Opep fecha acordo histórico para cortar produção de petróleo

Os dirigentes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep, fecharam, ontem, um acordo histórico para reduzir a produção de petróleo, depois de meses de divergências entre os países membros do cartel.

O corte é um esforço para sustentar os preços em queda e reassegurar a influência da Opep em um mercado cada vez mais dominado pelos Estados Unidos, Rússia e outros.

A Opep afirmou que concordou em cortar a produção em 1,2 milhão de barris diários da oferta atual de 33,6 milhões de barris, representando cerca de 1% da produção global. Outros produtores de petróleo que não são membros do cartel devem cortar mais 600 mil barris por dia, informou a Opep.

Os preços do petróleo subiram mais de 8% ontem à tarde em Londres, atingindo um novo pico de US$ 51,84 por barril. Os membros da Opep disseram que a meta é atingir um preço entre US$ 55 e US$ 60 por barril, um nível que iria impulsionar economias dependentes do petróleo que foram imensamente prejudicadas pelos dois anos de preços que, com frequência, permaneceram abaixo de US$ 50 por barril.

“É um dia positivo para o mercado de petróleo, é um dia positivo para a indústria petrolífera”, disse o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, depois do anúncio do pacto, adicionando que “o acordo não é apenas aquilo que queremos, mas o que o mercado quer”.

A Arábia Saudita é o maior produtor da Opep e pressionou para que um acordo mais amplo de redução fosse fechado entre os membros e não membros da entidade.

O acordo obtido pela Opep ontem abre um novo caminho para o cartel de 56 anos, cuja supremacia no mercado de petróleo tem sido desafiada nos últimos anos pelos EUA. Há dois anos, pressionada por um excedente provocado pela crescente produção americana, a Opep decidiu permitir que os preços caíssem e produzir mais petróleo em uma competição acirrada por fatia de mercado.

A estratégia foi elaborada para forçar uma queda de preços durante um tempo e prejudicar produtores cujos custos de extração são maiores que os da Arábia Saudita e Irã, como é o caso dos produtores de xisto dos EUA. Mas os preços caíram para níveis bem abaixo do que muitos previam – menos de US$ 28 por barril em janeiro – e ficaram nesse patamar por um período maior que o esperado, forçando a Opep a voltar atrás.

O acordo representa principalmente uma vitória para a Arábia Saudita, que adotou uma postura dura e pressionou para que um acordo que pudesse ser respeitado pelo mercado fosse fechado, com metas estabelecidas para cada país. É o primeiro corte de produção da Opep desde 2008, quando a crise financeira deprimiu a demanda por petróleo.

Embora a Arábia Saudita tenha concordado em realizar os maiores cortes — uma redução de 486 mil barris diários em sua produção — ela também teve uma vitória ao persuadir o Iraque a concordar com um corte em sua produção, assim como a Rússia, que não pertence à organização, a realizar cortes de 300 mil barris por dia, segundo a Opep.

Mesmo assim, o grupo tem um histórico de não honrar seus próprios acordos, produzindo mais do que o combinado. Analistas dizem que os operadores de petróleo deveriam monitorar o acordo cautelosamente nas próximas semanas.

O pacto também cria um novo embate entre a Opep e produtores rivais nos EUA, cujo boom de petróleo reformatou o cenário global do setor. Analistas têm dito que os produtores de xisto dos EUA provavelmente usarão o aumento de preços para elevar sua própria produção novamente, impedindo a continuidade do aumento.

No curtíssimo prazo, a medida da Opep deve ajudar a acelerar uma harmonização há muito prevista no equilíbrio global entre a produção de petróleo e a demanda nos postos, que foram inundados por um excedente global nos últimos dois anos devido ao aumento na produção americana.

Embora os analistas do setor de petróleo digam que o mercado já estava caminhando em direção ao equilíbrio em algum momento no próximo ano — algo enfatizado por Falih — a expectativa é que o acordo também reduza o volume recorde de petróleo armazenado em tanques em todo mundo enquanto os preços estavam baixos e o mercado parece ter abraçado essa visão.

“A Opep foi muito além do esperado”, disse Giovanni Staunovo, analista de commodities da gestora de fortunas do banco suíço UBS, que administra cerca de US$ 1 trilhão. “Se implementado, o acordo levará a uma queda nos estoques de petróleo já no começo do próximo ano. O cumprimento [do acordo] agora será essencial.”

O pacto aumenta a capacidade de solvência de membros da Opep como Angola, Venezuela e Nigéria, que viram as receitas do governo desabar com os preços abaixo de US$ 50 por barril, ferindo profundamente sua economia dependente do petróleo.

O acordo também revelou que a Arábia Saudita pode achar pontos em comum com seus rivais cada vez mais poderosos na Opep, Iraque e Irã, que estavam relutantes em limitar a crescente produção. As negociações para o acordo demoraram meses e resultaram na saída de um membro do cartel, a Indonésia.

BENOIT FAUCON / GEORGI KANTCHEV

Edição: konner@planobrazil.com

Fonte: WSJ

1 Comentário

  1. O presidente da Petrobrás achou ruim pq com isso a situação do CAIXA da empresa irá melhorar.

    E não haverá mais necessidade de vender tantos ATIVOS.

    Uma pena. Foi quase…

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