Erdogan acusa EUA de criar “exército terrorista” na Síria

Presidente turco critica planos dos Estados Unidos de armar milícias curdas para defender território sírio e ameaça lançar operação militar no país vizinho. EUA desejam criar força fronteiriça com 30 mil soldados.

Erdogan diz que não permitirá criação de força fronteiriça na Síria

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou nesta segunda-feira (15/01) os Estados Unidos de criar um “exército terrorista” na região síria que faz fronteira com a Turquia e ameaçou enviar uma operação militar para Afrin e Manbij, áreas controladas por milícias curdas aliadas aos EUA, para acabar com os planos americanos.

“As Forças Armadas turcas resolverão o problema de Afrin e Manbij. Os preparativos já estão completos. A operação pode começar a qualquer momento”, disse Erdogan num discurso em Ancara.

Neste domingo, os Estados Unidos anunciaram que apoiam a criação de força com 30 mil soldados para patrulhar fronteiras e defender o território recuperado por combatentes curdos. Para isso, os EUA pretendem armar as milícias curdo-sírias e concentrar o grupo em zonas fronteiriças com a Turquia e o Iraque. Desde 2014, os EUA lideram uma coalizão internacional que promovia ataques aéreos contra o “Estado Islâmico” (EI).

No projeto para criar uma guarda fronteiriça cooperariam as Forças da Síria Democrática (FSD), das quais a milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG) é o principal integrante, e a coalizão internacional antijihadista, liderada pelos EUA. Juntos eles conseguiram no ano passado retomar o controle de Raqqa, bastião do Estado Islâmico no norte sírio.

“OS EUA agora admitem que estão criando um exército terrorista ao longo da nossa fronteira. O que temos que fazer é acabar com esse exército antes que nasça”, afirmou Erdogan, que insistiu que seu país limpará de “terroristas” os 900 quilômetros de fronteira com a Síria. O presidente ressaltou ainda que Ancara “baterá com dureza” em qualquer força que ameace a Turquia.

As Forças Armadas turcas deslocaram tanques e tropas à fronteira com Afrin e a artilharia atacou nos últimos dias posições das YPG.

Tanto a região de Afrin, no noroeste da Síria e fronteiriço com a Turquia, como a de Manbij, ao oeste do rio Eufrates, são controladas pela YPG. Ancara, porém, considerada as tropas curdas “terroristas” e vê essas milícias como uma mera filial da guerrilha curda da Turquia, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Já os Estados Unidos consideram a YPG como uma das forças mais eficazes para combater o EI no norte da Síria.

Os curdos e outras minorias do norte da Síria autoproclamaram um sistema federal nas zonas sob o domínio das FSD, um projeto que causa receio em Ancara porque poderia avivar tensões na própria minoria curda na Turquia.

Fonte: DW

Vice-chanceler sírio sobre bases americanas no país: ‘agressão e ocupação’

A Sputnik Árabe entrevistou Faisal Mekdad, vice-ministro das Relações Exteriores da Síria, perguntando sobre a postura de seu país nas relações com a Turquia, quanto às bases dos EUA na Síria, nas negociações em Genebra e na resolução da questão curda.

© flickr.com/ The U.S. Army

Segundo Faisal Mekdad afirmou à Sputnik Árabe, a “presença de tropas turcas na Síria é um ato de agressão que não pode ser justificado por nenhum nome e nenhum pretexto”. Além do mais, o diplomata assinalou que a Síria exige retirada das forças de Ancara de seu território, bem como interrupção da interferência nos assuntos internos do país.

“Nós exigimos que o governo turco retire suas forças do território da Síria e pare de interferir nos assuntos internos do país”, frisou Faisal Mekdad.

Quando perguntado sobre as bases norte-americanas em seu país, o diplomata realçou que a presença dos EUA no território sírio é inaceitável para o governo do país.

“A presença de quaisquer bases militares estrangeiras é inaceitável para o governo sírio. Trata-se de agressão e ocupação; sendo assim, todas as nossas futuras ações serão baseadas a partir dessas definições”, disse o vice-chanceler sírio.

Faisal Mekdad falou também sobre as negociações em Genebra, frisando que vários países visam obter por meios políticos aquilo que não conseguiram durante operações militares.

“Nós participamos das negociações em Genebra para chegar a uma resolução política do conflito sírio. Contudo, vários países utilizam meios políticos visando obter aquilo que não conseguiram alcançar com armas e operações militares. O governo sírio não aceitará cenários que não agradarão o povo sírio, o que não praticamos nem mesmo nos períodos mais difíceis da guerra”, disse Mekdad. O diplomata sírio acrescentou também que a oitava rodada de negociações em Genebra falhou devido à presença de um espírito que apoia incondicionalmente os interesses de grupos terroristas e seus aliados, ao invés daqueles que defendem o povo sírio.

Para o diplomata, a guerra contra o terrorismo continua, mesmo depois de grandes êxitos na operação antiterrorista.

“A guerra contra terrorismo na Síria continua. O ponto de virada foi a vitória sobre a Frente al-Nusra, Daesh [as duas são organizações terroristas proibidas na Rússia e em vários outros países] e outros grupos terroristas em Aleppo. Desde aquele momento, o exército sírio vem avançando na guerra contra o terrorismo”, assinalou o vice-ministro das Relações Exteriores sírio.

Falando sobre a situação com curdos no nordeste da Síria, Mekdad sublinhou a interferência dos EUA que atrapalha a conciliação da vida política no país.

“Somos um povo unido de milhares de anos. Porém, os EUA investem nas Forças Democráticas Sírias [FDS]. Acreditamos que os curdos, que agem em conformidade com os interesses dos EUA, abram caminho para as forças turcas”, afirmou o diplomata, adicionando que “a maior parte dos curdos corresponde a patriotas da Síria. Contudo, não podemos nos referir aos que recebem dinheiro do exterior como sírios nem como patriotas. Todos os assuntos internos devem ser resolvidos independentemente, e não através de alianças com os EUA”, ressaltou Faisal Mekdad.

Fonte: Sputnik

 

 

7 Comentários

  1. Ahhhh… vá pra p****ta que o pariu, sultão de m***rda

    ta falando como se tivesse descoberto algo que ninguem soubesse… e o pior: até parece que a Turquia não ajudou a consolidar a situação

    • Você está certo, depois de levar uma bola nas costas dos EUA /Otan, o Erdogan sobe nas tamancas, o pior é que era ele quem fazia o trabalho sujo, como foi o caso do abate da aeronave russa num ato de extrema covardia!

  2. Os curdos tem língua , costumes e religião próprias (São muçulmanos , porém não são nem xiitas , nem sunitas ).
    Já levaram bordoadas da Turquia , Síria , Iraque e Irã ….
    Este povo , no meu ponto de vista , tem total direito sobre sua liberdade.

    • Concordo. O problema é que os EUA enxergam neles uma oportunidade de se criar mais um estado satélite para seus próprios interesses. Tudo em prol da garantia de fornecimento de petróleo bem baratinho! Não fosse isso, os curdos não fariam a menor diferença…

      • Criando um Estado Curdo , todos os problemas continuarão e até ficarão piores , pois os interesses do Tio Satã ficarão ilhados no Estado Curdo , cercado entre Turquia , Irã , Iraque ,Síria, etc , então procurarão uma saída para o mar , e os problemas se ampliarão ainda mais , sempre com o Apoio do Tiozinho , fomentando ** DEMOCRACIA E LIBERDADE ** para os seus Interesses e vendas de Armas . Todos aqui não são bobos e sabem que eles vivem fomentando Atritos , Conflitos , e Guerras a mais de Cem anos , o desenvolvimento de sua Economia necessita e vive disso !

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