Marinha do Brasil inicia processo de aquisição de novos navios de guerra

O projeto das corvetas classe Tamandaré prevê aumento do potencial de sigilo em relação a radares inimigos, além de maior conforto para os tripulantes e menor impacto ambiental. (Foto: Marinha do Brasil)

Por Andréa Barretto

No dia 10 de maio, a Marinha do Brasil finalizou a primeira etapa do processo que vai resultar na construção de quatro corvetas da classe Tamandaré. O pontapé foi o chamamento público convidando empresas e consórcios, nacionais e estrangeiros, a participar do futuro processo licitatório por meio do qual será escolhido o responsável pela fabricação desses navios.

Os interessados deveriam comprovar experiência na construção de embarcações militares de alta complexidade tecnológica e com potencial de deslocamento superior a 2.500 toneladas. Em um mês, a sinalização inicial da Marinha em direção ao mercado obteve resposta de 21 empresas e consórcios de diferentes países. O próximo passo será dado no segundo semestre de 2017, quando haverá a divulgação de um documento com as especificações técnicas do projeto do navio.

A obtenção das corvetas é uma das prioridades da Marinha, ao lado do desenvolvimento dos novos submarinos convencionais e nucleares, como afirmou o Contra-Almirante Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, chefe da Diretoria de Gestão de Programas da Marinha, em entrevista à Diálogo.

Ele explicou que essa decisão sobre as embarcações da classe Tamandaré está pautada em um objetivo mais abrangente, que é o de ampliar e modernizar a capacidade operacional da Marinha. A partir daí, prevê-se a aquisição de uma série de meios de superfície, que abrange não só corvetas, mas também fragatas, navios de apoio logístico e navios anfíbios.

“A vantagem primordial da incorporação das corvetas da classe Tamandaré é a flexibilidade do novo meio, que poderá desempenhar tarefas diversificadas como proteção a unidades navais, ataque a submarinos, patrulha em águas jurisdicionais brasileiras para a proteção das atividades econômicas e eventualmente até participação em áreas sob a égide de organismos internacionais e em apoio à política externa”, declarou o C Alte Petronio.

A corveta da classe Barroso, empregada na missão de paz no Líbano, não será desativada com a chegada das novas embarcações da classe Tamandaré. (Foto: Marinha do Brasil)

Segurança e conforto

A esquadra da Marinha conta atualmente com duas corvetas em operação, ambas fabricadas no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e “empregadas em missões diversas ao longo do mar territorial brasileiro [cerca de 22 quilômetros a partir da costa] e no exterior”, contou o Contra-Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha.

A primeira delas a integrar o corpo de navios de guerra brasileiro foi a corveta Inhaúma, incorporada em 1989. Já a corveta Barroso veio quase 20 anos depois, em 2008, e tem sido protagonista na missão de paz do Líbano, na qual exerceu papel de navio-capitânia até março. Segundo o C Alte Rocha, as corvetas Inhaúma e Barroso permanecerão em serviço mesmo após a incorporação das corvetas da classe Tamandaré.

Diversos aspectos do projeto das novas corvetas são destacados como aperfeiçoamentos importantes em relação aos meios hoje em operação. Entre esses aspectos está o de ser mais furtivo, resultado da redefinição do desenho das linhas do casco, visando reduzir a visibilidade do navio nas telas de radares inimigos. “A questão de ser furtivo está relacionada ao sigilo das operações e à capacidade de ocultação do navio”, explicou o C Alte Petronio. Com isso, “as corvetas poderão operar em área de interesse de forma discreta e atendendo ao requisito da surpresa na condução de suas atividades em nosso mar territorial”, completou.

O projeto das corvetas da classe Tamandaré também expressa inovação quanto a questões de conforto e segurança dos militares, além de questões ambientais. Assim, o arranjo interno do navio foi orientado para proporcionar melhores condições àqueles que vão atuar ali dentro. Estão previstas acomodações para 136 pessoas, entre tripulantes, mergulhadores, fuzileiros, pilotos e mecânicos de uma aeronave.

Em relação à segurança dos militares, busca-se a aplicação de melhores recursos de monitoramento das diferentes áreas do navio e incorporação de tecnologias que vão poupar mão de obra nos sistemas de proteção contra alagamento e incêndio. Além disso, algumas tecnologias que deverão ser empregadas nessas corvetas irão reduzir a emissão de gases poluentes e aperfeiçoar o tratamento de efluentes sanitários, de cozinha e resíduos oleosos.

Sobre a configuração do sistema de combate desses navios, composto por armas, sensores, sistema tático e sistemas de direção de tiro de armas, o C Alte Petronio afirmou que este “terá os requisitos necessários para uma ótima atuação em ações de superfície, antiaéreas, de guerra eletrônica e antissubmarino”.

Parceria internacional

Estima-se que o investimento nas quatro corvetas da classe Tamandaré alcançará um total de US$ 1,8 bilhão. No cronograma inicial do projeto, o início da construção dos meios está programado para 2019. Já as entregas devem ocorrer dentro de um período de três anos, entre 2022 e 2025.

A construção das quatro embarcações será preferencialmente no Brasil, disse o C Alte Petronio, mas a Marinha entende ser necessária a definição de um estaleiro construtor estrangeiro com experiência consolidada para a fabricação desse tipo de navio. Com isso, espera-se mitigar riscos no desenvolvimento e na obtenção do desempenho esperado dos navios. “A participação de um estaleiro estrangeiro permitirá a qualificação dos nacionais candidatos para a execução do projeto, por meio da necessária transferência de tecnologia”, afirmou o C Alte Petronio.

Fonte: Diálogo Américas

23 Comentários

  1. A palavra transferência de tecnologia abre margem aos aditivos e aos coisas pouco claras que acontecem neste tipo de projeto, e consequentemente espaço a corrupção, sobrepreço, e barganha. Não é bom. A Marinha e as demais forças devem entender que seu papel não é fomentar a indústria e sim defender nossas fronteiras da forma mais eficiente possível. Chega de gastar dinheiro caro a população com aventuras onde alguns poucos são beneficiados. A populaçãomnãomsuporta mais esta sangria descomunal do Estado. Estamos entre os países mais violentos do mundo, a sefurança pública pena e as famílias choram seus mortos, as estradas que não foram pedagiadas matam muito, as escolas estão depedradas, a saúde não existe com o Brasil sofrendo com microencefalia, e outras pagras. Chega de gastar o caro dinheiro publico com projetos para atender alguns oficiais apenas. Compra-se algo pronto de melhor qualidade por emnor valor.

    • Wolf…

      Se o problema fosse esse US$ 1,8 bilhão a ser gasto em corvetas ao longo dos próximos sete/oito anos…

      Quer mesmo ver o dinheiro aparecer, é só racionalizar em outros setores mais gastões… Só o Congresso gasta por ano o dobro dessa grana que vai ser investida…

      O investimento na nova classe de corvetas vai custar algo como US$ 230 milhões por ano… Não é nada que não se possa lidar… Creio que a própria Marinha, se apertar daqui e dali, pode bancar isso…

      • a mb apertar daqui e dali… bem… com esse almirantado caviar e 70.000 na folha da ativa fora os de pijama e pensionista… o problema não é falta de dinheiro é falta de gestão, quase uma casa da mãe juana!

      • Tudo em Dolar ??? materia sempre colocadas em Dolar.
        Em Reais fica quanto ???

        Corta metade dos Gastos com Deputados e Senadores e etc.ja alivia e muito.

        Com parcerias Publico – Privado e etc. fica muito melhor.

        Construidas em Territorio nacional.

        Vamos Aguardar e Acreditar ….

      • corrigindo, hoje são 80.507 ativos na MB. Tem que ter muito dinheiro pra manter tanta gente fazendo tarefas administrativas… obviamente com 8 fragatas e 2 corvetas em condições de navegar 99,99% do efetivo esta em terra, e fazendo algo que justifique sua permanência, só é difícil quantificar isso. Más não quero acreditar que o Almirantado tenha deliberadamente inflado o efetivo em tempos de paz e sem expectativa nenhuma de guerra em curto prazo (diria até em médio prazo) em detrimento da própria esquadra, enfim…

      • diego,

        Sei que existem muitos críticos com relação a composição das forças armadas ( gente demais ), mas a maioria não reflete sobre as necessidades das forças e, principalmente, sobre as funções que ela se vê obrigada a cumprir, que são de um leque extremamente variado, indo, no caso da Marinha, desde combate propriamente dito, passando pela proteção a pesca, até atendimento médico a populações ribeirinhas ( ações de cunho social )… E toda essa estrutura trás evidentemente a reboque recursos humanos para mante-la…

        Se temos que mudar alguma coisa, tem que começar por aí… Não adianta nada falar em reorganização de qualquer ordem sem reorganizar as atribuições…

  2. Apenas uma correção:

    A corveta ‘Inhaúma’, salvo melhor juízo, já deu baixa na Esquadra em Novembro passado, restando dessa classe as corvetas ‘Jaceguai’ e ‘Julio de Noronha’, sendo que somente esta ultima deu sinal de vida ( cuja a ultima previsão de retorno ao setor operativo apontava para este meio de ano )…

    Considero muito improvável que alguma corveta classe Inhaúma consiga ir para além de 2025… Já a Barroso, é possível que chegue mais ou menos em forma até 2030…

  3. Trocar Fragata por corveta é um regresso. 4 corveta perna curta para o litoral do Brasil ou apenas para costa do RJ?? Se o Alm. Tamandaré estivesse vivo daria pessoalmente 450 chibatadas em cada almirante de hoje, vergonha! Se ocorresse uma guerra hoje esse almirantado pegaria seu $$ e seu passaporte e voaria para longe.

    • Mas o Brasil através de Militares ( EXERCITO ) nos passou de Cavalos para BURROS ,nos dois aspectos da Palavra , e do esperas o que deles e das Castas que Tomaram o Poder a 127 anos ? O BRASIL é deles ,todas as Vantagens e Privilégios , para o POVO que trabalha e Produz ,somente os Impostos e as Sobras e quando nem elas ** SOBRAM ** , então com Corvetinhas vamos ter uma Marinha ,e com aquele Papo ** Conversa Fiada de Amazônia Azul ** , nem a Verde tomamos conta , espero que os Verdadeiros brasileiros ACORDEM , desde do GOLPE da REPUBLIQUETA somos enganados , GRANDE REPUBLIQUETA CORPORATIVISTA DO BRASIL !!

  4. Infelizmente essa marinha do Brasil e uma piada, que custa muito caro ao pais.
    As mudancas aqui devem ser realmente ser revolucionarias pois, com chefes militarescomo esses que se colocam como genios em programas visivilmente pateticos e.que exalam o fedor.do superfaturamento, as coisas sao vao de mal a pior por aqui.

  5. E a novela continua… e os tais livros branco, azul, cor de rosa, lilás ???!!!… pra que é que serviam mesmo ???… NÃO TEMOS PROJETO DE NAÇÃO… serão compras sem definições estratégicas de longo prazo, sem previsão das projeções de força de que necessitaremos futuramente, sem acompanhamento de áreas de inteligência e desenvolvimento tecnológico permanente (como a DARPA americana) que estejam amparadas por projetos de reconstrução da armada e demais estruturas organizacionais que visem um modelo de FAs que representem nossas futuras aspirações geoestratégicas… vamos continuar comprando aqui e acolá sem diretrizes e sem estratégia… amanhã descobriremos que não precisávamos ter comprado um porta-aviões, por exemplo, ou que ao invés disso deveríamos ter adquirido outro tipo de vaso de guerra como um LDH… e por ai vai… é o samba do crioulo doido tupiniquim… não critico a compra, mas a compra sem estratégia definida… saudações aos demais…

    • Zé Ninguém, quem te viu, quem te vê, você parece está se refinando, realmente um comentário racional e civilizado sem ideologias e mesquinharias. O primeiro comentário em meses sem as palavras petralhas, comunistas, bolivinauros, esquerdopata, zazezquerda, zazdireita, etc. Good job! Continue like this. Kkk

    • Olá Zé.

      Por incrível que pareça, há sim um planejamento estratégico dentro da Marinha, e das FAs como um todo. E ele existe e ainda funciona justamente por haverem outras cabeças que não as políticas ( temporárias ) pensando… O que ocorre é esta parte é a de baixo da cadeia de comando…

      No mais, não creio que é preciso um “projeto de nação” necessariamente…

      Uma nação é regida pelos três elementos fundamentais que são origem de uma civilização: língua, cultura e religião… A religião é a base fundamental, dando os valores fundamentais a serem seguidos ( no nosso caso, os valores contidos no cristianismo ). A cultura é produção de conhecimento ( o que no Brasil se confunde com produção de luxo ou luxúria… ). E a língua é o método de transmissão do conhecimento ( que muita gente acredita que é só pra “se comunicar” ).

      Daí que esse conceitos acima, são conceitos que já estão prontos. O que temos a fazer, portanto, é identificar e valorar isso pela sua definição real, e o resto acompanha. E perceba que não dá pra definir como “projeto de nação”, porque a nação já existe. O Brasil já tem uma religião dominante ( e com valores claros para um desenvolvimento organizado ), sua cultura própria ( uma cultura riquíssima e que agregou muito, aliás… ), e uma língua a ser falada em todo o território sem “concorrentes”; tudo em um território fixo e sem ameaças de momento. Eu acredito, isso sim, é que precisamos de um projeto para que esses conceitos fundamentais que regem nossa nação possam ser restaurados e possam evoluir em paz, sem serem bloqueados por ideias contidas em ideologias moribundas, que sabemos que nada tem a agregar…

      Um povo com valores reais, sempre estará balizado para tomar decisões que serão as certas. Um povo com sua cultura, sempre terá os elementos para as realizações necessárias, seja em qual campo for. E um povo com um idioma bem definido, irá sempre prevalecer pelas eras, pois será capaz de transmitir seu conhecimento a seus descendentes…

      Quanto as corvetas, se observa-las bem, verá que são vasos mais pesados que o comum para essa classe de navio. Evidente que ela não tem as melhores características marinheiras para ser considerada uma escolta ou para ir longe no Atlântico, mas, no tocante a defesa de águas até o limite da ZEE, é possível contar com vasos que rondem as 3000 toneladas…

      Em linhas gerais, elas serão tão bem armadas quanto a classe ‘Niterói’ ( e terão uma defesa AA de área mais capaz com o Sea Ceptor ). E seus sensores, embora nada de extraordinário, serão avançados ao ponto de garantir desempenho satisfatório para as armas selecionadas para ela; numa composição que considerei bastante equilibrada.

      Ou seja, dadas essas características ( oriundas de requisitos da MB ), fica lógico que a ‘Tamandaré’ pode ser considerada um “plano B” ( e que a própria MB talvez considere isso ), para ao menos dotar a Força de alguma capacidade de reação em águas próximas no que seria o pior cenário possível ( que é a ausência dos meios mais pesados ).

      Seja como for, acredito que algum combatente acima das três mil toneladas terá que vir; principalmente se se planeja dotar a Esquadra com mais um navio destinado a desembarque de tropas.

      • Existe realmente um planejamento dentro das forças armadas. O planejamento é, como super faturar, para faturar por fora.

      • Camarada para de ser bajulador, não precisa saber muito de economia ou engenharia naval pra saber que isso é mais um projeto de corruptos em prol da corrupção. Como a maioria dos gestores públicos estão se mostrando corruptos, o jeito é esperar a total decadência do país e rezar para uma intervenção internacional justa.

      • Prezado,

        Se acredita realmente que o custo dessas corvetas é exorbitante, basta comparar com o que outros estão pagando para desenvolver seus meios…

        Só os alemães, por exemplo, preveem pagar em média 600 milhões de Euros pelas suas novas K-131 ( custo das embarcações somados ao investimento no desenvolvimento )…

        Desenvolver um vaso de combate sai caro… É coisa pra centenas de milhões de dólares mesmo… Se cada ‘Tamandaré’ ficar em até uns US$ 450 milhões de dólares ( navio + desenvolvimento ), então vai estar mais ou menos dentro do que se prevê para essa classe de vasos.

        Em suma, até prova em contrário, não tem nada de errado aí…

        Intervenção internacional justa…? Por favor, explique-se… E ao invés de esperar por isso, não seria mais fácil os próprios brasileiros pressionarem para que as mudanças ocorram…? Se água mole em pedra dura tanto bate até que fura…

        Aliás, a própria exposição desses agentes já é um sinal de que existem setores da sociedade que, mesmo que aos trancos e barrancos, ainda podem funcionar…

        E mesmo que chegássemos a esse absurdo cenário, a intervenção por si só não resolveria nada… Ainda haveria a necessidade das pessoas se mobilizarem para reconstruir tudo e fazer a coisa dar certo…

    • Os internos estão a serviço dos externos.

      Deixar os externos de lado é o mesmo que defender só os socos e não ficar atento aos pontapés. Uma hora, um pé na cara ou lá embaixo coloca oponente fora de combate…

      Sou mais fã das fragatas e crossovers da Daemen Schelde ao invés de corvetas nacionais.

      Projetos nacionais são algo para médio e longo prazo. Precisamos de navios para ontem.

    • E como bastam… todo o sistema político atual é socialista entreguista… pra que mais ???… o establishment internacionalista keynesiano agradece…

  6. Está na hora de pensar em substituir as fragatas. Na líbia, elas demonstraram ser meios deficientes no combate naval moderno, apesar dos grandes esforços feitos para mantê-la totalmente operacional e segura.

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