Ações equivocadas do Ocidente põem a Rússia em posição de força

https://www.youtube.com/watch?v=HOHm1IRnzS0

“A Rússia não entra na Síria apenas para manter seu aliado Assad no poder ou para provocar o Ocidente. A intervenção na Síria é apenas a primeira de uma série de intervenções que os novos centros de poder não poderão evitar nos próximos anos.

A Rússia vai à guerra. Começa assim a primeira intervenção dos novos centros de poder global em uma zona de caos previamente induzida por equivocadas ações ocidentais. Fica estabelecido um padrão que provavelmente marcará a geopolítica mundial pelos próximos anos.

Mas diferentemente daquilo que ocorreu 30 anos atrás no Afeganistão, os maiores riscos para a Rússia na Síria estão ligados não a uma possível derrota, mas às imensas responsabilidades que adviriam de uma grande vitória.”

Antonio Gelis-Filho

  • Antonio Gelis-Filho, é doutor pela FGV-SP. Sua principal área de interesse acadêmico é a relação entre mudanças geopolíticas e estratégia de governos e de organizações públicas e privadas.

Foto: Marinha norueguesa – Navios da Marinha da Rússia em deslocamento com destino à Síria.

Vídeo: A passagem de um grupo de navios de guerra russos através do Canal da Mancha com destino à Síria, em reportagem de um canal russo de televisão.

Edição: konner@planobrazil.com

4 Comentários

  1. Convenhamos, os caras são destemidos… e o cruzador nuclear Pedro o Grande, por si só, já impõem mais respeito que uma flotilha completa… e o NAe se não é um navio carvoeiro, aumentaram alguma mistura para provocar mais ainda os demais..
    Enquanto isso…. por estas bandas de cá…. há quase uma década temos um NAe que insiste em não sair do “berço”.

  2. Eu creio que a provável mudança na geopolítica mundial, sugerido no título original do artigo publicado na página do Sputnik News, não tem base factual no momento porque não há de fato novas bases de poder que se apresentem, pois os atores que estão divergindo sobre a forma de ação política mundial ainda são os mesmos que as estabeleciam durante quase todo o século XX, apesar da progressiva perda de espaço econômico/político da Europa e do crescimento chinês nas últimas duas décadas.

    A atual ação russa no Oriente Médio, sob meu ponto de vista, e como sugere o autor no artigo, está associada a visão de que é melhor combater o extremismo religioso (artificialmente criado pelo ocidente) longe da Rússia do que dentro de suas fronteiras. Esta não tem mais as antigas aspirações políticas e ideológicas da URSS apesar de insistentemente a imprensa ocidental apresentá-la como sua herdeira. Há de fato acordos políticos sendo costurados para seu favorecimento com outros países, porém, sem chegar ao ponto de estabelecer compromissos políticos profundos de longuíssimo prazo como era a práxis no século passado. A Rússia não está vendendo ideologia, não está defendendo uma nova ideia de como deve se comportar o mundo. De fato as justificativas que criaram o antigo “Grande Jogo” (que teve início com as monarquias inglesa e russa no século XIX) são as mesmas que criaram os motivos da ação russa hoje e eles são todos comerciais. A Rússia está protegendo, essencialmente, seu controle sobre rotas comerciais. Ponto.

    E dificilmente vejo, no futuro, a perspectiva de vitória definitiva da ação russa neste embate contra os genéricos da OTAN, por razões bem simples. A Rússia pode de fato sair com grande vantagem neste embate se conseguir administrar o radicalismo do stablishment ocidental, notadamente dos EUA. Na prática a Rússia deverá abrir mão de alguma demanda para que a ação radical ocidental não aconteça, em benefício da estabilização do sistema político europeu e norte-americano que está definitivamente puído, sem nenhum agente renovador político que consiga criar peso próprio e força independente a ponto de se tornar uma alternativa as forças políticas de extrema direita que vem assolando Europa e EUA. E se alguém duvida veja o que o Wikileaks mostrou sobre o que o partido Democrata fez com Bernie Sanders durante as primárioas. Com o perdão do trocadilho, foi uma sandice.

    Sanders seria a alternativa que poderia, a longo prazo, estabilizar o sistema político ocidental, mas foi sabotado por sua própria gente em nome de um extremismo político que vai levar os EUA num abraço de afogados junto com a Europa. E aí é que começa o grande problema que a Rússia (e não a China) terá de resolver. Muitos extremistas norte-americanos estão pra lá de felizes com a atual campanha eleitoral na corrida para presidente, que conta com dois candidatos que seguem a cartilha da extrema direita. Este felizes indivíduos estão quase saltitando pela possibilidade destes candidatos serem o tipo que “pode dar uma lição aos russos”. Em outras palavras: levantar o orgulho americano novamente promovendo uma ação militar diretamente contra a Rússia, empurrando-a para a idade das pedras. E o risco aqui é o que muitos analistas independentes tem dito , e que eu concordo, está no controle sobre o arsenal nuclear dos EUA que corre risco seríssimo de cair nas mãos de um louco fundamentalista cristão que acredita que o tempo da solução final chegou, então toquem as trombetas.

    Ou, sendo mais conciso, o grande papel que a Rússia deverá desempenhar no futuro será o de salvar os EUA de si mesmo.

    • Perfeito comentario!
      Acredito que a Russia acima de tudo ( acima de toda histeria dos EUA e suas Bonecas Genericas e midia ocidental ) esta a Salvar a Europa e Medio Oriente dos patrocinadores e criadores do ISIL e outros grupos terroristas.
      Se a Russia nāo mete se as māos na Siria o que aconteceria na Siria e M.Oriente?
      Damascu caia no caos , que pais se segueria? Iraque ?Libano? Jordania? Turquia? Kuweit?
      O numero de imigrantes na Europa passava ser 3 x mais. O terrorismo disparava dentro da Europa. O aumento de neonazistas e conflitos sociais disparava. O medio Oriente virava o caos. Ficando a Europa e o M.Oriente refem dos EUA.
      Sugiro aos caros leitores que deem uma leitura nos artigos de Leo Strauss.

      • Nota:
        A sugestāo de ler alguns artigos de Leo Strauss e ja agora de Paul Wolfwitz defensores da Teoria do Caos ajudara a perceber a realidade que o mundo vive actualmente.

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