“Neom”: Megacidade futurista que a Arábia Saudita quer construir

Projeto faz parte de plano mais amplo para abertura econômica com o objetivo de tornar o país menos dependente do petróleo.

Neom se estenderia pelo território da Arábia Saudita, Egito e Jordânia – Foto: GETTY IMAGES

A Arábia Saudita tem um plano para construir uma cidade futurista, onde não haverá dinheiro e o número de robôs será maior que o de seres humanos. O projeto é chamado de Neom e, pelo menos no papel, sugere a ideia de um paraíso para milionários viverem em uma bolha futurista.

Em Neom, a energia viria de painéis solares, não haveria sujeira nas ruas, tampouco tiroteios. Também não existiria trânsito, nem carros movidos a gasolina – muito menos mendigos morando na rua.

“É uma terra para pessoas livres e sem estresse. Uma startup do tamanho de um país. A nova era do progresso humano”, afirma o vídeo promocional, que mostra belas paisagens da costa do Mar Vermelho, enquanto uma melodia suave serve de pano de fundo para imagens de crianças correndo e desenvolvedores fazendo protótipos.

É esse o projeto que o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, está tentando vender aos investidores.

Mais do que uma cidade, ele considera o megaempreendimento como a primeira zona econômica independente do mundo.

O plano é criar um polo comercial de 26 mil quilômetros quadrados, que se estenderia pelo território da Arábia Saudita, Egito e Jordânia, exigindo um investimento inicial de pelo menos US$ 500 bilhões.

Príncipe da Arábia Saudita – Foto: GETTY IMAGES

Os defensores da iniciativa argumentam que a megacidade será um centro global de negócios, localizado em uma das artérias econômicas mais importantes do mundo, por onde passa quase um décimo do comércio mundial.

Eles garantem que, quando a ideia sair do papel e a operação começar, todos os serviços e processos serão automatizados e, portanto, todas as transações serão realizadas por meios eletrônicos.

Um slogan que deixa clara a ambição dos sauditas afirma que Neom teria “o crescimento econômico per capita mais alto do mundo”.

Mas quem financiaria esse mundo paralelo? O Fundo de Investimentos Públicos da Arábia Saudita, presidido pelo próprio príncipe herdeiro saudita, e formado por outros investidores locais e estrangeiros.

Prédios na Arábia Saudita – Foto: GETTY IMAGES

Novo mercado global do petróleo

O projeto faz parte da série de iniciativas que busca reduzir a dependência do país em relação ao petróleo. Ao lado da megacidade, o governo saudita anunciou há alguns meses que transformará 50 ilhas do Mar Vermelho em balneários de luxo.

O objetivo é que o país deixe de ser um “petro-Estado” e passe a ter uma economia mais aberta, capaz de crescer quando os preços do petróleo estão em baixa, em um contexto em que o mundo vai se tornando cada vez mais digital e 70% da população tem menos de 30 anos.

Estima-se que a Arábia Saudita tenha um quinto das reservas mundiais de petróleo, das quais depende sua economia – 75% das exportações do país são de petróleo.

O problema é que o preço do petróleo caiu pela metade, se compararmos com seu valor há apenas três anos. E, se olharmos a longo prazo, o debate sobre as mudanças climáticas está ganhando cada vez mais força, o que poderia ter como consequência a diminuição da demanda petrolífera.

Sendo assim, o governo quer mudar a imagem do país – de um reino profundamente conservador para uma nação que está abrindo as portas ao capital estrangeiro.

O plano estratégico, que tem fundamento econômico, faz parte de um plano mais ambicioso chamado “Vision 2030” – um planejamento que prevê vender até ações da Saudi Aramco, petroleira estatal do país.

Há alguns anos, esse tipo de reforma era impensável, assim como outras mudanças recentemente aprovadas no país, como permitir que as mulheres dirijam automóveis.

Falsas promessas?

Os projetos anunciados pelos sauditas buscam gerar uma abertura econômica, visando possíveis benefícios para as próximas décadas.

Mas as megacidades e megainfraestruturas ainda precisam provar para os investidores, na prática, que não se tratam de meras promessas.

Bolsa de valores na Arábia Saudita – Foto: GETTY IMAGES

“Isso não vai acontecer em um ou dois anos. Mas, se preparar para o que parece ser um mercado global de energia muito diferente, é algo que precisa de planejamento, exige tempo e dinheiro”, afirma Andrew Walker, correspondente de economia da BBC.

Se o capital estrangeiro não abraçar o projeto, dificilmente o empreendimento conseguirá ser concretizado da forma como está sendo vendido atualmente.

“A economia da Arábia Saudita precisa se modernizar e se diversificar”, pontua Walker. Para viabilizar o caminho da abertura econômica, é provável que o governo tenha que enfrentar ainda vários obstáculos. Entre eles, a própria cultura local que não está acostumada a empreender iniciativas individuais e correr riscos no mundo privado e impõe severas restições às mulheres.

Por isso, especialistas falam de uma mudança cultural e econômica que pode demandar muito tempo ainda antes de se tornar realidade.

Fonte: BBC BRASIL.com 

 

 

 

 

 

4 Comentários

  1. Até os islâmicos, radicais ideológicos teocráticos, se renderam a razão… a singularidade está batendo às portas e tem gente por aqui ainda falando sobre socialismo/comunismo como salvação da humanidade… claro, a história destrói essas falácias em um tapinha… em poucas décadas a humanidade saltará de um estado de regulação estatal para um de total independência e individualismo onde o ser humano não será mais acossado, perseguido ou escravizado por governos ou entidades ideológicas utópicas… a própria China cairá frente ao novo que será pedra de tropeço para seu estado leviatã: http://www.planobrazil.com/executivo-do-google-alerta-china-dominara-inteligencia-artificial-ate-2030/ … ou muda ou desaparece… os museus estão cheios de dinossauros que comprovam que quem não se adapta o tempo o consome…

    • Lucas é tolice pensar que sem um mundo, como a Suíça, ou os países nórdicos, onde a riqueza é distribuída e onde as pessoas desfrutam igualmente de conforto, saúde e felicidade, existiria a paz e a convivência humana em harmonia. Lugares, onde poucos biliardários desfrutariam disso seriam muito poucos e esparsos e creio ser difícil defendê-los dos restantes bilhões de seres humanos sem direito a coisa alguma e que não teriam mais nada a perder, capiche? Capitalismo sem controle algum dos estados caminharia, inexoravelmente, para o buraco negro. Sessenta e cinco pessoas detém, hoje no mundo, a riqueza de TRÊS BILHÕES E SEISCENTOS MILHÕES DE PESSOAS!!! Você acha que isto não vai continuar? A Apple tem em caixa, hoje, cerca de U$ 800 bilhões! Se o mundo não conseguir regular este processo maligno de concentração de renda, não caminharemos para um “capitalismo rentista” e sim para o pior dos feudalismos. O escambo retornará nesse resto de civilização de sete bilhões de pessoas, o dinheiro desaparecerá, as máquinas encarregar-se-ão da produção, da administração e da segurança dos poucos milhões de beneficiários desses feudos. O cenário corresponde ao pior dos cenários de certos filmes Sci-Fi.
      Até mesmo a produção de alimentos para a classe favorecida seria automatizada e fortemente guardada.
      Os bancos foram criados para fomentar o empreendedorismo (na época as grandes navegações), quando o dinheiro perde o sentido, quem irá emprestá-lo a quem não tem como devolvê-lo com os devidos juros? Você já viu banco em assentamento rural, em quilombos, ou em favelas?

      • Tá se vendo que vc não entende nada de capitalismo… normal… capitalismo não é sinônimo de rentismo… é sinônimo de empreendedorismo… muitos ricos não podem ser considerados capitalistas só porque detém o capital, que em sí mesmo não produz nada se não aplicado… quantas fortunas foram dissipadas e mudaram de mãos e nem por isso produziram mais riqueza… entenda… capitalismo é sinônimo de trabalho e produção… não necessariamente braçal… o Japão quase não tem commodities e mesmo assim é um país produtivo e rico porque tem mão de obra especializada… isso que importa… essa velha visão utilitarista do dinheiro é débil… ele pode ser um alavancador de empreendimentos, mas por si só não garante o sucesso do negócio… e digo mais… podemos distribuir TODO o dinheiro do mundo aos pobres e em 6 meses voltarão a ser pobre se não o usarem para empreender e se desenvolver… pobreza é um estado mental e em alguns casos ideológico… os países da AL são em sua maioria pobres porque a mentalidade cultural nossa está equivocada… é a célebre frase: O MAL DO BRASIL É O BRASILEIRO… somos um país rico em potência natural mas pobre em mentes e ideias… e ainda por cima, enganados por falsas premissas ideológicas embusteiras… o conceito de assentamento rural, quilombos e favelas em si mesmo está equivocado… se ao menos formassem cooperativas entre eles já estariam no LUCRO… aliás, palavra essa anátema entre os “cuidadores” psicossociais dessa gente… quem lê entenda…

  2. os sauditas estao e se matando la primeiro para ver quem vai ficar com o poder
    e sobre esse lugar Paradisiaco , com certeza não e feito para seu povo e sim para ingles ver
    esse e o sonho dos coxinhas ate quando descobrir que eles nao sao ingleses tambem
    mas ai ja vai ser tarde

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