EUA revelam nova estratégia para armas nucleares

Pentágono publica documento que, sem revisão desde 2010, descreve agora as ambições nucleares do governo Trump. Nova política prevê o desenvolvimento de armas atômicas menores para conter especialmente a ameaça russa.

Foto: B61-12 Life Extension Program (LEP) – Sandia National Laboratories

Os Estados Unidos pretendem renovar seu arsenal nuclear e desenvolver armas atômicas novas e menores, principalmente em resposta às ações recentes do governo russo, anunciou o Pentágono nesta sexta-feira (02/02) ao revelar a nova política americana de uso de armas nucleares.

As mudanças fazem parte da chamada Revisão da Postura Nuclear, documento que não era atualizado desde 2010 e, em sua nova versão, descreve as ambições nucleares do governo do presidente Donald Trump.

As autoridades americanas argumentam que, ao investir em armas atômicas menores, os Estados Unidos vão dissuadir mais facilmente países como a Rússia de usarem armas nucleares em ataques contra a infraestrutura ou a população americana.

As armas nucleares de baixo rendimento, embora ainda tragam resultados devastadores, possuem força de menos de 20 quilotons – aproximadamente o mesmo poder explosivo da bomba atômica lançada sobre a cidade japonesa de Nagasaki, em 1945, que matou mais de 70 mil pessoas.

O argumento americano para produzir bombas de baixo rendimento é de que bombas nucleares mais poderosas – como as que a Coreia do Norte alega possuir – são tão catastróficas que nunca seriam de fato detonadas, pois seu uso provavelmente resultaria em retaliação em grande escala e poderia eliminar a humanidade do mapa.

Se Moscou acreditar que Washington possui um arsenal de armas nucleares tão catastróficas que nunca seriam usadas, um ataque russo contra os EUA seria mais provável, alegam os americanos. Por outro lado, o desenvolvimento de bombas nucleares menos potentes desafiaria essa suposição.

O documento explica que, ao investir em armas nucleares menores, o Pentágono contraria as “percepções errôneas” dos adversários de que Washington não responderia a um ataque de outro país com suas bombas de baixo rendimento.

Ou seja, na prática, a nova política flexibiliza a utilização de armamento atômico pelos EUA, apesar de o governo destacar que isso só será empregado em “circunstâncias de extrema gravidade”.

“A estratégia desenvolve capacidades que visam tornar o uso de armas nucleares menos provável”, defendeu Trump em comunicado. “Ela aumenta a dissuasão de ataques estratégicos contra nossa nação e nossos aliados e parceiros, que podem não vir na forma de armas nucleares.”

O presidente ainda alegou que a nova política reafirma o compromisso americano “de controle de armas e da não proliferação nuclear”, bem como “se compromete a melhorar os esforços para prevenir, detectar e responder ao terrorismo nuclear”.

A nova tática não aumentaria o arsenal americano, que já é consideravelmente grande, mas apenas reutilizaria as ogivas já existentes – uma postura que contradiz uma declaração feita por Trump antes de chegar à Casa Branca, de que os EUA “devem fortalecer e expandir sua capacidade nuclear”.

Segundo o vice-secretário de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, o arsenal nuclear americano vem mantendo o país seguro por mais de 70 anos. “Não podemos permitir que ele se torne obsoleto”, acrescentou o funcionário em entrevista coletiva em Washington.

Embora o documento expresse as preocupações do governo americano com países como Coreia do Norte, Irã e China, o foco recai principalmente sobre a Rússia.

“Esta é uma resposta à expansão russa de suas capacidades e à natureza de sua estratégia e doutrina”, escreveu o secretário de Defesa, Jim Mattis, na introdução do documento de 75 páginas.

O texto diz ainda que a Rússia – que, segundo o Pentágono, considera os EUA e a Otan “as principais ameaças às suas ambições geopolíticas contemporâneas” – adota uma estratégia e doutrina que “enfatizam o potencial uso coercivo e militar de armas nucleares”.

O documento marca uma quebra sombria na política americana de uso de armas nucleares adotada sob a gestão anterior, do ex-presidente Barack Obama, que durante um famoso discurso em Praga, em 2009, pediu a eliminação das armas nucleares em todo o mundo.

Fonte: DW

Edição: Plano Brasil

5 Comentários

  1. Raciocínio muito lógico! Eu apoio veementemente o Brasil ter artefatos nucleares com vetores de médio/longo alcance na faixa dos 8500km, em silos fixos e móveis ( até porquê dominar a tecnologia para silos móveis é mais demorado.

    Claro que em um primeiro momento a comunidade mundial (leia-se EUA, UE e até o BRICS) iria protestar, realizar embargos…mas não esqueçamos que os maiores prejudicados seriam eles mesmos pois vejamos: China necessita de nossos minérios e comida para manter o ritmo de crescimento, Rússia não pode se dar ao luxo de perder nosso mercado e os parcos dólares que lucram em nosso mercado, UE é a velha de saia…reclama, reclama mas sempre abre as pernas!
    Nosso maior e grande problema será nosso parceiro do norte, os EUA eles tem muita influência em toda nossa economia e poderiam nos afundar fácil, fácil…aí neste caso penso que a saída seria dialogar no sentido de ser mais um aliado contra o “eixo do mal”, com capacidade de incinerar tudo que eles mandarem sem que eles tenha a culpa”

    CM

  2. é muita hipocrisia sempre a velha desculpa. e aqui no sul o país quer ser potência com o arsenal obsoleto. cláudio não precisa de retaliação nenhuma é só da ordem que se obedecer vamos se o eterno país pacifista

  3. Besteira, isso não serve de dissuasão contra um inimigo portador de artefatos nucleares que esteja realmente determinado a eliminar o Estados Unidos da face da terra, pois se este inimigo decidiu usar tal armamento devastador é sinal de que alguma coisa EXTREMAMENTE grave aconteceu entre os dois países.

  4. Acorda Brasil!!! Devemos ter nossos meios militares inclusive nucleares desenvolvidos pra ontem! Mas pra isso devemos nos livrar dos estrangeiros e estrangeiristas que nos dominam.

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