Doutrina de Eisenhower: passados 55 anos

Dwight Douglas Eisenhower

O general que liderou as tropas aliadas no célebre Desembarque na Normandia, durante a Segunda Guerra Mundial, foi também o 34º Presidente dos EUA.

Em 09 de março de 1957, o Parlamento americano aprovou uma doutrina de política externa voltada para reforçar posições de Washington no Oriente Próximo e Médio. O documento foi elaborado pelo presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, e o secretário de Estado, John Foster Dulles. Segundo a doutrina, qualquer país podia solicitar ajuda econômica ou militar aos Estados Unidos, se fosse agredido por outro Estado. No fundo, o presidente obtinha o direito de utilizar, a critério próprio, força militar naquela região. Mas as autoridades americanas tinham também outro objetivo: enfraquecer a influência da URSS naqueles países.

A aprovação da nova doutrina pelos Estados Unidos foi uma reação ao fracasso da agressão Britânico-Franco-Israelita contra o Egito em 1956, ligada ao destino do canal de Suez, uma das principais vias aquáticas no mundo. A União Soviética desempenhou um papel importante no conflito, denominado como a crise de Suez. O líder soviético, Nikita Khruschev, ameaçou tomar medidas duras a Inglaterra, França e Israel, até prometendo disparar mísseis contra estes países. Semelhante cenário poderia levar a uma guerra nuclear entre a União Soviética e os Estados Unidos que inevitavelmente iriam proteger os seus aliados. Em resultado, Washington exigiu que os agressores renunciassem a ações militares.

No fundo, a doutrina visava não apenas reforçar a influência dos Estados Unidos no Oriente Médio e Próximo, mas também criar na região uma cabeça-de-ponte contra o campo socialista, em primeiro lugar contra a União Soviética. Eisehower expressou abertamente a disposição das tropas americanas de proteger a integridade territorial e a independência dos países que precisavam de ajuda contra a agressão de qualquer nação controlada pelo “comunismo internacional”.

Era desta “ameaça” que os Estados Unidos pretendiam proteger os países árabes, instalando na região a sua própria hegemonia através da ingerência nos assuntos internos e de controle da política externa. Em 1957, a doutrina de Eisenhower foi aplicada sob pretexto da defesa da Jordânia contra a “agressão” da Síria. Em 1958, os Estados Unidos empreenderam uma intervenção militar aberta contra o Líbano e, passados nove anos, apoiaram uma agressão armada de Israel contra países árabes.

Após a desintegração da URSS, que era um contrapeso dos Estados Unidos na região, Washington intensificou os esforços indicados na doutrina. Contudo, as realidades de hoje obrigarão os Estados Unidos a corrigir a sua posição em relação à política no mundo árabe, considera o dirigente do Centro de Estados Orientais da Academia Diplomática do MRE da Rússia, Andrei Volodin.

“Como parecia na época, os Estados Unidos não tinham obstáculos para construir um mundo unipolar e para obter o papel decisivo no Oriente Médio. Mas muitas coisas mudaram, em primeiro lugar, o mundo. Embora os Estados Unidos continuem sendo o país mais forte, este mundo já não se pode desenvolver segundo as leis determinadas pelos Estados Unidos. Neste mundo, já é necessário comensurar os seus interesses e ações com interesses de outros países. Esta mudança principal irá definir a política dos Estados Unidos no Oriente na próxima década. Este será um processo de dolorosa adaptação da política americana às realidades que se formam na região, independentemente da vontade dos Estados Unidos.”

Hoje, as regras de procedimentos dos Estados Unidos e de outros países do Ocidente sobre a democracia tornam-se frequentemente um pretexto para a derrubada de regimes indesejáveis, como acontece na África do Norte. Eis a opinião de Andrei Volodin:

“A interferência nos assuntos internos de outros países contraria não apenas a Carta da ONU, mas também o bom senso. Os Estados Unidos e os seus aliados mais próximos – França e Inglaterra – tentam impor um regime político comodo para eles em alguns países do Oriente Médio e Próximo. Mas essa prática está condenada ao fracasso, porque, manifestando-se pela democracia à americana na Síria e na Líbia, todos nós vemos que tipo de democracia se formou na Líbia. Espero que isso não aconteça na Síria.”

É evidente que os interesses geopolíticos e econômicos das maiores potências mundiais continuarão a estar entrelaçados no Oriente Médio e Próximo. A Rússia formulou claramente os princípios que devem ser observados pelos membros responsáveis da comunidade internacional nesta região muito complexa: a não ingerência nos assuntos internos dos países, a sua unidade e a integridade territorial. Contudo, as ações dos Estados Unidos e dos seus aliados no Iraque e na Líbia levaram de fato aqueles países ao caos e à ruína.

Fonte: Voz da Rússia

3 Comentários

  1. …Contudo, as ações dos Estados Unidos e dos seus aliados no Iraque e na Líbia levaram de fato aqueles países ao caos e à ruína.============dizer + o quê?! Saõ ou ñ uns imperialistas? E a reboke vem os judeus…Trágico Sds.

  2. Concordo em partes com o texto, primeiro, que embora eu não concorde com a política do trio “EUA-França-Inglaterra”, não sou tolo de dizer que não esta dando certo, é simples, de todos os países envolvidos com a primavera Árabe, quem não fez concessões políticas, econômicas e sociais, teve o regime destruído; logo, não se pode chamar isso de fracasso, podemos concordar ou não com essa estratégia, mas que esta acontecendo exatamente o que o “trio” queria, bem, disso não da para fugir.
    .
    E outro ponto que discordo é que a Russia esteja se importando com a independência ou necessidades dos países resolverem seus problemas internos sem influência estrangeira, afinal, não vemos isso na Geórgia ou Chechenia e afins, OU SEJA, o Sujo falando dos mal lavados.

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