Segurança Pública: Intervenção não melhorou segurança no Rio, diz estudo

Relatório aponta que, nos dois meses de ocupação militar, estado teve mais tiroteios e mais chacinas. Cerca de 40 mil homens foram postos nas ruas, mas apenas 140 armas foram aprendidas.

A intervenção federal tem amplo apoio da população, mas, nos dois meses desde seu início, falhou em conter a violência no Rio de Janeiro: houve mais tiroteios e chacinas no estado, segundo revela um relatório independente divulgado nesta quinta-feira (26/04), sob o título À deriva: sem programa, sem resultado, sem rumo.

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O título do relatório produzido pelo Observatório da Intervenção sintetiza a análise das instituições que integram a iniciativa criada para monitorar a intervenção. Coordenadora do projeto, a pesquisadora Sílvia Ramos define o que os dados ilustram: “A intervenção não resolveu os problemas da segurança pública do Rio e trouxe outros novos”.

De acordo com os dados coletados entre 16 de fevereiro e 16 de abril deste ano pelas 20 instituições públicas e privadas que integram o Observatório, as 70 operações realizadas nesse período envolveram 40 mil homens, no total, e resultaram na apreensão de apenas 140 armas. Durante as ações, 25 pessoas morreram. O número de tiroteios registrados no estado durante a intervenção chegou a 1.502, ante os 1.299 observados nos dois meses anteriores à vinda das Forças Armadas.

Outro indicador revelou que, em comparação ao mesmo período do ano passado, o número de chacinas praticadas no estado dobrou, saltando de seis para 12. Ante esses dados, Sílvia Ramos criticou a falta de transparência sobre as verbas empregadas na intervenção e cobrou esclarecimento sobre as metas a serem atingidas com a presença dos militares no estado, para que possam ser monitoradas.

“Neste momento, a intervenção não tem programa. Utilizaram 40 mil homens para apreender 140 armas. Algo está errado. Nenhuma política de segurança pode funcionar no Rio sem inteligência. É simples: onde há mancha criminal, onde está havendo mais mortes e roubos, é preciso investir mais”, afirmou.

“Não dá para termos esses números e, no sábado e domingo, colocar ‘soldadinho’ lá na orla, deixando a Baixada Fluminense e o município de São Gonçalo nessa situação que vem se agravando desde 2017, de forma dramática nos últimos dois meses”, completou.

A reportagem entrou em contato com o Gabinete de Intervenção Federal para questionar os objetivos do projeto e os recursos empregados até aqui. Em nota, o Gabinete afirmou estar “dedicado aos objetivos estabelecidos de diminuir progressivamente os índices de criminalidade e fortalecer as instituições da área de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro. Medidas emergenciais e estruturantes estão sendo tomadas e serão observadas ao longo do período previsto de Intervenção Federal”.

A que serve a intervenção?

O coronel Íbis Pereira, comandante geral da PM do Rio em 2014, lembrou que as Forças Armadas atuam no estado do Rio desde agosto do ano passado. Logo, o período de dois meses seria suficiente para se fazer uma avaliação crítica da intervenção até aqui. Ele defendeu uma reforma das instituições policiais como uma pauta a ser priorizada pela próxima legislatura.

“O relatório não poderia ter um nome mais preciso e verdadeiro. Não podemos continuar tratando a segurança pública da forma amadora e irresponsável como a União tem feito nos últimos anos. A Constituição de 1988 completa 30 anos, e o capítulo sobre esse tema nunca foi regulamentado. Temos uma Polícia Civil que investiga e não patrulha, uma Polícia Militar que patrulha e não investiga, e uma Polícia Federal que não trabalha em sintonia com as instituições estaduais”, criticou.

“Não dá para continuar nesse cenário com o número de mortos que temos. Ultrapassamos o limiar de 60 mil e, se não fizermos nada, vamos ultrapassar os 70 mil por ano. Não dá para viver em um país assim e continuar acreditando que vivemos em um Estado democrático de direito”, acrescentou.

Os representantes de instituições que atuam em parceria com o Observatório lembraram que a chacina de oito mortos na Rocinha, no final de março, segue sem explicações do Gabinete de Intervenção Federal. Outro massacre mencionado foi o ocorrido no morro do Salgueiro, no município de São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Na ocasião, oito pessoas foram mortas com características de execução durante operação conjunta da Polícia Civil com as Forças Armadas.

O subdefensor público-geral do Rio, Rodrigo Pacheco, afirmou que o caso foi encaminhado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Em outubro do ano passado, o presidente Michel Temer sancionou uma lei que transfere o julgamento de crimes cometidos por agentes das Forças Armadas em missões de Garantia da Lei e da Ordem para a Justiça Militar.

Renata Neder, coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional no Brasil, afirmou que a medida inibe investigações sobre esses atos. “É algo muito perigoso, que respondeu a um clamor das Forças Armadas. Eles diziam que precisavam de garantias legais se fossem atuar com maior frequência na segurança pública”, criticou.

Para a representante da Anistia Internacional, a intervenção federal aprofunda e consolida um modelo de militarização da política de segurança pública. Em sua visão, experiências anteriores evidenciariam que esse caminho não gera melhorias nos indicadores de violência.

“No Rio e em outros estados, o uso das Forças Armadas não reduziu a criminalidade, custou muito caro e produziu violações de direitos humanos. O México vive esse processo desde 2006. Nesse período, houve aumento dos homicídios e desaparecimentos, com um custo orçamentário altíssimo e muitas violações. Se a intervenção não serve ao propósito de reduzir a violência, precisamos nos perguntar a que ela serve”, argumentou.

A prisão de 159 pessoas durante uma festa organizada por milicianos em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, era considerada a maior vitória da intervenção até aqui. Na última quarta-feira, 137 deles, todos réus primários, foram liberados. No pedido de soltura, o Ministério Público alegou que não havia provas efetivas que permitissem o oferecimento de denúncias contra eles.

O subdefensor Pacheco, que atuou no caso, afirmou considerar necessário despolitizar a intervenção. “Essas prisões foram apresentadas como um troféu do projeto. Porta-vozes do governo disseram que o Rio vivia uma nova era a partir delas. A intervenção está extremamente politizada”.

Durante o lançamento do relatório, integrantes do Observatório cobraram explicações para a execução da vereadora Marielle Franco, ocorrida em 14 de março. Ela esteve na primeira reunião de elaboração do projeto e coordenava a Comissão Representativa da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar ações da intervenção.

Uma pesquisa divulgada no fina de março pelo Instituto Datafolha revelou que a intervenção federalno Rio de Janeiro tem o apoio de quatro em cada cinco moradores da cidade, mas apenas 21% acham que a situação melhorou com os militares nas ruas.

Fonte: DW

29 Comentários

  1. Ótima pesquisa (relatório) feita nas instituições públicas cariocas sobre os índices de segurança (violência) pré e pós intervenção militar carioca.
    Afinal números (se não manipulados) não mentem.

    Isto apenas vem comprovar o que muitos já haviam alertado: “Não é colocando mais polícia (ou soldados) na segurança pública que vamos diminuir nossa absurda violência nacional.”
    Já que serve unicamente para pirotecnia política, e não para enfrentar de “verdade” nossa incrível violência carioca, e a nacional também.

    Precisamos então de quê?
    De centenas de novos presídios,
    De nova Constituição Federal (Legal pois esta que está aí teve a participação de bandidos em sua elaboração o que a torna ilegal),
    Novo e duro Código Penal (Contra pessoas bandidas e a favor do cidadão de bem),
    E o santo remédio, sem o qual nada vai dar certo…
    Criminalizar, de alguma forma, o consumidor de drogas. Pois já está mais do que claro para qualquer cérebro cujos neurônios funcionem que sem o dinheiro farto das drogas o crime será abalado em sua raiz e ficará cada vez mais fraco.
    É absolutamente perigoso para o Brasil estar encostado nos maiores produtores de drogas do planeta e ainda por cima tolerar o consumo da mesma.

    Não podemos apenas apontar os erros do que vem sendo feito, temos que sugerir as saídas e soluções.
    Nosso maravilhoso e amado BRASIL tem jeito, sim senhores, apenas precisamos deixar de sermos tolos e ingênuos com os canalhas e suas canalhices feitas em nosso país ao longo do século passado e que ainda persistem neste.

  2. Em minha modesta opinião em uma intervenção como esta ou se fornece todas as condições e LIBERDADE de ação necessárias ou a chance de não se atingir o objetivo é grande (não totalmente o fracasso),.Não consigo entender como o poder judiciário (já de credibilidade obscura) permite uma regra de engajamento que não existe em nenhum lugar do mundo para ações como essa que não reflete a realidade das ações militares.

  3. Eu sigo acreditando que esta intervenção foi golpe da Globo antinacionalista do inferno, para denegrir a imagem das forças(ja que nao precisam mais deles como nos anos 60)no tocante ao combate a criminalidade, coisa do tipo : “vejam eles tambem não conseguem reduzir a criminalidade, portanto nao contém com eles, mas vao votar que assim teremos mudanças” Os abutres da família Marinho querem vê o país no fosso e depois criarem seus salvadores a la Fernando Collor.

  4. E nem vai. Conscrito de 18 anos em entrada de morro levando xingo e cusparada não vai resolver nada.
    Heel de janeiro e epcentro de tudo o que não presta culturalmente aqui no Bananal.
    Como ex capital do imperio de republica velha populista, e onde se encontram as sedes de uma porrada de estatais cheias de parasitas concursados, berço do esquerdismo caviar populista nacional. (“Aaaaiiin, meu falecido era fiscal da caixa econômica, recebo pensão desde meus 35 anos ate o fim da vida sem trabalhar, aaaaaiiim meu pai era Sargento da marinha, basta eu não me casar ficar de caô que recebo um bolada do guverno ate o fim da vida, já falei pra Cleiton eu não caso so moro junto, Huuuur sou concursado do banco do Brasil, duuuurrr sirvo café e levo jornal há 25 anos na ALERJ, logo me aposento)
    A Classe media carioca que não e comerciante e quase toda formada por parasitas públicos, diferente do restate Sul, Sudeste e centro oste que leva o pais nas constas com industria e agro negocio. Junta-se isto a cultura de baixaria, malandragem, e informalidade geral você tem uma sociedade horrorosa que explica que a unica solução para aquilo e afundar no mar, como a mitológica Atlântida.

    • Rapaz, sou mineiro e tenho familiares no Rio

      Você descreveu exatamente o “carioca da gema”.

      Bandidagem e malandragem é algo cultural no Rio

      Pra um lugar que sai Tati Quebra Barraco, Regina Casé, Jojo Maronttinni, Mc Carol e tanta tranqueira……não é de esperar mais nada

    • ” meu falecido era fiscal da caixa econômica, recebo pensão desde meus 35 anos ate o fim da vida sem trabalhar,” ONDE TU VIU ISSO? cita um caso de funcionário de estatal regida pela CLT que deixou a aposentadoria para os filhos maiores e capazes. NÃO HÁ.
      Agora filha de militar que não casa recebe até o fim da vida. É verdade ESSA SAFADEZA só é permitido nas formas armadas do Brasil.
      Cara tu estás equivocado ou deturpando as informações. Funcionário do Banco do Brasil ou de qualquer outro banco estatal rege-se pela CLT e os seus minguados salários são pagos pelo lucro gerado pelo banco, o governo federal só ganha com os bancos públicos e pra quem conhece sabe que o salários inicial do BB hoje está na faixa de R$ 2.000,00. muito longe de ser um super-salário.
      PARASITA há e muitos nas forças armadas, o pouco que eles ganham é demais, pois não produzem nada para o pais. Só dão prejuízo para a nação. Agora estão comendo molinho nessa tal de intervenção que nada resolverá. Quanto está custando para o pais essa maracutaia da intervenção do Temer?

  5. E os milicos que ficam amontoados la desde os tempos do Imperio e velha republica quando era velha capital, querem ficar la bundando mesmo, tem culpa no cartório também, principalmente a Marinha que tem tem raízes históricas canhotas desde os tempos da revolta tenentista. pergunta se querem ir da zona sul do Rio, onde aproveitam as tardes na orla carioca com dinheiro do povo, para onde seria mais uteis, tipos Cabrobró do Norte ou Bundistão do Sul para vigiarem fronteiras?
    São tudo “menino do Rio, dragão tatuado no braço, calção corpo aberto no espaço….”

  6. O pais esta com mais de 14 milhões de desempregados e sendo todo espoliado e desmantelado…se preparem que a criminalidade e a violência ira explodir…isso aqui ficara pior que a Guatemala ou o México…na verdade em alguns lugares no pais já é assim…como no caso do Pará…com os grandes tubarões do trafico no controle total e absoluto do pais agora que a bagaceira vai ser grande…rs…

      • Interessante é que não foram os coxinhas que governaram o país nas últimas três décadas… foram os ESQUERDALHAS ANALFABETOS INÚTEIS E BANDIDOS… ou até os fatos históricos vcs irão querer mudar via livretos editados polo méqui petralha ???…

      • Mas civis herdaram o pais quebrado pelos 25 anos de ditadura burra. Os milicos entregaram o pais ao Sarney com a maior divida externa do mundo, inflação de 100% ao mês, altos indices de desemprego. O grande ministro da economia dos militares dizia “divida não se paga. Divida se rola.” E foi deixando o prejuizo para os civis.
        Tuas contas estão erradas o PT só governou o Brasil por uma décadas.
        Do golpe de 1889 até 2002 quem governou o Brasil foram os baba-ovos dos yankes que se intitulam “da direita”.

      • E de 2002 para cá a coisa só piorou… daqui a pouco vamos ter que levar um saco cheio de dinheiro pra comprar um quilo de feijão, como dizia o samba de outrora… não queira defender o indefensável… se continuássemos nas mãos dessa bandidagem que vc defende, era capaz de estarmos numa situação pior do que a da venefavela… vai tentar enrolar outro que seja tão tolo quanto vc…

    • E qual é a solução para os 13 milhões de desempregados? matar todos eles? porque emprego não tem e o Temer está cortando gradativamente o bolsa afamilia, portando, como é que esse povo vai sobreviver?
      Para eles só tem um caminho que é partir para a marginalidade, hoje ninguem fica em casa chorando ou pedindo esmolas enquanto os filhos passam fome. Vão pra cima de quem tem. É a lei da Selva onde o mais forte toma do mais fraco.
      ISSO é um dos males do capitalismo selvagem que vigora no Brasil. Enquanto 1% da população detiver mais de 90% da riqueza do pais a criminalidade só tende a aumentar.
      Imaginem, se nos USA houvesse 13 milhões de desempregados.

      • É EXATAMENTE O CONTRÁRIO… enquanto tivermos uma Estado que consome todas as riquezas que a sociedade produz não haverá empregos… ou vc acha que o estado é capaz de produzir riquezas ???… rsrsrsrsrsss… só na cabecinha de socialista atávico que essa imbecilidade pode progredir… ESTADO SÓ TOMA RIQUEZAS… NÃO PRODUZ NADA… todos os governos que oprimiram o empresariado, que perseguiram a livre iniciativa, levaram seu povo a MISÉRIA… enquanto vcs não entenderem que SOCIALISTAS SÃO IMBECIS IMPRESTÁVEIS e INCOMPETENTES para gerir até uma lojinha de 1,99, estepaís não terá futuro… e no Brasil não vigora o capitalismo selvagem… se vigorasse não estaríamos passando por esse perrengue… mas é que para socialista qualquer comércio que não esteja sendo sugado pelos tentáculos do estado leviatã já é considerado um foco de capitalismo selvagem… rsrsrsrssrsss…. EITA PAÍS PRÓDIGO EM PRODUZIR CAVALGADURAS !!!… a culpa é tua, Cabral… quem mandou descobrir as índias antes da hora… rsrrsrsrssss… deu no que deu… 🙂

  7. Hahahahahahahaha….

    Hahahahahahahahahahaha….

    Hihihihihih…. Hehehehehehe…

    Kakakakakakaka….

    Brasil o país das piadas prontas!

  8. “Relatório independente divulgado nesta quinta-feira (26/04)” Já percebi que era texto preparado pela esquerdalha que defende a bandidagem.

  9. A segurança pública tem muito a melhorar, desde o monitoramento até ações preventivas. Intervenções militares sempre foram um problema, não sei se são mal planejadas ou realmente não resolvem nada. Por conta disso, sempre buscamos formas paliativas de nos proteger. Seja com um alarme, câmeras, seguranças particulares entre outros. Mas como já disse, são formas paliativas, que não devem se tornar o normal de nossa sociedade.

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