

Conquistada a soberania britânica nas ilhas Geórgia do Sul e na iminência da ação militar objetivando a retomada das Falklands, os comandantes da FT-317 ainda não dispunham de informações confiáveis em relação à quantidade, capacidade e disposição das tropas argentinas no território por elas ocupado. Ávidos por obter informações relacionadas ao inimigo e ao terreno, os comandantes britânicos resolveram enviar suas FOpEsp para realizar o reconhecimento das Falklands Ocidental e Oriental. Encobertos pela escuridão da noite do primeiro dia de maio, oito equipes Serviço Aéreo Especial (Special Air Service [SAS]) e Esquadrão Especial de Embarcações (Special Boat Squadron [SBS]) foram transportadas por via aérea (por helicópteros Sea King embarcados no Navio Aeródromo HMS Hermes) e marítima (por botes infláveis Gemini), desembarcando clandestinamente nas ilhas, onde permaneceram coletando e transmitindo informações até o final do conflito.

Os operadores SBS foram os primeiros militares britânicos a desembarcar nas Falklands com o objetivo de observar as posições argentinas e fazer o levantamento da área, reunindo informações que acabariam por se constituir no conjunto de dados de Inteligência mais importante para o planejamento da manobra de desembarque das tropas de assalto (Operação Sutton). Operando preferencialmente à noite e valendo-se de sua acurada aquacidade, seis equipes de Nadadores Canoístas (Swimmer Canoeists [SCs]) executaram inúmeras ações de reconhecimento acima e abaixo da superfície, arregimentando valiosos conhecimentos que serviram para determinar quais as praias mais adequadas para receber as tropas britânicas. Paralelamente às atividades de reconhecimento anfíbio, os operadores SBS transmitiam mensagens de rádio em espanhol no intuito de desestabilizar psicologicamente as tropas argentinas que guarneciam as ilhas.

Ilustração 5: Operador do SBS no decorrer da “Operação Sutton”, marcada pelas manobras de desembarque das tropas britânicas nas ilhas Falklands/Malvinas. (Disponível em: ://photobucket.com/gallery/user/Bencejas1/media/cGF0aDovbWFsYXlzaWFuLXNvbGRpZXJzLTFfenBzc2RlajV1NTkuanBn/?ref= Acesso em: 14 ago. 2017).

Após minuciosa análise dos dados coletados nas praias da Falkland Oriental, os SCs sugeriram três praias como opção para o desembarque anfíbio: Port North; Port Stanley; San Carlos Water. Embora Port North e Port Stanley acomodassem bem a operação, ambas foram descartas por motivos distintos, incidindo a escolha em San Carlos Water, braço de mar que bifurca a norte e sul invadindo a Falkland Oriental. Entretanto, para que o desembarque ocorresse sem enfrentar grande resistência, foi necessário que 40 operadores do Esquadrão G do SAS destruíssem o grupo de 11 aviões, sendo seis aeronaves Pucará, localizados no campo de pouso argentino da Ilha Peeble. Com seu arsenal de ataque terrestre, os Pucará representavam uma séria ameaça ao empreendimento britânico.

A manobra de desembarque teve início na noite de 20 de maio, quando o Grupo Tarefa (GT) adentrou o estreito das Falklands. Enquanto isso, levando-se em conta que a surpresa era uma vantagem da qual as tropas de desembarque não poderiam prescindir, uma vez que o contingente britânico do GT era deficitário em relação a guarnição argentina das ilhas, equipes SAS e SBS, que realizavam operações encobertas no arquipélago a mais de duas semanas, realizaram uma ação diversionária em Port Darwin e Goose Green, localidades distantes das praias de desembarque. Na madrugada do dia seguinte, as tropas foram conduzidas para o povoado de San Carlos (Comando 40 dos Royal Marines e 2° Batalhão do Regimento de Paraquedistas do British Army), baía Ajax (Comando 45 dos Royal Marines) e Port San Carlos (3° Batalhão do Regimento de Paraquedistas do British Army), onde avançaram rapidamente a fim de estabelecer uma cabeça-de-praia, assegurando o desembarque das tropas que chegariam em seguida. Em Fanning Head, um contingente argentino que guarnecia a entrada de San Carlos Water, lançou mão de sua artilharia antiaérea para abater helicópteros britânicos. Em resposta à ação inimiga, 32 operadores SBS, transportados pelo Helicóptero Wessex do HMS Antrim próximo ao local, orientaram os disparos do Contratorpedeiro contra as posições argentinas que logo foram vencidas.

O avanço das tropas britânicas pelo acidentado terreno das Falklands em direção à Port Stanley (capital das ilhas) ocorreu de forma lenta e gradativa pelos flancos norte (passando pelo assentamento Goose Green) e sul (passando pelo assentamento Teal Inlet) entre os meses de maio e junho. Durante a progressão britânica pelos 92,5 km que separava os locais de desembarque de Port Stanley, os operadores do SBS envolveram-se em vários confrontos contra as tropas argentinas.

Fotografia 1: Operadores SBS e fuzileiros navais do Comando 148 após eliminar a resistência argentina que se opôs ao assédio britânico em San Carlos Water. (Fonte: Disponível em:. Acesso em: 14 ago. 2017).

A última ação do SBS na Guerra das Falklands ocorreu na noite de 13 para 14 de junho, como parte de uma ação diversionária que atrairia a atenção das tropas argentinas enquanto o 2° Batalhão do Regimento de Paraquedistas realizava o assédio a Wireless Ridge, cadeia de montanhas distante 8 km a oeste de Port Stanley. Na ocasião, um destacamento constituído por três equipes do Esquadrão D do SAS acrescido de seis operadores SBS, executou uma ousada ação diversionária em Howdern Water. Utilizando quatro lanchas pneumáticas de casco rígido para atacar uma base logística próxima à capital do arquipélago, a força atacante enfrentou forte oposição assim que abicou na praia. Fundeado muito próximo da costa, o Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) argentino ARA (Armada de la República Argentina) Bahia Paraiso, embora proibido pela Convenção de Genebra de participar de ações de combate, abriu fogo contra as FOpEsp britânicas. Em apoio ao NAsH, a guarnição da base logística também disparou contra os atacantes. Sem alternativas, os operadores foram forçados a se evadirem do local trocando fogo com os tripulantes da embarcação. Embora as quatro lanchas estivessem praticamente destruídas, para os britânicos o saldo foi de apenas três operadores feridos.

Após intenso ataque aéreo administrado pela Real Força Aérea (Royal Air Force [RAF]) no dia 14 de junho, as tropas britânicas avançaram cautelosamente pelas ruas de Port Stanley, procurando por eventuais focos de resistência. À medida que as unidades britânicas se deslocavam pela capital, ficou evidente que os argentinos haviam desistido de combater. Finalmente, na noite daquele mesmo dia, o comandante da força terrestre britânica, Major-General Jeremy Moore, aceitou os termos de rendição das tropas argentinas.

Fonte: FOpEsp (Forças de Operações Especiais) 

9 Comentários

  1. Fico imaginando se o ingleses tivessem exercido seu direito de responder o fogo nesse navio hospital argentino, a choradeira que seria desse pessoal que fica de birrinha com os ingleses por causa do passa fora que deram nos “hermanos”. Mas os ingleses foram mais espertos e éticos que os argentinos. Viram que se atirassem de volta no navio hospital, mesmo que fosse em legítima defesa, a imprensa iria cair matando em cima. Acabariam como os vilões da história.

    • e o que vc ganha defendendo e puxando o saco desta gente do reino do opio unido e dos eua?!…por acaso te sustentam?…põem prato de comida na tua mesa?…toma vergonha nesta sua cara sujeito e deixe de vangloriar e enaltecer gente que nos despreza e nos olha por cima…que nos veem como gentinha ralé e inferior…pra esta gente vc é um nada…um zé ninguém…estão se lixando pra vcs… não possuem nenhum outro interesse em nosso pais ou região a não ser em nos por na correia e nos explorar…

  2. É muito fácil dar uma de valentão contra um inimigo mal armado. Os comandantes argentinos enviaram um bocado de recrutas à guerra, munidos de equipamentos totalmente inadequados para o teatro de operações. Como toda a América do Sul, inclusive o Brasil, as forças armadas argentinas eram treinadas para massacrar os cidadãos que se opunha a ditadura militar, quando enfrentaram um exército forte receberam o devido castigo.
    Duvido que os ingleses de dessem tão bem se o inimigo fosse a Russia.

    • Não seja por isso. Nessa mesma época os russos estavam levando um senhora coça dos afegãos. Essa coisa de generalizar nunca da em nada de bom.

    • É verdade que a maior parte das tropas argentinas eram recrutas com pouco tempo de treinamento, mas nem todas as unidades que combateram lá eram mal-adestradas.

      Em Mount Longdon (um dos engajamentos mais duros), os britânicos enfrentaram membros do 7º Regimento de Infantaria (RI 7) da 10ª Brigada de Infantaria Mecanizada. Soldados com mais de 1 ano de treinamento que haviam participado de exercícios de larga escala e simulações de combate em treinamento para um possível conflito contra o Chile. Alguns receberam treinamento do tipo Comando.

      Em Mount Tumbledown, enfrentaram o Batallón de Infantería de Marina 5 (fuzileiros navais argentinos), uma unidade mais profissional e adestrada.

      Na escaramuça de Top Malo foi Comando (Royal Marines do Mountain and Arctic Warfare Cadre) vs Comando (Compañía de Comandos 602)

      E os russos só venceriam por superioridade numérica e implantação de maior poder de fogo (seja aéreo ou terrestre), pois em um engajamento entre forças similares tanto em numero quanto em meios como foi nas Falklans/Malvinas, o maior nível de treinamento e adestramento dos britânicos (cuja infantaria se encontra entre as mais profissionais e qualificadas) prevaleceria.

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