Academia Militar do Exército Brasileiro forma cadetes estrangeiros

Quase meia centena de cadetes de nações parceiras estudam na Academia Militar das Agulhas Negras, do Exército Brasileiro, no Rio de Janeiro.

Taciana Moury/Diálogo

Cadetes brasileiros e estrangeiros, cada um com o uniforme do seu país, no dia da formatura de conclusão de curso. (Foto: Exército Brasileiro)

A Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), instituição de ensino superior responsável pela formação dos oficiais do Exército Brasileiro (EB), também forma oficiais estrangeiros de nações parceiras. Os cadetes buscam na bicentenária academia brasileira, localizada em Resende, no Rio de Janeiro, a graduação como bacharéis em ciências militares, nas especialidades da linha de ensino militar bélica do EB: Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia, Intendência, Comunicações e Material Bélico.

Durante as atividades regulares da AMAN, todos utilizam o mesmo uniforme. A nacionalidade do cadete é indicada pela bandeira do país fixada no braço esquerdo. (Foto: Exército Brasileiro)

Em 2018, 48 cadetes de 17 diferentes países estudam em um dos quatro anos da AMAN, 10 deles no primeiro ano. Países como Angola, Guiana, Guiné-Bissau, Honduras, Moçambique, Paraguai, Peru, São Tomé e Príncipe, Suriname e Vietnã enviaram representantes. A AMAN recebe cadetes de nações parceiras desde 1946. Ao longo dos anos, mais de 200 oficiais estrangeiros já foram formados pela academia do EB.

Segundo o General-de-Brigada do EB Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, comandante da AMAN, o interesse dos estrangeiros em estudar na academia é justificado pela tradição da AMAN na preparação de líderes e na manutenção dos valores da força terrestre. “Aqui, além das disciplinas acadêmicas e militares, os cadetes têm as melhores condições para se aperfeiçoarem física, intelectual e moralmente, com o intuito de tornarem-se aptos a liderar seus futuros subordinados”, destacou.

Para o oficial, o intercâmbio com cadetes de nações parceiras proporciona um importante ganho cultural aos brasileiros por meio da troca de experiências profissionais e pessoais. “É uma oportunidade de mostrar o elevado nível de profissionalismo e capacitação do militar do Exército Brasileiro e divulgar as boas práticas executadas na AMAN”, disse o Gen Bda Costa Neves. “Fortalece ainda os laços de amizade entre nossas nações e aumenta a nossa credibilidade no cenário internacional.”

Os protocolos e as tratativas entre os países para viabilizar o intercâmbio são estabelecidos pelo Ministério da Defesa e pelo EB, de acordo com os objetivos estratégicos de cada uma das nações. O comando da AMAN recebe as informações necessárias à matrícula do aluno estrangeiro no ano anterior ao início do intercâmbio. “Os países selecionam os melhores cadetes para realizarem cursos no Brasil, que, ao final dos quatro anos, retornam como oficiais aos seus países para atuarem em seus respectivos exércitos”, ressaltou o Gen Bda Costa Neves.

Mesma rotina dos cadetes brasileiros

Ao se apresentar na AMAN, o cadete estrangeiro vivencia um período de adaptação que o familiariza com a cultura brasileira, os regulamentos e as tradições do EB, além de uma preparação de ordem unida e esclarecimentos inerentes ao curso. A partir daí o aluno é incorporado ao corpo de cadetes e passa a cumprir a rotina acadêmica, frequentando normalmente as aulas e instruções militares previstas.

“Da alvorada ao toque de silêncio, o cadete, seja ele brasileiro ou estrangeiro, é constantemente desafiado a buscar conhecimentos técnico-profissionais, a superar dificuldades, a vencer seus próprios limites, a desenvolver camaradagem e espírito de corpo e a cultuar, incessantemente, a verdade, a lealdade, a probidade e a responsabilidade”, disse o Gen Bda Costa Neves. “A AMAN oferece todas as oportunidades para que sejam vivenciados, internalizados e praticados os valores que balizarão todas as atitudes do futuro oficial ao longo da carreira militar.”

O General-de-Brigada do EB Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, comandante da AMAN, recebeu os cadetes estrangeiros na chegada à academia, em fevereiro de 2018. (Foto: Exército Brasileiro)

A escolha da especialidade do aluno ocorre no final do primeiro ano. “Alguns países determinam em qual a arma, o quadro ou o serviço militar o cadete deve prosseguir na sua formação. Já outras nações oferecem a oportunidade para que cada um opte pela especialidade que melhor lhe convier”, explicou o Gen Bda Costa Neves.

Experiência é destacada por estrangeiros

O Cadete Kevveon Travis Lewis, natural da Guiana, está cursando o 4º ano de Engenharia na AMAN. Para ele, a experiência na academia brasileira tem sido fundamental, principalmente no que diz respeito ao conhecimento técnico-profissional. “Vou ter capacidade de contribuir na reestruturação do ensino e no treinamento da instrução militar do meu país”, afirmou o Cad Kevveon.

A escolha do Brasil para realizar o intercâmbio foi motivada pelo interesse de poder estudar na AMAN. Para a seleção foram consideradas a classificação na escola em que cursava na Guiana e o conhecimento básico da língua portuguesa. “Dominar o português é uma das grandes dificuldades para todos nós, cadetes estrangeiros”, revelou o Cad Kevveon.

Dentre as principais diferenças entre a formação militar dos dois países está a complexidade do treinamento realizado no Brasil. “Na Guiana, a instrução militar é puramente física e baseada na doutrina militar; na AMAN, no entanto, o treinamento inclui treinamento físico, doutrina militar e estudos gerais”, contou o Cad Kevveon.

O programa de ensino desenvolvido no Brasil também foi apontado como diferencial pelo Cadete Luciano Coutinho, natural do Suriname, que está cursando o 4º ano do Curso de Infantaria. “No meu país, apenas as instruções eminentemente práticas têm uma carga horária mais elevada”, disse o Cad Luciano. “O programa de ensino da AMAN requer muita dedicação por parte dos alunos.”

O bom relacionamento com os cadetes e com os instrutores brasileiros foi ressaltado pelos estrangeiros. “Estou tendo a oportunidade de fazer amizades verdadeiras e duradouras”, revelou o Cad Luciano. “Aprendo muito com eles. Há muita camaradagem e troca de experiências”, destacou o Cad Kevveon.

Segundo o Cad Luciano, o intercâmbio está aprimorando seus conhecimentos na área militar e desenvolvendo competências profissionais e socioemocionais. “Na AMAN aprendi a liderar, a ensinar e a guiar os meus subordinados, para o melhor caminho em busca do cumprimento da missão”, disse. “Os valores que vou levar dessa experiência influenciarão positivamente nas futuras relações entre o Brasil e o Suriname, principalmente, na área militar”, concluiu o Cad Luciano.

Fonte: Dialogo Americas

1 Comentário

  1. Na terceira imagem não menciona nada a respeito do cadete sendo de Timor Leste que esta usando uniforme camuflado, é uma nação irmã com o mesmo idioma o português e fica ainda mais longe do Brasil em relação até ao Vietnã.

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