Polícia Federal cumpre mandados em SP para investigar suspeita de cobrança de propina para construção de submarino da Marinha

A Polícia Federal em São Paulo cumpre na manhã desta quinta-feira (7) três mandados de busca e apreensão para investigação que envolve um servidor da Marinha e um engenheiro suspeitos de cobrarem propina em contratos para a construção de um submarino. A investigação é do Ministério Público Federal em São Paulo.

A procuradora Thaméa Danelon apura a prática dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os alvos são um engenheiro nuclear do Centro Tecnológico da Marinha do Brasil (CTMSP) e um engenheiro particular. Segundo o MPF, entre 2008 e 2015, o engenheiro da Marinha solicitou propina no valor aproximado de R$ 6 milhões à empresa austríaca Bilfinger Maschinembau GMBA & CO.KO (MAB), que atua no ramo de fabricação e engenharia de componentes para tecnologia de reatores nucleares.

A MAB assinou 15 contratos administrativos com o Centro Tecnológico da Marinha e com o Comando Naval Brasileiro Europa (BNCE) para fornecimento de materiais para pesquisa. O contrato também previa a importação de bens, tecnologia e prestação de serviços no campo da tecnologia nuclear.

Segundo o MPF, a solicitação e o recebimento de pagamento pelo engenheiro da Marinha serviu para intermediação da contratação com o CTMSP e para prestação de serviços de consultoria relacionados à entrada da MAB no mercado do Brasil e da América do Sul.

Propina de R$ 3,6 milhões

Ao todo, o engenheiro da Marinha recebeu R$ 3.637.680,67, em valores atualizados, por meio de sua empresa, segundo a Promotoria. Os depósitos foram feitos numa conta bancária na Suíça.

A empresa JJ&RR Assessoria Técnica e Comercial LTDA., do engenheiro particular alvo dos mandados de busca e apreensão desta quinta-feira, também recebeu valores relacionados à propina ajustada pelo engenheiro da Marinham, segundo o MPF. Ainda de acordo com promotores, o pagamento da propina também foi mascarado sob a forma de contrato de prestação de serviços de consultoria.

Em nota, a Marinha do Brasil informou que “desde 2015, quando tomou conhecimento do caso, através da Controladoria-Geral da União, vem contribuindo para a elucidação de supostos ilícitos relacionados às atividades da empresa Bilfinger Maschinembau GMBA & CO.KO (MAB), visando à preservação do patrimônio público e à persecução penal militar. Como resultado, foram instaurados inquéritos policiais militares, devidamente encaminhados ao Ministério Público Militar, em 2017 e 2018.”

A reportagem entrou em contato com a empresa austríaca MAB e aguarda retorno. A reportagem tenta contato com a JJ&RR Assessoria Técnica e Comercial.

Pedido de prisão negado

O procuradores do MPF chegaram a pedir a prisão dos investigados, mas o pedido foi negado. No entanto, a Justiça determinou a suspensão do exercício da função pública do servidor da Marinha e determinou que ele e o engenheiro particular tenham acesso a qualquer dependência da Marinha.

A Justiça também mandou bloquear os bens, até o valor de R$ 13.060.680,72, do servidor e do engenheiro e de suas respectivas esposas, além de três empresas.

Fonte: G1

Edição Plano Brasil

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