Embraer e Boeing negociam fusão, mas última palavra é de Temer

Governo tem ‘ação de ouro’, que lhe dá poder de vetar negociação que já estava em curso.
Anseio é que fabricante não perca controle para potencial sócio norte-americano

PAULO WHITAKER – REUTERS

A empresa Boeing e Embraer tateiam terreno para chegar a um acordo. Os dois fabricantes de aviões confirmaram que mantêm conversas há tempos para preparar uma eventual fusão. A notícia fez os títulos da companhia brasileira dispararem até 30% ao longo do dia. Mas ainda que os investidores interpretem que o acordo é possível, ele só deve sair se o Governo brasileiro considerar que a negociação favorece seus interesses.

Em nota conjunta à imprensa, as duas empresas afirmaram que as bases para tal combinação ainda estão em discussão e que não há garantias que resultarão em uma transação. Segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, o presidente Michel Temernão se manifesta sobre boatos e ainda aguarda um comunicado formal da Embraer sobre o assunto. Segundo a Folha de S. Paulo, Temer seria a favor das negociações, mas sem colocar em jogo o controle acionário da companhia. Ele teria dito a interlocutores que “no seu Governo, a Embraer jamais será vendida”.

Apesar da negativa de Temer, sua equipe econômica consultou neste ano o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a venda de ações golden share da Embraer, Vale e IRB-Brasil Resseguros. Sem essas ações especiais, o Governo perde o poder de veto sobre decisões estratégicas dessas companhias.

A possibilidade de uma fusão entre as duas companhias foi repudiada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, cidade onde fica a sede da Embraer e a maioria de suas linhas de produção no país. “Única fabricante brasileira de aviões e terceira maior do setor no mundo, a Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro. Exigimos que o governo federal vete a venda e, enfim, reestatize a Embraer como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional”, disse em nota o sindicato.

A fusão da Boeing e Embraer é um casamento sobre o qual se especula há tempos em Wall Street. A ideia tomou corpo depois que a Airbys anunciou que compraria o controle do programa de jato regionais CSeries, da Bombardier. Era uma manobra estratégica para evitar a tarifa antidumping aplicada nos Estados Unidos desde setembro.

As ações da Embraer foram suspensas algumas vezes durante o dia, devido à volatilidade excessiva. A Boeing dispõe de um efetivo suficiente para financiar uma aquisição completa da companhia sem que ela seja afetada. A operação, além disso, tem sentido para o grupo norte-americano, pois a nova configuração permitiria cobrir um mercado que abandonou há várias décadas e pelo qual tem interesse crescente.

A companhia brasileira é um ator chave no segmento de aviões regionais, onde compete precisamente com a Bombardier. É, além disso, um mercado que está crescendo em escala global. A Boeing, ainda que tenha liquidez confortável, e seja um dos ativos que mais se valorizou em Wall Street este ano, tende a ser mais conservadora na hora de executar seus investimentos.Por isso, antes de qualquer movimento no tabuleiro do setor, deve ponderar se há sentido nessa eventual fusão.

A operação também faz sentido para a Embraer, uma vez que existem novos fabricantes que tentam abrir caminhão nesse mesmo mercado de aviões para até 150 assentos. O que deve determinar ainda é qual tipo de combinação seria pactuada e qual nível de controle o Governo do Brasil iria ceder, uma vez que é dona de uma ação de ouro (golden share) que garante o direito de vetar qualquer operação de compra. A cessão total do controle está descartada.

Hoje a Embraer tem um valor de mercado estimado em 3,7 bilhões de dólares. No terceiro trimestre deste ano, registrou lucro líquido de 351 milhões de reais revertendo o prejuízo de 111,4 milhões do mesmo período de 2016.

Para os analistas do BTG Pactual, o eventual acordo tem “enorme” potencial de ganho para as ações da Embraer, que têm sido negociadas a um preço depreciado, conforme nota distribuída a clientes sobre a notícia, segundo a Reuters. “A Embraer seria complementar à Boeing (especialmente com sua carteira de jatos regionais, como resposta ao recente acordo da Airbus sobre o CSeries), as empresas já têm relacionamentos comerciais (acordo do KC-390) e a Embraer tem expandido sua presença de produção nos Estados Unidos”, escreveram os analistas do BTG Renato Mimica e Samuel Alves.

Fonte: El País

 

10 Comentários

  1. O jogo de Sena do Presidente. O falso patriota. O governo diz que foi pego de surpresa “Temer seria a favor das negociações”. “Apesar da negativa de Temer, sua equipe econômica consultou neste ano o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a venda de ações golden share da Embraer”. Coincidências? São essas a soluções para o Brasil? São essas a bases para um futuro promissor? O que se apresenta é tão promissor quanto as políticas adotadas por Honduras ou Guatemala, e isso que estamos implemtentando e alguns esperam que nos tornemos o Canadá ou Austrália. Não tem como! Eu sinto muito, ou é má fé deliberada, ou há quem esteja tão intoxicado que acredita nas próprias mentiras, este indivíduo odeia o seu país. Odeia qualquer coisas que dê identidade e orgulho. Isso não é normal, está sociedade que pensa assim está doente, é impossível construir destruindo. É impossível criar uma indústria ampla e avançada que agreguem valor e conhecimento, investindo toda sua energia em desmantelar o que há e inviabizando qualquer coisa que possa vim a ser. As parcerias “caracu” com empresas nacionais, que mesmo quando desenvolve algo exepicional, se adota a prateleira como regra! Quando vier a notícia da Avibras, haverá apátridas ufanistas de país alheio, que justificaram o injustificável como seguidores de um culto. Eu não tenho vergonha do Brasil, tenho vergonha desses que se dizem brasileiros e não tem brio. “Você” vende seu país e se orgulha disso! “Você” não é normal, “você” não tem identidade, “você” está doente ou vive no país errado! Aí o problema é você é não o seu país!

    • O teu desabafo é o que está entalado em minha garganta e só consegue sair recheado de palavrões. Não sou militar, mas descendo de uma família de militares e estou assistindo, quase tendo um enfarto, essa destruição deliberada de nossa nação. Essa dobradinha maldita: PMDB/PSDB está entregando nossas riquesas em troca de “leite de pato”. Depois vem uma plêiade de idiotas batendo palmas a essas barbaridades e tentando jogar a culpa nos governos trabalhistas. Entretanto, a máscara caiu e não dá mais para disfarçar, não é a mentira de privatizar o que é do estado para melhorar a eficiência. Agora até as empresas privadas, lucrativas, poderosas e estratégicas estão sendo colocadas na bacia das almas. Nada mais serve de biombo para encobrir o verdadeiro propósito, que venho sublinhando já a algum tempo: destruir o que é nacional para recolonizar. Tudo começou com o juiz de Curitiba formado em Harvard…

  2. Vende logo, o que a Embraer já privatizada representa para o Brasil? Muito mais valiosa e estratégica era a Vale do Rio Doce e Embratel e foram doadas por valor simbólico. Uma mera montadora de aviões não tem importancia Estratégica alguma.

  3. Já ontem os colonizados entraram em campo ,pode haver sim Acordos ,mas nunca a dispensa de Golden Share da Empresa , para haver acordos , não necessariamente precisa a Empresa ser Vendida ! Mas sempre a presença dos Colonizados como Ponta de Lança dos Interesses Escusos aparecem , estes a décadas atrás eram chamados 5a Colunas !

  4. Espero avidamente que o sr. Temer não permita uma fusão entre as empresas, isso seria uma perda colossal para nosso parque industrial e tecnológico.

    • O sr Temer não tem autoridade nem saco suficiente para dar uma nega a “Boeing” uma das maiores lobistas do titio Sam.
      Essa corja de canalhas de vendidos e boi de manada tudo faz por $$$..ate baixar as calças.

  5. Tem é que vender todas as empresas que exportam tecnologias. Colônia tem que exportar produtos de colônia: açúcar, café, laranja, soja, milho. Os engenheiros que virem suco. Os golpistas não quebraram a ordem institucional e depuseram uma presidente sem crime de responsabilidade? Vejam como são canalhas, quebram a ordem institucional e o logotipo do governo golpista é ordem e progresso dentro de um triangulo. O senador Juca disse que os comandantes garantiriam a retirada da presidente. Elite de merda para uma terra com boa gente e tantas riquezas.

    • “romario
      22 de dezembro de 2017 at 16:21

      Tem é que vender todas as empresas que exportam tecnologias. Colônia tem que exportar produtos de colônia: açúcar, café, laranja, soja, milho”

      nem isso viu…eles e os Chineses estão se apossando de todas as terras agricultáveis daqui…

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