Brasil investe na compra de radares para monitoramento das fronteiras

Os radares vão monitorar a área da fronteira, para fortalecer a luta contra armas e drogas ilegais. (Foto: Kaiser Konrad)
A Força Aérea Brasileira vai utilizar três radares aéreos móveis de baixa altitude no combate ao tráfico de armas e drogas na fronteira do Brasil com o Paraguai e a Bolívia.

O governo brasileiro destinou R$ 140 milhões (cerca de US$ 37 milhões) em recursos para a aquisição de três radares aéreos móveis de baixa altitude. A Força Aérea Brasileira (FAB) vai utilizar os equipamentos no trabalho de cobertura da fronteira do Brasil com o Paraguai e a Bolívia. O país divide 1.365 quilômetros de fronteira com o Paraguai e 3.423 km com a Bolívia.

“O convênio reforçará o combate à entrada de armas e drogas no país, com o monitoramento de aeronaves de pequeno porte na faixa de fronteira”, disse o ministro da Segurança Pública Raul Jungmann, ao antecipar a parceria durante uma reunião na cidade de Cascavel, no estado do Paraná, no dia 29 de setembro de 2018. “Os traficantes utilizam aviões de pequeno porte e sobrevoam a fronteira com baixa altitude para escapar dos radares convencionais e, assim, conseguem passar grande parte da carga de armas e drogas que abastecem o tráfico no Brasil.”

O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica confirmou à Diálogo que o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro conta com 21 radares desse tipo, distribuídos em todas as regiões do Brasil. O organismo tem como objetivo proporcionar regularidade, segurança e eficiência do fluxo de tráfego nos aeroportos e no espaço aéreo brasileiro.

Radares aéreos de baixa altitude

Os radares nas áreas de fronteiras com a Bolívia e o Paraguai monitoram apenas aviões voando a grandes altitudes. A inexistência de radares aéreos móveis de baixa altitude permite que aeronaves consigam burlar os radares normais, entrando em território nacional sem serem detectadas, por meio de voos de até 200 metros de altura, e passando próximos a árvores ou morros.

“São radares que captam voos em baixa altitude também, o que é essencial na região, por serem as chamadas ‘avionetas’ o principal meio de transporte do tráfico”, explicou Jungmann. “Isto significa fechar, por via aérea, nossas fronteiras para o tráfico de drogas. Estamos fechando por via marítima os principais portos do Brasil, no Rio de Janeiro e em Santos, e as baías ao longo do litoral; e agora vamos fechar também a fronteira com dois países com quem temos dificuldades críticas em termos de ilícitos transfronteiriços”, garantiu.

Quando os radares detectam um avião suspeito, caças da FAB o interceptam. Os militares fazem, então, contato com o piloto, usando frequência internacional de emergência para obter informações, como prefixo e destino. Caso o piloto não responda aos questionamentos, o caça da FAB pode forçá-lo a pousar ou alterar a sua rota. A Polícia Federal (PF) aguarda em terra para realizar a vistoria em busca de armas e drogas e efetuar a prisão dos suspeitos. 

Os radares móveis detectarão melhor as aeronaves suspeitas que voam a baixa altitude. (Foto: Sargento da FAB Johnson Barros, Agência Força Aérea)

SISFRON

Durante a cerimônia de repasse da verba, o Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, comandante da FAB, disse que o uso dos três novos radares se somará ao Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), programa com o objetivo de monitorar com o uso de tecnologia de ponta os 17.000 km de fronteiras brasileiras com dez países vizinhos. A implantação do projeto piloto começou em 2013 e abrange atualmente uma faixa de 650 km em Mato Grosso do Sul, estado vizinho do Paraguai e da Bolívia, o que equivale a somente 4 por cento da fronteira total do país, que é monitorada em toda a extensão por radares fixos e móveis, sensores óticos, óculos de visão noturna, câmeras de longo alcance, entre outros.

O SISFRON inclui materiais e redes de sensoriamento, centrais de comando e controle, além da integração com sistemas da PF e das polícias estaduais para garantir o fluxo de informações. Inicialmente, a previsão era que o sistema funcionasse em toda a linha fronteiriça brasileira a partir de 2022, mas a estimativa atual é que aconteça apenas em 2035, dependendo da liberação de verbas. O Ten Brig Ar Rossato explicou que quando estiverem operando, os três radares deverão “fechar áreas cegas da fronteira”, ou seja, regiões que hoje são monitoradas com grande dificuldade.

“O uso desses radares nos auxiliará na missão de defender nosso território. Defender o espaço aéreo é importante. Até porque, como os acessos por via terrestre são difíceis, é mais fácil [para os criminosos] entrar com drogas no país por vias aéreas”, disse o Ten Brig Ar Rossato, levantando a possibilidade de os radares estarem em uso já em 2019.

O próximo passo para a aquisição dos radares será promover uma licitação. Jungmann antecipou durante a cerimônia que convênios semelhantes devem ser assinados também com o Exército e com a Marinha do Brasil.

Fonte: Dialogo Américas