China diz que acordo nuclear do Irã não descarrilou e promete papel construtivo

A China prometeu neste sábado continuar desempenhando um papel construtivo na manutenção e implementação do acordo nuclear do Irã, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, estabeleceu um ultimato para consertar o que chamou de “falhas desastrosas” no pacto com Teerã.

Foto: AA / Arquivo – Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi

O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse ao ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, por telefone, que a implementação do acordo não “descarrilou”, mas que enfrentaria “alguns novos fatores de complicação”, de acordo com a agência estatal de notícias Xinhua.

Continuar implementando o acordo nuclear é responsabilidade de todas as partes interessadas e desejo comum da comunidade internacional, disse Wang durante o telefonema, realizado durante uma visita a Ruanda.

O acordo ajudaria a manter o regime internacional de não proliferação nuclear, manter a paz e a estabilidade na região e resolver “outros problemas urgentes” em todo o mundo, disse.

O chanceler chinês pediu ao Irã para manter a calma e continuar a cumprir as obrigações que lhe cabem por força do acordo.

Na sexta-feira, Trump concordou em manter a suspensão de sanções contra o Irã que foram retiradas como parte do acordo internacional, mas disse que seria a última vez, a menos que as condições dos EUA sejam atendidas para consertar o que ele chamou de “falhas significativas” no acordo.

Fonte: Reuters

Após ultimato de Trump, Irã ameaça retaliar sanções dos EUA

O Irã disse neste sábado que vai retaliar as novas sanções impostas pelos Estados Unidos, após o presidente norte-americano, Donald Trump, ter dado um ultimato por mudanças no que chamou de “falhas desastrosas” no acordo nuclear com Teerã.

Na sexta-feira, Trump disse que adiaria pela última vez as sanções ao Irã para dar aos EUA e aos aliados europeus uma chance de ajustar o acordo. Washington já impôs punições ao chefe do Judiciário iraniano e a outras autoridades.

A Rússia, uma das partes envolvidas no acordo nuclear assinado com o Irã –ao lado de EUA, China, França, Reino Unido, Alemanha e União Europeia–, classificou os comentários de Trump como “extremamente negativos”.

O ultimato pressiona os países europeus, que tiveram papel fundamental na assinatura do acordo em 2015, a atender aos pedidos de Trump, que deseja reformar o pacto em até 120 dias.

Apesar de manter a suspensão das sanções relacionadas ao acordo nuclear, Washington anunciou sanções contra 14 entidades e pessoas do Irã, incluindo o chefe do Poder Judiciário, aiatolá Sadeq Larijani, aliado próximo do líder supremo da nação, o aiatolá Ali Khamenei.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, descreveu as sanções contra Larijani como “ação hostil”, e afirmou que a medida “ultrapassou todas as linhas vermelhas de conduta da comunidade internacional, é uma violação da lei internacional e certamente será respondida com uma reação séria da República Islâmica”, sem citar qual seria a retaliação.

O chanceler havia afirmado no Twitter, mais cedo, que o acordo “não é renegociável” e que a atitude de Trump “é uma tentativa desesperada de minar um sólido acordo multilateral”.

O Irã diz que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e alega que vai cumprir o acordo caso as outras partes o respeitem. Mas alertou que “rasgará” o pacto caso Washington abandone o acordo.

Trump, que criticou duramente o pacto feito na gestão do antecessor Barack Obama, se irritou por ter que manter mais uma vez a suspensão das sanções contra um país que vê como uma ameaça no Oriente Médio.

“Apesar da minha forte propensão, ainda não retirei os Estados Unidos do acordo nuclear iraniano”, disse Trump em comunicado, citando que as opções eram a reforma do pacto ou a saída dos EUA.

Reportagem adicional de Andrey Ostroukh, em Moscou; Jeff Mason, Doina Chiacu, David Alexander e Arshad Mohammed, em Washington; Robin Emmott, em Bruxelas; John Irish, em Paris; e Parisa Hafezi, em Ancara

Fonte: Reuters

 

 

1 Comentário

  1. Considerações geopolíticas à parte, a verdade é que a China só tem a agradecer aos EUA por jogar no colo chinês o maior mercado consumidor do Oriente Médio e que por força das sanções que o país sofreu até há pouco tempo atrás, possui uma classe média sedenta para consumir.
    Na verdade estas novas implicâncias americanas dão à China a chance de consolidar seu papel dominante enquanto fornecedor de mercadorias para o Irã, pois ainda na década de 90, a China havia entrado no país, observando desde então nas cidades iranianas, a ‘invasão’ de carros, celulares, eletrodomésticos, etc., tudo de procedência chinesa.
    O iraniano médio até reclamava e tinha objeções quanto a qualidade dos produtos ‘Made in China’ naquela época, mas agora com a qualidade melhorando após 2 décadas, a tendência é que mesmo que o Ocidente volte a exportar para este país num futuro incerto, a verdade é que já estará consolidado como porto seguro para os produtos chineses.

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