AFV-BRASIL: NEXTER JAGUAR EBRC

Autores:  Anderson Barros e Carlos Junior
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DESCRIÇÃO
A matéria que segue abaixo é mais um fruto da forte parceria entre o WARFARE Blog e o Plano Brasil e tratará do moderníssimo veículo francês de combate e reconhecimento Jaguar EBRC (Engin Blindé de Reconnaissance et de Combat).
A origem do Jaguar se dá na percepção do Exército Francês da necessidade de se substituir três tipos de veículos de combate,  AMX-10RC, ERC-90 Sagaie e o veículo lança mísseis anti tanque VAB HOT por um modelo multifuncional que centrasse as capacidades destes três modelos em uma só viatura, permitindo a facilitação da cadeia de fornecimento de peças e facilitando a manutenção e, claro, levando a uma economia em custos operacionais. Além disso, o ambiente do campo de batalha é dinâmico, e a necessidade de um veículo de porte menor para operações em áreas urbanas, além de uma maior variedade de armas instalados para a flexibilizar o emprego operacional se fez necessário.
No âmbito desse programa o Jaguar EBRC substituirá os veículos AMX10RC , ERC-90 Sagaie e o VAB Hot produzidos nos anos 70 e 80 e que vem sendo usados extensivamente pelo Exército francês em diversos teatros de operação.
Dentro deste contexto, no final do ano 2014, três grandes empresas francesas, a Renault Trucks Defense; a Nexter Systems e a gigante Thales se uniram em um consórcio para desenvolver e fabricar dois tipos de veículos militares para o, agora chamado “programa Scorpion”. Um dos frutos deste programa foi o veículo multi-função blindado (VBMR) Griffon. O seu irmão mais “nervoso” foi o Jaguar EBRC, cujo perfil de equipamentos e armamentos instalado o coloca como um protagonista do combate bem dentro do campo de batalha.
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O Jaguar EBRC faz parte do programa Scorpion , que, também concebeu um veículo de transporte de tropas 6X6, batizado de Griffon VBMR.
ELEVADA MOBILIDADE
O Jaguar é equipado com um motor turbodiesel Renault DXi7, capaz de gerar 500 hp, acoplado a um sistema de transmissão automática de seis velocidades ZF Friedrichshafen de origem alemã.
Esse conjunto permite ao veículo atingir uma velocidade máxima de 110  km/h em estrada e superar elevações de inclinações de  60º.  A elevada agilidade e extrema mobilidade com tração 6×6 e esterçamento nas rodas traseiras são características que dão maior agilidade à viatura, conferindo um raio de giro que permite sua operação em ambiente urbano bem características dos conflitos mais recentes.
O Jaguar pode operar  em modo de tração  6×4, visando à economia de combustível em deslocamentos por rodovias ou vias públicas pavimentadas. Para deslocamentos fora da estrada, pode-se engatar a tração  6×6 no qual o veículo pode despejar uma grande potência somada a uma tração considerável, capaz de tracionar a viatura no mais acidentados terrenos com rapidez impressionante. O veículo possui um avançado sistema de suspensão, fornecida pela francesas Quiri Hydromécanique, caracterizado pelo controle individual da suspensão em cada uma das rodas.
Nesta imagem é possível observar o passo do controle individual da suspensão.
Isso permite que o veículo possa regular a altura da suspensão quando necessário. Para uso em estradas pavimentadas o mesmo utiliza uma altura mais baixa. Já em terrenos acidentados (off road) se utiliza uma altura maior proporcionando uma melhor mobilidade. Esse recurso oferece uma série de vantagens em relação a  adequação do terreno, giro da torre e disparo da arma em situações de inclinações críticas.
Detalhe do conjunto de suspensão do veículo.
Uma inovação aplicada ao projeto Jaguar é que o movimento inverso (ré) é obtido através de um sistema reversor e não através da transmissão, o que proporciona uma velocidade a “ré” muito maior que a de outros veículos.
Nesta foto podemos observar que as rodas do eixo traseiro estercem junto com as rodas da frente, o que permite uma capacidade de manobra em espaços reduzidos. Uma grande vantagem para operações urbanas.
SISTEMAS ELETRÔNICOS
Sendo um veículo que precisa ser eficiente dentro de um cenário de combate complexo que envolve combate em áreas urbanas ou em campo, lutando com inimigos de vários tipos, desde soldados armados com mísseis anti-taque portáteis, até um carro de combate pesado (MBT), a suíte eletrônica do Jaguar é bastante avançada para essa categoria de veículo.
Sistema de mira Safran Paseo do comandante do carro.
O sistema de mira Paseo, desenvolvido pela Safran Eletronics, foi instalado em diversos tipos de veículos de combate mais pesados e também foi escolhido para ser operado no Jaguar onde ele é composto por uma torre com uma câmera estabilizada para o artilheiro e para o comandante do Jaguar. O sistema garante detecção de alvos a longas distancias, de dia ou de noite (sistema Infravermelho IR) e visada para disparo das armas como o canhão de 40 mm, a metralhadora montada na torre principal, ou mesmo, fornecer dados para designar o alvo para um míssil lançado do próprio Jaguar ou por um lançador remoto, fornecendo dados de geo-localização do alvo.
Sistema de mira Safran Paseo do artilheiro.
O sistema Paseo possui um telémetro a laser que fornece dados precisos de distancia e de visada que aumenta a probabilidade de acerto logo no primeiro tiro. Outra importante capacidade desse sistema é a capacidade de imageamento por setor, dando uma visão panorâmica de alta qualidade e de alto contraste de fundo para busca de alvos escondidos. O sistema permite, inclusive, rastrear alvos, travando automaticamente o sistema em determinado alvo, tanto terrestre, quanto aéreo.
Para controle de fogo é usado o sistema SAVAN 11 que dado a suas compactas dimensões, pôde ser instalado no Jaguar fornecendo dados de alvos a longa distancias, trabalhando de forma integrada a o computador de controle de tiro, produzindo coordenadas para tiros direto ou indiretos.
Sistema de controle de fogo SAVAN 11.
Outro sistema eletrônico que usado pelo Jaguar é o sistema de defesa Antares da Thales. Este sistema fornece uma alta consciência situacional 360º ao redor do veículo, alertando a tripulação quando o veículo estiver sendo iluminado por um sistema de laser, permitindo que medidas evasivas sejam tomadas, e assim, evitando que um míssil guiado por laser atinja o Jaguar.
Thales Antares
O sistema de comunicação, também fornecido pela Thales coloca o recurso para operações centradas em rede, onde o jaguar recebe e transmite dados em tempo real da situação e de alvos no campo de batalha para outras viaturas ou centros de comando.
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ARMAMENTO
O armamento do Jaguar é particularmente pesado para um veículo de reconhecimento. Ele está equipado com a torre francesa Nexter 40 CTAS (Cased Telescoped Armament System)  composto por um canhão estabilizado automático 40 CTA, calibre 40 mm (40×255 mm) compatível com diversos tipos de munição, incluindo:
– APFSDS-T (Armor piercing, fin stabilized, discarding sabot – tracer) – Perfurante de blindagem, estabilizada por aletas com calço descartável – traçante com capacidade para perfurar até  140 mm de blindagem de aço.
– GPR-PD-T  (General Purpose Round Point Detonating – Tracer) Detonação pontual com capacidade de perfurar  210 mm de concreto armado com espoleta com retardo.
– GPR-AB-T (General Purpose Round Airburst – Tracer) Propósito geral
– TP-T (Target Practice – Tracer ) – Treinamento
– TPRR-T (Target Practice Reduced Range – Tracer ) – Treinamento
–  ANTI AERIAL AIRBURST-TRACER –  Munição de fragmentação com capacidade antiaérea  onde um timer eletrônico programável detona a uma distancia específica do alvo para causar danos em uma área ao redor do ponto do alvo. Ainda falando da munição, deve-se observar que a munição do canhão 40 CTA é 4 vezes mais potente que a munição em calibre 30 mm, e ela a granada fica inteira dentro da capsula, o que economiza espaço nos carregadores e na torre.
Torre Nexter T40 montada AMX10RC durante testes de integração do canhão Nexter 40 CTAS (Cased Telescoped Armament System)
Este canhão dispara a uma cadência de 200 tiros por minuto através de seu sistema de culatra rotativa com carregamento automático. Graças a esse sistema, o canhão possui regimes em 3 modos disparo, sendo:  Único (intermitente), Rajada curta (Burst) e modo contínuo (full auto). As munições ficam estocadas em um cofre blindado dentro da torre.
O sistema de carregamento automático (AMMUNITION HANDLING SYSTEM – AHS) proporciona ao artilheiro a opção de escolher qual munição será usada de acordo com o alvo a ser destruído. O canhão possui uma capacidade de elevação de  -10 ° a +75 °. Seu alcance efetivo, chega, dependendo do tipo de munição empregada, a 2.500 metros. É uma arma capaz de destruir veículos blindados leves e a maioria dos IFVs que encontrar pela frente, assim como derrubar uma parede com poucos tiros. São transportados 200 munições para este canhão no Jaguar.
Além do canhão, o Jaguar possui um lançador duplo de mísseis antitanque MMP (Missile Moyenne Portée) do lado direito da torre. Esses potentes mísseis são usados pelo Jaguar para se defender de carros de combate MBTs inimigos ou mesmo, se necessário, destruir edificações fortificadas.
O míssil MMP tem alcance máximo de 4 km e sua ogiva é do tipo HEAT (high-explosive anti-tank) configurada em tandem (possui detonação em dois estágios), ideal para atacar alvos com proteção reativa ERA ou ainda, blindagem tipo gaiola. O sistema de guiagem é dupla e usa um sistema de guiamento por calor (Infravermelho – IR) e por um sistema de TV.
O armamento secundário do Jaguar é composto pela torreta remotamente controlada T3 desenvolvida pela  Renault Trucks Défense (Atual Arquus Defense) especialmente para o Jaguar sendo equipada com metralhadora FN Minimi de 7.62x51mm com 500 cartuchos. Essa torreta é controlada pelo comandante e atua de forma totalmente independente da arma principal, contando com estabilizadores para garantir maior precisão nos disparos.
PROTEÇÃO
Para lidar com as novas ameaças do campo de batalha moderno com forte uso de artefato explosivo improvisado (Improvised explosive device, ou IED), RPGs e armamento de calibres pesados, o projeto do Jaguar deu ênfase a proteção da tripulação. Para isso o veículo incorpora os mais altos níveis de proteção disponíveis. O veículo utiliza o conceito de célula de sobrevivência – Survival cell. Sua blindagem é capaz de suportar impactos de projéteis  em calibre 14.5×114mm AP (perfurante de blindagem)  que segue o Padrão OTAN STANAG 4569 nível 4.
Escotilha de emergência para a tripulação montada no lado esquerdo do veículo.
O veículo possui o assoalho com formato de “V” para permitir uma proteção extra contra detonações de minas terrestres. Essa estrutura é constituída por várias camadas de materiais podendo suportar a explosão de 10 kg de TNT sob seu assoalho. Além disso sua blindagem foi desenvolvida para suportar a maioria das granadas propelidas por foguete.
Sistema Galix de lançadores de granadas fumígenas da torre.
Existe um kit para proteção da tripulação para operações em ambientes de guerra nuclear, bacteriológica e química (NBC), além do sistema Galix de lançadores de granadas fumígenas (4 de cada lado da torre) e mais 4 posicionadas duas em cada lado da traseira do veículo,  que geram uma cortina de fumaça, obstruindo a visão do inimigo assim como a iluminação do Jaguar por sistema de visada a laser para misseis inimigos.
Sistema Galix de lançadores de granadas fumígenas da traseira do veículo.
O Jaguar EBRC representa um tipo de veículo de combate que tem sua importância em franco crescimento devido a mudança do campo de batalha para o perímetro urbano. Com o Jaguar, a força terá uma viatura de menores dimensões, alta mobilidade dada pelas suas rodas com tração 6X6 e um armamento mais leve, mas com poder de destruição capaz de destruir um carro de combate inimigo, uma fortificação inimiga e ainda prestar suporte de fogo para as tropas. Seu menor peso, permite que seja facilmente transportado por aeronaves.
Mock-up do projeto Jaguar durante avaliação de embarque e desembarque de aeronaves. Notem que o veiculo é bem diferente que o modelo final.

 

Graças a sua suspensão com regulagem de altura o jaguar pode diminuir sua altura total e em relação ao solo que possibilita seu transporte em aeronaves e a diminuição de sua silhueta no campo de batalha sobretudo no ambiente urbano.
Sua blindagem, embora eficiente, como descrito anteriormente, ainda é menos capaz que a proteção que um tanque MBT possui. A alta mobilidade é um recurso que ajuda, mas não resolve, essa vulnerabilidade. De uma forma geral, pode-se concluir que a França vai otimizar sua letalidade com esta nova viatura e manterá seu status de uma força militar no estado da arte dentro do ambiente da guerra moderna.
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Jaguar EBRC ao lado de um de um VBCI (Véhicule Blindé de Combat d’Infanterie) 8X8.
FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: 110 Km/h (Em estrada).
Alcance Máxima: 800 Km (Em estrada).
Motor: Motor turbodiesel Renault DXi7 com 500 HP de potência.
Peso: 25 Toneladas (carregado).
Comprimento: 7,3 m.
Largura: 3,0 m.
Altura: 2,6 m.
Tripulação:3 tripulantes.
Inclinação frontal: 60º.
Inclinação lateral: 30º.
Passagem de vau: 1,2 m,
Obstáculo vertical: 0,60 m.
Armamento: Um canhão automático Nexter 40 CTAS em calibre 40 mm,  Um lançador de mísseis antitanque MMP (Missile Moyenne Portée), Uma torreta remotamente controlada T3 com uma metralhadora de uso geral Minimi em calibre 7,62X51 mm

4 Comentários

      • O Guarani é moderno, só estão,por causa da falta de dindin, atrasando a construção de suas variadas versões, principalmente a versão 8×8 com canhão 105mm ou 120mm. Pra mim a versão 6×6 com canhão 90mm(evolução do canhão do Cascavél que tem carregamento automático ) já seria interessantíssimo e serveria bem assim como tem servido o Cascavél.

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