Contra o Irã, Israel e Arábia Saudita se aproximam

Nada une mais do que um inimigo em comum: diante da ferrenha batalha por influência com o Irã, Arábia Saudita sinaliza aproximação com Israel, mesmo que em detrimento da solidariedade para com os palestinos.

Premiê israelense, Benjamin Nentanyahu, e príncipe-herdeiro saudita, Mohammed bin Salman

Entrevistas com personalidades israelenses não costumam ocupar espaço na mídia árabe. Assim, o que o chefe do Estado Maior das Forças Armadas de Israel, Gadi Eizenkot, conseguiu, em meados de novembro, é um feito midiático. Em todos os detalhes, ele esclareceu como vê a relação de seu país com o Irã, de um lado, e com a Arábia Saudita, do outro. E ele fez isso numa entrevista ao site saudita Elaph, cujo proprietário, o jornalista Othman al-Omeir, tem relações estreitas com o jornal, também saudita, Al-Sharq al-Awsat. Este, por sua vez, é propriedade do rei saudita. Com sua entrevista, Eizenkot chegou ao centro da cena midiática do reino, aparentemente com a concordância de Riad – uma pequena sensação, pois os dois países não mantêm relações diplomáticas.

Eizenkot declarou que os israelenses estão dispostos a trocar informações com países árabes moderados, incluindo material de serviços secretos, para assim fazer frente ao Irã. Questionado se Israel já teria compartilhado informações com a Arábia Saudita, ele respondeu com uma declaração de intenções: “Estamos dispostos a trocar informações se isso for necessário. Há muitos interesses em comum entre nós”. Uma coisa, porém, ele deixou bem claro: o Irã “é a maior ameaça para a região.” Como ele bem sabe, os sauditas são da mesma opinião.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também se manifestou sobre uma possível reorientação da relação árabe-israelense, ainda que de forma genérica, sem se referir diretamente à Arábia Saudita. Durante uma cerimônia para marcar os 44 anos da morte do fundador do Estado de Israel, David Ben-Gurion, ele falou de uma “cooperação frutífera entre Israel e o mundo árabe.” Sem entrar em detalhes, disse estar certo de que a relação vai melhorar. “Isso vai permitir que continuemos trabalhando pela paz.”

Concessões retóricas

Tudo indica que os dois países estão interessados em comunicar a aproximação mútua por canais não oficiais, num primeiro momento. O fato de Eizenkot ter dado uma entrevista ao Elaph pode ser visto como sinal de uma estratégia de relações públicas determinada e, ao mesmo tempo, defensiva. Esse também foi o tom de declarações dadas por Anwar Ashki, um general aposentado do Exército saudita. As relações entre os dois países não são oficiais, ressalvou, em entrevista à DW.

Em grande manobra, Israel se prepara contra mílicia xiita Hisbolá

Porém, em julho deste ano, o próprio Ashki liderou uma delegação saudita a Jerusalém. Os visitantes se encontraram também com deputados israelenses. Oficialmente, eles falaram sobre os rumos da iniciativa, liderada pela Arábia Saudita e iniciada em 2002, que pretende abrandar as tensões nas relação entre os Estados árabes e Israel. À DW, Ashki ressaltou que não esteve em Israel, mas em Jerusalém, a “capital dos palestinos”.

Declarações como essas visam uma parte considerável do público árabe, que, após décadas de retórica militar e propagandística, precisam primeiramente se acostumar aos novos tons. No entanto, de acordo com Ashki, o público saudita está pronto para essa aproximação: “A ameaça iraniana é maior do que a israelense”, afirmou à DW. As últimas semanas mostraram isso, acrescentou. “Não foi Israel que nos bombardeou com mísseis, foi o Irã. É o Irã que ameaça a nossa segurança nacional.”

Ashki se referia, claro, aos recentes acontecimentos na guerra contra os houthis, liderada pela Arábia Saudita já há dois anos no vizinho Iêmen. No início de novembro, os rebeldes houthis dispararam um míssil a partir de solo iemenita em direção a Riad. O projétil foi interceptado pela Força Aérea saudita. O governo do reino suspeita que o Irã forneceu o míssil aos houthis. O príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, vê a segurança do país enormemente ameaçada por Teerã e seus aliados.

Israel também se vê ameaçado pelo Irã. A milícia xiita Hisbolá, aliada de Teerã, aproveitou sua participação na guerra civil da Síria para avançar sobre as Colinas de Golã, localizadas nas proximidades da fronteira com Israel. Em setembro deste ano, Israel se preparou, com uma grande manobra, para um possível novo confronto com a milícia xiita.

E a solidariedade aos palestinos?

Hutis lançam míssil em direção a Riad: suspeitas recaem sobre o Irã

Não está claro como a aproximação entre Israel e Arábia Saudita afetará a situação no Oriente Médio. Há décadas, o mundo árabe vem expressando sua solidariedade aos palestinos. Autocratas, como o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e o presidente sírio, Bashar al-Assad, tentaram legitimar seu despotismo ao elegerem Israel como inimigo. A propaganda constante deixou suas marcas no debate público.

Essa solidariedade com os palestinos será agora posta de lado? É possível que os sauditas coloquem seu flerte geoestratégico com Israel à frente dos interesses palestinos? Para o ativista palestino Qays Abdel Karim, manifestações dos israelenses sobre um novo relacionamento com a Arábia Saudita são, num primeiro momento, apenas declarações midiáticas com o objetivo de sugerir que as relações entre os dois Estados se transformaram numa aliança. “Enquanto os governos árabes não assumirem oficialmente este novo relacionamento, uma normalização das relações com Israel não é possível”, afirmou.

Mas ao menos nos bastidores parece que algo se move nas relações árabe-israelenses. O antigo bloco árabe contra Israel parece ficar em segundo plano diante de uma acirrada luta por influência na região, protagonizada por sauditas e iranianos. Entre esses dois, não é difícil adivinhar de que lado Israel ficaria.

Fonte: DW

 

 

 

17 Comentários

  1. Israel e Arabia Saudita. são farinha do mesmo saco,olham apenas para o próprio umbigo, tudo isso com a complacência do famigerado tribunal de Haia !

    • Agora mais ainda esta declaração mostra que sempre estiveram juntos por baixo dos panos , os Sionistas e Wahabitas patrocinando o ISIS com Apoio do Tiozinho do Norte , agora sim oficializaram o que sabíamos !

  2. Meus caros amigos,

    fico aqui pensando como é algo maravilhoso a sabedoria do Senhor Deus….

    Pois bem, Arábia Saudita tem estado em uma situação difícil por mais de dois anos devido à operação militar no Iêmen, forçando-a a mergulhar na busca de qualquer aliado que possa ajudá-lo nesta guerra, mesmo que esse aliado seja Israel!

    De acordo com informações, Riad poderia buscar uma cooperação com Tel Aviv para criar um sistema de defesa antimíssil semelhante ao sistema israelense “Iron Dome”, que a Arábia Saudita considera o sistema de defesa antimíssil mais eficaz do mundo(quem diria hein…).

    Ainda de acordo com essas fontes a Arábia Saudita está interessada em estudar a experiência israelense no combate à ameaça de mísseis. A este respeito, a Arábia Saudita poderia tentar a compra do sistema israelense “Iron Dome”….(alguém acreditaria nisso há alguns anos atrás …?).

    O principal sistema de defesa antimíssil de Israel é o complexo “Domo de Ferro”(em bom português).

    Embora as forças de defesa aérea da Arábia tenha conseguido derrubar o míssil disparado pelos Houthis à partir do Iémen, existem sérias dúvidas de que, no caso de um enorme ataque com mísseis, Riad poderá proteger seu território da agressão externa. Logo, em Riad, eles estariam discutindo a possibilidade de uma aproximação com Israel na esfera da criação de um sistema de defesa antimíssil.

    Como mostra a matéria trazida pelo editor Konner ao PB, nos últimos meses, houve uma aproximação sem precedentes entre a Arábia Saudita e Israel. A bem da verdade, os funcionários israelenses fazem declarações cautelosas sobre a possível aproximação dos dois países. No caso de uma guerra entre a Arábia Saudita e o Irã, os mísseis iranianos poderiam ser uma fonte de extremo perigo para a Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita está sob a ameaça de mísseis balísticos de longo alcance lançados do território do Iêmen pelos Houthis ​​nos últimos meses. Daí dá pra imaginar a preocupação saudita…

    Para quem não sabe, uma cooperação militar entre a Arábia Saudita e Israel não seria a primeira de seu tipo. A guerra no Golfo Pérsico em 1991 foi um ponto de viragem importante na história da cooperação entre os dois países. Arábia Saudita comprou sistemas de mísseis israelenses tipo Tomahawk, mísseis anti-tanque, aeronaves de reconhecimento não tripuladas, dispositivos de navegação, dispositivos de visão noturna, equipamentos de minagem e 14 pontes militares construídas pela empresa israelense TAAS.

    Devido as movimentações hora em andamento, algumas mídias internacionais até já perguntam: As relações entre os dois países podem melhorar tanto ao ponto do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ser convidado a visitar a Arábia Saudita e ser recebido no palácio real?

    Há quem acredita que de fato isso poderá ocorrer! Afinal, quem imaginaria a algum tempo atrás uma aproximação entre estes dois países. Esta possível realidade, é um indicativo das novas mudanças no Oriente Médio de acordo com os interesses existentes dos dois países.

    Na verdade segundo informes, as relações comerciais entre os dois países são muito diversas e profundamente enraizadas…

    Para os amigos terem uma ideia, de acordo com uma matéria na revista britânica The Economist, Israel defende o petróleo saudita extraido do porto de Yanbu, no Mar Vermelho. Sob um acordo secreto entre Israel e a Arábia Saudita, Israel defende o norte do Mar Vermelho, enquanto o Egito protege os setores do sul e do oeste em troca de assistência financeira da Arábia Saudita. Pois é….

    Ao que parece depois de uma longa história de relações secretas e contatos entre os dois lados, a nova liderança da Arábia Saudita continuará a se mover nessa direção, mas desta vez abertamente e publicamente. Todos os indicadores até aqui confirmam que a situação caminha para uma normalização não apenas entre a Arábia Saudita e Israel, mas também entre Israel e muitos outros países árabes. Obviamente, claro que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita toma assim a iniciativa e a informação recentemente divulgada da mídia internacional sobre sua visita a Israel confirma isso.

    Mas, o desejo da Arábia Saudita de normalizar as relações com Israel é perceptível por muitos países árabes como uma vergonha, porque vem de um estado que protege as duas mesquitas sagradas e os locais sagrados dos muçulmanos, e agora quer cooperar com aqueles que supostamente profanam lugares sagrados na Palestina e zombam dos direitos dos palestinos desde 1948 até o presente dia…

    Agora olhem como são as coisas, o bloqueio do Qatar abriu a porta para a normalização das relações entre a Arábia Saudita e Israel. Foram feitos passos significativos para a normalização das relações entre a Arábia Saudita e Israel nos últimos meses, desde a imposição do bloqueio contra o Catar. Isto quer dizer que neste caso Incluem o intercâmbio de informações e a coordenação de ações contra o “Movimento de Resistência” ( Hezbollah) e o Irã. Além disso, também foram divulgados detalhes importantes das visitas de estudantes e cientistas para fortalecer as relações bilaterais e mudá-las do nível oficial para o público.

    Algo que muitos por aqui não deve saber é que o famoso site Wikileaks publicou documentos confirmando a normalização das relações entre os dois países, o que demonstra que isso é uma questão de longos anos, não dias ou meses. Os documentos vazados contêm informações sobre os estágios de aproximação entre os dois países, que começaram quando a Arábia Saudita levantou a questão da normalização das relações com Israel e apresentou uma iniciativa de paz em 2002, que foi adotada pela Liga Árabe em uma cúpula em Beirute no mesmo ano. Em 2006, os sauditas começaram a declarar publicamente que Israel não é mais o inimigo da Arábia Saudita, mas perto de um aliado não oficial. Esta declaração levou a iniciativas da Arábia Saudita para a aproximação com Israel em 2008 e essa aproximação continua até hoje. Em 27 de abril de 2005, o Ministro das Relações Exteriores dos Assuntos Econômicos e Culturais enviou um telegrama ao Ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, que indica o escopo do trabalho realizado para normalizar as relações entre a Arábia Saudita e Israel. O ministério recebeu um telegrama do chefe do gabinete saudita, que menciona uma posição legal e diplomática sobre a conduta da Arábia Saudita com empresas estrangeiras estreitamente associadas ao governo de Israel.

    Amigos, termino dizendo que nem sempre entendemos o que se passa a nossa volta, mas, convêm sim, estarmos atentos às entrelinhas do que se apresenta a nossa frente, porque nem sempre o que os olhos vêem corresponde a verdadeira realidade…

    Grato

  3. Desde quando Arabia Saudista e inimiga de Israel. O povo arabe pode ver Israel como inimigo, invasor de suas terras etc, mas os donos daquelas terras, os reis, sultoes, principes, foram colocados no poder pelos ingleses precisamete para proteger Israel dos povos arabes. Povo arabe inclue Siria, Jordao, Palestina, Iraque,Egito, Arabia Saudista, Norte do Sudao e parte da Libia. Esses paises sao artificiais que foram criados pelos ingleses quando este se apoderou do Imperio Otomano.

    • Todas as Desgraças de hoje no mundo praticamente deve-se aos Ingleses e adiante também aos Estados Unidos !!

  4. ……………..o Salman e o Nethanyahu querem aprontar pra cima do Líbano e extinguir o Hezbollah já que não podem partir mais pra cima da Síria sem o risco de terem seus caças derrubados pelos S-300 sírios….penso que esses dois pode se ferrar com semelhante idéia……………

    • Mas Israel não é Terrorista e nunca foi, não é S88 ? Lembras que a 2000 anos se se ferraram com os Romanos por causa de suas ações Terroristas ,não foi S88? Acabarão novamente se ferrando frente a um novo FLAVIUS SILVA !!

      • O verdadeiro FLAVIUS SILVA os destruirão Novamente , anote aí , veja os seus Protetores do Tiozinho do Norte estão Decadentes , breve os Sionistas do Pentagono não terão força alguma , ainda não percebestes !!

  5. Faça seu inimigo acreditar que ele é seu amigo e quando você ganhar a confiança dele arranque sua cabeça e jogue aos porcos

    • Estas se perdendo aqui , na Praça é Nossa , ou no Zorra de uma outra TV te darias bem , O IRÃ é Fascista e Israel com estes Nazijudeus no Poder é Vítima e Democrático , perguntes a viúva de BEGIN , o que ela pensa dos Controladores de Israel hoje !

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