Coalizão liderada pelos EUA matou mais de 1.600 civis na Síria, acusa Anistia Internacional

Civis caminham emfrente a prédios severamente destruídos em Raqqa, na Síria Foto: Aboud Hamam / Reuters 14-05-18

Civis caminham emfrente a prédios severamente destruídos em Raqqa, na Síria (Foto: Aboud Hamam / Reuters 14-05-18)

Campanha para tomar a cidade de Raqqa do Estado Islâmico em 2017 deixou dez vezes mais vítimas civis do que apontam dados oficiais, segundo estudo

 

BEIRUTE – A coalizão liderada pelos Estados Unidos matou mais de 1.600 civis em Raqqa ao longo de vários meses em 2017, durante sua campanha para expulsar o Estado Islâmico da cidade, acusa um relatório lançado nesta quinta-feira pela Anistia Internacional e pelo Airwars, ONG de monitoramento de guerras.

O número indicado é dez vezes superior aos dados oficiais sobre vítimas civis. O documento diz que ataques aéreos e de artilharia americanos, franceses e britânicos mataram e feriram milhares de inocentes entre junho e outubro de 2017 na antiga capital do Estado Islâmico . Muitos dos casos, diz o texto, “constituem violações à lei humanitária internacional e exigem investigação adicional”.

As organizações passaram 18 meses pesquisando as mortes de civis, incluindo dois meses fazendo pesquisa de campo em Raqqa, disseram. “Nossa descoberta conclusiva depois de tudo isso é que a ofensiva militar da coalizão liderada pelos EUA (EUA, Grã-Bretanha e França) provocou diretamente mais de 1.600 mortes de civis em Raqqa”.

O relatório pede que os membros da coalizão criem um fundo para compensar as vítimas e suas famílias

A coalizão respondeu que tomou “todas as medidas razoáveis para minimizar as baixas civis” e que ainda existem alegações abertas que estão sendo investigadas. “Qualquer perda involuntária de vida durante a derrota do Daesh é trágica”, disse Scott Rawlinson, um porta-voz da coalizão, em um comunicado enviado por email mais tarde na quinta-feira, usando um acrônimo em árabe para Estado Islâmico.

“No entanto, estas perdas devem ser comparadas com o risco de permitir que o Daesh continuasse as suas atividades terroristas, causando dor e sofrimento a qualquer pessoa que quisesse”, acrescentou.

O Estado Islâmico dominou Raqqa no início de 2014, época em que avançou rapidamente na Síria e no Iraque e constituiu um autoproclamado califado. Caracterizado pelas execuções sumárias de opositores, o grupo cometeu uma matança em massa e escravizou minorias, em um processo que a ONU descreveu como um genocídio.

O grupo, que controlava um terço da Síria e do Iraque em 2014, já foi expulso de todo o território que controlou, a partir de campanhas militares empreendidas por um conjunto de forças, incluindo os governos da Síria e do Iraque, dos Estados Unidos, de seus aliados europeus e de seus rivais Rússia e Irã. Apesar de não controlar mais o território, o grupo ainda ameaça lançar ataques terroristas em todo o mundo.

As Forças Democráticas Sírias lideradas pelos curdos (SDF) e apoiadas por Washington  capturaram Raqqa em outubro de 2017, após uma ofensiva de cinco meses apoiada por ataques aéreos liderados pelos EUA e por forças especiais.

A Anistia disse no ano passado que havia evidências de que ataques aéreos e de artilharia da coalizão eem Raqqa violavam a lei humanitária internacional e punham em perigo as vidas de civis, mas até agora não tinha dado uma estimativa do número de mortos durante a batalha.

Durante e depois da campanha, repórteres em Raqqa noticiaram que o bombardeio causou destruição maciça na cidade, devastando bairros inteiros.

Fonte: O Globo e Reuters

2 Comentários

  1. Pois é! Estranho que essa matéria, apesar de ter fontes em grandes veículos da mídia não tenha causado um efeito cascata na sua divulgação entre os grandes órgãos de imprensa, ficando confinado em espaços discretos dentro do noticiário.
    É por causa desse tipo de reação de indiferença que a matança de civis em países do Oriente Médio que se vê na sociedade ocidental que, torna até cômico, fato, como, por exemplo, o verificado no pós-11 de setembro, quando uma matéria no New York Times estranhava a falta de maior solidariedade para com os EUA nos mais variados países do mundo, materializado num gráfico onde se mostrava a porcentagem da população de vários países pesquisados em relação a aprovação/desaprovação dos atentados perpetrados pelos terroristas da Al-Qaeda.

  2. Parece que a supremacia americana na política internacional deu realmente um verdadeiro … XABUM ! …rsrsr … virou poeira …hahaha … vemos isso na Ucrânia , coitada… nos países bálticos que viraram estátuas de sal , ou melhor … em três zumbis naquela região e nem irei falar da Síria .
    .
    O que eu quero dizer com tudo isso …É … onde a Russia bota o pé e fica ali … a vida dos americanos e dos seus asseclas fica difícil, o urso realmente joga caca de urso nesse ventilador.
    .
    Basta vê aqui bem perto… na Venezuela, com toda campanha do tio Sam e das grandes mídias golpistas, como é o caso da GLOBO … que busca apoio popular para apoiar um golpe na Venezuela, com ou sem panela … não consegue.. mesmo que os doidos da região gritem por sangue …ainda fica difícil…e como tá difícil., principalmente para o povo venezuelano vítima de um jogo sórdido entre poderosos.. assim com é lá na Síria.
    .
    E quem acha que a Síria está longe …. lá no Oriente Médio .. não se preocupe… haverá desses Síria… também na America do Sul com seus refugiados, fundamentalistas,mercenários e tudo mais que um guerra civil requer … e vai contagiar a vizinhança isso não tenho duvida.
    .
    A Síria agora é bem ali, do outro lado da fronteira tupiniquim … VENEZUELA ..

Comentários não permitidos.