Dezenas de milhares protestam na Alemanha contra acordo UE/EUA

TTIP entra em nona rodada de negociações. Pacto de livre-comércio UE-EUA pode acarretar queda de padrões europeus de saúde e segurança, alegam seus opositores. Apoiadores apontam chances de crescimento e emprego.

Mais de 200 manifestações se realizaram na Alemanha contra o planejado acordo de livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos. Segundo porta-voz da ONG Attac, uma das organizadoras do evento, “várias dezenas de milhares” foram às ruas do país. As metrópoles Berlim, Munique, Hamburgo, Frankfurt e Stuttgart constaram entre os principais focos dos protestos.

Ao todo estavam programadas para este sábado (18/04) cerca de 700 passeatas em 45 países, contra o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês), que na segunda-feira entra em sua nona rodada de negociações, em Nova York.

Contudo a oposição ao projeto é especialmente acirrada entre a população da Alemanha. Seus críticos afirmam que ele poderá acarretar um rebaixamento dos padrões europeus de saúde e segurança, sobretudo no que concerne as rigorosas normas da UE relativas a aditivos alimentares, vegetais transgênicos e o uso de pesticidas.

Ameaça à democracia versus chance de crescimento

Outro ponto de crítica é a falta de transparência nas negociações entre a Comissão Europeia e Washington. Os opositores da Parceria Internacional UE-EUA igualmente condenam a cláusula que permite a empresas processarem governos nacionais por políticas que considerem contrárias a seus interesses comerciais, recorrendo para tal a tribunais alheios às legislações nacionais.

Os críticos veem nessa cláusula um convite aos grandes conglomerados para neutralizarem medidas estipuladas por governos democraticamente eleitos. “Há um grande risco: o TTIP vai restringir os nossos direitos democráticos. No futuro, grandes corporações terão uma influência ainda maior sobre o processo legislativo”, afirmou um dos ativistas, Thilo Bode, da ONG Foodwatch, que monitora as práticas da indústria alimentar.

Manifestação em Augsburg: “Parem com o livre-comércio UE-EUA!!”

Segundo enquete da firma britânica de pesquisa de mercado YouGov, 43% dos alemães acreditam que o TTIP será mau para seu país, enquanto apenas 30% o veem como positivo. Outro indicador da resistência ao pacto: de 1,7 milhão de assinaturas coletadas na UE pelo coletivo europeu Stop TTIP, havia 1 milhão da Alemanha, dez vezes o número dos participantes franceses e 50 vezes o dos italianos.

Defensores do acordo afirmam que companhias de ambos os lados do Oceano Atlântico se beneficiarão da redução dos obstáculos regulatórios, ficando aptas a acessar com maior facilidade os demais mercados. Para a Confederação da Indústria Alemã (BDI), isso traria chances de crescimento e emprego.

Visando, em parte, se contrapor à influência da China na Ásia, os EUA estão negociando um acordo de livre-comércio semelhante com a Austrália, Brunei, Chile, Cingapura, Japão, Canadá, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnam: a Parceria Transpacífica (TPP).

Fonte: DW

12 Comentários

  1. Isso não é acordo, mas sim uma alvará pro rolo compressor norte americano esmagar a Europa como hoje conhecemos. A industria local será aniquilada pela industria norte americana que terá beneficios fiscais e alfandegarios, a cultura europeia será assimilada pela cultura ocidental, e padrões europeus serão alterados…triste realidade da Europa, que deixou sua soberania que muito admirei, mas que hoje é apenas uma velha idosa que se rende ao primeiro asilo que se oferece a recebê-la.

  2. Esse acordo deixa a margem o poder popular, o direito da cidadania pois, até como consumidor, é assim como o governo americano vê ultimamente todos os locatários que se encontram em território dos USA e agora na Europa, isso também foi deixado de lado.
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    O Povo,para esse governo globalista proto-fascista, não passa de gado, de rebanho para a sua carne seja moída e servir de alimento para o seus sistema opressivo financeiro.
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    Os EUA tem um congresso altamente descompromissado com as causas sociais, lá é um covil ,( a casa onde mora a aranha e o lagarto ) ; a corrupção exercida plenamente e reconhecida como lobby pelo cartório ; a suprema corte americana, altamente plutocrática. 😉
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    E por falar em congresso altamente corrupto, o nosso nunca ficou tão corrupto como é este agora , quem imaginaria …rsrsr…que o atual congresso brasileiro com proposta moralizadora, com um conservadorismo puritanista ; que critica o governo por ser corrupto, agora se mostra, em termo de corrupção, muito pior do que o governo ..Hahahah
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    O atual congresso brasileiro é tão corrupto …. que mais do que nunca, em toda a sua história, esta se parecendo com o congresso americano . 😉
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    Se lá no congresso americano é a casa do “lagarto e da aranha” , o congresso brasileiro virou a a casa do “Jabuti” …Hahahah
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    O JABUTI DO CUNHA
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    Enxerto ilegal em MP, apoiado por Eduardo Cunha, torna incêndio de shopping em desastre natural e pode liberar 50 milhões de reais do BNDES
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    (*)fonte: [ cartacapital.com.br/revista/846/o-jabuti-de-cunha-1099.html ]
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    (…) a Câmara conhece bem os vícios do atual presidente. Antes de alcançar a presidência era costume dele enxertar nas Medidas Provisórias emendas sem vínculo com o teor das mesmas. Agora, para se resguardar, usa seus sequazes. (…)
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    Um dia pitoresco na casa do JabutI
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    Quinta-feira 9, a partir de um bate-boca iniciado às 15h22 em torno da MP 661/2014, relatada pelo deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), escudeiro de Cunha. O qual subjugou aos parlamentares do governo e da oposição para manter o enxerto na MP, que, entre outras causas estranhas, transforma em desastre natural um incêndio no Shopping Nova América, no Rio de Janeiro, domicílio eleitoral de Cunha. Abaixo o diálogo.

    Silvio Costa (PSC-PE) – Sr. presidente, uma questão de ordem.

    Eduardo Cunha – Qual o artigo?

    Costa – Eu vou ler. Tenho cinco minutos.

    Cunha – Não tem não. Se não disser o artigo, não tem um minuto.

    Costa – É baseada no artigo 95.

    Cunha – Não há questão de ordem no artigo 95.

    Costa – Eu quero alertar o plenário para uma indecência. O deputado Leonardo Quintão está autorizando o BNDES a conceder 50 milhões de reais para um shopping. Desde quando incêndio é desastre natural? É um jabuti, dos maiores que já vi aqui.

    Cunha – Não há questão de ordem. O parecer já foi votado e aprovado na admissibilidade e no mérito.

    Esperidião Amin (PP-SC) – É muito triste dar como fato consumado algo tão gritantemente casuístico e descabido.

    Costa – Isso é uma imoralidade.

    Mendonça Filho (DEM-PE) – Ao longo da minha vida pública, eu nunca vi se aprovar uma lei em que conste um artigo ou um parágrafo que obriga a concessão de empréstimo a uma empresa especificada no diploma legal. Isso é uma coisa que desmoraliza o Parlamento, depõe contra nós. Situação constrangedora.

    Roberto Freire (PPS-PE) – Sr. presidente, apenas para…

    Cunha – Sou obrigado a conduzir a sessão dentro daquilo que está no regimento.

    Costa – Presidente, artigo 96, é uma reclamação.

    Cunha – Não existe isso.

    Costa – Eu quero fazer a reclamação.

    Cunha – Não cabe neste momento.

    Costa – Cabe.

    Cunha – Não cabe.

    Costa – Eu quero fazer!

    Cunha – Não cabe.

    Depois desse desfecho, sem ter conseguido ser ouvido ao longo do bate-boca, o deputado Roberto Freire dizia nos corredores da Câmara: “Ele é um cara de pau”.

  3. “Outro ponto de crítica é a falta de transparência nas negociações entre a Comissão Europeia e Washington.

    Os opositores da Parceria Internacional UE-EUA igualmente condenam a cláusula que permite a empresas processarem governos nacionais por políticas que considerem contrárias a seus interesses comerciais, recorrendo para tal a tribunais alheios às legislações nacionais.”
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    É o mesmo esquema de pacto antidemocrático do “Acordo de Parceria Trans-Pacífico” (TPP). Impõem regras que vão afetar diretamente a vida de cada um, más são leis feitas sem transparência e a revelia da vontade das maiorias…E que “coincidência”! Os dois acordos, o TPP e o “Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento” (TTIP), são ambos impostos pelo EUA.

    O que comentei sobre no post sobre o TPP, vale aqui também:


    “Necessidade de poder e controle sobre tudo e a vida de todos, são os sintomas de uma tirania, neste caso, uma tirania corporativa…

    Porque na elaboração deste “Acordo de Parceria Trans-Pacífico” (TPP), as discussões se dão de forma opaca, não democrática, através do absoluto secretismo, sem participação das sociedades dos países envolvidos, o TPP imporá regras que afetarão diretamente a vida das pessoas destes países, no entanto, elas nunca foram consultadas ou mesmo informadas…!Sobre os termos deste pacto imposto de cima para baixo pelo poder das grandes corporações estadunidenses. ”

    • Se eu vir aqui e dizer que você está completamente errado não seria honesto da minha parte meu caro estafeta afinal talvez alguns capítulos da proposta sejam de fato nocivos à economia européia, em especial ao setor agrícola que, como você sabe, apenas funciona por lá a base de altíssimos subsídios. Aliás, é por esse mesmo motivo que eles não assinam um acordo de livre comércio com a gente, pois têm medo que nossos produtos agrícolas invadam o mercado deles e provoquem uma quebradeira generalizada nos produtores locais.

      Voltando ao acordo, é fato que o mesmo é vital para a sobrevivência da Europa como ator global relevante caso contrário serão postos a escanteio ou mesmo engolidos pelos chineses. Contudo, o ideal seria que eles, os europeus, chegassem a uma posição única e negociassem com os norte-americanos afinal a política é a arte do possível. Contudo, eles mesmo mesmos não conseguem a chegar a um consenso sobre nada. Não é à toa que estão empurrando os gregos para o colo dos russos e a Grã-Bretanha, ainda que integrante do bloco, sempre manteve uma distância prudente do mesmo.

      Já quanto à queixa quanto à cláusula que permitiria empresas processarem governos, não vejo nada de errado. Pelo contrário, acho absolutamente salutar. Trata-se na verdade da aplicação da Cláusula de Stoppel, que é a aplicação da boa fé objetiva nas relações regidas pelo Direito Internacional. Visa impedir que uma parte se valha da própria torpeza como quando determinados governos sacam do bolso políticas ditas “nacionalistas” de cunho altamente populista, mas que revogam compromissos assumidos anteriormente. A ressalva que fica é que esse julgamento deva se dar em cortes internacionais para que seja mantido a imparcialidade.

      Por fim você fala em uma “tirania corporativa” mas não lhe vejo criticar a tirania quando exercida por estados ou governos. Parece que infelizmente isso é fruto daquela malfadada concepção de que tudo e todos ( indivíduos, empresas, etc..) pertenceria ao Estado, e não o inverso.

  4. Esses acordos só são bons para os que ferram seus cidadãos, o povo mesmo ama sua cultura e sua soberania. Mas lá como aqui, a soberania é um artigo que existe e é importante só para aqueles que dependem dela para fazer valer seus direitos. Alguns, os com grana suficiente para comprar cidadanias mundo afora, podem vender a dia outros sem nenhum drama de consciencia, por que normalmente já tem pra onde ir quando suas situações ficam insustentaveis.

  5. Acredito que os Alemanhães não aceitaram este acordo caso algumas clausulas não sejam modificadas.

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