Coronel da Força Aérea Brasileira integra a equipe da MINUSCA

O Coronel Aviador da Força Aérea Brasileira Alexandre Corrêa Lima vai atuar na MINUSCA até setembro de 2019. (Foto: Força Aérea Brasileira)
Pela primeira vez um oficial da Força Aérea Brasileira participa do processo seletivo aberto a militares de Estado-Maior de todos os países-membros da ONU.
Taciana Moury/Diálogo

O Coronel Aviador da Força Aérea Brasileira (FAB) Alexandre Corrêa Lima passou a compor o quadro internacional da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA, em francês). Ele desembarcou no quartel-general da MINUSCA, em Bangui, no dia 3 de setembro de 2018, para a missão de um ano no país.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu a MINUSCA na República Centro-Africana (RCA) em 15 de setembro de 2014. Atualmente, aproximadamente 12.000 homens e mulheres militares fazem parte do seu quadro de trabalho, composto por um total de aproximadamente 15.000 pessoas. Mais de 40 países participam da MINUSCA e as tropas no terreno, espalhadas pelo país, são de 16 países diferentes, principalmente da África e do Oriente Médio.

O Cel Alexandre trabalha no setor de reforma da segurança, responsável por auxiliar a RCA a reestruturar as forças armadas e as de segurança interna do país. “Trata-se de uma função de apoio e coordenação na elaboração de planejamentos estratégicos, seguida de atividades de acompanhamento e auditoria”, esclareceu.

Para exercer a função, o oficial participou de um processo seletivo aberto a militares de Estado-Maior de todos os países-membros da ONU, inédito até o momento para os militares da FAB. “Espero ter sido o primeiro de muitos outros. Nossos oficiais das três forças são muito bem formados e bem preparados ao longo da carreira”, destacou.

Processo de escolha

O processo seletivo para as missões tem início com a consulta da ONU aos países-membros. No Brasil, a consulta segue a sequência estabelecida para esses casos: Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Defesa e Forças Armadas. O oficial é indicado por critérios baseados no documento da ONU que descreve as competências necessárias ao trabalho a ser realizado. Os documentos dos indicados seguem para a sede da ONU, em Nova York, onde os currículos são analisados.

Para a vaga na MINUSCA, vários países apresentaram candidatos. A ONU analisou os currículos e formou uma lista com os melhores candidatos, composta por representantes de outros quatro países além do Brasil, os quais foram submetidos a uma entrevista, realizada por uma banca internacional da ONU, nos idiomas inglês e francês.

O Cel Alexandre acredita que a fluência nos dois idiomas, principalmente o francês, foi um dos fatores decisivos para a escolha do seu nome. “No meu setor de trabalho, a língua do dia a dia é o francês”, explicou. “Durante a entrevista, as perguntas feitas pelos membros da banca em Nova York eram em inglês e as feitas pelos membros de Bangui, meus atuais chefes, eram em francês.”

Dentre os requisitos solicitados pela ONU para a função estavam a estabilidade emocional para enfrentar as dificuldades da rotina, o respeito à diversidade cultural e a capacidade de adaptação. A trajetória profissional do Cel Alexandre, com experiência anterior em missão de paz, também contribuiu para o processo de decisão.

O oficial atuou durante um ano como militar das tropas de paz na Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti. “Facilita muito, pois a gente já conhece a organização da ONU, os processos e o modo de operação”, disse.

Para o Coronel Aviador da FAB Antonio Luiz Godoy Soares Mioni Rorigues, assessor do conselheiro no Escritório do Conselheiro Militar da Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York, a escolha do Cel Alexandre para a MINUSCA revela o preparo, a capacitação técnica e o elevado grau de profissionalismo do militar brasileiro. “O Brasil é ativo participante das operações de paz sob a égide da ONU deste 1948”, destacou.​​​​​​​ 

Preparação dos militares brasileiros

Segundo o Cel Soares, o Escritório do Conselheiro Militar acompanha as diversas etapas realizadas pelo sistema de recrutamento e sleção conduzido pela ONU, incentivando e apoiando a preparação intelectual dos candidatos brasileiros. O escritório atua como órgão de interação entre o Brasil e a ONU para os assuntos relacionados às operações de paz. “Mas a decisão da ONU é feita sem nenhuma interferência dos Estados membros”, enfatizou.

Para o General-de-Exército (R) do Exército Brasileiro Gerson Menandro Garcia de Freitas, conselheiro militar da missão brasileira, a escolha do Cel Alexandre e dos demais brasileiros que atuam nas missões representa a materialização do papel tradicional exercido pelo Brasil, como nação provedora da paz. “Caracteriza o compromisso e o engajamento do nosso país com os três pilares do sistema ONU: paz e segurança, direitos humanos e desenvolvimento sustentável”, ressaltou. “É também uma oportunidade de crescimento profissional e educação continuada para os nossos militares, policiais e civis.”

O Escritório do Conselheiro Militar tem por finalidade assessorar o representante permanente do Brasil em assuntos de defesa no âmbito da ONU. Conta com oficiais dos três ramos das Forças Armadas Brasileiras e funciona como a interface entre o Brasil e o quartel-general da ONU, em Nova York, para os assuntos de operações de paz.

É o escritório que identifica as oportunidades para o emprego de militares e policiais e encaminha para a defesa brasileira, que se encarrega de definir prioridades, indicar os candidatos e estabelecer diretrizes, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores. Isto é feito “desde cargos e missões individuais, até o envio de tropas, contingentes e meios, como aeronaves, navios e carros de combate”, exemplificou o Gen Ex Menandro.

Brasil nas missões da ONU

Desde 1948, o Brasil já esteve presente em 41 das 71 missões de paz criadas sob a égide da ONU, com cerca de 46.000 Capacetes Azuis. Com tropas o país contribuiu em Angola, Haiti, Líbano, Moçambique, Suez, e Timor-Leste.

Os militares brasileiros atuam em oito das 14 missões de paz espalhadas ao redor do mundo. “O comandante e o navio capitânia da Força Tarefa Marítima na Força Interina das Nações Unidas no Líbano são, respectivamente, um almirante e uma embarcação da Marinha do Brasil, e o comandante do Componente Militar da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo, a operação de paz com o maior efetivo no terreno, é um oficial general do Exército Brasileiro”, lembrou o Gen Ex Menandro.

Fonte: Dialogo Americas