SUBMARINO CLASSE SCORPENE

AUTOR: MATEUS BARBOSA*

PREFÁCIO:

Durante a primeira e a segunda guerra mundial as embarcações submarinas chamadas de U-boots pela Kriegsmarine (Marinha da Alemanha) foram meios que fizeram grande diferença nos combates durante estes conflitos. Apesar da simplicidade e rusticidade os U-boots eram armas muito eficazes contra Navios Aliados e os seus principais alvos eram os navios de armamentos e suprimentos. Um dos principais fatores que levaram o Brasil para a guerra foram os ataques de submarinos contra os navios mercantes Brasileiros. Depois desses dois grandes conflitos esse tipo de arma foi se evoluindo e fazendo-se de fato uma arma amplamente importante para dissuasão e projeção de força de um país.


O SCORPENE:

No final dos Anos 90 os estaleiros DCN Francês (hoje DCNS) e a Navantia da Espanha iniciaram o projeto de Submarinos Diesel-elétrico denominada classe Scorpene. A estrutura dessas embarcações teve como proposito um desenho “Limpo” com uma concepção avançada possuindo características furtivas, extremamente hidrodinâmico e silencioso. Os Submarinos Scorpene mede cerca de 65 metros e deslocando quase 1.700 toneladas custando a partir dos 300 milhões de euros. O Scorpene é produzido em aços especiais HLES 80 que possibilita o submarino chegar a mais de 350 metros de profundidade contanto com uma navegabilidade de 250 dias de mar por ano sendo 50 dias seguidos de operações no mar. Muitos dos equipamentos internos são montados sobre sustentações elásticas do tipo “shock-resistant” comuns em navios de propulsão nuclear, que diminuem as vibrações e consequentemente a emissão de ruídos para fora do casco. Assim o Scorpene pode realizar missões anti-submarino e anti-superfície em qualquer condição de mar, além de operações de infiltração e exfiltração de tropas especiais navais, sempre com alta taxa de discrição.

ARMAMENTOS:

Os submarinos da classe Scorpene são capazes de Transportar 18 torpedos pesados através de 6 tubos que, além de torpedos, são capazes de lançar também 8 misseis anti-navio encapsulados (VSM) Exocet SM 39 além de minas e cargas de profundidade.

PROPULSORES:

Os Submarinos Scorpene utiliza um Motor Elétrico Principal (MEP), Jeumont-Schneider EPM Magtronic de 2.915(KW) à 150 rpm, levando o submarino a desenvolver submerso, velocidade acima de 21 nós. o motor propulsor e os sistemas auxiliares são alimentados pelas baterias que estão distribuídas em 2 compartimentos, cada um com 220 células, conferindo ao submarino um desempenho excelente. As baterias precisam ser recarregadas periodicamente pelos diesel geradores, o que obriga o submarino a utilizar o Snorkel periodicamente. Estudos estão sendo realizados pela DCNS a fim de equipar os Scorpènes com baterias de íons de Lítio (Liion), o que irá aumentar consideravelmente sua permanência submerso. Os quatro motores diesel MTU 12V 396 SE84 e seus geradores retificadores Jemount Industries 580(KW), fazem com que acorrente elétrica seja sempre contínua. O Scorpene tem uma rede elétrica principal continua, redes de corrente alternada de 115(Volts), 60 e 400(Hz); 220(Volts), 60(Hz), e uma rede de corrente contínua com 28(Volts) de segurança e emergência.

SISTEMAS:

O sistema de comando tático é composto pelo DCNS SUBTICS (Submarine Tactical Information and Command System), que comanda e coordena a detecção acústica, a detecção ar/superfície, a navegação e o controle das armas do submarino. O SUBTICS possui as seguintes funções a partir de seus 6 consoles multifunção (MFCC):
• Vigilância acústica;
• Transmissão e aquisição através de data link;
• ESM Thales DR 3000 or ITT AR 900;
• Aquisição de dados e vídeo do periscópio optrónico e de
ataque;
• Periscópio de ataque Sagem Série 20 (APS) e Série 30 –
Sistema de Pesquisa (SMS) de acompanhamento e análise com
identificação e classificação do alvo;
• Controle de armas; e
• Controle de avarias e monitorização permanente dos sistemas.

O Sistema de detecção acústica dos Submarinos Scorpenes é formada por:
• 1 Sonar Thales TSM 2233 Eledone (DSUV-22), TSM 2253 flank
array passivo,
• 1 Sonar Thales Safare matriz de interceptação ou Thales SCube
integrado à suíte sonar do submarino. Para navegação o submarino estará equipado com uma central inercial de navegação, Giro, Receptor GPS, Eco-sonda.
Além disso os submarinos scorpene são equipados com o Sistema de Auto defesa anti-torpédico CONTRALTO juntamente com os despistadores DECOY.

AIP NOS SUBMARINOS SCORPENE:

O sistema francês Module d’Energie Sous-Marine Autonome (MESMA) está sendo oferecido pelo estaleiro francês DCNS para os submarinos da classe Scorpène. É essencialmente uma versão modificada do seu sistema de propulsão nuclear com o calor gerado pelo etanol e pelo oxigênio. A combustão do etanol e oxigênio armazenado, a uma pressão de 60 atmosferas, gera vapor que alimenta uma usina de turbina convencional. Esta pressão-queima permite que o dióxido de carbono de escape seja expulso ao mar a qualquer profundidade sem um compressor de escape. Cada sistema MESMA custa cerca de US $ 50-60 milhões. Conforme instalado no Scorpènes, ele exige a adição de uma nova seção de casco de 30 metros de comprimento (30 pés) aos submarinos e permite que um submarino funcione por mais de 21 dias sob a água, dependendo de variáveis como a velocidade. Esse sistema possibilita o Submarino navegar mais 536 milhas a 4 nós . O DCNS também está desenvolvendo módulos AIP de segunda geração de célula de combustível de hidrogênio para futuros modelos Scorpène.

UTILIZADORES:

Os Submarinos Scorpene são Utilizados em diferentes Países em diferentes oceanos Como o Chile que adquiriu 2 Submarinos Scorpene o O’Higgins(SS-23) e O Carrera (SS-22) no final dos anos 90, A Malásia foi o próximo a encomendar 2 Submarinos compondo a classe KD Tunku Abdul Rahman, em 2005 foi a vez da Índia encomendar a construção de 6 submarinos da classe Scorpene em seu país. Alguns dos submarinos construídos para a Marinha indiana terão módulos AIP de célula de combustível de ácido fosfórico projetados pelo Laboratório de Pesquisa de Materiais Navais da Organização de Pesquisa e Desenvolvimento da Defesa Indiana.

NO BRASIL:

Em 2008 o Governo Francês e o governo brasileiro assinaram um acordo que prevê a construção de 4 Submarinos da classe Scorpene pelo PROSUB (Progama de Desenvolvimento de Submarinos) esses submarinos na Marinha do Brasil denominada Classe Riachuelo terão um deslocamento entre 2000 e 2200 toneladas, e 75 metros de comprimento, bem diferente de outros modelos Scorpene. No Riachuelo a Marinha do Brasil optou por não utilizar o Sistema AIP (Air Independent Propulsion)- MESMA por achar que para o nosso teatro de operações, este sistema não traria os benefícios desejados. Com o espaço obtido com a não utilização deste sistema, os engenheiros irão acrescentar maior capacidade de armazenamento de combustível, baterias e pessoal. Esse programa(PROSUB) dará a Marinha Do Brasil uma capacidade muito grande na área de defesa e ainda a capacidade de construções desse tipo de embarcações sozinhas no futuro. A Classe Álvaro Alberto(submarino de propulsão nuclear da Marinha do Brasil) Utilizará as capacidade e expertise de construção adquiridas na construção dos 4 submarinos Scorpene do Brasil.

SCORPENE 1000:

Com o Objetivo de atender marinhas que procuram submarinos para defesa do litoral a DCNS desenvolveu o Scorpene 1000 mantendo a Força de ataque necessária para proteger interesses nacionais e Reforçar a soberania nas águas azuis, essa embarcação mede 50 Metros de comprimento, Desloca cerca de 1000 toneladas desenvolvendo uma velocidade máxima de 15 nós podendo operar em profundidades de 200 metros, seu alcance chega a 4000 milhas náuticas ou 3 semanas de navegabilidade, a tripulação é composta por 15 membros mantendo se uma variante menor da Classe Scorpene de Submarinos.

CONCLUSÃO:

Os Submarinos Scorpene compõe uma classe de submarinos extremamente modernos acessíveis a Marinhas que possui baixo orçamento incorporando inúmeras tecnologias de ultima geração na área naval pelo mundo. um dos pontos negativos é que no inicio dos anos 2000 a Navantia saiu do projeto obrigando a DCNS a projetar sozinha alguns componentes do navio. segundo os utilizadores essa classe possui uma manutenção cara e complexa, além de possuir um dificuldades no fornecimento de peças sobressalentes. Embora algumas deficiências encontradas, essa classe incorpora grandes avanços e tecnologias que foram utilizadas em submarinos nucleares franceses como Amethyste/Le Triomphant, vale ressaltar que os Scorpenes que serão incorporados a Marinha do Brasil(Classe Riachuelo) assim como os Scorpenes Indanos possuirá uma cadeia logística diferente dos utilizadores convencionais como Chile e Malásia por estar ativamente inserida na classe desde o seu primeiro corte de chapa até quando acontecer o descomissionamento.

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=OugghHerWcE[/embedyt]

*Mateus Barbosa é formado em Gestão em segurança publica

22 Comentários

  1. Dúvida aos entendidos: porque a MB dispensou o towed sonar em sua versão?
    Isso foi pragmatismo (falta de grana) ou não (falta de visão)?

      • Sonar de flanco não substitui um sonar de arrasto.
        Quem fala isso não sabe nada, e o fake Bardini, também conhecido como Zé Ninguém, Terópode, Warpath, Tireless e S-88, não tem oral para comentar o que for, afinal, não sabe nada.

      • Prezado Bardini, minha dúvida reside no fato de subs modernos e nucleares, como os novíssimos classe Astute da Royal Navy, manterem os sonares rebocados (towed array). Os russos também mantém os seus. E não tenho conhecimento se o flank e o towed são excludentes. Imagino que não.

      • TAS e FAS são de certa forma complementares.

        Mas pra mim, o FAS é mais importante que o TAS em um SSK, pois tem maior nível de aplicações tanto perto da costa como longe dela, podendo quebrar um galho maior.

        Imaginemos o seguinte: O Scorpène, como todo SSK é lento, geralmente transita a velocidades na casa dos 8 – 12 Knots, e ele é bem Stealth, ainda mais por conta do tipo de propulsão. Creio que somente o FAS Planar, atuando em modo passivo possa cobrir grandes distâncias de sensoreamento.

        E o SSK tem que se aproveitar disso, da passividade. O SSN não, ele é a máquina mais completa.

        Usar o TAS em modo ativo poderia entregar a posição do SSK mais facilmente, e o SSK não desempenha mais de 20 Knots para se evadir após detectado. Um SSN possui maior persistência e velocidade para se evadir.

        Mas existem SSKs com TAS… Ai entra muito o quesito aplicação e TO. Pois existem também dezenas de SSKs sem FAS ou TAS.

        Isso só o pessoal da ForSub pra esclarecer bem kkk…

      • Bardini sabe nada…
        Sonares rebocados não são ativos.
        Submarinos não fazem uso de modo ativo, a não ser no caso do comandante ser louco.

        É cada uma.

        Sonar de flanco não substitui um rebocado.
        Ponto.

      • Qualquer pessoa que encerra uma frase ou período com “ponto” ou “ponto final” assume sua própria falta de argumentos…..

        Que não é Xarliane!??

        Agora vá tomar seu gardenalzinho….?

      • A nova variante do SURTASS inclui um transmissor ativo de baixa frequência, operando entre 100 e 500 Hz…

        Aliás, uma das razões de ser do SURTASS é justamente localizar submarinos a baixas profundidades, além de permitir localização a grandes distâncias em águas abertas.

      • Bardini, obrigado.
        Ilya, me desculpe, mas diversas páginas na Internet mencionam sonares rebocados funcionando em modo ativo e passivo

  2. Com esse casco, a Marinha poderia no futuro o trocar atual sistema de propulsão, por um reator nuclear?
    Acredito que não, devido as grandes mudanças necessárias na estrutura, mas lembrei da bravata dos argentinos faz alguns anos dizendo que iam transformar seus IKL/1200 em submarinos de propulsão nuclear.

    • Empalador, na realidade a Argentina possui 2 subs TR 1700 (muito mais capazes que os IKL), inacabados​ desde a década de 80. O devaneio Kirschnerista era convertê-los de diesel-eletricos para nucleares. Bravata pura. É irreal, visto que hj possuem somente um sub precariamente operacional (e olhe lá).

    • Pelo que soube durante a Construção do Submarino Timbira é possível sim ,transformas estes submarinos em Nuclear .

      • Prezados,o Ilya está correto. Embora teoricamente possível, tal conversão é impraticável. A título de comparação, os futuros Scórpene brasileiros, classe Riachuelo (S-BR), possuem diâmetro de casco de 9m e deslocam entre 2000t e 2100t. Já o nuclear classe Álvaro Alberto (SN-BR) possuirá diâmetro de casco de 12m, e deslocará algo estimado em 6.000t (ou seja, quase 3 S-BR). Os IKL nacionais são menores e mais apertados que os S-BR. Tecnicamente, é inviável.

  3. Queria que tivessem a opção para lançadores verticais.
    Espero que o nuclear possar ter isso e portar mais mísseis.
    Já deveríamos ter um esse ano, mas…

    • O Submarino Riachuelo(primeiro da classe) será lançado no segundo semestre do ano que vem, O Alvaro Albert(Nosso futuro Submarino de propulsão nuclear) não terá lançadores verticais, más acredita-se que poderá adaptar ao lançamento de MCLS(misseis de cruzeiro) utilizando o mesmo modo de lançamento que utilizaremos para lançar os misseis ASuW(anti navios) que no caso será o Exocet SM-39 através dos mesmos tubos de torpedos. Más isso é assunto para outra historia!

Comentários não permitidos.