Arábia Saudita detém 11 príncipes e vários ministros por corrupção

Expurgo, sem precedentes no reino, é mais um passo na consolidação do poder do príncipe herdeiro

Mohamed Bin Salman REUTERS

ÁNGELES ESPINOSA

Onze príncipes, quatro ministros do atual gabinete e dezenas de ex-ministros foram detidos por suspeita de corrupção na noite de sábado na Arábia Saudita, informou a emissora de TV Al Arabiya. O expurgo, sem precedentes no reino, foi ordenado por um comitê de combate à corrupção formado horas antes, sob a presidência do príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, conhecido como MBS.

Segundo as informações obtidas pela Al Arabiya, o comitê reabriu processos relativos às inundações que deixaram 122 mortos e 350 desaparecidos em Jidá, em 2009, e à MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio), identificada pela primeira vez em 2012 na Arábia Saudita. O portal de notícias SaudiNews menciona entre os detidos o príncipe Alwalid Bin Talal, um dos homens mais ricos do mundo, que através da Kingdom Holding tem participação em companhias das mais diversas, entre elas Citigroup, 21st Century Fox e Twitter.

A Al Arabiya, uma emissora de capital saudita com sede em Dubai, não identifica os detidos, mas seu número e o fato de 11 deles serem membros da família real dá uma ideia do alcance da operação, que parece ser um passo a mais na consolidação do poder do príncipe Mohamed.

O filho favorito do rei Salman, que foi escalando posições desde a ascensão do seu pai ao trono, em janeiro de 2015, lançou-se numa ambiciosa campanha de modernização e de transformação do país. Muitos de seus planos são polêmicos para a conservadora sociedade do reino. Entretanto, a luta contra a corrupção pode se mostrar muito popular entre os sauditas que frequentemente se queixam dos abusos dos poderosos.

O novo comitê criado neste sábado tem autoridade para investigar, deter, proibir viagens, congelar posses e rastrear recursos e bens de indivíduos implicados em práticas corruptas, segundo estabelece o decreto real. Além do príncipe herdeiro, participam desse organismo o presidente da Comissão de Vigilância e Investigação, o presidente do Departamento Nacional Anticorrupção, o chefe do Escritório Geral de Auditoria, o procurador-geral e o chefe da Segurança do Estado.

Também neste sábado, o rei promoveu uma reforma ministerial em que substituiu os ministros da Economia e da Guarda Real. No caso da Guarda Real, uma força de elite que se ocupa da segurança da família real, a substituição do príncipe Miteb Bin Abdalah pelo príncipe Khaled Bin Abdulaziz al Muqrin concluiu a tomada de controle por parte de MBS, que agora tem sob sua autoridade as três instituições armadas do país; Miteb, filho do falecido rei Abdalah e que no passado foi considerado aspirante ao trono, era o último membro desse ramo da família que ainda mantinha um cargo de relevância na estrutura de poder do reino. Adel Fakieh, que foi nomeado para a pasta da Economia em abril de 2015, foi substituído por Mohammed al Tuwaijri.

Fonte: El País

 

 

5 Comentários

  1. Me parece ser de fato um espurgo, combate a corrupção é pano de fundo. O rei trás seu círculo de confiança e elimina possíveis ameaças. É a regra do jogo na Arábia.

  2. Com a queda do petróleo e os Hunthis segurando uma guerra que se prolonga o dinheiro não está dando para sustentar todos,alguém tem que pagar,porém a pergunta que fica é,as tribos por lá vão aceitar esse expurgo pacificamente?
    Parece que o movimento Ansar Allah acaba de “ganhar” na loteria.

  3. Sinto que a AS estará deixando para trás o radicalismo islâmico e abraçando um pouco mais o “way of life” ocidental… sem liberdade responsável não há progresso…

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